domingo, 13 de novembro de 2016
A FESTA DO NATAL
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Continuação - 3
Ireis ver agora se haveis compreendido, de facto, este capítulo.
Em primeiro lugar, quem eram Maria e José?
Se eles foram escolhidos para serem os pais de Jesus é porque já estavam preparados para isso: para serem dignos de receber na sua família, Jesus, o Salvador da humanidade, eles tinham feito certamente um grande trabalho espiritual nas suas vidas anteriores; eles eram excepcionais, estavam predestinados.
Muito jovem ainda, Maria tinha-se consagrado, tinha ido ao Templo para se tornar serva de Deus.
Por conseguinte, Maria tinha-se purificado e fez os maiores sacrifícios para ser digna de receber no seu seio um espírito tão poderoso e elevado como o Cristo.
Eis coisas acerca das quais ninguém pensa.
Julga-se que a Deus tudo é possível, que Ele faz aquilo que Lhe apetece por mais inverosímil que seja, e que Ele escolhe uma pessoa qualquer para a mais alta missão.
Não!
Neste domínio também existe uma justiça, existem regras, leis.
Foi o Senhor que fez essas leis e portanto não é Ele que vai transgredi-las.
Se Deus escolhe certas creaturas é porque elas preenchem determinadas condições.
É claro que «com pedras Deus pode fazer filhos de Abraão», mas fazendo-as passar pelo estado de planta, depois pelo estado de animal e, finalmente, pelo de homem.
É tal como acontece para o nascimento de uma criança: o gérmen deve, também, passar por todo o tipo de formas antes de assumir o aspecto de uma creatura* humana.
Do mesmo modo, Jesus foi obrigado a passar por certas etapas antes de se tornar o Cristo.
Eis mais uma coisa que os cristãos não querem aceitar.
Pensam que Jesus era o próprio Deus e que ele era perfeito desde o seu nascimento.
Então, porque é que teve que esperar até aos trinta anos para receber o Espírito Santo e fazer milagres?...
Mesmo que Deus em pessoa venha encarnar-se na terra, Ele aceita submeter-se às leis que Ele próprio estabeleceu.
O Senhor respeita-se a Ele mesmo, compreendeis?
É assim que os Iniciados vêem as coisas: na sua cabeça, tudo está em ordem, tudo é lógico, tudo é sensato.
Portanto, para serem dignos de receber Jesus, Maria e José tinham-se preparado desde há muito, já em outras encarnações e eram puros.
Terá sido o Espírito Santo que concebeu Jesus?
Sim, foi o Espírito Santo.
No plano divino foi o Espírito Santo, mas no plano físico também era necessário algo... alguém, a fim de que neste plano houvesse igualmente um reflexo do Espírito Santo.
Para que houvesse uma correspondência entre os três mundos, para que no plano físico, no plano espiritual e no plano divino tudo fosse sempre santo, luminoso e puro, era necessário que no plano físico existisse também um condutor do Espírito Santo.
Vós direis: «Mas ao Espírito Santo tudo é possível!»
Eu sei.
Ele teria podido, por exemplo, tomar um pouco de matéria do espaço e formar um corpo para se manifestar que, desse modo, não teria passado através de uma mulher.
Simplesmente, um corpo de matéria etérica não dura muito tempo: dura algumas horas ou um dia, e depois as partículas devem ser devolvidas; é isto que se passa nas sessões espíritas.
Para o corpo ser durável, é necessário que ele seja formado por partículas materiais cedidas pela mãe.
Por isso, o Espírito Santo tinha necessidade de uma mulher pura para formar um corpo no seio dela.
O resto não vou dizê-lo, tereis que ser vós a adivinhá-lo.
Jesus nasceu «por obra do Espírito Santo...»
Sim, na medida em que a sua concepção não foi maculada por nenhum desejo, nenhuma paixão, nenhuma sensualidade, pode dizer-se que ele nasceu por obra do Espírito Santo.
É assim que devemos compreender a virgindade de Maria.
A virgindade é uma qualidade mais espiritual do que física.
Quantas mulheres existem que são virgens exteriormente, mas interiormente... piores que prostitutas!
Sim, é isso mesmo.
Bom, não vou dizer-vos mais nada, mas já vos disse muito.
*Adoptámos nesta tradução, a distinção estabelecida pelo
filósofo brasileiro Huberto Rohden entre
- «crear» que representa um novo início, e
- «criar» que é apenas uma continuação.
Assim, para usar um exemplo dado pelo próprio Rohden, a lei de Lavoisier
está certa quando escrevemos: «Na Natureza nada se crea, nada se perde, tudo se transforma»,
mas se escrevermos: «Na Natureza nada se cria...», este enunciado já será totalmente falso.
Continua
MESTRE OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV
em " O Natal e a Páscoa na tradição iniciática"
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