quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A ALMA






Brochura  Nº. 2  (Continuação - 6)

Conferência improvisada


Mas voltemos ao assunto.
Estava eu a dizer-vos que na alma existem duas correntes mágicas.
Portanto, quando Jacob viu a tal escada com os anjos que subiam e desciam, ele estava na região do plano astral e do plano mental inferior.
Essas duas correntes, os anjos que subiam e desciam, isto é, a circulação venosa e arterial do Universo, são a alma.
Essa a razão por que os pulmões e o coração estão colocados entre a cabeça e o ventre; nessa região intermediária que é a alma.
E os braços são manifestações da alma numa direcção ou noutra.
Porque é que a Natureza não colocou os braços na cabeça?...
Ou porque é que eles não saem do ventre?...
Como vedes, os braços saem da região da alma.
A inteligência suprema criou tudo segundo correspondências extraordinárias.
Sim, os braços pertencem à região da alma, isso está muito claro.
E os olhos, as orelhas, a boca e o nariz, não estão colocados sob os pés, mas sim no alto, no celeiro, isto é, na região do espírito para observar as coisas, ouvi-las, saboreá-las, vê-las e compreendê-las.
Como vedes, é muito claro, e é isto que convém explicar às crianças.
Nunca se lhes explica porque é que o corpo é construído desta ou daquela maneira, porque é que os olhos estão em tal parte, as pernas noutra...
No entanto, isso poderia esclarecê-las e ajudá-las, mais tarde, a resolver imensos problemas!
Eis o que as educadoras devem ensinar às crianças.
Contanto, é claro, que os inspectores não apareçam nesse momento, pois eles achariam que estas lições não são lá muito católicas.
Evidentemente, tudo isto é o lado teórico.
Para se saber o que é a alma, é preciso ir vê-la.
O que quer que se diga, não basta para explicar o que a alma é; é preciso vê-la.
Será que podemos ver a alma?
Claro que é possível, porque ela é material de uma matéria a tal ponto ténue, a tal ponto subtil, que passa por ser algo invisível, mas na realidade, podemos ver a alma.
Direis vós... «Oh! Contai-nos como é que ela é...
Ela tem contornos?»
Sim, tem contornos, mas ao mesmo tempo não os tem; ela é de uma matéria muito fluídica, que mexe, que respira e, que está de tal modo viva e é a tal ponto mutável, que toma todas as expressões e todas as cores.
E quando podemos ver as almas, podemos classificá-las.
Apesar das suas jóias, dos seus penduricalhos, das suas decorações e maquilhagens, vê-se que determinada pessoa tem uma alma pálida, horrível, e outra, apesar dos seus andrajos e farrapos, que luz!
Que expressão!
Que beleza!...
A alma é uma realidade, meus caros irmãos e irmãs, se bem que aqueles que actualmente estudam a psicologia, isto é, a ciência da alma, não acreditem na sua existência.
Sim, eles fabricaram uma psicologia em que não existe a alma, isto é que é o mais engraçado.
Mas, de uma certa maneira, eles têm razão.
Vós direis que eu me estou a contradizer...
Não, é preciso que me compreendam.
Tudo é verdade, mas é necessário procurar de que modo é verdade.
Se para vós há uma coisa que é verdade, isso é suficiente.
Se dizeis: «Deus não existe», é verdade, não há Deus, posto que para vós Ele não existe.
E se disserdes: «Eu não acredito na alma.»
Pois bem, isso é igualmente verdade, vós não tendes alma, porque se tivésseis uma, senti-la-íeis.
A partir do momento em que a negais, já não a possuís.
Tudo é sempre verdadeiro, o bem e o mal, a existência e a não-existência, isso depende unicamente do ponto de vista em que vos colocardes.
Ora aqui está algo de interessante para vós, os que sois estudantes de filosofia, não é verdade?
E Jesus disse exactamente aquilo que eu acabo de dizer.
Ele disse: «Que te seja concedido de acordo com a tua fé!»
Tudo está contido nesta frase.
Se acreditais que sois perseguidos por bandidos, não há dúvida nenhuma de que sereis perseguidos por bandidos; e, mesmo se não os virdes, os bandidos existirão dentro de vós.
Se acreditardes que falais com os anjos, isso também será verdade; mas qual a categoria dos anjos, isso já é outra questão...
Porque há categorias de anjos que gostam muito de enganar os humanos.
Direis vós: «Mas, isso quer dizer que existem anjos que enganam os humanos?»...
É claro.
Então porque é que eles não haveriam de se divertir um pouco?
Até mesmo os anjos se divertem...
Existem anjos das trevas que se divertem imenso a pregar partidas aos humanos.
Toda a gente convive com os anjos; fala-lhes e tem negócios com eles, só que é preciso saber de que anjos se trata.
Como a história daquele homem que chegou à porta do Paraíso...
Perguntou-lhe S. Pedro: «Mas como é que vieste aqui parar?»
Oh! disse ele; eu ia com a minha mulher de carro e ela disse-me: «Eras um anjo se me deixasses conduzir...»
E eu deixei-a!
E ele tinha-se tornado mesmo num anjo!


Continua

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 30.11.2016


O trabalho espiritual consiste em darmos ao nosso espírito poder sobre a nossa matéria e, a partir do instante em que decidimos empreender um tal trabalho, somos obrigados a fazer a distinção entre estes dois pólos do nosso ser: o espírito e a matéria.
Começamos por adoptar uma certa distância em relação a nós mesmos, e cada vez mais, vemos a diferença que existe entre aquele que faz o trabalho, o espírito, e aquela que é objecto desse trabalho, a matéria.
Pouco a pouco, não só nos apercebemos de que os pensamentos e os sentimentos, graças aos quais executamos esse trabalho, são instrumentos ao nosso serviço, mas também tomamos consciência de que o nosso verdadeiro Eu vive muito para além dos nossos actos, dos nossos sentimentos e dos nossos pensamentos.

Contudo, adoptar distância em relação a si mesmo não significa que devemos separar-nos.
Nós não abandonamos este eu de que nos afastamos; pelo contrário, mantemo-lo bem debaixo de olho, e depois de nos termos elevado até ao mundo divino, graças a esse instrumento que é o pensamento, descemos de novo para melhor o orientar e afinar a sua matéria.
Afastamo-nos novamente e voltamos a aproximar-nos e, de cada vez, trazemos-lhe mais força e mais luz.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

A ALMA







Brochura  Nº. 2  (Continuação - 5)

Conferência improvisada


A alma, meus caros irmãos e irmãs, é um poder formidável para agir sobre a matéria, para a projectar para o Alto e para fazer descer tudo o que é divino, a fim de o realizar no plano físico.
Nós temos necessidade da nossa alma para transformar a matéria, para a afeiçoar, quer dizer, subtilizá-la, rarificá-la, torná-la etérica; isto constitui o "solve".
E depois, condensá-la, concretizá-la; isto é o "coagula".
Portanto, estas duas operações, "solve" e "coagula" é a alma que as realiza; não é nem o espírito nem o corpo, mas sim a alma.
E agora, se pensarmos no homem, a cabeça representa o espírito, e o ventre e o estômago representam o plano físico.
E a alma... o que representa a alma?
Os dois braços.
Esta é a razão porque a alma está dividida em duas partes: uma que condensa as coisas e outra que as subtiliza; uma parte que as envia para cima e outra que as faz descer.
E, vejam bem, estes processos estão também representados pela letra hebraica Aleph.
Aleph é o resumo de toda uma ciência relativa à actividade do homem.
O homem é um intermediário entre o Céu e a Terra.
Ele atrai para a Terra as correntes do Céu e dirige para o Céu as correntes da Terra.
A alma está portanto, polarizada, dividida; ela é feita de duas correntes que, ao nível do corpo físico, estão representadas pelas duas mãos.
O espírito dirige, ordena, ilumina, mas não pode atingir a matéria.
É a alma que, através das mãos trabalha na matéria, a modela, a dissolve, a condensa, a aquece, a cristaliza.
Sim, é a alma.
Mas esta questão continua tão pouco clarificada!
Nunca ninguém disse que a alma se manifesta através dos braços e das mãos.
Julga-se que ela só se manifesta através dos olhos.
Não.
Na realidade a alma manifesta-se em todo o lado.
Já vo-lo expliquei: os olhos, o cérebro, são a região do espírito, mas é claro que a alma também lá tem domicílio; ela reside tanto em baixo como em cima, ela passeia, mas, apesar de tudo, a sua região não é o cérebro, mas sim as mãos.
A alma modela as coisas, trabalha sobre a matéria e é através das mãos que toca a matéria.
O homem faz tudo através das mãos, através da alma.
O espírito explica, ordena, dirige, comanda, mas sem as mãos não conseguiria nenhuma realização na matéria.
Como vedes, até agora estáveis longe de supor que as mãos estivessem ligadas às duas correntes.
É na alma que se encontram as duas correntes mágicas, a corrente do amor e a corrente do ódio, ou melhor ainda,  a corrente da doçura e a corrente da severidade, que estão representadas na Árvore Sefirótica pelo pilar da clemência e pelo pilar do rigor, porque na Cabala não há lugar para o ódio.
Há um lugar para a justiça, para a severidade, mas não para o ódio.
Os Cabalistas dizem que as 10 sefiroth são uma representação do mundo divino mas que existe uma projecção invertida dessas 10 sefiroth no mundo infernal; a cada qualidade corresponde um vício.
Portanto, à justiça e à severidade, representadas por Geborah, correspondem a crueldade e o ódio; assim sucessivamente para as outras.
Eu não vou entrar aqui em detalhes; queria simplesmente explicar-vos que o ódio não tem lugar na Árvore Sefirótica.




Continua

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 29.11.2016



O amor é uma energia.
Por isso, quando sentirdes atracção por um ser, questionai-vos relativamente à direcção em que projectais essa energia e que consequências isso terá: construções e realizações ou perturbações e destruições.
Não serão erupções vulcânicas que irão cair sobre a cabeça de alguns e soterrar cidades inteiras?...
Se apenas quereis sentir prazer, certas entidades inferiores captam as energias que vós projectais nessas circunstâncias e alimentam-se com elas, à vossa custa; depois, reforçadas com esse alimento, afastam-se e vão causar devastações.

Mesmo que estas imagens vos pareçam muito exageradas, levai a sério o que eu estou a dizer-vos.
Não se deve usar a energia sexual de qualquer maneira, pois ela é uma energia divina, extremamente viva e actuante.
Ela desce do Céu e deve voltar ao Céu.
Aqueles que conseguem tomar consciência disso pedem às entidades espirituais que os ajudem a dirigir essa energia neles e a utilizá-la para o bem da humanidade.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A ALMA






Brochura Nº.2  (Continuação - 4)

Conferência improvisada


Nas escolas iniciáticas do mundo inteiro, todos os discípulos, os verdadeiros, sempre têm trabalhado exclusivamente para isto: reencontrar-se, conhecer-se.
Mas o homem, para se conhecer, deve antes do mais abandonar tudo o que é inferior, todos os caprichos, todas as paixões, para poder vibrar em uníssono com esse espírito que é ele próprio.
Nesse momento, ele passa a ser detentor de todas as qualidades e poderes do espírito, de todo o conhecimento do espírito.
Presentemente, o homem identifica-se ao seu ventre, às suas pernas, aos seus braços, à sua cabeça...
Não, o homem não é isto.
O homem é uma divindade, e esta fusão com o seu Eu, é a fusão com Deus.
Reencontrar-se, conhecer-se, é o fundir-se com a divindade, tomando consciência de que essa centelha, esse espírito que existe no homem jamais está separado de Deus: ao procurar-se, ao encontrar-se, o homem atinge a consciência suprema de viver e respirar em Deus.
Meus queridos irmãos e irmãs, esta filosofia é imensa, grandiosa...
Como ela tem sido compreendida, não faço ideia, mas pela minha parte tentarei todos os meios para vo-lo fazer compreender, para a partilhar convosco.
Para mim é muito claro, muito simples, está tudo resumido no símbolo da serpente que morde a própria cauda.
E, justamente, aquilo que é mais extraordinário nos Iniciados, é que eles têm a faculdade de resumir, de condensar toda uma ciência vertiginosa num símbolo aparentemente insignificante.
Então, se agora me perguntardes porque é que se devem unir as duas extremidades da serpente, também não vos responderei...
Dir-vos-ei somente, que se o homem permanece como uma linha recta ou sinuosa, as suas energias dispersam-se e ele enfraquece-se.
Ao passo que se ele reúne as duas extremidades, os dois pólos ficam ligados e há uma força formidável que se acumula no círculo, no seu centro.
Enquanto os humanos não se encontrarem, todas as suas forças se perderão no vazio, mas quando eles se reencontrarem as suas forças estarão presentes, reunidas, condensadas e conservadas para o trabalho.
Sim, a cabeça e a cauda...
É mister a pessoa conhecer-se, mas os humanos querem sempre conhecer-se através dos outros.
O homem procura sempre uma mulher para se fundir ou vice-versa; mas eles nunca se encontram, porque exteriormente ninguém se encontra, e assim se perdem, se desperdiçam as forças.
A pessoa nunca se encontra a si própria através de outrem, isso é um esforço inútil.
É certo que se têm algumas sensaçõezinhas, algumas satisfaçõezinhas, mas no fim as pessoas afastam-se, ficam de novo separadas e a tal ponto desunidas que até começam a esbofetear-se.
Elas querem soldar-se, unir-se, mas nada a fazer!
São sempre duas pessoas separadas, duas pessoas diferentes.
As pessoas não se encontram a si próprias senão a partir do momento em que deixarem de procurar fora, através dos outros, para procurarem dentro e realizarem o símbolo da serpente que morde a própria cauda.
Então, as forças acumulam-se, a luz aumenta e, é a plenitude.
Mas, mais uma vez, isto é apenas um dos aspectos.
Nada mais vos direi a não ser que o outro lado... digamos, da serpente, está polarizado diferentemente.
Se vós sois um homem, o outro lado é um princípio feminino e se sois uma mulher, é um princípio masculino.
É por esta razão que a sua junção produz a plenitude.
Ao passo que jamais estaremos seguros de que um homem exterior ou uma mulher exterior sejam precisamente o lado complementar.
Se sois um homem, com certeza uma mulher tem todo o aspecto de ser o outro pólo, mas talvez seja um homem disfarçado... e isso faz faísca!
E o inverso também é verdade.
Ao passo que a outra parte de vós mesmos é absolutamente complementar e a fusão que vós realizais com ela é a única verdadeira.
É claro que é possível encontrardes no exterior o vosso ser complementar, mas é muito raro.
Isso só acontece quando encontrais a vossa alma-gémea, porque só ela é perfeitamente polarizável convosco.
Sim, mas... o homem só a encontra 12 vezes no decurso da sua evolução!
Se não é com a vossa alma-gémea que vos fundis, podeis estar certos de que essa fusão não durará muito tempo.


Continua

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 28.11.2016

Os destinos de um país não estão nas mãos dos homens políticos, qualquer que seja o seu poder.
Durante algum tempo, eles podem ter essa ilusão e transmiti-la aos outros, mas ela não dura.
Todos aqueles que imaginaram que tinham nas mãos a sorte dos povos e que podiam dispor deles segundo os seus caprichos acabaram mal, pois não são os humanos, por mais poder que tenham, que dirigem o destino da humanidade, mas entidades superiores, que observam e que intervêm.

Existem no Universo inteligências, forças, cujos desígnios, muitas vezes, nos escapam.
É por isso que, mesmo sociedades secretas muito poderosas que julgavam dominar o mundo, não o conseguiram, e a maior parte delas foram aniquiladas.
Ao passo que, no caso dos seres que se puseram ao serviço do Senhor, que queriam executar os seus projectos, embora muitos deles tenham sido espezinhados e massacrados, o seu ideal nunca desapareceu.
E esse ideal prossegue, pois os projectos de Deus são sempre a libertação do homem, o seu desenvolvimento, a sua salvação.


domingo, 27 de novembro de 2016

A ALMA






Brochura Nº. 2  (Continuação - 3)

Conferência improvisada


E então, onde é que está o homem?
Em toda a parte...
Direis vós: «Até mesmo no corpo.»
Sim, até mesmo no corpo.
Se ele se identifica com o corpo, tal como o homem vulgar que se identifica sempre ao seu ventre, ao seu estômago, ao seu sexo, o homem é o corpo.
É evidente que, na realidade, o corpo não é o homem, é o seu instrumento, a sua vestimenta.
Podeis ter as pernas cortadas, os braços cortados e outras coisas cortadas que continuais a existir e sentis que não sois nem as pernas, nem os braços nem todo o resto.
E será que o homem também está na alma?
Sim, com certeza, e em maior parte, mas não completamente.
O homem não é nem o corpo nem a alma; ele é espírito e a sua verdadeira morada é o espírito.
E o que é que ele faz com a sua alma?
Manifesta-se através dela.
A alma é para o homem, como que um corpo superior, um outro corpo mais luminoso, que um dia, se desagregará também, e então o homem viverá no seu espírito.
Quando se diz que a alma do homem é imortal, na realidade está a falar-se da sua alma superior, quer dizer, do seu espírito; mas a sua alma inferior esboroar-se-á porque é mortal.
Sim, a alma vulgar do homem é mortal, mas a sua alma espiritual, que é o seu espírito, é imortal, e é lá que um dia ele viverá.
Portanto, o homem deve aprender a não se confundir com tudo o que não é ele.
Por intermédio das suas meditações, dos seus estudos, das suas observações, das suas análises, ele deve trabalhar no sentido de procurar encontrar-se.
Porquê?
Porque quando se está perdido, quando se anda ao acaso, não se tem força, nem poder, nem consciência, nem saber.
Pouco a pouco os humanos foram descendo de nível, dispersaram-se, perderam-se nas brumas da matéria, e já não conseguem reencontrar-se, já não se reconhecem.
É por esta razão que, nas Iniciações antigas, a tarefa mais importante que se dava ao discípulo era a de se reencontrar, de se conhecer.
No frontão do templo de Delfos estava inscrito: «Conhece-te a ti mesmo»; mas poucos pensadores compreenderam este preceito.
Julga-se que conhecer-se significa conhecer o seu carácter, as suas fraquezas, as suas qualidades.
Não, é algo mais.
Se fosse somente isto, jamais o teriam inscrito num templo!
Conhecer-se dessa forma é demasiado fácil.
O verdadeiro conhecimento iniciático é a fusão, é fundir-se através de um acto de amor, tal como se diz na Bíblia quando se refere que Adão conheceu Eva ou que Abraão conheceu Sara.
O verdadeiro conhecimento é a fusão.
Ao dizer: «Conhece-te a ti mesmo», os Iniciados queriam dizer: «Vós não sois aquilo que pensais.
Conhecer-se é identificar-se, fundir-se consigo próprio, esse Eu superior que está lá no Alto, na região do espírito.
Abandonai tudo aquilo que não passa de envelopes, de ouropéis, de ilusões, e ide cada vez mais alto até que vos torneis espírito.»
Conhecer-se, é isto.
Eis um aspecto do símbolo da serpente que morde a própria cauda; aliás, uma ínfima parte.
O resto não vo-lo revelarei.


Continua

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 27.11.2016




 Não basta querer corrigir os seus defeitos, é preciso saber como fazê-lo.
Se lutardes obstinadamente contra más inclinações de que não conseguis libertar-vos, sofrereis e acabareis por desanimar.
Então, em vez de vos focardes nas fraquezas, nas lacunas, que resultam de maus hábitos adquiridos no passado, é preferível focardes-vos naquilo que deveis fazer de positivo para o futuro e dizer: «Agora vou reparar tudo, reconstruir tudo.»
Todos os dias, com uma fé inabalável, uma convicção absoluta, usai as ferramentas que Deus vos deu - o pensamento, o sentimento, a imaginação... - e projectai em vós mesmos as mais belas imagens.
Podeis ver-vos banhados em música ou em luz, podeis ver-vos no sol, com formas perfeitas, com qualidades, virtudes (a bondade, a generosidade), com a possibilidade de apoiar os outros, de os ajudar, de os tornar seres mais esclarecidos.

Eu já vos disse muitas vezes que tudo se regista.
E, como tudo se regista, habituai-vos a registar o que existe de melhor.
Se começardes esse trabalho, sentireis que os vossos defeitos se deixam neutralizar pouco a pouco e também que eles se tornam, para vós, uma fonte inesgotável de inspiração.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV



sábado, 26 de novembro de 2016

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 26.11.2016


 As dificuldades e os obstáculos postos no nosso caminho têm por objectivo reforçar-nos e não destruir-nos.
Mas cabe-nos a nós conciliarmo-nos com esse poder que a vida é, aprendendo a trabalhar com ele.
Por que é que aquilo que é penoso, doloroso para alguns, não é tão penoso nem doloroso para outros?
Exactamente como na escola, onde alguns alunos terminam rapidamente um exercício e obtêm uma excelente nota e outros têm dificuldades e recebem uma nota que é uma lástima.
Todos os dias a vida nos apresenta problemas para resolver e nós devemos esforçar-nos por resolvê-los, procurando soluções em nós próprios.
Àqueles que se limitam a contornar os problemas ou a fugir deles, a vida apanhá-los-á mais adiante e ser-lhes-á cada vez mais penoso enfrentar as dificuldades, pois não terão aprendido, gradualmente, a lição de cada dia...
Como na escola, onde o aluno descuidado e preguiçoso não consegue recuperar o seu atraso.
Aprendei a ver em cada prova, exercícios para fazer, problemas para resolver: a força, a fé e o amor que sentireis aumentar em vós, à medida que fordes bem sucedidos, serão os diplomas que a própria vida vos atribuirá.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

A ALMA






Brochura  Nº. 2  -  Continuação (II)

Conferência improvisada


Ora, para explicar o que é a alma é necessário que nos detenhamos ao menos numa divisão.
Se me detiver na divisão em 7, dos Hindus e dos Teósofos, dir-vos-ei então que o homem é feito de 7 corpos: o físico, o etérico, o astral, o mental inferior, o mental superior, o búdico e o átmico.
Poderíamos ainda mencioná-los de uma outra forma e em vez de dizermos "corpo mental inferior", diríamos "corpo astral superior"; isso vai dar ao mesmo.
Nesta divisão, o corpo corresponde ao plano físico e ao plano etérico; a alma, ao plano astral e ao plano mental inferior; o espírito, ao plano mental superior (ou plano causal), ao plano búdico e ao plano àtmico.

ESPÍRITO:
Corpo átmico
Corpo búdico
Corpo mental superior

ALMA:
Corpo mental inferior
Corpo astral

CORPO:
Corpo etérico

Portanto, existem 3 regiões para o espírito, 2 para a alma e também 2 para o corpo.
De acordo com este esquema, a alma é, como vedes, um intermediário, uma ligação entre o mundo físico e o mundo do espírito; ela é um veículo que transporta os elementos do Céu para a Terra e da Terra para o Céu.
Por conseguinte, tudo passa pela alma.
Tomemos agora o exemplo da árvore, porquanto podemos aplicar-lhe a mesma divisão.
No tronco da árvore encontram-se os vasos condutores que enviam a seiva bruta para as folhas, onde ela é elaborada, e os outros vasos que reenviam a seiva elaborada para alimentar a árvore.
Existe, pois, uma circulação da seiva à superfície, na casca, e outra circulação no centro dos ramos e do tronco.
Uma sobe e outra desce, mas estas duas circulações não se misturam.
Ora, elas são exactamente comparáveis às duas correntes, arterial e venosa do corpo humano: o sangue das veias e o sangue das artérias também não se misturam, caso contrário surge a doença azul.
A alma é o veículo, essa região intermediária por onde passam as correntes que vão da Terra para o Céu e do Céu para a Terra.
É a escada de Jacob.
Portanto, como vedes, a escada de Jacob está colocada na alma, quer dizer, no plano astral e no plano mental inferior; por isso existem duas correntes: uma que é o sentimento e a outra que é o pensamento, mas estas correntes não se encontram.
Nada se elabora na alma; esta é um lugar de passagem atravessado por tudo o que desce do Céu, do mundo divino para as criaturas de baixo, e de tudo o que, de baixo sobe em direcção ao Céu.
O espírito trabalha sobre a matéria, mas fá-lo por intermédio da alma.
A alma é, pois, um utensílio para o espírito, uma ferramenta de que ele se serve para atingir o plano físico, porque o espírito em si, não o pode fazer.
Somente a alma tem a possibilidade de se servir da matéria e, portanto, é através da alma que o espírito pode trabalhar sobre aquela, modelá-la, afeiçoá-la, dar-lhe ordens.
Sem a alma, sem as possibilidades da alma, o espírito nada pode fazer sobre a matéria, sobre o corpo físico.
Todas as forças que existem acumuladas no corpo físico, os metais, os cristais, o petróleo, o ouro, as pedras preciosas, não podem ser utilizadas pelo espírito senão através da alma, a qual penetra,  insinua-se no corpo, porque já é mais... não mais material, mas mais próxima da matéria, portanto, ela tem mais possibilidades de a utilizar e dela retirar elementos.
E quando consegue captá-los, envia esses elementos para o espírito.
É isto a alma, mas trata-se de uma coisa muito difícil de explicar.
O que não se disse já sobre este assunto!
Li as teorias mais abracadabrantes e mais obscuras, sobretudo em livros escritos por religiosos.
Isto acontece porque eles não observaram convenientemente a Natureza.
Na Natureza tudo se reflecte, e quando se sabe ver e observar pode-se compreender o que é a alma...
E como é que eu compreendi?
Muito simplesmente tirando conclusões de tudo aquilo que vejo, de tudo o que observo e de tudo o que sinto.
Todos os problemas alquímicos, teúrgicos, mágicos, cabalísticos ou astrológicos, podereis encontrá-los resolvidos nos fenómenos do plano físico.
Não vale a pena ir procurar soluções lá em Cima.
Já deveríeis estar habituados a decifrar certas coisas.
Quantas vezes não vos tenho falado sobre este assunto!
Mas vós achais que isto são imagens poéticas e boas para as crianças, e não ides mais longe.
Se julgais que eu poderei explicar-vos mais claramente o que é a alma, estais enganados.
Não se vo-lo pode explicar mais claramente de que acabo de fazer.
Evidentemente, se tivermos de nos deter sobre todas as possibilidades da alma e as diferentes maneiras como foi representada, há imensas coisas a dizer.
A alma tem possibilidades plásticas e formadoras, não tem limites e pode expandir-se até abarcar todo o Universo...
Já a representaram como a luz astral, o médium universal, etc.
Mas entre todas as representações simbólicas que foram dadas, há uma que permaneceu indecifrável para muitos, que é a da serpente que morde a própria cauda.
Também neste caso se pode assistir a uma divisão em 3: o corpo, a alma e o espírito.
O espírito é a cabeça da serpente, o corpo é a cauda e a alma é tudo o que está entre a cabeça e a cauda.
Mas o que isto quer dizer, não vo-lo posso explicar.
Die-vos-ei simplesmente que este símbolo me deu muito que pensar durante anos...
Eu queria saber o que é que ele representava; quando o soube, isso constituiu para mim uma revelação indescritível e, em seguida fiz todo o possível para realizar o que os Iniciados esconderam nesse símbolo.
Na realidade, é muito simples; quando o Céu vos ajuda a compreender, é muito simples...
Mas eu não tenho o direito de vo-lo revelar.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


Continua

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 25.11.2016

Há imensos crentes que esperam a vinda de um Messias que restabelecerá a ordem divina na terra.
Eles esperam, esperam e, como se limitam a esperar, deixam-no passar sem nada verem e nada sentirem.
A verdade é que o Messias, não só já veio, como vem todos os dias e continuará a vir.
Se os humanos não o recebem, é porque o esperam como se espera um viajante que desce de um comboio no cais de uma estação.

Os cristãos esperam o regresso do Cristo...
Mas o Cristo está aí, ele manifesta todos os dias a sua presença como luz, como correntes de energias puras que nós devemos estar preparados para receber.
Se eles não sentem essa presença, é porque ainda não estão semeados no solo espiritual.
Mas, quando estiverem semeados, serão como qualquer semente que se desenvolve sob o efeito da luz, do calor, da água, do orvalho.
Também eles começarão a cobrir-se de folhas, de flores e de frutos.
É isso a vinda do Messias ou o regresso do Cristo.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

A ALMA - Brochura Nº.2

Inicia-se, hoje, a partilha da Brochura Nº.2  -  A ALMA, do Mestre  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV.



Conferência improvisada

Pergunta: Mestre, podereis dizer-nos o que é a alma?

Podemos dividir o homem de diferentes maneiras.
Os Teósofos, que adoptaram o sistema dos Hindus, dividem-no em 7; mas nós já voltaremos a falar sobre este aspecto em particular daqui a pouco.
Os Astrólogos dividem-no em 12, de acordo com os 12 signos do Zodíaco; e os Alquimistas em 4, de acordo com os 4 elementos.
Os Cabalistas escolheram o 4 e o 10, mas nós não nos deteremos hoje nesta divisão.
Na religião dos antigos Persas e no Maniqueísmo, o homem é dividido em 2, segundo os 2 princípios do bem e do mal, da luz e das trevas, Ormuzd e Ahriman.
Também há quem diga que ele é uma unidade indivisível.
Quanto aos Cristãos, dividem-no frequentemente em 3: corpo, alma e espírito; também voltaremos, daqui a pouco, a falar sobre esta divisão trinitária.
Acrescentarei ainda que certos esoteristas escolheram a divisão em 9, porque reproduzem o 3 nos 3 mundos...
Onde é que está a verdade?
Está em todos.
Isso depende do ponto de vista segundo o qual o homem for apreciado.
Quer seja 1, 2, 3, 4, 7, 9, 10 ou 12, o número pelo qual se divida, todos estão na verdade.
Podemos mesmo ir mais longe e dividi-lo em: 3x12=36, ou ainda em: 2x36=72, e mesmo ainda em: 2x72=144.
Aliás, 36, 72 e 144, é a ordem pela qual estes números são estudados na Cabala e, eles são significativos.
Mas, como podemos observar, o 3 é o número que aparece mais frequentemente: 3x3=9,  3x4=12, 3x12=36, etc... 36, é o número dos 36 génios e, 2x36=72, que é o número dos 72 nomes de Deus, o "Shem hameforach".
Diz-se que aquele que conhece os 72 nomes de Deus pode comandar todos os génios...
Os Cabalistas e os Iniciados não escolheram todos estes números ao acaso.
Tomemos, por exemplo, o número 72.
O ponto vernal retrogride  um grau todos os 72 anos e, 72 é também o número dos batimentos do coração por minuto; e podemos até confirmar que, em relação às respirações, a norma é de 18 por minuto e que 18 é precisamente a quarta parte de 72.
No movimento das estrelas e dos planetas, na sucessão ou na repetição de numerosos fenómenos da Natureza, todos esses sábios do passado verificavam uma certa regularidade, isto é, um ritmo, ciclos, períodos.
Portanto, eles observavam, verificavam e, em seguida, por uma questão de comodidade na exposição de certas ideias, utilizavam somente este ou aquele aspecto, este ou aquele número.
Também eu procedo da mesma maneira.
Muitas vezes divido o homem em 2: a sua natureza inferior, a personalidade, e a sua natureza superior, a individualidade, porque esta divisão facilita a compreensão de certas coisas.
E para outras explicações escolhi a divisão em 3 porque ela é mais clara.
Estas divisões em 3, 7, 10, 12, etc., são unicamente métodos e meios cómodos para apresentar este ou aquele aspecto da realidade.
Não há nenhum que esteja em contradição com outro, porque cada qual é verdadeiro segundo o seu ponto de vista.
Podemos dividir o homem em tantas regiões quantas quisermos.
Por exemplo, tomemos o caso dos anatomistas: umas vezes eles apresentam somente o sistema ósseo, o esqueleto, ou unicamente o sistema circulatório, com as artérias, as veias e os vasos capilares, ou então o sistema muscular ou o sistema nervoso, etc...
No entanto, é sempre o homem, porém apresentado cada vez sob um aspecto diferente, porque é impossível apreendê-lo no seu conjunto.
E também os geógrafos, quando fazem os mapas, não apresentam ao mesmo tempo todos os aspectos de um país.
Nos mapas físicos estão indicadas as redes hidrográficas, as montanhas, as planícies; e sobre os mapas geológicos, a natureza dos terrenos; existem também os mapas económicos, os mapas políticos, etc.
O mesmo se passa em todos os domínios.
Portanto, os Iniciados também se servem de certas divisões, exactamente como um anatomista ou um geógrafo o fazem, segundo o aspecto que desejam ilustrar.

Continua

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 24.11.2016


 Aqueles que não sabem dominar a sua cólera ignoram que está ali uma força que vem de muito, muito longe, e que procura introduzir-se neles.
Crêem mesmo, ao menos por um momento, que essa corrente poderosa lhes transmite algo do seu poder.
Mas isso é uma ilusão, pois o que é poderoso é a corrente e não aquilo que ela atravessa.
É por isso que, depois de ela passar, o desgraçado se sente tão fraco que tudo treme nele: os maxilares, as pernas, as mãos.

O discípulo de uma Escola Iniciática compreendeu que é dominando as correntes de energia que irrompem nele, e procurando transformá-las, que ele adquire o verdadeiro poder.
E o mesmo se aplica à energia sexual: ele reforça-se consideravelmente se a dominar.
É por isso que os Iniciados, que aprenderam a dominar o instinto de agressividade e o instinto sexual, têm tantas energias para pensar e falar, a fim de instruírem e ajudarem os seres.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 23.11.2016

Para muitas pessoas, a ideia de servir os outros nunca é, à partida, atraente, até é humilhante, e isto porque elas não sabem o que é o verdadeiro serviço.
Senão, por que é que, nos Evangelhos, Jesus teria dito: «O maior de entre vós será vosso servo.»?
Aquele que tem grandeza nunca se sente diminuído por se pôr ao serviço dos outros, porque essa grandeza é do seu espírito.
Ele sabe que nenhuma tarefa o fará perder a sua nobreza, a sua verdadeira grandeza.

Jesus foi grande porque soube fazer-se infinitamente pequeno.
Ele, que dizia «Eu sou a verdade», nunca pediu que se inclinassem diante dele para o servir; pelo contrário, ele é que foi um humilde servidor de todos.
Porquê?
Porque a verdade está carregada de uma energia incomensurável.
Por isso, é preciso envolvê-la com precaução, para que os outros possam acolhê-la e assimilá-la sem que isso provoque estragos.
O poder que a verdade confere deve manifestar-se também por intermédio da humildade, do amor, da doçura.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

terça-feira, 22 de novembro de 2016

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 22.11.2016

Há imensas ocasiões na vida em que podereis sentir-vos menosprezados, maltratados, rejeitados.
Evidentemente, isso é doloroso, mas por que haveis de focar-vos nisso e lamentar-vos durante horas?
Parai de vos afligir e começai a reflectir um pouco.
Dizei: «Algumas pessoas trataram-me mal, mas muitas outras gostam de mim e apreciam-me...
Eu tenho uma família, tenho amigos...»
E, mesmo que não tenhais família nem amigos, pensai que o Senhor vos ama, que os anjos vos amam.
Assim, pensando nas entidades celestes, no Senhor que criou tantas coisas belas e boas de que beneficiais a cada momento da existência, acabareis por esquecer o mal que vos fizeram.
Até ao dia em que já nem sequer o sentireis.

Cada palavra e cada atitude dos outros que é ofensiva para convosco deve ser uma ocasião para vos exercitardes.
Não podeis impedi-los de fazer ou de dizer coisas desagradáveis, mas podeis fazer com que isso não vos atinja.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 21.11.2016

Do gelo ao vapor, as diferentes formas que a água pode assumir na Natureza dão-nos uma ideia dos diferentes estados, do mais denso ao mais subtil, pelos quais passa a matéria, tanto a psíquica como a física.
O fogo (o espírito) tem todos os poderes sobre a água (a matéria).
E o fogo, tal como a água, pode ser compreendido nos diferentes planos: físico, psíquico e espiritual.
É por isso que, na Iniciação, o trabalho do discípulo é apresentado muitas vezes, simbolicamente, como a acção do fogo sobre a água.
Aquecida pelo fogo do espírito, a matéria é uma água que se torna cada vez mais pura e subtil.

Então, que aplicações podemos nós tirar destes conhecimentos sobre a água e o fogo para a nossa vida interior?
Elas são numerosas, mas vou referir-vos pelo menos uma: como o fogo tem pleno poder sobre a água, é possível reduzir os tumores psíquicos, formados pela acumulação dos nossos estados negativos, fazendo passar a matéria em nós, a água ao estado de vapor pela acção do fogo, o espírito.
Um dia, sentir-nos-emos, finalmente, libertos, livres.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


domingo, 20 de novembro de 2016

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 20.11.2016

 Há imensas pessoas que usam um talismã (medalha, cruz, símbolo) com a convicção de que serão protegidas por ele!
Mas não, não basta possuir um talismã, por mais poderoso que ele seja, para garantir a ajuda e a protecção das entidades do mundo invisível.

Só podeis contar com o poder de um talismã se trabalhardes, psiquicamente e fisicamente, em harmonia com o que ele representa, com os poderes e as virtudes que ele contém.
Ele é como uma criatura que precisa de ser nutrida com um alimento que lhe é correspondente, e esse alimento são as vossas emanações.
Se ele estiver impregnado de pureza, vós deveis viver uma vida pura; se ele estiver impregnado de luz, deveis manter a luz em vós; se ele estiver impregnado de força, deveis trabalhar para vencer as vossas fraquezas; etc.
Nem as cruzes, nem as medalhas, nem os símbolos, mesmo que tenham sido benzidos, vos protegerão, enquanto não os usardes também interiormente, na forma de qualidades e de virtudes divinas.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

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sábado, 19 de novembro de 2016

A FESTA DO NATAL


Continuação

Detenhamo-nos agora nas palavras que o anjo disse aos pastores: «Glória a Deus no mais Alto dos Céus e Paz na Terra aos homens que Ele ama!»
Compreendestes estas palavras?
Porquê a paz entre os homens e no Alto a glória?
Porque o Menino divino, quando nasce, glorifica o Senhor, e a paz instala-se na alma do homem em quem ele nasceu.
O menino traz a paz porque traz também a plenitude.
Um homem e uma mulher que não têm filhos sentem um vazio, falta-lhes qualquer coisa.
Mas quando surge um filho é a plenitude, é o triângulo sobre o qual se constrói o edifício.
É por isso que a fórmula dada pelo Mestre Peter Deunov: «Bojiata lubov nossi peulnia jivot» - «o amor divino traz a plenitude de vida» - é de uma tão grande profundidade.
A alma deve receber o amor divino tal como a mulher recebe o amor do seu marido.
Esse amor divino que traz a plenitude da vida é o amor que produz o Menino Cristo.
O amor não é senão a predicção, o anunciar do Menino que se aproxima.
Esta fórmula do Mestre é realmente muito profunda; ele não a deu simplesmente para que a repitamos de forma automática, mas para que trabalhemos a fim de que este amor de Deus possa aflorar a nossa alma e ela conceba o filho, o Cristo.
E, depois, quantas mudanças não se seguem na nossa existência!
Em todos os domínios, tudo se torna claro, tudo melhora.
Vale a pena trabalhar durante um ano inteiro, durante vários anos, durante toda a vida, até, para fazer nascer o Cristo em nós.
Eu não vos interpretei todo o capítulo de São Lucas.
Apenas quis apresentar-vos um cantinho da vossa vida interior, para que saibais que o nascimento de Jesus é um acontecimento místico que pode produzir-se em cada ser humano.
Se acreditarmos que o nascimento de Jesus é um acontecimento que se produziu uma única vez, há dois mil anos, então nada se explica.
Em primeiro lugar, isso é incompatível com o imenso amor de Deus.
Diz-se que Deus é amor...
Ora, existindo a humanidade já há milhões de anos, Deus teria enviado o seu filho único apenas durante três anos a um pequeno país?...
Então, antes do nascimento de Jesus, aonde estava esse amor, o que é que ele andava a fazer?
E depois, ele teria novamente abandonado o mundo durante milénios?
Não, isto não faz sentido!
A verdade é que o Cristo apareceu numerosas vezes na Terra, e mesmo noutros planetas, em todo o Universo, e voltará a aparecer no futuro.
Se não aceitardes isto é porque, na realidade, não sois nem religiosos, nem cristãos, nem coisa nenhuma.
Acreditais em coisas inverosímeis, mas não quereis acreditar naquilo que é sensato.
Está-se sempre a dizer: «Deus é amor... Deus é amor...», mas de que serve isso se se faz tudo para provar o contrário?
Dizem-vos que esse amor só se manifestou na Terra uma vez em toda a História, e vós nem sequer estáveis presentes!
Mas acrescentarei ainda o seguinte: podeis duvidar de que o Cristo tenha existido realmente; houve quem duvidasse e demonstrasse que ele não existiu, dando provas tão científicas como as daqueles que afirmam que ele existiu.
Então, o que dizer?
Pois bem, muito simplesmente que o aspecto histórico não é lá muito importante.
Imaginai que se consegue provar, de maneira irrefutável, que Jesus não existiu, que se trata de um mito montado com todas as peças...
Existe, apesar disso, algo que somos obrigados a reconhecer: é a grandeza excepcional daquele que escreveu os Evangelhos.
Se alguém foi capaz de escrever semelhantes coisas, de uma tal profundidade, de uma tal grandeza, de uma tal luz, fica-se deslumbrado, nem sequer é necessário tentar saber se Jesus existiu realmente ou não.

Guardai, pois, a imagem do presépio, com José, Maria e o Menino, entre o burro e o boi e a estrela que brilha sobre o estábulo...
Agora, compreendereis melhor o seu significado.
Do mesmo modo que o nascimento de uma criança encerra toda a esperança da vida, o nascimento do Cristo, que acontece todos os anos no Universo, é a esperança de que Deus não abandonou os homens.
Apesar de eles transgredirem incessantemente as Suas Leis, Ele concede-lhes um crédito, continuando a enviar-lhes um Salvador, pois Ele não quer que caia nem sequer uma só alma.
Mesmo aqueles que fizeram as maiores asneiras terão que reerguer-se.
É claro que sofrerão e pagarão, mas Deus dá-lhes possibilidades de avançar.
O que é mau é perder a coragem e renunciar a fazer esforços para evoluir.

E não esqueçais que o Natal dura ainda alguns dias após o 25 de Dezembro...
No Alto, no Céu, celebra-se uma festa, e vós deveis participar nessa festa pelo menos através do pensamento.
É pena que só muito poucos saibam desdobrar-se para participar nela realmente.
Quanto aos outros, é melhor nem falar neles!
Comeram, beberam, empaturraram-se, e agora estão doentes.
Doravante, acabou-se!, já não se deve passar o Natal assim.
Metei bem isto na vossa cabeça!
Vós sois discípulos e deveis trabalhar para fazer nascer o Menino Jesus em vós.
Por enquanto, estais a preparar-lhe as condições.



MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV
 



PENSAMENTO QUOTIDIANO - 19.11.2016

Alguém fez ou disse alguma coisa que vos irritou e vós ides imediatamente dizer por toda a parte que estais furiosos e porquê.
Tentam acalmar-vos, dizendo que a questão não é assim tão grave, que seria preferível não ligar ao assunto e pensar noutra coisa.
Mas não, vós continuais a agitar-vos, a gritar contra "aquele idiota, aquele bruto, que vai pagá-las!"
E, entretanto, o idiota, o bruto, está tranquilamente em sua casa, bem distante dos vossos gritos e da vossa agitação.
Então, quem é que sofre com a vossa cólera?
Em primeiro lugar, aqueles que vos rodeiam, os vossos familiares, os vossos amigos, que não merecem que a sua existência seja perturbada dessa forma.
Mas, na realidade, quem sofre mais sois vós.
Sim, pois, antes de atingirdes os outros, vós é que sois primeiro atravessados, sempre, pelas correntes da vossa vida psíquica.
Quem decide viver na harmonia é o primeiro a ter o proveito dessa harmonia, e quem se deixa ir atrás da cólera, do desejo de vingança, destrói-se, em primeiro lugar, a si mesmo.
Talvez acabe por destruir também os outros, mas é a si que causa o maior mal.
E, se não tiver cuidado, essa desordem que ele instalou em si próprio segui-lo-á até à sua próxima encarnação.


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A FESTA DO NATAL


Continuação  -  8

E sabeis porque é que existe o costume de fazer um "réveillon" na noite de Natal?
Também é simbólico.
Depois de o Menino ter nascido, deve-se comer, deve-se beber, deve-se cantar, mas sem ultrapassar os limites, é claro.
O Menino também precisa de ser alimentado, e o primeiro alimento de qualquer recém-nascido é o leite da mãe.
Quando trazia o Menino dentro de si, ela alimentava-o com o seu sangue, agora alimenta-o com o seu leite.
Estamos em presença de duas cores, e elas são simbólicas.
Estão presentes já durante a concepção: a mulher fornece o vermelho e o homem o branco.
Mais tarde isto repete-se quando a mulher alimenta a criança durante nove meses com o seu sangue, e depois, com o seu leite.
Aliás, encontramos estas duas cores no próprio sangue: nos glóbulos vermelhos e nos glóbulos brancos.
O vermelho e o branco representam os dois princípios que são a base da existência.
O vermelho, o sangue, é a força vital, o amor e, é graças a este sangue, ao nosso amor, que o Menino Cristo se tornará carne e osso em nós.
Depois do seu nascimento, o Menino é alimentado com leite, quer dizer, com a pureza, com a luz.
É por isso que nós vamos assistir ao nascer-do-sol: para aí captarmos a luz com a qual alimentaremos o Menino.
Do mesmo modo que a mãe não deixa de se ocupar do seu filho após o nascimento, quando o Menino Cristo tiver nascido o trabalho continua, mas sob uma forma diferente.
O nascimento do Cristo é uma questão muito importante, da qual todos os Iniciados devem ocupar-se.
Reparai no que diz São Paulo: «Oh!, meus filhos, a quantos trabalhos me obriguei para fazer nascer o Cristo em vós!»
Também ele tinha compreendido que o Cristo deve nascer em cada alma humana.
Por isso, falava aos seus discípulos, aconselhava-os e "sacudia-os", até para que se purificassem e se pusessem num estado de aceitação, de submissão, de adoração, porque são estas as condições necessárias para receber o gérmen que vem do Alto.
A alma humana é como uma mulher: se a mulher for agressiva, se ela resistir sempre ao seu marido, jamais poderá ter um filho.
O mesmo se passa em relação à alma humana: ela deve tornar-se uma mulher adorável, receptiva, para receber o Espírito Santo, senão tanto pior para ela, não haverá Menino!
O discípulo é obrigado s debruçar-se sobre todos estes grandes mistérios e a reflectir sobre eles e, quando os tiver compreendido, terá ainda que fazê-los descer ao domínio do sentimento e, finalmente, realizá-los no plano físico, o que, evidentemente, é o mais difícil.
Intelectualmente, toda a gente pode compreender, e até muito bem, mas esta compreensão não desceu ainda ao sentimento, e o coração não sente.
É preciso fazer descer esta compreensão até ao coração, e do coração até à vontade, para que se faça a realização no plano físico.
Porque o nascimento do Menino Cristo é um acontecimento que deve produzir-se nos três planos: mental, astral e físico.
Vós direis: «No plano físico?... Mas como?»
Eu posso explicar-vos, mas será que me compreendereis?
O homem não pode fazer nascer Jesus nele se não tiver compreendido a sua mãe, a Terra.
Se não souber o que é a Terra, se não mantiver com ela relações afectuosas, respeitosas, conscientes, o homem não terá nenhuma possibilidade de modificar o seu corpo físico.
O nosso corpo está em relação com a Terra e regressará à Terra, pois foi retirado dela, é um fruto seu, um filho seu.
E se o homem não mantiver uma relação correcta com a Terra, o Cristo não poderá nascer nas suas acções, no seu corpo físico.
A Terra é um ser inteligente, mas nunca se pensa nisso, e ela é estudada apenas do ponto de vista geográfico: o número de habitantes, de mares, de oceanos, de lagos, de montanhas, de rios...
A Terra é a mais desconhecida, a mais desdenhada, a mais desprezada das creaturas, e grandes males daí advêm...
Sim, porque não respeitamos a nossa mãe, que nos deu o seu corpo, o nosso corpo.
Existe uma ciência prodigiosa que trata das relações do homem com a Terra, do comportamento que ele deve ter em relação a ela: como falar-lhe, como agradecer-lhe, como captar forças dela e como confiar-lhe todas as suas impurezas para ela as transformar.
É que a Terra possui, nas suas entranhas, fábricas onde pode transformar tudo e, é o que ela faz incessantemente: transforma todas as impurezas, todos os detritos que lhe são enviados, para produzir frutos, flores e tudo o que é útil e belo.
A Terra é muito inteligente!

Continua

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 18.11.2016



 Não sabeis como distinguir a superstição da fé?
Pois bem, eis as definições: ser supersticioso é pensar que se poderá colher onde não se semeou; a verdadeira fé, pelo contrário, é saber que, depois de se ter semeado, se colherá, nesta vida ou noutra, ou então por intermédio dos seus filhos.
Portanto, é muito simples.
Se, na época favorável, semeardes boas sementes num solo fértil, elas germinarão e crescerão.
Talvez algumas se percam, mas a maioria germinará, desenvolver-se-á e dará frutos.
Há tantas pessoas que nunca semearam no domínio intelectual, afectivo ou científico, e que esperam colher!
E, quando constactam o seu insucesso, gritam contra a injustiça dos humanos ou do destino.
Mas de quem é a culpa?
Aqueles que semeiam e plantam nunca ficam desiludidos.
Quando se tem a fé verdadeira, nunca se fica desiludido.
Aqueles que ficaram desiludidos esperavam colheitas impossíveis; de certo modo, eram supersticiosos.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

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A FESTA DO NATAL



Continuação  -  7

Prestemos agora atenção ao simbolismo da manjedoura.
Sim, porque é que Jesus há-de ter nascido numa manjedoura, sobre a palha, e não num palácio, num templo, numa habitação ampla e sumptuosa?
Nos Evangelhos, tudo é simbólico, mas raros são os que pressentiram que existia um significado extremamente profundo por detrás desta narrativa do nascimento de Jesus numa manjedoura.
Compreendereis em que parte do vosso corpo se encontra esta manjedoura se vos lembrardes das conferências que vos fiz sobre o centro Hara: expliquei-vos qual o papel que este centro pode representar na vida espiritual para o Iniciado que sabe trabalhar com ele.
Apesar do seu nome - Hara -, que significa ventre, mostrar que este centro, situado a alguns centímetros abaixo do umbigo, é sobretudo conhecido pelos japoneses, na realidade ele era conhecido por todos os Iniciados do passado, e é dele que Jesus fala quando diz: «Do seu seio jorrarão rios de água viva...»
Este "seio" é o centro Hara: é lá que se encontra a manjedoura onde o Cristo há-de nascer, entre o boi e o burro, isto é, o fígado e o baço.
Vejo que estais admirados.
Pensais que é na vossa cabeça que Jesus irá nascer... mas já vistes alguma criança nascer do cérebro da sua mãe?
Ainda ninguém reflectiu acerca disto.
As pessoas acham que o ventre, as entranhas, são algo esquisito, mas eis que o Senhor escolheu justamente este local para que a humanidade se perpetue.
E é lá também, no centro Hara, que o discípulo deve fazer nascer em si esta nova consciência: o Menino Cristo.
Não existe nada mais importante do que trabalhar para que o Menino divino nasça em nós.
Então, a Terra e o Céu cantarão; dos quatro cantos do mundo virão seres que, tendo compreendido que nasceu uma nova luz, quiseram ver-vos e trazer-vos presentes.
É claro, haverá um Herodes (sempre existiram Herodes) que ficará furioso e que, desejando matar Jesus, pedirá aos Reis Magos: «Ide, informai-vos acerca desse Menino e, quando o tiverdes encontrado, vinde dizer-me, para que também eu vá adorá-lo.»
Mas, felizmente, existirão também anjos que virão trazer avisos, tal como o anjo que disse a José: «Leva o Menino e a mãe, e foge para o Egipto, porque Herodes vai mandar procurá-lo para o matar.»
Os magos também receberam do Céu a ordem de não voltar junto de Herodes, e regressaram aos seus países por outro caminho.
Isso significa que todos aqueles que forem até junto de Jesus, junto do princípio crístico, não poderão continuar pelo mesmo caminho, terão que tomar outra direcção.
Não tínheis pensado nisto, não é verdade?
É tudo tão profundo, tão misterioso!
Para mim, é extraordinário!
E podeis crer que eu não estou a inventar coisa nenhuma.
Estou a transmitir-vos a ciência que recebi, e ela é verídica.
Os textos sagrados contêm narrativas sobre as quais se debruça a maioria dos humanos, cuja compreensão é limitada, mas o conteúdo dessas narrativas é para os discípulos, e o seu sentido para os Iniciados.

Continua

MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV



quarta-feira, 16 de novembro de 2016

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 17.11.2016

MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


Por toda a parte se fala de mudança.
Repete-se que são necessárias mudanças e, com efeito, faz-se mudanças.
Mas que mudanças são essas?
Na realidade, são sempre as mesmas lutas acesas pelo poder, pelo dinheiro, pelas honrarias...
Uns afastando os outros para se instalarem em seu lugar.
Só haverá verdadeiras mudanças a partir do dia em que os humanos trabalharem para se tornar mais honestos, mais nobres, mais senhores de si mesmos... modelos para os outros!
Mas haverá muitos que não procuram o poder ou os meios para satisfazer os seus desejos e as suas cobiças?
Vós direis: «Está bem, mas, se nós seguirmos esses conselhos, se só trabalharmos para nos melhorarmos, para nos tornarmos um modelo, a situação no mundo é tal, que ficaremos a um canto, desconhecidos, na escuridão, no nível mais baixo da escala, e nada mudará.»
O que sabeis vós a este respeito para chegardes a tais conclusões?
No dia em que vos tiverdes tornado uma fonte, um sol, mesmo que não queirais, mesmo que recuseis, os outros virão pegar em vós à força e pôr-vos no topo para que os dirijais.
Se isso ainda não aconteceu, é porque não trabalhastes o suficiente, não estais preparados.


A FESTA DO NATAL



Continuação  -  6

Ocupemo-nos agora do estábulo.
Neste estábulo não havia nem pastores, nem rebanhos, havia apenas um boi e um burro.
Porquê?
Há séculos que as pessoas repetem esta história sem a ter compreendido, porque os humanos perderam o conhecimento do simbolismo universal.
O estábulo representa o corpo físico.
E o boi?
Vós sabeis que na Antiguidade, o boi, o touro, foi sempre considerado como o princípio da geração.
No Egipto, por exemplo, o boi Ápis era o símbolo da fertilidade e da fecundidade.
O touro está sob a influência de Vénus e representa a força sexual.
O burro, esse, está sob a influência de Saturno; ele representa a personalidade humana, o velho homem, aquele a que se chama o velho Adão, teimoso, obstinado, mas bom servidor.
E eis que estes dois animais estavam lá para servir Jesus.
Mas servi-lo como?
Agora é que eu vou revelar-vos um grande mistério.
Quando o homem começa a trabalhar para se aperfeiçoar, entra em conflito com as forças da sua personalidade e as da sua sensualidade.
O Iniciado é justamente aquele que conseguiu dominar esses dois tipos de forças e pô-las ao seu serviço.
Como vedes, ele não aniquila essas forças, não se disse que esses dois animais foram afastados ou suprimidos; eles estavam lá presentes, mas o que faziam eles?
Resfolegavam para cima do Menino Jesus, aquecendo-o com o seu bafo...
Portanto, quando o Iniciado consegue transmutar em si, o boi e o burro e pô-los ao seu serviço, depois estes vêm aquecer e alimentar o Menino recém-nascido com a sua respiração.
Por conseguinte, estas forças não existem para o atormentar, o desnortear e o fazer sofrer; não, elas tornam-se forças vivificadoras.
A respiração é já a vida.
Estais a ver?
O sopro do burro e do boi é uma reminiscência do sopro pelo qual Deus deu a alma ao primeiro homem.
O burro e o boi serviram o Menino Jesus - isso significa que todos aqueles que possuem em si o Cristo, serão servidos pela sua personalidade e pela sua sensualidade, pois elas são forças extremamente úteis se conseguirmos atrelá-las a um trabalho.

Em seguida, houve um anjo que apareceu aos pastores que eram donos do estábulo.
Eles estavam nos campos a guardar os seus rebanhos, e quando o anjo lhes anunciou o nascimento de Jesus ficaram maravilhados; pegaram em alguns cordeiros e levaram-nos para oferecer a Jesus.
Isto significa que todos aqueles que possuem acções sobre o corpo físico, isto é, os espíritos de familiares, reencarnados ou não reencarnados, e que têm riquezas (simbolicamente, essas riquezas são aqui representadas pelas ovelhas, pelos cordeiros e pelos cães), são avisados.
Eles são avisados porque participaram na formação desse estábulo (o corpo físico) e, nessa altura, vêm todos dizendo: «Oh, lá, lá! Não imaginávamos que teríamos uma tal honra no nosso estábulo!»
Portanto, todos os espíritos familiares, quer estejam sobre a terra ou do outro lado, recebem a notícia de que algo de esplêndido aconteceu no vosso coração, na vossa alma e, então vêm também inclinar-se e trazse-vos presentes.
Sim, toda a gente se põe ao serviço do Menino.
Mas enquanto não o tiverdes feito nascer, não estejais à espera de que venham servir-vos.
Os anjos só vêm servir aquele em quem o Menino Jesus nasceu, pois não é por vossa causa que eles vêm, é para esse princípio divino, o Cristo, o Filho de Deus.

Continua




PENSAMENTO QUOTIDIANO - 16.11.2016

Detestais alguém?
Ficai a saber que estais a contrair laços com essa pessoa, laços que vos prendem tão fortemente a ela como se a amásseis, pois o ódio é tão poderoso como o amor.
Se quiserdes sentir-vos livres, interiormente, de um inimigo, não o detesteis, procurai ser, pelo menos indiferentes.
Enquanto detestais alguém, é como se houvesse correntes a prender-vos a essa pessoa; não ficais desligados dela.
Vós dizeis: «Não o suporto mais!
Cortei relações com ele.»
Fisicamente, talvez seja assim, já não vos relacionais com a pessoa; mas, no plano astral é diferente, ninguém se afasta de outra pessoa detestando-a.

Fixai bem isto: o ódio cria laços tão fortes como o amor.
Evidentemente, esses laços são diferentes: o amor traz-vos certas coisas e o ódio traz-vos outras, mas tão garantidamente e tão intensamente como o amor.


terça-feira, 15 de novembro de 2016

A FESTA DO NATAL


Continuação  -  5

E o que é a estrela?
É um fenómeno que se produz inevitavelmente na vida de um verdadeiro místico, de um verdadeiro Iniciado.
Acima da sua cabeça aparece uma estrela, um pentagrama luminoso.
«O que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima.»
Portanto, este pentagrama tem que existir duplamente.
Em primeiro lugar, o próprio homem é um pentagrama vivo, e depois no Alto, no plano subtil, quando ele tiver desenvolvido plenamente as cinco virtudes - a bondade, a justiça, o amor, a sabedoria e a verdade - existe um outro pentagrama que o representa sob a forma de luz.
E esta luz, esta estrela que brilhava por cima do estábulo, significa que de cada Iniciado que possui em si o Cristo vivo sai uma luz, uma luz que acalma, alimenta, reconforta, cura, purifica, vivifica...
Um dia, essa luz começa a ser vista de longe por outros, eles sentem que algo de especial se manifesta através desse ser.
Aquilo que se manifesta é precisamente o Cristo, e nessa altura todos aqueles que são dirigentes, autoridades, todos aqueles que são poderosos e ricos, vêm junto dele.
E até os grandes chefes religiosos, que julgavam estar acima de todos, também eles sentem que lhes falta algo, sentem que ainda não atingiram aquele grau de espiritualidade, e vêm instruir-se, vêm inclinar-se e trazer presentes.
É esta, pois, a explicação para a presença dos três magos - Melchior, Baltazar e Gaspar - junto do Menino Jesus.
Estes magos eram os chefes de grandes religiões dos seus países, e eles acorreram.
Porquê?
Porque sentiram aquela luz.
Como também eram astrólogos, ao observar no céu certas configurações planetárias excepcionais, concluíram que deveria ter-se produzido um acontecimento excepcional na Terra.
Portanto, o nascimento de Jesus corresponde também a um fenómeno astrológico que se produziu no céu há dois mil anos.
Estes Reis Magos trouxeram o ouro, o incenso e a mirra, e cada um destes presentes era um símbolo.
O ouro significava que Jesus era rei: a cor dourada é a cor da sabedoria, cujo brilho cintila por cima da cabeça dos Iniciados como uma coroa de luz!
O incenso queria dizer que ele era sacerdote: o incenso representa o domínio da religião, que é também o do coração, do amor.
A mirra é um símbolo da imortalidade; ela era utilizada para embalsamar os corpos e preservá-los, assim, da destruição.
Por conseguinte, os Reis Magos trouxeram presentes que têm uma ligação com os domínios do pensamento, do sentimento e do corpo físico.
Cada um está ligado também a uma séfira: a mirra a Binah, que conserva tudo; o ouro a Tiphéret, a luz; o incenso a Hésed, a religião.






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MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

em  "O Natal e a Páscoa na tradição iniciática"


PENSAMENTO QUOTIDIANO - 15.11.2016

 Todos os meses se vê a lua crescer e decrescer no céu.
O período da lua crescente é favorável ao começo de algo que se pretende realizar, pois, segundo a lei da analogia que rege o Universo, é o momento em que o processo de crescimento é favorecido em toda a Natireza.
O projecto pode ser feito em qualquer período, mas, depois de a decisão ter sido tomada, a realização deve começar em lua crescente.
Pelo contrário, para pôr termo a um empreendimento, é preferível escolher o momento da lua decrescente.

Quereis reforçar a vossa saúde, ou então uma qualidade, uma virtude, em vós?
Nos primeiros dias da lua crescente, quando já for de noite, olhai para a lua, erguei a mão direita e dizei: «Tal como a luz cresce no céu, que todo o meu ser se encha de vigor, de amor, de luz, para que eu me torne um verdadeiro servidor de Deus.»
Pronunciai a fórmula três vezes.
Quanto ao período da lua decrescente, podeis utilizá-lo para trabalhar sobre certos defeitos que quereis corrigir em vós, pronunciando a fórmula contrária e repetindo-a também três vezes, com a mão erguida.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A FESTA DO NATAL



Continuação  -  4

O nascimento de Jesus deve ser compreendido nos três mundos, isto é, como um fenómeno histórico, como um fenómeno psíquico, místico, e, finalmente, como um fenómeno cósmico.
Hoje, é sobretudo o fenómeno místico que me interessa abordar.
São Lucas era o mais instruído dos evangelistas, o mais erudito, e ele começa o seu Evangelho dizendo: «...Decidi, após ter-me informado cuidadosamente de tudo desde as origens, escrever também eu para ti, a exposição que se segue.»
Portanto, ele não tinha sido testemunha dos acontecimentos como os outros, mas empreendeu pesquisas, e no seu relato do nascimento de Jesus reteve apenas as imagens dos acontecimentos que se repetem na alma de cada ser humano.
É sobre essas imagens que agora vamos debruçar-nos.
Para que o Menino Jesus nasça é preciso que haja um pai e uma mãe.
O pai, José, é o intelecto, o espírito do homem.
A mãe, Maria, é o coração, a alma.
Quando o coração e a alma estão purificados, a criança nasce; mas ela não nasce do intelecto e do espírito, nasce da Alma Universal, que não é senão o Espírito Santo sob a forma de fogo, de amor divino... uma chama pura que vem fecundar a alma e o coração do ser humano.
A alma e o coração representam o princípio feminino, receptivo, ao passo que o intelecto e o espírito representam o princípio masculino que prepara as condições para que o Espírito Santo, isto é, a Alma Universal, que é fogo, tome posse da alma de Maria.
É nesta altura que nasce o Menino Cristo.
Mas como o nascimento é um fenómeno que deve produzir-se nos três mundos, é preciso que o Menino nasça também no plano físico.
Como vedes, é uma questão mais complexa do que aquilo que vós imaginais.
Quando Maria e José quiseram procurar abrigo numa hospedaria, já não havia lugar para eles; isto é, os humanos que estão ocupados com comidas, bebidas e divertimentos, nunca têm lugar para o Iniciado que recebeu o Menino.
Esse Menino divino, que já foi concebido nele como uma luz, pode ser um ideal, uma ideia que ele alimenta, que preza muito, mas para onde é que há-de ir com este Menino?
Ninguém lhe abre a porta, ninguém o compreende.
Este estábulo com a manjedoura, é um símbolo e, em primeiro lugar, é o símbolo da pobreza, da dificuldade das condições exteriores.
Sim, ao homem em quem o Espírito habita acontecerá sempre isto: os humanos não terão nenhum apreço por ele, não o receberão.
Mas, graças à luz que ele projectará acima da manjedoura, haverá outros que o verão de longe e que virão visitá-lo.
Esta luz representada pela estrela de cinco pontas, é uma realidade absoluta.
Ela brilha por cima de todos os Iniciados cujo princípio feminino, isto é, a alma e o coração, deu à luz o Menino Jesus concebido pelo Espírito Santo.
E, nessa altura, o intelecto, José, em vez de ficar com ciúmes e de repudiar Maria como um homem grosseiro, gritando: «Essa criança que trouxeste ao mundo não é minha!... Desaparece!», deve inclinar-se e dizer: «Foi Deus que aflorou o coração e a alma de Maria; eu não conseguiria fazê-lo.»
Portanto, o intelecto não deve revoltar-se e ficar colérico, mas compreender correctamente, dizendo: «Há aqui qualquer coisa que me ultrapassa», e proteger Maria.
Repudiar Maria é repudiar metade do nosso ser e tornar-se como aquelas pessoas puramente intelectuais e racionalistas que baniram de si mesmas o lado afectivo, receptivo, todas as qualidades de doçura, de humildade, de bondade.
Muitos repudiaram Maria por ela gostar de receber o Espírito Santo.
É necessário que compreendais que Maria e José são símbolos da vida interior: aqueles que repudiaram Maria secaram-se a si mesmos e mais não têm do que o intelecto, que divide, que critica, que está sempre descontente.
Mas, como vedes, José, pelo contrário, respeitou e protegeu Maria.
Ele disse: «Oh! Ela está grávida; eu quero protegê-la porque ela necessita do meu auxílio.»


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MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

em  "O Natal e a Páscoa na tradição iniciática"

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 14.11.2016

 MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


Vós estais prontos a correr por toda a parte em busca de ajuda e de remédios para os vossos mal-estares interiores, mas nunca recorreis à luz, que está sempre presente, que impregna todo o Universo e na qual nós estamos mergulhados.
Porquê?...
Quando vos sentis fatigados, desanimados, desiludidos, pensai em procurar ajuda junto da luz, concentrai-vos nela e imaginai que a fazeis circular em vós.
Ela purificará não só o vosso organismo psíquico, mas também, em certa medida, o vosso organismo físico, e sentir-vos-eis apaziguados, regenerados, capazes de retomar as vossas actividades, pois ela ter-vos-á dado o gosto pelas coisas.

Um dos métodos mais eficazes para recolher essa luz é agradecer ao Senhor e bendizer o seu Nome.
Várias vezes por dia, fazei uma pausa e repeti: «Obrigado, Senhor!
Obrigado pela vida, obrigado pela luz!
Bendito seja o teu Nome eternamente!»

domingo, 13 de novembro de 2016

A FESTA DO NATAL



...

Continuação - 3

Ireis ver agora se haveis compreendido, de facto, este capítulo.
Em primeiro lugar, quem eram Maria e José?
Se eles foram escolhidos para serem os pais de Jesus é porque já estavam preparados para isso: para serem dignos de receber na sua família, Jesus, o Salvador da humanidade, eles tinham feito certamente um grande trabalho espiritual nas suas vidas anteriores; eles eram excepcionais, estavam predestinados.
Muito jovem ainda, Maria tinha-se consagrado, tinha ido ao Templo para se tornar serva de Deus.
Por conseguinte, Maria tinha-se purificado e fez os maiores sacrifícios para ser digna de receber no seu seio um espírito tão poderoso e elevado como o Cristo.
Eis coisas acerca das quais ninguém pensa.
Julga-se que a Deus tudo é possível, que Ele faz aquilo que Lhe apetece por mais inverosímil que seja, e que Ele escolhe uma pessoa qualquer para a mais alta missão.
Não!
Neste domínio também existe uma justiça, existem regras, leis.
Foi o Senhor que fez essas leis e portanto não é Ele que vai transgredi-las.
Se Deus escolhe certas creaturas é porque elas preenchem determinadas condições.
É claro que «com pedras Deus pode fazer filhos de Abraão», mas fazendo-as passar pelo estado de planta, depois pelo estado de animal e, finalmente, pelo de homem.
É tal como acontece para o nascimento de uma criança: o gérmen deve, também, passar por todo o tipo de formas antes de assumir o aspecto de uma creatura* humana.
Do mesmo modo, Jesus foi obrigado a passar por certas etapas antes de se tornar o Cristo.
Eis mais uma coisa que os cristãos não querem aceitar.
Pensam que Jesus era o próprio Deus e que ele era perfeito desde o seu nascimento.
Então, porque é que teve que esperar até aos trinta anos para receber o Espírito Santo e fazer milagres?...
Mesmo que Deus em pessoa venha encarnar-se na terra, Ele aceita submeter-se às leis que Ele próprio estabeleceu.
O Senhor respeita-se a Ele mesmo, compreendeis?
É assim que os Iniciados vêem as coisas: na sua cabeça, tudo está em ordem, tudo é lógico, tudo é sensato.
Portanto, para serem dignos de receber Jesus, Maria e José tinham-se preparado desde há muito, já em outras encarnações e eram puros.
Terá sido o Espírito Santo que concebeu Jesus?
Sim, foi o Espírito Santo.
No plano divino foi o Espírito Santo, mas no plano físico também era necessário algo... alguém, a fim de que neste plano houvesse igualmente um reflexo do Espírito Santo.
Para que houvesse uma correspondência entre os três mundos, para que no plano físico, no plano espiritual e no plano divino tudo fosse sempre santo, luminoso e puro, era necessário que no plano físico existisse também um condutor do Espírito Santo.
Vós direis: «Mas ao Espírito Santo tudo é possível!»
Eu sei.
Ele teria podido, por exemplo, tomar um pouco de matéria do espaço e formar um corpo para se manifestar que, desse modo, não teria passado através de uma mulher.
Simplesmente, um corpo de matéria etérica não dura muito tempo: dura algumas horas ou um dia, e depois as partículas devem ser devolvidas; é isto que se passa nas sessões espíritas.
Para o corpo ser durável, é necessário que ele seja formado por partículas materiais cedidas pela mãe.
Por isso, o Espírito Santo tinha necessidade de uma mulher pura para formar um corpo no seio dela.
O resto não vou dizê-lo, tereis que ser vós a adivinhá-lo.
Jesus nasceu «por obra do Espírito Santo...»
Sim, na medida em que a sua concepção não foi maculada por nenhum desejo, nenhuma paixão, nenhuma sensualidade, pode dizer-se que ele nasceu por obra do Espírito Santo.
É assim que devemos compreender a virgindade de Maria.
A virgindade é uma qualidade mais espiritual do que física.
Quantas mulheres existem que são virgens exteriormente, mas interiormente... piores que prostitutas!
Sim, é isso mesmo.
Bom, não vou dizer-vos mais nada, mas já vos disse muito.

*Adoptámos nesta tradução, a distinção estabelecida pelo
  filósofo brasileiro Huberto Rohden entre
- «crear» que representa um novo início, e
- «criar» que é apenas uma continuação.
Assim, para usar um exemplo dado pelo próprio Rohden, a lei de Lavoisier
está certa quando escrevemos: «Na Natureza nada se crea, nada se perde, tudo se transforma»,
mas se escrevermos: «Na Natureza nada se cria...», este enunciado já será totalmente falso.

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MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

em  " O  Natal e a Páscoa na tradição iniciática"

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 13.11.2016

Para enfraquecer um grupo de pessoas e impôr-se a elas, basta dividi-las.
Os efeitos perniciosos da divisão são bem conhecidos nos domínios político, social, profissional e familiar, mas ainda não foram suficientemente estudados no domínio interior.
Um homem que tem dúvidas introduz a divisão em si mesmo; é como se ele quisesse seguir, ao mesmo tempo, por duas direcções opostas: só consegue cambalear.

Vós direis que nem sempre é fácil adquirir as certezas que permitem seguir firmemente uma decisão interior.
Eu sei, mas para escapar à dúvida destruidora existe um método e, esse método consiste em entrar profundamente em si mesmo, dizendo para consigo: «Por enquanto, eu sou ignorante, não tenho a intuição e a lucidez necessárias para ver claramente a situação, mas isso não deve perturbar-me nem paralisar-me.
Eu tenho fé no bem, na luz, e continuarei a agir com honestidade, desapego e coragem.»
Se souberdes manter-vos neste estado de espírito, acabareis por vencer todas as dúvidas.

sábado, 12 de novembro de 2016

A FESTA DO NATAL


...
Continuação - 2

Se fosse suficiente o nascimento de Jesus há dois mil anos, para trazer o Reino de Deus à terra, porque é que este não chegou ainda?
As guerras, as misérias, as doenças - tudo isso já deveria ter desaparecido.
Não nego que o nascimento de Jesus foi um acontecimento histórico de uma grande importância, mas o essencial da festa do Natal são os seus aspectos cósmico e místico.
Porque o nascimento do Cristo é não somente um acontecimento que se realiza todos os anos no Universo, mas também algo que a cada instante pode acontecer em nós.
Podeis reler a história do nascimento de Jesus quantas vezes quiserdes e cantar "Nasceu o Menino Divino", mas enquanto o Cristo não tiver nascido em vós, isso não servirá para nada.
O que é preciso agora é que cada um tenha o desejo de fazê-l'O nascer na sua alma, para tornar-se como Ele, a fim de que a terra seja povoada por Cristos.
Aliás, foi isso que Jesus pediu quando disse: «Em verdade, em verdade vos digo; aquele que crê em mim fará, ele também, as obras que eu faço.
Ele fará, até, maiores.»
Ora bem, aonde estão essas obras maiores que as de Jesus?...
Para certas pessoas, o Cristo já nasceu, para outras, nascerá em breve e, para outras ainda, infelizmente, dentro de alguns séculos.
Tudo reside na preparação das condições.
É por esse motivo que é muito importante as pessoas prepararem-se com muita antecedência para a festa do Natal, a fim de compreenderem todo o seu significado.
O que significa, por exemplo, o nascimento de Jesus numa manjedoura, entre um burro e um boi?
E os pastores?
E os Reis Magos?
Vós direis: «Mas toda a gente sabe isso!»
Já vamos ver se sabem ou não sabem, e como é que o sabem.
De todos os evangelistas, aquele que fala mais detalhadamente do nascimento de Jesus, é S. Lucas; os demais limitam-se a mencioná-lo ou então começam a partir da altura em que Jesus veio às margens do Jordão receber o baptismo das mãos de S. João Baptista.
Vou passar a ler-vos a narrativa do nascimento de Jesus no Evangelho de S. Lucas.
«Naqueles dias saíu um édito de César Augusto ordenando o recenseamento de todo o território.
Este recenseamento, o primeiro, efectuou-se durante o período em que Quirino era Governador da Síria.
E iam todos recensear-se, cada qual à sua cidade pátria.
Ora, José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, até à cidade de David chamada Belém, pois ele era da casa e da linhagem de David, a fim de ir recensear-se com Maria, sua noiva, que estava grávida.
Ora, quando se aproximavam do local, chegou o tempo em que ela devia dar à luz.
E deu à luz o seu filho primogénito; envolveu-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.
Naquela região, havia uns pastores que viviam no campo e que se revezavam, durante a noite, para guardar o rebanho.
De súbito, apareceu diante deles um anjo do Senhor e a glória do Senhor envolveu-os com o seu brilho, e foram invadidos por um grande medo.
O anjo, porém, disse-lhes: - Não temais; eis que vos anuncio uma grande alegria que caberá a todo o povo: nasceu hoje, na cidade de David, o Salvador, que é o Cristo Senhor.
Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura.
E, repentinamente, juntou-se ao anjo um numeroso grupo da milícia celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus no mais Alto dos Céus
                 e paz na terra para os homens que Ele ama!»
Assim que os anjos se retiraram para o Céu, os pastores disseram entre si: «Vamos então, até Belém e vejamos o que aconteceu e o que o Senhor nos deu a conhecer.»
Foram a toda a pressa e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura.
E, à vista disso, contaram o que lhes fora dito acerca desse menino, e todos os que ouviram, ficaram maravilhados com o que lhes contavam.
Maria, porém, conservava cuidadosamente todas estas lembranças e meditava acerca delas no seu coração.
Depois os pastores voltaram, glorificando e louvando o Senhor por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que fora anunciado.

Completados os oito dias em que o menino devia ser circuncisado, deram-lhe o nome de Jesus, nome que o anjo tinha indicado antes da sua concepção.
Quando chegou o dia em que, segundo a lei de Moisés, ele devia ser purificado, levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, assim como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o primogénito masculino será consagrado ao Senhor», e para oferecer o sacrifício conforme a Lei: um casal de rolas ou duas pombinhas.
Ora, vivia então em Jerusalém um homem de nome Simeão, que era justo e piedoso; ele esperava a consolação de Israel e o Espírito Santo habitava nele.
O Espírito Santo havia-lhe revelado que não veria a morte antes de ter visto o Cristo do Senhor.
Impelido pelo Espírito, foi ao Templo e, quando os pais trouxeram o Menino Jesus para que nele se cumprissem as prescrições da Lei, Simeão tomou-o nos braços e louvou Deus, exclamando:
                     «Agora Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz,
                       segundo a Tua palavra,
                       pois meus olhos viram a Tua salvação
                       que preparaste em favor de todos os povos,
                       Luz para iluminar as nações
                       e glória de Israel, Teu povo.»

Por certo já lestes ou ouvistes várias vezes este relato.
Ele contém imensos detalhes que são simbólicos.
Existem igualmente duas passagens muito misteriosas.
Porque é que "Maria conservava cuidadosamente todas aquelas lembranças e meditava acerca delas no seu coração»?
Era pois, porque havia qualquer coisa que ela não podia dizer.
Se fosse aquilo que ela tinha ouvido contar aos pastores, teria podido falar, dado que eles contarama toda a gente.
Portanto, havia uma outra coisa que ela guardava preciosamente na sua alma, algo de sagrado.
E quem era Simeão?
Está escrito que "o Espírito Santo habitava nele"... isso significa que ele era muito puro.
Mas eu não poderei abordar a questão de Simeão porque isso iria abalar todas as consciências cristãs.
Sim, quem era Simeão?
Que laço o unia ao Menino Jesus?...

Continua

MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

em  "O Natal e a Páscoa na tradição iniciática"