domingo, 30 de novembro de 2014

A MORTE E A VIDA NO ALÉM (Cont.VII)

...
No mundo psíquico também existem seres criados pelos humanos.
Algumas personagens da literatura, ou mesmo santos, que nunca existiram verdadeiramente, tornaram-se tão célebres e ocuparam tanto o pensamento dos humanos que acabaram por tornar-se uma realidade, não física, é evidente, mas fluídica.
E, aliás, as egrégoras têm a mesma origem.
Uma egrégora é uma entidade colectiva criada pelo pensamento de todos os indivíduos que pertencem a um grupo, a um povo ou a uma religião, por exemplo...
Os seus pensamentos e os seus desejos, que vão todos no mesmo sentido, formam uma egrégora impregnada, alimentada, moldada, por essa colectividade.
Também nós, na Fraternidade Branca Universal temos uma egrégora.
Todas as Igrejas e todos os movimentos espiritualistas têm a sua; os movimentos políticos também.
E, por vezes, essas egrégoras combatem-se no alto, para ver qual é a mais forte...
Cada egrégora ajuda a comunidade que a formou, pois é um reservatório de forças formidáveis, e possui uma forma simbólica, frequentemente a de um animal: urso, tigre, galo, águia, pomba, etc.
Mas o essencial é compreender como se pode formar uma egrégora poderosa que trabalhe no mundo, que ajude e ilumine as criaturas.
Só que - atenção! - também se pode ser castigado ou fulminado por uma egrégora se se traiu o ideal que ela representa.
Sim, as egrégoras vingam-se dos membros que as traíram.
O plano astral é habitado por criaturas de toda a espécie, de que os humanos não fazem qualquer ideia. Mas, quer as conheçam quer não, eles atraem aquelas a que estão ligados pela lei da afinidade.
É assim que, nas sessões espíritas, os participantes atraem presenças do oceano astral, mas raramente são os espíritos dos mortos que eles aguardam.
Vós direis: «Sim, mas como é que essas criaturas conseguiram conhecer o suficiente sobre esse morto para serem capazes de se fazer passar por ele?»
Não é difícil, tudo está inscrito no Akasha Chronica (ou seja, nos arquivos etéricos do Universo), e as entidades podem informar-se muito rapidamente, mas muitas vezes não vêem bem e dão informações erradas.
Tudo depende da pessoa que se dirige ao mundo invisível; se ela for muito pura, muito luminosa, receberá uma resposta exacta, não porque os espíritos tenham descido, mas porque ela subiu até eles para obter a comunicação.
É claro que há casos (já vos falei disto) em que certos espíritos são forçados a deixar a sua região para vir à terra, porque são chamados por mágicos muito poderosos que os obrigam a descer servindo-se de fórmulas mágicas que sabem pronunciar.
Mas isso não é normal, não é natural, é o homem que deve elevar-se pelo pensamento para os contactar na região em que eles se encontram; os mortos não devem descer à terra.

Há duas espécies de magia: uma, pela qual a pessoa se dirige aos seres superiores cujas bençãos quer obter, que se chama invocação; outra, pela qual se quer fazer regressar as almas dos mortos para que eles se manifestem, e que se chama evocação.
Mas, de uma forma geral, como já vos disse, não se consegue obter realmente a presença desses espíritos que se quis evocar ou invocar: são outras criaturas que tomam a sua forma ou a sua voz, porque têm interesse em enganar os humanos.
Por conseguinte, há que ser muito prudente.
Eu nunca recomendei a ninguém que participasse em sessões espíritas, pelo contrário. Quando era novo, assisti a algumas, mas rapidamente compreendi que as pessoas que lá se encontravam estavam atoladas na sua sensualidade, nas suas cobiças, nas suas ambições.
Então, sob o pretexto de comunicar com os seus pais ou os seus amigos, atraem criaturas astrais de que não conseguirão desembaraçar-se, porque estas tentarão satisfazer os seus desejos inferiores através delas.
Por isso é que os espíritas acabaram bastante mal.
Então, deixai os mortos partir tranquilos lá para onde eles devem ir.
Não vos apegueis aos vossos pais, aos vossos amigos, não os retenhais com os vossos desgostos e as vossas lamentações e, sobretudo, não tenteis chamá-los para comunicar com eles; se o fizerdes, estareis a importuná-los e a impedi-los de se libertarem.

Orai por eles, enviai-lhes o vosso amor, pensai que eles se libertam e se elevam cada vez mais na luz.
Ficai a saber que, se os amais verdadeiramente, um dia estareis com eles.
É verdade!
Quantas vezes eu vos disse: 'Onde estiver o vosso amor, aí estareis um dia!'

Sèvres, 6 de Março de 1966
OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

PENSAMENTO QUOTIDIANO

Os exercícios espirituais não são grande coisa por si mesmos.
Eles só se tornam verdadeiramente eficazes e benéficos se forem executados à luz de um ensinamento que dá conhecimentos acerca do mundo invisível, dos diferentes seres que nele habitam, das leis que o regem, das forças que nele circulam.
E, mais importante ainda, um ensinamento espiritual revela como o ser humano é construído, quais são nele os órgãos, os centros subtis, graças aos quais ele pode entrar em relação com as regiões luminosas do espaço.
Mesmo isso não é suficiente.
Quem recebeu esse saber deve decidir-se a mudar a sua maneira de viver, a sacrificar actividades ou hábitos que estão em contradição com os propósitos da Ciência Iniciática.

É isto o essencial; tomai-o em consideração.
Não vos limiteis a uma compreensão intelectual da espiritualidade, procurai obter a verdadeira compreensão, aquela que invade o corpo inteiro até à mais pequena célula.
Então, cada exercício ganhará para vós um verdadeiro significado, ele iluminar-vos-á e reforçár-vos-á.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  30.11.2014

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sábado, 29 de novembro de 2014

A MORTE E A VIDA NO ALÉM (Cont. VI)

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Vós direis: «Mas então, como se explica que os espíritas acreditem que entram em comunicação com certas personagens ilustres do passado?»
Na realidade, não é com elas que comunicam, mas vou dizer-vos o que se passa.
Quando o ser humano se liberta para partir para o outro lado, deixa algumas das suas roupagens. É claro que não falo das roupas físicas, mas sim das etéricas e das astrais, que flutuam na atmosfera e estão impregnadas com tudo aquilo que o ser viveu.
São como conchas ou invólucros vazios, abandonados pelos seus ocupantes e que podem ser animados, vivificados, pelos fluidos das pessoas reunidas nas sessões espíritas para evocar os mortos.
E como, em geral, essas pessoas não são muito evoluídas, é evidente que só podem libertar fluidos muito inferiores, impregnados de paixões, de sensualidade e de cobiça.
E esses fluidos atraem dos planos astral e etérico toda a espécie de existências flutuantes que ainda não foram  absorvidas pelo centro da terra.
O espaço psíquico que rodeia a terra é naturalmente liberto de tudo o que por lá se arrasta e que é enviado para o centro da terra; contudo, há certas entidades, certas criaturas inferiores, a que se chama larvas e elementais, que lá permanecem, e são elas, precisamente, que muitas vezes aparecem nas sessões espíritas para enganar e desorientar os humanos.
E não só os desorientam e os enganam, como também os esgotam, porque, para continuarem a viver durante mais algum tempo, elas absorvem a vitalidade dos humanos.
O espírito mais inferior pode entrar na mente de um médium e falar-vos em nome de quem quiserdes: Moisés, Jesus, Joana d'Arc...
Isso não prova a sua superioridade.
E, de qualquer maneira, não é um punhado de pessoas frívolas, curiosas e sensuais, como se vêem tantas nas sessões espíritas, que vai atrair espíritos evoluídos.
Tudo o que essas pessoas podem atrair é a ralé que povoa o astral inferior - larvas, destroços, sombras...
Mas, em contrapartida, se seres puros, luminosos e desinteressados se reunirem para orar e para enviar luz, poderão manifestar-se entre eles entidades verdadeiramente luminosas, mas não exactamente da maneira como os espíritos se manifestam nos círculos de espiritismo.

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OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

PENSAMENTO QUOTIDIANO

Se os humanos modificarem a sua opinião sobre a natureza modificarão o seu destino!

Se eles pensarem que ela é viva e inteligente, que as pedras, as plantas, os animais, as estrelas, são vivos e inteligentes, eles próprios tornar-se-ão mais vivos e mais inteligentes.

A natureza é o corpo do Criador.

Por isso, eles devem não só mostrar atenção e respeito para com ela, mas também aproximar-se dela com um sentimento sagrado.
Na realidade, seja qual for o modo como os humanos se comportam, para a natureza isso não muda grande coisa: todas as agressões que eles cometem em relação a ela não passam de pequenas perdas, de pequenas feridas nesse imenso corpo cujos limites nem sequer se conhece; eles é que se destruirão a si próprios.
Quanto a ela, quando se tiver desembaraçado desses insensatos, levará a melhor: a natureza tem muitos recursos!
É pois, por causa das consequências que a sua atitude terá neles próprios, que os humanos devem mostrar respeito para com os animais, as plantas, as pedras.
A sua consciência aprofundar-se.á e eles enriquecer-se-ão com toda essa vida que respira e vibra à sua volta.

Pensai em todas as entidades que povoam o universo, desde as profundezas da terra até às estrelas e, esforçai-vos por comunicar todos os dias com elas.
Essa comunicação só se fará pelo amor.
Se amardes a natureza, ouvi-la-eis falar em vós, viver em vós, pois vós também sois uma parte da natureza.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  29.11.2014

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A MORTE E A VIDA NO ALÉM (Cont. V)

...
 III
Não são sempre as mesmas almas que vêem encarnar-se na terra.
Pode acontecer que as mesmas voltem muitas vezes ao longo dos milénios, mas não é necessariamente assim.
A terra não é o único sítio onde as criaturas podem fazer estágios e desenvolver-se.
Por todo o Universo há "terras" onde as criaturas se instruem.
Então, tal como há seres que vêm de outros planetas para realizar certas missões na terra e se vão embora  depois de as ter cumprido, também há outros seres que deixam a nossa terra para ir a outros planetas.
São os Vinte e Quatro Anciãos que presidem a esta circulação das almas.

Mas, no momento em que o homem morre, as portas da terra fecham-se atrás dele; ele entra noutra corrente e não tem o direito de voltar para trás.
É por isso que não é bom evocar os mortos, pois desse modo impede-se a sua evolução.
Há que orar por eles, há que enviar-lhes luz para que evoluam e se libertem, mas não se deve ficar agarrado a eles para os reter, nem sobretudo, procurar trazê-los de volta à terra.
Nos livros antigos, encontram-se numerosos relatos de evocações de mortos: degolavam-se animais e, com o sangue, atraíam-se as suas almas.
Na Odisseia, há um episódio em que Ulisses faz regressar dos Infernos a sombra do adivinho Tirésias para este lhe predizer o futuro.
E no Antigo Testamento também se pode ler a narração da visita que o rei Saul fez à mágica de En-Dor, para que ela fizessa aparecer a sombra do grande rei Samuel: ele queria que Samuel lhe desse a conhecer o desfecho da guerra que travava contra os Filisteus.
Dá-se a este género de evocação o nome de #necromância", pois trata-se de uma predição do futuro (mância) por intermédio dos mortos (necro).
Mas recordai-vos do que Samuel disse quando apareceu a Saul: «Porque me importunaste, chamamdo-me?»
Sim, pois os mortos que viveram na terra como grandes espíritos não gostam de ser importunados para satisfazer a curiosidade dos vivos; eles sentem-se tão longe das suas preocupações mesquinhas e limitadas!
É claro que não os esqueceram, que aceitam ajudá-los, mas de outro modo.*
É evidente que a maioria dos humanos, quando deixam a terra, não ficam imediatamente libertos dos laços terrenos: continuam ligados aos pais e outros familiares, a amigos (ou inimigos!), a locais, a bens e, se não são já evoluídos, se não têm no coração e na alma o desejo de descobrir outros espaços e de ir para Deus, ficam rondando à volta desses seres, dessas casas e desses objectos.
São almas errantes que sofrem e não podem ainda libertar-se, mesmo que espíritos luminosos venham ajudá-las.
Ao passo que aqueles que, na terra, já viveram no amor e na luz, aqueles que já cultivaram as virtudes, deixam muito rapidamente o seu corpo e voam para as regiões sublimes, onde nadam na felicidade e na alegria.
De lá podem enviar correntes benéficas a todos aqueles que deixaram em baixo, para os ajudar e os proteger, mas nunca voltam para eles, não voltam a descer, como muita gente imagina.
Quando morrem, vão para muito longe da terra e não voltam.

*Noutra conferência, Omraam Mikhaël Aïvanhov disse o seguinte: «Quando, no momento da transfiguração no Monte Tabor, Jesus apareceu aos seus discípulos, estava tão luminoso e radiante que eles não puderam suportar essa luz e caíram por terra.
Esta transfiguração era uma irrupção do seu corpo espiritual, o seu corpo de glória, no plano físico.
Ainda não tinha chegado o momento de Jesus desligar o seu corpo glorioso do corpo físico para viver nele definitivamente, mas este já podia aparecer na plenitude da sua manifestação.
Algumas pessoas puderam ver o corpo glorioso de certos Iniciados quando estes se encontravam em estados de deslumbramento e de êxtase: o seu rosto irradiava, a luz jorrava de todo o seu ser.
É graças a esse corpo que os Iniciados podem viajar para o espaço, atravessar montanhas e até penetrar no centro da terra, pois nenhum obstáculo material pode detê-lo.
Sim, e mesmo que o seu corpo físico esteja muito maltratado, um Iniciado pode sempre trabalhar e enviar auxílio, pois o corpo físico e o corpo de glória são duas realidades totalmente diferentes.
Mesmo que um Iniciado esteja a morrer, mesmo que esteja morto, o seu corpo de glória está vivo, irradiante, e pode contactar com as criaturas no espaço para as instruir, as aconselhar, as consolar e lhes transmitir as suas bençãos.»

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PENSAMENTO QUOTIDIANO

Há tantas pessoas que dizem não ter tempo para dedicar aos exercícios espirituais!
De manhã têm de ir para o trabalho, antes de sair já têm muito que fazer e, quando regressam, ao fim do dia, é a mesma coisa...
Pois bem, como elas não têm pelo menos alguns minutos todos os dias para estar na harmonia e na luz, é garantido que o terão para estar nas perturbações, nas desordens e nas trevas.

Se há coisa que de certeza acontece na vida é ficar triste, fraco e desanimado; e o que é menos certo é estar feliz, forte e sereno.
Porquê?
Por causa da frase que todos repetem: «Não tenho tempo!»
Eis uma maneira cómoda de justificar a preguiça e a inércia.
Nem um minuto para se recolher, nem um minuto para fazer ao menos uma oração ou um exercício, para ficar mais resistente, mais lúcido...
Que destino preparam as pessoas, assim, para si próprias?
Na realidade, quantas vezes elas estão, afinal, a perder o seu tempo!
Que aprendam um pouco a ganhá-lo!
E ganhá-lo-ão precisamente quando compreenderem que, se dedicarem todos os dias alguns minutos a entrar em contacto com a luz, isso evitar-lhes-á cometer erros que elas demorariam muito tempo a reparar.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  28.11.2014

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A MORTE E A VIDA NO ALÉM (Cont. IV)

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

II
Quando um homem morre, a sua alma separa-se do corpo físico; mas, enquanto ele ainda está vivo, a sua alma também pode deixar o corpo, em qualquer altura, para viajar no espaço, instruir-se ou visitar amigos que vivem muito longe, noutros locais, para os ajudar, os consolar e lhes fazer revelações.
A maioria das pessoas não são capazes de se desdobrar.
Mesmo durante a noite, enquanto dormem, a sua alma fica às voltas junto do corpo físico, sem aprender o que quer que seja nem fazer qualquer trabalho; então, ainda menos serão capazes de deixar o seu corpo conscientemente durante o dia, para viajar no espaço e depois regressar e retomar a sua actividade quotidiana.
Vós direis que desejais aprender rapidamente o que é preciso fazer para vos desdobrardes.
Não tenhais tanta pressa; se não estiverdes suficientemente preparados, ficareis sujeitos a grandes perigos psíquicos (obsessão, possessão, loucura) e até perigos mortais.
Se não começardes por purificar-vos, a fim de vos tornardes senhores de vós mesmos, dos vossos pensamentos, dos vossos sentimentos e das vossas inclinações, será muito perigoso sairdes do corpo físico e deixá-lo sem protecção, à mercê de qualquer entidade, pois nessa altura poderão ocorrer fenómenos deploráveis.
Por isso é que eu ainda não vos disse muita coisa acerca do desdobramento; isso será para mais tarde, quando estiverdes preparados.
Aqueles que têm pressa de folhear livros ocultos sobre este assunto são livres de o fazer, mas previno-os de que correm sérios riscos.
Se uma pessoa se preparar durante anos, cuidando sobretudo da pureza (nos alimentos, nos pensamentos e nos sentimentos), praticando numerosos exercícios para adquirir o autodomínio, para se controlar, um dia a sua alma poderá desligar-se do corpo físico como ela quiser, sem qualquer perigo.
É assim que os verdadeiros Iniciados viajam no espaço; lá, eles vêem e aprendem muitas coisas, de que se lembram quando se reintegram no seu corpo físico, e isso é também muito importante.
Em certas circunstâncias particulares, pode acontecer a algumas pessoas desdobrarem-se involuntariamente - isso manifesta-se, por exemplo, por um súbito adormecimento a meio do dia - mas quando regressam não se recordam de nada do que viram, ouviram e fizeram, o que é pena.
Por conseguinte, a questão está em ser capaz de se desdobrar conscientemente, mas não há que ter pressa; primeiro é necessário pensar em purificar-se, por exemplo, trabalhando com os anjos dos quatro elementos, como vos ensinei.

Uma pessoa não pode desdobrar-se verdadeiramente se não aprendeu a desapegar-se... até ao desapego último: a morte.
Quantas pessoas não há que, como nunca aprenderam a desapegar-se, não conseguem, nem mesmo no momento da morte, desligar-se do corpo físico!
Existem laços poderosos que as retêem.
Enquanto estavam vivas, só pensavam nas questões materiais, no dinheiro, nos prazeres; então, como é que elas podem aceitar abandonar tudo isso?
Assim, durante muito tempo ficam vagueando em redor do corpo, pelos lugares onde viveram, perto dos seres que conheceram, e sofrem terrivelmente, até que servidores de Deus venham ajudá-las a libertarem-se.
Outras, pelo contrário, deixam de imediato o corpo físico, como quem despe a camisa, tranquilamente, numa alegria maravilhosa.
Por esta razão é que nas Escolas Iniciáticas sempre se ensinou os discípulos a cultivarem o desapego.
«Então ~direis vós -, para nos desapegarmos temos de nos afastar do mundo, temos de deixar de nos dar com os humanos?»
Não.
Certos ascetas, certos eremitas, que compreenderam assim o desapego, fecharam-se num buraco, numa gruta da montanha...
Eles pensavam que se tinham desapegado realmente, mas o seu desapego era apenas exterior.
Na maior solidão, de repente eram assaltados por toda a espécie de desejos e de cobiças.
Graças à sua solidão, o Diabo podia visitá-los à vontade!
A literatura está cheia de histórias que contam as tentações dos santos, dos eremitas...
Não, não se trata de abandonar tudo, mas sim de compreender que o verdadeiro desapego é interior e que só a pureza pode conduzir-nos a ele.

Sèvres, 13 de Abril de 1969

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PENSAMENTO QUOTIDIANO

Vós pensais que é impossível levar a luz e a paz a todos os humanos da terra: eles são tão numerosos!
É claro que, se puserdes a questão nestes termos, tendes razão.
Mas quando se conhece certos métodos, isso torna-se possível.

Tentai, por exemplo, imaginar a humanidade como um só ser.
Sim, imaginai o mundo inteiro como um ser que está ali, perto de vós, e vós segurais-lhe na mão transmitindo-lhe muito amor...
As pequenas partículas que emanam da vossa alma partem em todas as direcções do espaço e derramam-se sobre todos os humanos, inspirando-lhes os pensamentos e os sentimentos mais generosos, mais fraternos.
Aquilo que vós fazeis por esse ser que imaginais vai assim chegar aos homens e mulheres de toda a terra.

Se fôssemos centenas, milhares, a fazer este exercício, um novo alento, um alento divino, passaria por todas as criaturas e, um dia, também elas se sentiriam impulsionadas por um ideal de luz e de paz.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  27.11.2014

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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A MORTE E A VIDA NO ALÉM (Cont.III)

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Quando chega a altura de reencarnar*, o homem volta a passar pelas mesmas regiões (átmica, búdica, causal, etc.) e em cada uma delas vai buscar materiais para fazer um "casaco", quer dizer, um corpo cada vez mais denso à medida que vai descendo para a matéria.
Quando chega ao plano físico, na forma de um bebé, não se recorda de nada - nem do que sofreu, nem do que gozou, nem do que aprendeu. Mas está lá tudo armazenado e um dia ele recuperará a memória, se aceitar certas disciplinas e certas regras da vida sob a orientação de um Mestre.
Aqueles que conseguem fazer sair das profundezas do seu ser a recordação daquilo que viveram no além avançam muito mais rapidamente no caminho da evolução.
Infelizmente, a maioria dos humanos estão tão apegados aos prazeres e às paixões da terra que todos esses conhecimentos e todas essas riquezas permanecerão profundamente enterrados neles durante muito tempo sem eles poderem utilizá-los para seu benefício.
Felizes os que conhecem esta realidade e crêem nela, pois não aceitam continuar a viver uma vida medíocre.
Em cada dia que passa, eles querem avançar, progredir em inteligência, em amor, em autodomínio, para se tornarem úteis a toda a humanidade.

Mas voltemos ao essencial: quer acreditemos, quer não, na sobrevivência da alma depois da morte, tudo se regista em nós sem darmos por isso.
Há muito que a Natureza ultrapassou os maiores peritos de electrónica; ela colocou na ponta do coração do homem uma bobina magnética, do tamanho de um átomo, que gira durante toda a vida e que grava tudo.
Quando o homem parte para o outro lado, desliga-se do seu corpo físico mas leva consigo essa bobinazinha.
Os Juízes do Alto convidam-no a contemplar, em silêncio, o filme da sua vida, e ele revê tudo em pormenor.
Sim, ninguém pode escapar a esta lei: na vida tudo se regista, deve-se pagar no plano astral por cada transgressão que se cometeu aqui em baixo e sente-se tudo com muito mais intensidade, porque já não se tem a protecção do corpo físico.
Não há nada mais terrível do que estar nu e vulnerável no plano astral, pois os pensamentos e os sentimentos dos vivos vêm directamente morder-vos, picar-vos, queimar-vos.
Não podeis escapar-lhes.
Mesmo as lamentações e os desgostos dos vivos que deixaram na terra são um tormento para os mortos.
Só quando entrais no plano causal é que já nada pode atingir-vos, estais no centro de um círculo mágico de luz e nada pode franqueá-lo sem o vosso consentimento.
O domínio da alma e do espírito é verdadeiramente extraordinário e, uma vez que estais numa Escola Iniciática, se souberdes ser pacientes e tenazes aprendereis muito.
Mas, atenção!
É meu dever prevenir-vos de que, se vos deixardes atrair por futilidades e renunciardes a esta riqueza espiritual por pequeninos nadas da vida quotidiana, quando partirdes para o outro mundo passareis por estados de consciência aterradores, porque não soubestes apreciar o que é puro, sagrado, divino.
Vós direis: «Mas isso não é grave, eu não assassinei ninguém.»
É grave, sim; o facto de não apreciardes o lado divino não abona nada em vosso favor.
Isso significa que, no passado, vivestes de uma maneira tão deplorável que preparastes para vós um corpo astral e um corpo mental totalmente defeituosos.
Vós retardastes tanto a vossa evolução que agora vos falta um elemento que vos torne sensíveis ao mundo divino, e tereis de sofrer para o adquirir.

*Acerca da reencarnação e das suas leis, ver, do mesmo autor, o capítulo VIII
  de "O homem à conquista do seu destino" (nº.202 da Colecção Izvor, Edições Prosveta)

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

Bonfin, 26 de Setembro de 1975

A MORTE E A VIDA NO ALÉM (Cont.II)

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A mesma lei existe em todos os domínios.
Pode acontecer também que, durante as suas meditações, algumas pessoas se desdobrem ou seja, se projectem fora dos seus corpos físicos e, sejam atraídas para as regiões perigosas do plano astral, onde são também perseguidas e ameaçadas.
Então, a primeira coisa que devem fazer é regressar ao corpo físico para se abrigarem.
O corpo físico é uma boa fortaleza, mas se o homem tiver transgredido as leis do amor, da sabedoria e da verdade, quando deixa esse corpo, na altura da morte, é forçado a pagar, no plano astral, por todas essas transgressões.
Isto não é invenção: os maiores Mestres da humanidade sempre o disseram; grandes artistas, pintores e poetas representaram esse mundo nas suas obras; e pessoas clínicamente mortas durante três ou quatro dias, voltaram à vida e puderam contar o que tinham vivido no plano astral.
O Céu permite, que, de tempos a tempos, algumas pessoas passem por esta experiência, para levar os humanos a ganhar juízo, para lhes lembrar certas verdades.
Assim, depois da morte o homem fica sujeito, no plano astral, ao mal que fez aos outros; tem de sofrer por todas as transgressões que cometeu.
Não é que a Inteligência Cósmica queira vingar-se ou castigá-lo; ela apenas quer que o homem tome perfeita consciência de tudo aquilo que fez na terra, porque muitas vezes ele fez sofrer seres sem sequer se dar conta disso, e esta ignorância é inaceitável, impede a sua evolução.
Portanto, a Inteligência Cósmica faz-nos passar pelos sofrimentos que infligimos aos outros para que nós aprendamos bem o que fizemos e possamos corrigir-nos.
O tempo que lá passamos depende da gravidade dos nossos erros.
Certas pessoas, que não cometeram grandes crimes, atravessam rapidamente esta etapa, ao passo que outras passam lá anos em sofrimento.
Depois de ter pago todas as suas dívidas, o homem entra na primeira região do astral superior, onde vive na alegria e no deslumbramento, devido à felicidade que proporcionou aos outros, na terra.
Ele deve viver no astral, também, todo o bem que fez aos outros (ajudando-os, encorajando-os, incutindo neles a esperança, despertando neles a fé ou o amor), ampliado até ao infinito.
Só nessa altura é que ele se dá conta daquilo que fez na terra.
Com efeito, acontece que alguns seres muito evoluídos fazem o bem sem nunca saberem quantas pessoas tornaram felizes, a quantas pessoas levaram a alegria, o contentamento e a vida; elas fazem-no instintivamente, sem pensar nisso.
Mas a Inteligência Cósmica quer que as pessoas conheçam tudo. Então, depois da morte, esses benfeitores têm de ver, de compreender e de sentir todo o bem que fizeram, e ficam deslumbrados com isso.
Depois, eles sobem mais alto, à região do plano causal, onde lhes são oferecidos todos os tesouros, todas as riquezas da sabedoria, onde lhes são comunicados todos os mistérios do Universo e lhes é mostrada toda a beleza das regiões celestes.
Em seguida, sobem ainda mais alto, à região búdica e aí, unidos à Alma Universal, vivem uma vida de felicidade indescritível.
E não há palavras para exprimir o que se passa depois no plano átmico: é a fusão completa com o Criador...

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OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

PENSAMENTO QUOTIDIANO

A fadiga é uma realidade objectiva, não há dúvida, mas também depende muito do estado interior.
Um dia, eu respondi a alguém que me perguntara como tornar-se infatigável: «Eu posso revelar-lhe o segredo, mas será que saberá utilizá-lo?
Esse segredo é ter amor por tudo o que faz, pois é o amor que desperta e alimenta as forças no homem.»
Trabalhai durante horas com amor e não sentireis fadiga; mas, se trabalhardes apenas alguns minutos descontentes, revoltados, alguma coisa ficará bloqueada em vós e rapidamente vos sentireis esgotados.

Sempre que tiverdes de empreender uma actividade, cumprir um dever, esforçai-vos por fazê-lo com amor ou então não o façais!
Aquilo que fazeis sem amor consome-vos, e não fiqueis surpreendidos se depois ficardes sem energia.
Trabalhar sem amor é como introduzir um veneno em vós.
Direis que há tarefas que vos desgostam, que vos aborrecem (só de pensar nelas, ficais logo cansados!), mas não conseguis escapar a elas.
Então, procurai encontrar pelo menos uma razão para as realizar com amor, e esses trabalhos parecer-vos-ão mais suportáveis.
Constatareis que ficais menos fatigados, o amor vencerá a vossa fadiga.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  26.11.2014

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A MORTE E A VIDA NO ALÉM

I
Para a Ciência Iniciática, o ser humano é um reflexo, uma imagem do Universo e, portanto, tal como o Universo, é composto por regiões, por "corpos" diferentes.
A ciência oficial ainda não admitiu esta realidade, e daí advêm muitos erros, nomeadamente na medicina e na psicologia.
Os hindus dividem tradicionalmente o ser humano em sete corpos, e a maior parte dos espiritualistas aceita esta divisão.
O corpo mais material, e o único visível para nós, é o corpo físico, mas existem mais seis corpos compostos de uma matéria cada vez mais subtil, os corpos etérico, astral, mental, causal, búdico e átmico.
Na realidade, o corpo etérico ainda faz parte do corpo físico e apresenta-se sob quatro estados, chamados éter-químico, éter-vital, éter-luz e éter-reflector.
Por isso, podemos dividir o corpo físico em sete: os estados sólido, líquido e gasoso, e os quatro estados etéricos.
Os outros corpos também podem ser divididos em sete; assim, no astral há três regiões inferiores e quatro regiões superiores, e é nestas regiões superiores que vivem os anjos.
O que é um anjo?
Um anjo é uma criatura imortal feita de uma matéria tão pura, tão subtil que nada de mau ou obscuro pode atingi-la.
Vive na luz, na alegria absoluta, e conhece tudo excepto o sofrimento.
O sofrimento tem sempre origem nos movimentos da natureza inferior que causam distúrbios e perturbações.
Um anjo não pode conhecer essas perturbações porque é absolutamente puro.
Não existem anjos no plano físico, eles só se encontram a partir das regiões superiores do plano astral.
No limite entre o plano astral inferior e o plano astral superior existe uma zona intermédia habitada por seres que estão a aperfeiçoar-se, a cortar os laços com as regiões inferiores, mas que ainda estão sujeitos aos tormentos causados pelas más influências do plano astral inferior e do plano físico.
Por conseguinte, o plano astral é, ao mesmo tempo, o mundo do sofrimento e o mundo e o mundo da alegria; da alegria quando o homem consegue depurar e subtilizar os seus desejos, e do sofrimento quando ele vive demasiado baixo, preso nas cobiças e nas paixões.
No momento da morte, o homem desliga-se do seu corpo físico, mas isso não é suficiente para ele ficar imediatamente liberto.
Podemos mesmo dizer que ele fica ainda mais exposto aos tormentos do que quando estava na terra.
Com efeito, durante a vida terrena, o nosso corpo físico é uma carapaça, uma couraça que nos impede de sentir a realidade do mundo psíquico; mas quando os seres, pela morte, se libertam do corpo físico e ficam no astral sem defesas, arriscam-se a sofrer bastante e a ser muito infelizes.
O Inferno não é senão um estado de consciência vivido muito intensamente no plano astral.
Só depois de purificados por meio do sofrimento é que os seres conseguem, finalmente, sair de lá.
Todos aqueles que mergulharam completamente numa vida de devassidão, de injustiças, de maldades e de crueldades, e que conseguiram escapar à justiça humana, quando morrem vêem-se confrontados no plano astral com todo o mal que fizeram; eles não podem encontrar qualquer refúgio em parte alguma, porque já não têm o corpo físico que os protegia e os insensibilizava, e sentem exactamente os sofrimentos que infligiram a outros seres quando estavam na terra.
Certamente já tivestes pesadelos e reparastes que, na maior parte das vezes, o pesadelo se interrompeu de repente porque acordastes sobressaltados, contentes por vos encontrardes a salvo no vosso corpo físico e dizendo:«Felizmente, foi só um sonho!»
Porque é que acordastes em sobressalto?
Porque, subsconscientemente, vós sabeis que, para vos defenderdes dos seres ou das forças hostis do plano astral, deveis regressar ao vosso corpo físico, que é como que uma fortaleza onde podeis abrigar-vos.
Se permanecerdes no plano astral, continuareis à mercê dos vossos inimigos.
Mas vós deixais esse plano, regressais ao corpo físico, que é espesso, sólido e escapais-lhes.
É exactamente como se fosseis perseguidos na rua e vos refugiásseis numa casa: aí não podereis ser atingidos pelas facas nem pelas balas.

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OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

em "A morte e a vida no Além"

Edições Prosveta

PENSAMENTO QUOTIDIANO


 O que deve fazer aquele que os seus inimigos lesaram, humilharam, espezinharam?
Se ele for sábio, renunciará a vingar-se deles e dirá para si próprio: «Eles creem que me aniquilaram?
Pois bem, já irão ver!»
E começa um trabalho gigantesco sobre si mesmo, liga-se às entidades luminosas do mundo invísivel, instrui-se, exercita-se, até ao dia em que, finalmente, possui a verdadeira luz, os verdadeiros poderes.
E se então os seus inimigos o encontrarem, como eles ficarão surpreendidos!
Perante a luz daquele ser que, em vez de se vingar, trabalhou sobre si mesmo, passa-se algo de inexprimível nas suas cabeças.
Pode mesmo acontecer que eles se sintam muito pequeninos e feios!
Então, é essa a vitória, é esse o triunfo para o sábio: sem combater os seus inimigos, até deixando-os tranquilos, ele ficou por cima.
Não é a melhor solução?...
Evidentemente, é preciso já ter adquirido muita luz, muita paciência e muito amor para decidir praticar este método e, sobretudo, para conseguir mantê-lo sem desistir.
Mas não há nenhum mais eficaz.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  25.11.2014
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domingo, 23 de novembro de 2014

PENSAMENTO QUOTIDIANO


 É procurando elevar-vos até ao cume do vosso ser interior que entrareis verdadeiramente em comunicação com o mundo divino.
Quando sentirdes que atingistes finalmente uma região situada para além do pó e das nuvens, isto é, para além do plano astral e do plano mental inferior, procurai manter-vos aí firmemente durante o máximo de tempo possível.
Em seguida, como é difícil fazer durar esse esforço de concentração mais do que alguns minutos, abrandai um pouco a tensão e deixai-vos levar pela luz como se flutuásseis num mar calmo.
Já não pensais, quase já não sentis, mas a vossa alma, que está lá, viva, vibrante, impregna-se com os elementos mais subtis das regiões da luz.

Repeti este exercício com a máxima frequência possível.
Constatareis que, quando retomardes as vossas ocupações habituais na família e na sociedade, esses elementos espirituais que captastes introduzirão a harmonia em vós, e o vosso desejo de trabalhar, de ajudar os outros, de viver em harmonia com eles, aumentará.
É uma sensação que não engana e que vos confirma que continuais a estar em comunicação com o mundo divino.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  24.11.2014

PENSAMENTO QUOTIDIANO



Quando estais certos de que trabalhais por uma causa justa e nobre, nada deve desviar-vos desse rumo.
E sobretudo não vos preocupeis com a atitude dos outros em relação a vós, pois arriscais-vos a que o vosso entusiasmo seja refreado.
Como a constância não é aquilo que caracteriza os humanos, alguns, depois de vos terem aprovado e seguido, começarão a criticar-vos, a afastar-se de vós, e nem sequer sabeis porquê.
É assim.
Há na existência períodos de sucesso em que se é reconhecido, apreciado, e depois vêm outros períodos em que se é ignorado, posto de parte.
Se não estiverdes habitados pela ideia do trabalho desinteressado, arriscais-vos a cair na amargura e na revolta.
Fazei então um retorno ao passado: constatareis que, ao ter realizado este ou aquele trabalho, adquiristes certas qualidades.
Agora, que se apresentam novas condições, tendes certamente um novo trabalho a empreender para desenvolver outras qualidades.
Será assim que continuareis senhores da situação.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  23.11.2014

sábado, 22 de novembro de 2014

PENSAMENTO QUOTIDIANO

Quaisquer que sejam as vossas qualidades, as vossas competências, não procureis impor-vos aos outros.
Porquê?
Porque suscitais neles o desejo de vos afrontarem.
No início, talvez eles fiquem impressionados, vos respeitem e até vos temam...
Mas, enquanto vós estais convictos de que estabelecestes a vossa autoridade, eles em segredo, farão tudo o que puderem para se armar contra vós.
E vós é que os tereis provocado.
Quem ostenta o seu poder desperta nos outros o instinto da agressividade.
Não se tem a noção de todos os meios que as pessoas são capazes de pôr em acção quando um superior, ou alguém que se faz passar por superior, as humilhou com uma atitude de desprezo, um tom autoritário, palavras que magoam.
A verdadeira autoridade obtê-la-eis cultivando a bondade, a doçura, a paciência.
Talvez os outros comecem por interpretar mal a vossa atitude: imaginarão que sois fracos, incapazes, e tentarão abusar da situação.
Mas perseverai e em breve eles serão obrigados a reconhecer as vossas competências, assim como a vossa força interior, e então ganhareis não só o seu respeito, mas também a sua amizade.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  22.11.2014

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

PENSAMENTO QUOTIDIANO


 Quando sofreis, procurai tomar consciência de que só uma parte de vós é afectada por esse sofrimento.
Uma outra parte permanece inacessível, o vosso espírito.
O vosso espírito é livre, não está submetido a qualquer constrangimento.
A partir das regiões sublimes em que se encontra, ele observa-vos e aconselha-vos.
E por vezes até vos diz: «Estás a sofrer? Regozija-te com isso, pois, se fores inteligente, graças a esse sofrimento ganharás mais um pouco de lucidez, de compreensão e reforçar-te-ás.»

Aqueles que são infelizes têm tendência para se identificar com a sua infelicidade, deixando-se invadir por ela.
E é isso que é perigoso para eles.
Eles devem, pelo contrário, ficar imediatamente alerta e dizer para si próprios: «É agora que há um trabalho a fazer. Eu estou a sofrer, é certo, mas só uma parte de mim é que sofre.»
E, em seguida, que apelem para essa outra entidade, o seu espírito, que vive na imensidão, na eternidade, e que também está neles.
Do fundo dessa lama em que têm a sensação de estar a ser engolidos, eles sentirão surgir a luz e a força.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  21.11.2014

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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A FESTA DO NATAL (Cont. IX)

...
O discípulo é obrigado a debruçar-se sobre todos estes grandes mistérios e a reflectir sobre eles e, quando os tiver compreendido, terá ainda que fazê-los descer ao domínio do sentimento e, finalmente realizá-los no plano físico, o que evidentemente, é o mais difícil.
Intelectualmente, toda a gente pode compreender, e até muito bem, mas esta compreensão não desceu ainda ao sentimento, e o coração não sente.
É preciso fazer descer esta compreensão até ao coração, e do coração até à vontade, para que se faça a realização no plano físico.
Porque o nascimento do Menino Cristo é um acontecimento que deve produzir-se nos três planos: mental, astral e físico.
Vós direis: «No plano físico?...
Mas como?»
Eu posso explicar-vos, mas será que me compreendereis?
O homem não pode fazer nascer Jesus nele se não tiver compreendido a sua mãe, a Terra.
Se não souber o que é a Terra, se não mantiver com ela relações afectuosas, respeitosas, conscientes, o homem não terá nenhuma possibilidade de modificar o seu corpo físico.
O nosso corpo está em relação com a Terra e regressará à Terra, pois foi retirado dela, é um fruto seu, um filho seu.
E se o homem não mantiver uma relação correcta com a Terra, o Cristo não poderá nascer nas suas acções, no seu corpo físico.
A Terra é um ser inteligente, mas nunca se pensa nisso, e ela é estudada apenas do ponto de vista geográfico: o número de habitantes, de mares, de oceanos, de lagos, de montanhas, de rios...
A Terra é a mais desconhecida, a mais desdenhada, a mais desprezada das creaturas, e grandes males daí advêm...
Sim, porque não respeitamos a nossa mãe, que nos deu o seu corpo, o nosso corpo.
Existe uma ciência prodigiosa que trata das relações do homem com a Terra, do comportamento que ele deve ter em relação a ela: como falar-lhe, como agradecer-lhe, como captar forças dela e como confiar-lhe todas as suas impurezas para ela as transformar.
É que a Terra possui, nas suas entranhas, fábricas onde pode transformar tudo, e é o que ela faz incessantemente: transforma todas as impurezas, todos os detritos que lhe são enviados, para produzir frutos, flores e tudo o que é útil e belo.
A Terra é muito inteligente!
Detenhamo-nos agora nas palavras que o anjo disse aos pastores: «Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que Ele ama!»
Compreendestes estas palavras?
Porquê a paz entre os homens e no Alto a glória?
Porque o Menino divino, quando nasce, glorifica o Senhor, e a paz instala-se na alma do homem em que ele nasceu.
O menino traz a paz porque traz também a plenitude.
Um homem e uma mulher que não têm filhos sentem um vazio, falta-lhes qualquer coisa.
Mas quando surge um filho é a plenitude, é o triângulo sobre o qual se constrói o edifício.
É por isso que a fórmula dada pelo Mestre Peter Deunov: «Bojiata lubov nossi peulnia jivot» - «o amor divino traz a plenitude de vida» - é de uma tão grande profundidade.

A alma deve receber o amor divino tal como a mulher recebe o amor do seu marido.
Esse amor divino que traz a plenitude de vida é o amor que produz o Menino Cristo.
O amor não é senão a predicção, o anunciar do menino que se aproxima.
Esta fórmula do Mestre é realmente muito profunda; ele não a deu simplesmente para que a repitamos de forma automática, mas para que trabalhemos a fim de que este amor de Deus possa aflorar a nossa alma e ela conceba o filho, o Cristo.
E, depois, quantas mudanças não se seguem na nossa existência!
Em todos os domínios, tudo se torna claro, tudo melhora.
Vale a pena trabalhar durante um ano inteiro, durante vários anos, durante toda a vida até, para fazer nascer o Cristo em nós.

Eu não vos interpretei todo o capítulo de São Lucas.
Apenas quis apresentar-vos um cantinho da vossa vida interior, para que saibais que o nascimento de Jesus é um acontecimento místico que pode produzir-se em cada ser humano.
Se acreditarmos que o nascimento de Jesus é um acontecimento que se produziu uma única vez, há dois mil anos, então nada se explica.
Em primeiro lugar, isso é incompatível com o imenso amor de Deus.
Diz-se que Deus é amor...
Ora, existindo a humanidade já há milhões de anos, Deus teria enviado o seu filho único apenas durante três anos a um pequeno país?...
Então, antes do nascimento de Jesus, aonde estava esse amor, o que é que ele andava a fazer?
E depois ele teria novamente abandonado o mundo durante milénios?
Não, isto não faz sentido!
A verdade é que o Cristo apareceu numerosas vezes na Terra, e mesmo noutros planetas, em todo o Universo, e voltará a aparecer no futuro.
Se não aceitardes isto é porque, na realidade, não sois nem religiosos, nem cristãos, nem coisa nenhuma.
Acreditais em coisas inverosíveis, mas não quereis acreditar naquilo que é sensato.
Está-se sempre a dizer: «Deus é amor... Deus é amor...», mas de que serve isso se se faz tudo para provar o contrário?
Dizem-vos que esse amor só se manifestou na Terra uma vez em toda a História, e vós nem sequer estáveis presentes!
Mas acrescentarei ainda o seguinte: podeis duvidar de que o Cristo tenha existido realmente; houve quem duvidasse e demonstrasse que ele não existiu, dando provas tão científicas como as daqueles que afirmam que ele existiu.
Então, o que dizer?
Pois bem, muito simplesmente que o aspecto histórico não é lá muito importante.
Imaginai que se consegue provar, de maneira irrefutável, que Jesus não existiu, que se trata de um mito montado com todas as peças...
Existe, apesar disso, algo que somos obrigados a reconhecer: é a grandeza excepcional daquele que escreveu os Evangelhos.
Se alguém foi capaz de escrever semelhantes coisas, de uma tal profundidade, de uma tal grandeza, de uma tal luz, fica-se deslumbrado, nem sequer é necessário tentar saber se Jesus existiu realmente ou não.
Guardai, pois a imagem do presépio, com José, Maria e o Menino, entre o burro e o boi, e a estrela que brilha sobre o estábulo...
Agora, compreendereis melhor o seu significado.
Do mesmo modo que o nascimento de uma criança encerra toda a esperança da vida, o nascimento do Cristo, que acontece todos os anos no Universo, é a esperança de que Deus não abandonou os homens.
Apesar de eles transgredirem incessantemente as Suas Leis, Ele concede-lhes um crédito, continuando a enviar-lhes um Salvador, pois Ele não quer que caia nem sequer uma só alma.
Mesmo aqueles que fizeram as maiores asneiras terão que reerguer-se.
É claro que sofrerão e pagarão, mas Deus dá-lhes possibilidades de avançar.
O que é mau é perder a coragem e renunciar a fazer esforços para evoluir.

E não esqueçais que o Natal dura ainda alguns dias após o 25 de Dezembro...
No Alto, no Céu, celebra-se uma festa, e vós deveis participar nessa festa pelo menos através do pensamento.
É pena que só muito poucos saibam desdobrar-se para participar nela realmente.
Quanto aos outros, é melhor nem falar neles!
Comeram, beberam, empaturraram-se, e agora estão doentes.
Doravante, acabou-se!, já não se deve passar o Natal assim.
Metei bem isto na vossa cabeça!
Vós sois discípulos e deveis trabalhar para fazer nascer o Menino Jesus em vós.
Por enquanto, estais a preparar-lhe as condições.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


PENSAMENTO QUOTIDIANO



Quando a velhice se aproxima, é-se naturalmente levado a olhar para trás e é aí que, para muitas pessoas, começa o período dos arrependimentos, dos remorsos.
Elas sentem que passaram demasiado tempo em futilidades, mas que, mesmo que tentassem seguir uma outra direcção, dando mais espaço à vida interior, é demasiado tarde, nunca conseguirão recuperar o tempo perdido.
Evidentemente, quando a velhice chega, é um pouco tarde para mudar completamente de vida, mas não é demasiado tarde, nunca é demasiado tarde para começar algo de construtivo.
O pior para essas pessoas seria passarem o tempo de vida que lhes resta mergulhadas em arrependimentos, em remorsos.
É compreensível que tenham remorsos, mas há coisas melhores para fazer do que ter remorsos.
Elas podem ao menos rememorar todos os acontecimentos da sua existência a fim de tirarem daí lições.
Depois de tirarem essas lições, elas devem recorrer a todo o amor, toda a inteligência e toda a vontade que lhes restam para darem à sua vida o sentido que até aí não souberam encontrar.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  20.11.2014

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A FESTA DO NATAL (Cont. VIII)

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Prestemos agora atenção ao simbolismo da manjedoura.
Sim, porque é que Jesus há-de ter nascido numa majedoura, sobre a palha, e não num palácio, num templo, numa habitação ampla e sumptuosa?
Nos Evangelhos, tudo é simbólico, mas raros são os que pressentiram que existia um significado extremamente profundo por detrás desta narrativa do nascimento de Jesus numa majedoura.

Compreendereis em que parte do vosso corpo se encontra esta manjedoura se vos lembrardes das conferências que vos fiz sobre o centro Hara : expliquei-vos qual o papel que este centro pode representar na vida espiritual para o Iniciado que sabe trabalhar com ele.
Apesar do seu nome - Hara -, que significa ventre, mostrar que este centro, situado a alguns centímetros abaixo do umbigo, é sobretudo conhecido pelos japoneses, na realidade ele era conhecido por todos os Iniciados do passado, e é dele que Jesus fala quando diz: «Do seu seio jorrarão rios de água viva...»
Este «seio» é o centro Hara: é lá que se encontra a manjedoura onde o Cristo há-de nascer, entre o boi e o burro, isto é, o fígado e o baço.
Vejo que estais admirados.
Pensais que é na vossa cabeça que Jesus irá nascer... mas já vistes alguma criança nascer do cérebro da sua mãe?
Ainda ninguém reflectiu acerca disto.
As pessoas acham que o ventre, as entranhas, são algo esquisito, mas eis que o Senhor escolheu justamente este local para que a humanidade se perpetue.
E é lá também, no centro Hara, que o discípulo deve fazer nascer em si esta nova consciência: o Menino Cristo.
Não existe nada mais importante do que trabalhar para que o Menino divino nasça em nós.
Então, a terra e o Céu cantarão; dos quatro cantos do mundo virão seres que, tendo compreendido que nasceu uma nova luz, quiseram ver-vos e trazer-vos presentes.
É claro, haverá um Herodes (sempre existiram Herodes) que ficará furioso e que, desejando matar Jesus, pedirá aos Reis Magos: «Ide, informai-vos acerca desse menino e, quando o tiverdes encontrado, vinde dizer-me, para que também eu vá adorá-lo.»
Mas, felizmente existirão também anjos que virão trazer avisos, tal como o anjo que disse a José: «Leva o menino e a mãe, e foge para o Egipto, porque Herodes vai mandar procurá-lo, para o matar.
Os magos também receberam do Céu a ordem de não voltar junto de Herodes, e regressaram aos seus países por outro caminho.
Isso significa que todos aqueles que forem até junto de Jesus, junto do princípio crístico, não poderão continuar pelo mesmo caminho, terão que tomar uma outra direcção.
Não tinheis pensado nisto, não é verdade?
É tudo tão profundo, tão misterioso!
Para mim, é extraordinário!
E podeis crer que eu não estou a inventar coisa nenhuma.
Estou a transmitir-vos a ciência que recebi, e ela é verídica.
Os textos sagrados contêm narrativas sobre as quais se debruça a maioria dos humanos, cuja compreensão é limitada, mas o conteúdo dessas narrativas é para os discípulos, e o seu sentido para os Iniciados.
E sabeis porque é que existe o costume de fazer um «réveillon» na noite de Natal?
Também é simbólico.
Depois de o menino ter nascido, deve-se comer, deve-se beber, deve-se cantar, mas sem ultrapassar os limites, é claro.
O menino também precisa de ser alimentado, é o primeiro alimento de qualquer recém-nascido é o leite da mãe.
Quando trazia o menino dentro de si, ela alimentava-o com o seu sangue, agora alimenta-o com o seu leite.
Estamos em presença de duas cores, e elas são simbólicas.
Estão presentes já durante a concepção: a mulher fornece o vermelho e o homem o branco.
Mais tarde isto repete-se, quando a mulher alimenta a criança durante nove meses com o seu sangue e, depois com o seu leite.
Aliás, encontramos estas duas cores no próprio sangue: nos glóbulos vermelhos e nos glóbulos brancos.

O vermelho e o branco representam os dois princípios que são a base da existência.
O vermelho, o sangue, é a força vital, o amor, e é graças a este sangue, ao nosso amor, que o Menino Cristo se tornará carne e osso em nós.
Depois do seu nascimento, o menino é alimentado com leite, quer dizer com a pureza, com a luz.
É por isso que nós vamos assistir ao nascer-do-sol: para aí captarmos a luz com a qual alimentaremos o Menino.
Do mesmo modo que a mãe não deixa de se ocupar do seu filho após o nascimento, quando o Menino Cristo tiver nascido o trabalho continua, mas sob uma forma diferente.
O nascimento do Cristo é uma questão muito importante, da qual todos os Iniciados devem ocupar-se.
Reparai no que diz São Paulo: «Oh!, meus filhos, a quantos trabalhos me obriguei para fazer nascer o Cristo em vós!»
Também ele tinha compreendido que o Cristo deve nascer em cada alma humana.
Por isso, falava aos seus discípulos, aconselhava-os e «sacudia-os», até, para que se purificassem e se pusessem num estado de aceitação, de submissão. de adoração, porque são estas as condições necessárias para receber o gérmen que vem do Alto.
A alma humana é como uma mulher: se a mulher for agressiva, se ela resistir sempre ao seu marido, jamais poderá ter um filho.
O mesmo se passa em relação à alma humana: ela deve tornar-se uma mulher adorável, receptiva, para receber o Espírito Santo, senão tanto pior para ela, não haverá Menino!

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PENSAMENTO QUOTIDIANO


  Meditai algumas vezes na bela imagem da transparência...
Compreendereis que, para que a vida passe, para que a luz passe, para que as correntes passem, é preciso abrir-lhes caminho, ou seja, tornar-se transparente.
Toda a natureza torna isso evidente.
Por que é que as pedras preciosas são tão apreciadas?
Porque são coloridas, claro, mas sobretudo porque são transparentes: deixam passar a luz...
Como é que a natureza conseguiu trabalhar tão magnificamente sobre certos minerais, purificá-los, para fazer deles essas maravilhas que nós hoje admiramos: cristal, diamante, safira, esmeralda, topázio, rubi...?
E se a natureza conseguiu, por que é que o ser humano não haveria de conseguir fazer esse mesmo trabalho em si mesmo?

Toda a prática espiritual deve ter esse objectivo.
Quando tivermos conseguido purificar tudo no nosso coração e na nossa alma até nos tornarmos límpidos, transparentes, o Senhor, que aprecia muito as pedras preciosas, pôr-nos-á na sua coroa.
Isto é uma imagem, evidentemente, mas corresponde a algo real.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  19.11.2014

PENSAMENTOS  QUOTIDIANOS  -  2014
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terça-feira, 18 de novembro de 2014

A FESTA DO NATAL (Con. VII)

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Ocupemo-nos agora do estábulo.
 Neste estábulo não havia nem pastores nem rebanhos, havia apenas um boi e um burro.
Porquê?
Há séculos que as pessoas repetem esta história sem a ter compreendido, porque os humanos perderam o conhecimento do simbolismo universal.
O estábulo representa o corpo físico.
E o boi?
Vós sabeis que, na Antiguidade, o boi, o touro, foi sempre considerado como o princípio da geração.
No Egipto, por exemplo, o boi Ápis era o símbolo da fertilidade e da fecundidade.
O touro está sob a influência de Vénus e representa a força sexual.
O burro, esse está sob a influência de Saturno; ele representa a personalidade humana, o velho homem, aquele a que se chama o velho Adão, teimoso, obstinado, mas bom servidor.
E eis que estes dois animais estavam lá para servir Jesus.
Mas servi-lo como?
Agora é que eu vou revelar-vos um grande mistério.

Quando o homem começa a trabalhar para se aperfeiçoar, entra em conflito com as forças da sua personalidade e as da sua sensualidade.
O Iniciado é justamente aquele que conseguiu dominar esses dois tipos de forças e pô-las ao seu serviço.
Como vedes, ele não aniquila essas forças, não se disse que esses dois animais foram afastados ou suprimidos; eles estavam lá presentes, mas o que faziam eles?
Resfolegavam para cima do Menino Jesus, aquecendo-o com o seu bafo...Portanto, quando o Iniciado consegue transmutar em si, o boi e o burro e pô-los ao seu serviço, depois estes vêm aquecer e alimentar o menino recém-nascido com a sua respiração.
Por conseguinte, estas forças não existem para o atormentar, o desnortear e o fazer sofrer; não, elas tornam-se vivificadoras.
A respiração é já a vida.
Estais a ver?
O sopro do burro e do boi é uma reminiscência do sopro pelo qual Deus deu a alma ao primeiro homem.
O burro e o boi serviram o Menino Jesus - isso significa que todos aqueles que possuem em si o Cristo serão servidos pela sua personalidade e pela sua sensualidade, pois elas são forças extremamente úteis se conseguirmos atrelá-las a um trabalho.

Em seguida, houve um anjo que apareceu aos pastores que eram donos do estábulo.
Eles estavam nos campos a guardar os seus rebanhos, e quando o anjo lhes anunciou o nascimento de Jesus ficaram maravilhados; pegaram em alguns cordeiros e levaram-nos para oferecer a Jesus.
Isso significa que todos aqueles que possuem acções sobre o corpo físico, isto é, os espíritos de familiares, reencarnados ou não reencarnados, e que têm riquezas (simbolicamente, essas riquezas são aqui representadas pelas ovelhas, pelos cordeiros e pelos cães), são avisados.
Eles são avisados porque participaram na formação desse estábulo (o corpo físico) e, nessa altura, vêm todos, dizendo: «Oh, la,la! Não imaginávamos que teriamos uma tal honra no nosso estábulo!»
Portanto, todos os espíritos familiares, quer estejam sobre a terra ou do outro lado, recebem a notícia de que algo de esplêndido aconteceu no vosso coração, na vossa alma, e então vêm também inclinar-se e trazer-vos presentes.
Sim, toda a gente se põe ao serviço do menino.
Mas enquanto não o tiverdes feito nascer, não estejais à espera de que venham servir-vos.
Os anjos só vêm servir aquele em quem o Menino Jesus nasceu, pois não é por vossa causa que eles vêm, é para esse princípio divino, o Cristo, o Filho de Deus.

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PENSAMENTO QUOTIDIANO

O Universo é regido pela lei das causas e das consequências.
Cada acto, cada acontecimento, é ele próprio consequência de uma causa.
Causas e consequências estão, pois, indissociavelmente ligadas, mas a duração de uma vida é demasiado limitada para podermos observar este vasto jogo dos encadeamentos.
Do mesmo modo que constactamos hoje factos que são consequências de causas muito anteriores à nossa existência actual e que nós não conhecemos, podemos prever as consequências que serão desencadeadas mais tarde por certos factos que estão a acontecer.
Actualmente, nós encontramo-nos pois, em situações nas quais umas são causas e outras são consequências e é por isso que há tantos acontecimentos cujo sentido nos escapa.

Quanto à reincarnação, na realidade ela é só um aspecto particular desta lei das causas e das consequências.
Como a vida dos seres não termina no momento em que eles deixam a terra, não só as consequências dos seus actos os seguem no além, como, no momento quando eles voltam a incarnar, elas permanecem vivas e actuantes.
Não se pode decretar pois, que determinada pessoa não merece as boas condições de que beneficia nesta existência e uma outra as injustiças de que é vítima, pois não se sabe nada das suas incarnações anteriores.
Enquanto não se admitir a reincarnação, não se admitirá nada da justiça divina.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  18.11.2014

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A FESTA DO NATAL (Cont.VI)

...
É necessário que compreendais que Maria e José são símbolos da vida interior: aqueles que repudiaram Maria secaram-se a si mesmos e mais não têm do que o intelecto, que divide, que critica, que está sempre descontente.
Mas, como vedes, José, pelo contrário, respeitou e protegeu Maria.
Ele disse: «Oh! Ela está grávida; eu quero protegê-la porque ela necessita do meu auxílio.»

E o que é a estrela?
É um fenómeno que se produz inevitavelmente na vida de um verdadeiro místico, de um verdadeiro Iniciado.
Acima da sua cabeça aparece uma estrela, um pentagrama luminoso.
«O que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima.»
Portanto, este pentagrama tem que existir duplamente.
Em primeiro lugar, o próprio homem é um pentagrama vivo, e depois, no Alto, no plano subtil, quando ele tiver desenvolvido plenamente as cinco virtudes - a bondade, a justiça, o amor, a sabedoria e a verdade - existe um outro pentagrama que o representa sob a forma de luz.

E esta luz, esta estrela que brilhava por cima do estábulo, significa que de cada Iniciado que possui em si o Cristo vivo, sai uma luz, uma luz que acalma, alimente, reconforta, cura, purifica, vivifica...
Um dia, essa luz começa a ser vista de longe por outros, eles sentem que algo de especial se manifesta através desse ser.
Aquilo que se manifesta é precisamente o Cristo, e nessa altura todos aqueles que são dirigentes, autoridades, todos aqueles que são poderosos e ricos, vêm junto dele.
E até os grandes chefes religiosos, que julgavam estar acima de todos, também eles sentem que lhes falta algo, sentem que ainda não atingiram aquele grau de espiritualidade, e vêm instruir-se, vêm inclinar-se e trazer presentes.
É esta, pois, a explicação para a presença dos três magos - Melchior, Baltazar e Gaspar - junto do Menino Jesus.
Estes magos eram chefes de grandes religiões dos seus países, e eles acorreram.
Porquê?
Porque sentiram aquela luz.
Como também eram astrólogos, ao observar no céu certas configurações planetárias excepcionais, concluiram que deveria ter-se produzido um acontecimento excepcional na Terra.
Portanto, o nascimento de Jesus corresponde também a um fenómeno astrológico que se produziu no céu há dois mil anos.
Estes Reis Magos trouxeram o ouro, o incenso e a mirra, e cada um destes presentes era um símbolo.
O ouro significava que Jesus era rei: a cor dourada é a cor da sabedoria, cujo brilho cintila por cima da cabeça dos Iniciados como uma coroa de luz!
O incenso queria dizer que ele era sacerdote: o incenso representa o domínio da religião, que é também o do coração, do amor.
A mirra é um símbolo da imortalidade; ela era utilizada para embalsamar os corpos e preservá-los, assim, da destruição.
Por conseguinte, os Reis Magos trouxeram presentes que têm uma ligação com os domínios do pensamento, do sentimento e do corpo físico.
Cada um está ligado também a uma séfira: a mirra a Binah, que conserva tudo, o ouro a Tiphéret, a luz, e o incenso a Hésed, a religião.



PENSAMENTO QUOTIDIANO



As palavras "renúncia" e "sacrifício" são certamente das que menos agradam aos humanos, pois eles compreendem-nas como sinónimos de privação e dizem que, se se privarem, morrerão.
E é verdade que morrerão: se não compreenderem que a renúncia serve unicamente para aceder a regiões mais elevadas a fim de obter algo melhor, irão morrer.

Na prática espiritual, renunciar é transpor uma necessidade, um prazer, para um plano superior.
Continuamos a alimentar-nos, a amar, a ter diferentes actividades, mas com elementos mais puros, com um objectivo mais desinteressado.
A renúncia não é, pois, sinónimo de morte, pelo contrário, é sinónimo de vida.
Aqueles que não compreenderam isto estagnam.
E é precisamente esta estagnação que os arrasta para a morte.
Ao passo que, se eles aceitam certas privações, transformam uma energia bruta numa energia mais subtil, e não só não morrem como se enriquecem.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  17.11.2014

domingo, 16 de novembro de 2014

A FESTA DO NATAL (C0nt.V)

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 Jesus nasceu «por obra do Espírito Santo...»
Sim, na medida em que a sua concepção não foi maculada por nenhum desejo, nenhuma paixão, nenhuma sensualidade, pode dizer-se que ele nasceu por obra do Espírito Santo.
É assim que devemos compreender a virgindade de Maria.
A virgindade é uma qualidade mais espiritual do que física.
Quantas mulheres existem que são virgens exteriormente, mas interiormente... piores do que prostitutas!
Sim, é isso mesmo.
Bom, não vou dizer-vos mais nada, mas já vos disse muito.

O nascimento de Jesus deve ser compreendido nos três mundos, isto é, como um fenómeno histórico, como um fenómeno psíquico, místico e, finalmente, como um fenómeno cósmico.
Hoje, é sobretudo o fenómeno místico que me interessa abordar.
São Lucas era o mais instruído dos evangelistas, o mais erudito, e ele começa o seu Evangelho dizendo: «... Decidi, após ter-me informado cuidadosamente de tudo desde as origens, escrever também eu para ti, a exposição que se segue.»
Portanto, ele não tinha sido testemunha dos acontecimentos como os outros, mas empreendeu pesquisas, e no seu relato do nascimento de Jesus reteve apenas as imagens dos acontecimentos que se repetem na alma de cada ser humano.
É sobre essas imagens que agora vamos debruçar-nos.
Para que o Menino Jesus nasça é preciso que haja um pai e uma mãe.
O pai, José, é o intelecto, o espírito do homem.
A mãe, Maria, é o coração, a alma.
Quando o coração e a alma estão purificados, a criança nasce; mas ela não nasce do intelecto e do espírito, nasce da Alma Universal, que não é senão o Espírito Santo sob a forma de fogo, de amor divino... uma chama pura que vem fecundar a alma e o coração do ser humano.
A alma e o coração representam o princípio feminino, receptivo, ao passo que o intelecto e o espírito representam o princípio masculino que prepara as condições para que o Espírito Santo, isto é a Alma Universal, que é fogo, tome posse da alma de Maria.
Mas como o nascimento é um fenómeno que deve produzir-se nos três mundos, é preciso que o menino nasça também no plano físico.
Como vedes, é uma questão mais complexa do que aquilo que vós imaginais.
Quando Maria e José quiseram procurar abrigo numa hospedaria, já não havia lugar para eles; isto é, os humanos que estão ocupados com comidas, bebidas e divertimentos, nunca têm lugar para o Iniciado que recebeu o Menino.
Esse Menino divino, que já foi concebido nele como uma luz, pode ser um ideal, uma ideia que ele alimenta, que preza muito, mas para onde é que há-de ir com este Menino?
Ninguém lhe abre a porta, ninguém o compreende.
Este estábulo, com a manjedoura, é um símbolo e, em primeiro lugar, é o símbolo da pobreza, da dificuldade das condições esteriores.
Sim, ao homem em quem o espírito habita acontecerá sempre isto: os humanos não terão nenhum apreço por ele, não o receberão.
Mas, graças à luz que ele projectará acima da manjedoura, haverá outros que o verão de longe e que virão visitá-lo.
Esta luz, representada pela estrela de cinco pontas, é uma realidade absoluta.
Ela brilha por cima de todos os Iniciados cujo princípio feminino, isto é, a alma e o coração, deu à luz o Menino Jesus concebido pelo Espírito Santo.
E, nessa altura, o intelecto, José, em vez de ficar com ciúmes e de repudiar Maria, como um homem grosseiro, gritando: «Essa criança que trouxeste ao mundo não é minha!... Desaparece!», deve inclinar-se e dizer: «Foi Deus que aflorou o coração e a alma de Maria; eu não conseguiria fazê-lo.»
Portanto, o intelecto não deve revoltar-se e ficar colérico, mas compreender correctamente, dizendo: «Há aqui qualquer coisa que me ultrapassa», e proteger Maria.
Repudiar Maria é repudiar metade do nosso ser e tornar-se como aquelas pessoas puramente intelectuais e racionalistas que baniram de si mesmas o lado afectivo, receptivo, todas as qualidades de doçura, de humildade, de bondade.
Muitos repudiaram Maria por ela gostar de receber o Espírito Santo.

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PENSAMENTO QUOTIDIANO

Trabalhai durante muito tempo para consolidar as vossas convicções.
Se fordes dizer por toda a parte que encontrastes finalmente o caminho da luz, que decidistes seguir esse caminho, etc., criais obstáculos para vós mesmos, provocais reacções contrárias.
Alguns procurarão demonstrar-vos que estais no mau caminho, que sois um idealista ingénuo, etc., e, se as vossas convicções ainda não estiverem bem consolidadas, não só não convencereis essas pessoas do contrário, como acabareis vós por capitular perante elas.

Por mais generosa que seja a vossa vontade de partilhar as descobertas que fazeis, começai por guardá-las para vós.
Vivei com essas verdades, fazei experiências e exercícios com elas, até elas se tornarem carne e osso em vós, até elas formarem uma unidade convosco.
Não só elas vos trarão uma luz e uma força que vos ajudarão a triunfar nas dificuldades da vida, como no dia em que fordes levados a falar delas aos outros, fá-lo-eis com um tal tom de autenticidade que todas as objecções cairão.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  16.11.2014

sábado, 15 de novembro de 2014

A FESTA DO NATAL (Cont.IV)

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Por certo já lestes ou ouvistes várias vezes este relato.
Ele contém imensos detalhes que são simbólicos.
Existem igualmente duas passagens muito misteriosas.
Porque é que «Maria conservava cuidadosamente todas aquelas lembranças e meditava acerca delas no seu coração?»
Era pois, porque havia qualquer coisa que ela não podia dizer.
Se fosse aquilo que ela tinha ouvido contar aos pastores, teria podido falar, dado que eles contaram-no a toda a gente.
Portanto, havia uma outra coisa que ela guardava preciosamente na sua alma, algo de sagrado.
E quem era Simeão?
Está escrito que «o Espírito Santo habitava nele...» isso significa que ele era muito puro.
Mas eu não poderei abordar a questão de Simeão porque isso iria abalar todas as consciências cristãs.
Sim, quem era Simeão?
Que laço o unia ao Menino Jesus?...
Ireis ver agora se haveis compreendido, de facto, este capítulo.
Em primeiro lugar, quem eram eram Maria e José?
Se eles foram escolhidos para ser os pais de Jesus é porque já estavam preparados para isso: para ser dignos de receber na sua família, Jesus, o Salvador da humanidade, eles tinham feito certamente um grande trabalho espiritual nas suas vidas anteriores; eles eram excepcionais, estavam predestinados.
Muito jovem ainda, Maria tinha-se consagrado, tinha ido ao Templo para se tornar serva de Deus. Por conseguinte, Maria tinha-se purificado e fez os maiores sacrifícios para ser digna de receber no seu seio um espírito tão poderoso e elevado como o Cristo.
Eis coisas acerca das quais ninguém pensa.
Julga-se que a Deus tudo é possivel, que Ele faz aquilo que Lhe apetece por mais inverosímil que seja, e que Ele escolhe uma pessoa qualquer para a mais alta missão.
Não!
Neste domínio também existe uma justiça, existem regras, leis.
Foi o Senhor que fez essas leis e portanto não é Ele que vai transgredi-las.
Se Deus escolhe certas creaturas é porque elas preenchem determinadas condições.
É claro que «com pedras Deus pode fazer filhos de Abraão», mas fazendo-as passar pelo estado de planta, depois pelo estado de animal e, finalmente, pelo de homem.
É tal como acontece para o nascimento de uma criança: o gérmen deve, também, passar por todo o tipo de formas antes de assumir o aspecto de uma creatura* humana.
Do mesmo modo, Jesus foi obrigado a passar por certas etapas antes de se tornar o Cristo.
Eis mais uma coisa que os cristãos não querem aceitar.
Pensam que Jesus era o próprio Deus e que ele era perfeito desde o seu nascimento.
Então, porque é que teve que esperar até aos trinta anos para receber o Espírito Santo e fazer milagres?...
Mesmo que Deus em pessoa venha encarnar-se na terra, Ele aceita submeter-se às leis que Ele próprio estabeleceu.
O Senhor respeita-se a Ele mesmo, compreendeis?
É assim que os Iniciados vêem as coisas: na sua cabeça, tudo éstá em ordem, tudo é lógico, tudo é sensato.
Portanto, para ser dignos de receber Jesus, Maria e José tinham-se preparado desde há muito, já em outras encarnações, e eram puros.
Terá sido o Espírito Santo que concebeu Jesus?
Sim, foi o Espírito Santo.
No plano divino foi o Espírito Santo, mas no plano físico também era necessário algo... alguém, a fim de que neste plano houvesse igualmente um reflexo do Espírito Santo.
Para que houvesse uma correspondência entre os três mundos, para que no plano físico, no plano espiritual e no plano divino tudo fosse sempre santo, luminoso e puro, era necessário que no plano físico existisse também um condutor do Espírito Santo.
Vós direis: «Mas ao Espírito Santo tudo é possível!»
Eu sei.
Ele teria podido, por exemplo, tomar um pouco de matéria do espaço e formar um corpo para se manifestar que, desse modo, não teria passado através de uma mulher.
Simplesmente, um corpo de matéria etérica não dura muito tempo: dura algumas horas ou um dia, e depois as partículas devem ser devolvidas; é isto que se passa nas sessões espíritas.
Para o corpo ser durável, é necessário que ele seja formado por partículas materiais cedidas pela mãe.
Por isso, o Espírito Santo tinha necessidade de uma mulher pura para formar um corpo no seio dela.
O resto, não vou dizê-lo, tereis que ser vós a adivinhá-lo.


*Adoptámos, nesta tradução, a distinção estabelecida pelo filósofo brasileiro Huberto Rohden, entre
  - «crear», que representa um novo início; e
  - «criar». que é apenas uma continuação.
  Assim, para usar um exemplo dado pelo próprio Rohden, a lei de Lavoisier está certa quando
  escrevemos:
«Na Natureza nada se crea, nada se perde, tudo se transforma», mas se escrevermos: «Na Natureza nada se cria...». este enunciado já será totalmente falso.

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A FESTA DO NATAL (Cont.III)



O que significa, por exemplo, o nascimento de Jesus numa manjedoura, entre um burro e um boi?
E os pastores?
E os Reis Magos?
Vós direis: «Mas toda a gente sabe isso!»
Já vamos ver se sabem ou não sabem, e como é que o sabem.
De todos os evangelhistas, aquele que fala mais detalhadamente do nascimento de Jesus é S. Lucas; os demais limitam-se a mencioná-lo ou então começam a partir da altura em que Jesus veio às margens do Jordão receber o baptismo das mãos de S. João Baptista.
Vou passar a ler-vos a narrativa do nascimento de Jesus no Evangelho de S. Lucas.

«Naqueles dias saiu um édito de César Augusto ordenando o recenseamento de todo o território.
Este recenseamento, o primeiro, efectuado durante o período em que Quirino era Governador da Síria.
E iam todos recensear-se, cada qual à sua cidade pátria.
Ora, José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, até à Judeia, à cidade de David chamada Belém, pois ele era da casa e da linhagem de David, a fim de se recensear com Maria, sua noiva, que estava grávida.»
Ora, quando se aproximavam do local, chegou o tempo em que ela devia dar à luz.
E deu à luz o seu filho primogénito; envolveu-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.
Naquela região, havia uns pastores que viviam no campo e que se revezavam, durante a noite, para guardar o rebanho.
De súbito, apareceu diante deles um anjo do Senhor e a glória do Senhor envolveu-os com o seu brilho, e foram invadidos por um grande medo. O anjo porém, disse-lhes:« Não temais; eis que vos anuncio uma grande alegria, que caberá a todo o povo: nasceu hoje, na cidade de David, o Salvador, que é o Cristo Senhor.
Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura.»
E repentinamente, juntou-se ao anjo um numeroso grupo da milícia celeste, que louvava a Deus, dizendo:
                                 «Glória a Deus no mais alto dos Céus
                                  e paz na terra para os homens que Ele ama!»
Assim que os anjos se retiraram para o Céu, os pastores disseram entre si:«Vamos então até Belém e vejamos o que aconteceu e o que o Senhor nos deu a conhecer.»
Foram a toda a pressa e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura. E, à vista disso, contaram o que lhes fora dito acerca desse menino; e todos os que ouviram ficaram maravilhados com o que os pastores lhes contavam.
Maria, porém, conservava cuidadosamente todas estas lembranças e meditava acerca delas no seu coração.
Depois os pastores voltaram, glorificando e louvando o Senhor por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que fora anunciado.
Completados os oito dias em que o menino devia ser circuncisado, deram-lhe o nome de Jesus, nome que o anjo tinha indicado antes da sua concepção.
Quando chegou o dia em que, segundo a lei de Moisés, ele devia ser purificado, levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, assim como está escrito na lei do Senhor: «Todo o primogénito masculino será consagrado ao Senhor», e para oferecer o sacrifício conforme a lei: um casal de rolas ou duas pombinhas.
Ora, vivia então em Jerusalém um homem de nome Simeão que era justo e piedoso; ele esperava a consolação de Israel e o Espírito Santo habitava nele.
O Espírito Santo havia-lhe revelado que não veria a morte antes de ter visto o Cristo do Senhor.
Impelido pelo Espírito, foi ao Templo, e quando os pais trouxeram o Menino Jesus para que nele se cumprissem as prescrições da Lei, Simeão tomou-o nos braços e louvou Deus, exclamando:
                                 «Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo
                                 partir em paz,
                                 segundo a Tua palavra,
                                 pois os meus olhos viram a Tua salvação
                                 que preparaste em favor de todos os povos,
                                 Luz para iluminar as nações
                                 e Glória de Israel, Teu povo.»

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