Conferência improvisada (notas estenografadas)
Todos os seres dos diferentes reinos da Natureza estão ligados entre si.
Sem que o saibamos, os seres que, em relação a nós, se encontram tanto acima como abaixo, estão todos ligados a nós.
Os Iniciados, que estudaram esta questão, dizem-nos que graças ao conhecimento desta ligação entre os diferentes reinos, podemos conseguir grandes realizações espirituais, antes do mais porque aquilo que vivemos no dia a dia - os nossos sucessos e os nossos insucessos, os nossos sofrimentos e as nossas alegrias, etc. - torna-se muito mais claro e compreensível, visto que sabemos com quem e de que maneira nos encontramos ligados.
Se habitardes um apartamento situado num oitavo andar, tereis à vossa disposição um elevador e bastar-vos-á carregar num botão para que esse elevador vos faça subir ou descer.
Observai também a maneira como as crianças sobem às árvores ou como os aviões se elevam no ar...
Não existe nada no mundo visível que não tenha uma correspondência no mundo invisível.
Tudo aquilo que existe no plano físico, cada objecto, cada invenção, cada construção, cada ofício, corresponde a uma realidade do mundo espiritual.
A nossa consciência sobe e desce exactamente como um elevador, mas muitas vezes nós ignoramos qual o botão que devemos premir para subirmos ou para descermos.
Por vezes, sem o sabermos, nós tocamos no botão do Inferno e descemos directamente para lá; e, também acontece por vezes, subirmos ao Paraíso sem sabermos como o fizemos...
Só os Iniciados sabem em que botão devem carregar para subirem conscientemente até ao Paraíso.
Uma das maravilhas de Paris, é o metropolitano.
Como sabeis, em determinadas estações existem escadas rolantes.
À entrada está instalado um feixe luminoso que atravessa as escadas em largura e penetra numa célula colocada em frente.
Sempre que alguém entra na escada, corta o feixe luminoso; a célula, que é alertada, acciona os rolamentos, e a escada põe-se em movimento.
Em nós também existem mecanismos idênticos: o nosso coração, o nosso intelecto e o nosso sistema nervoso obedecem às mesmas leis, mas nós não o sabemos.
Por vezes, nós lançamos pensamentos, sentimentos ou palavras horríveis, sem nos preocuparmos em saber quais são os mecanismos que vamos desencadear e quais serão os resultados disso.
Quantas coisas fazemos nós desta maneira, sem nunca prevermos as suas consequências!
Na realidade, existe uma ciência que nos revela a importância dos pensamentos e dos sentimentos, a sua influência, os resultados que eles produzem, etc.
Ela ainda não é conhecida, mas será a ciência do futuro.
Enquanto o homem não conhecer esta ciência, não poderá evoluir: ele subirá, descerá, será sacudido de um lado para o outro e continuará infeliz.
Os homens têm estudado todas as ciências que imaginar se pode, mas desprezam a mais importante de todas; fazem-se milagres no plano físico, mas em tudo o que respeita à vida interior, são de uma ignorância!...
A ciência de que vos falo revela-nos, do ponto de vista físico, químico e mecânico, tudo aquilo que se produz no homem, por causa dos seus pensamentos, dos seus sentimentos e dos seus actos, bons ou maus.
Ela ensina-nos que, no homem, os pensamentos e os sentimentos estão em contacto com as glândulas, órgãos muito subtis (são como comutadores no plano físico) e, esses órgãos produzem secreções que lançam no sangue, venenos ou elementos benéficos.
Os pensamentos e os sentimentos fazem, pois, funcionar aparelhos em nós e, segundo a sua qualidade, nós somos iluminados ou ficamos privados de luz, reforçados ou enfraquecidos, libertos ou prisioneiros.
Essas glândulas de minúsculas dimensões, possuem, na realidade, as chaves das forças.
Imaginai um homem que tem a intenção de ir roubar dinheiro ao vizinho...
Inicialmente, não passa de uma ideia,, mas que começa de imediato a trabalhar: ela cortou o feixe luminoso da escada e esta põe-se em movimento...
Ou então, quando um homem começa a pensar de determinada maneira acerca de uma mulher, consciente ou inconscientemente, ele desencadeia em si, um certo número de processos fisiológicos.
Imaginai também que comeis um limão: imediatamente se desencadeia todo um processo de secreção das glândulas salivares...
Portanto os efeitos de cada pensamento são exteriormente muito fracos, mas interiormente muito poderosos.
E a dúvida?
Já haveis observado os seus efeitos?
Quando vos deixais invadir pela dúvida, ela contrai a vossa alma, limita-a, arrefece-a.
A dúvida põe em acção glândulas que lançam certas substâncias no sangue e, em virtude destas secreções, o homem sente-se abatido em toda a sua vida interior e exterior.
Por vezes, as crianças divertem-se fazendo flutuar, na água dum pequeno tanque, peixinhos de celulóide nas extremidades dos quais foram fixados pedaços de cânfora, mas se se deitar na água uma gota de óleo, por minúscula que seja, os peixes detêm-se imediatamente.
A dúvida produz em nós efeitos idênticos aos do óleo em relação a estes peixes.
Nós somos frequentemente impelidos por movimentos magníficos, pelo desejo de realizar a vontade de Deus, de viver na sabedoria, mas eis que se introduzem em nós, pensamentos de dúvida, os quais, tal como o óleo, retêm esses impulsos.
Aliás, não é só a dúvida que produz tais efeitos: existe uma enorme quantidade de pensamentos e de sentimentos que paralisam o homem, tal como o medo, a desconfiança, a hostilidade, o ódio, etc. ...
Outros, pelo contrário, como a alegria, a fé, a esperança, o amor, o entusiasmo, dilatam-no e libertam-no; e, até fisiologicamente produzem nele alterações benéficas.
Se o homem quiser ficar limitado, gelado, petrificado, não tem mais do que alimentar-se de pensamentos de medo, de hostilidade, de dúvida.
Aliás, muitas vezes ele gosta desta espécie de pensamentos e todos os dias inventa alguns do mesmo teor.
Sim, o homem gosta muito deste tipo de pensamentos e a sua casa está de portas escancaradas para os receber.
Os Iniciados, esses, não os recebem; limitam-se a olhá-los de longe, e eles têm justamente formas e cores especiais muito fáceis de reconhecer...
Meus queridos irmãos e irmãs, doravante deveis abandonar tudo aquilo que destrói os vossos impulsos e ligar-vos ao amor, à esperança, à beleza, à fé, à inspiração, a tudo aquilo que vos dilata, vos transmite a verdadeira vida e vos permite agir livremente.
Todas estas transformações que deveis realizar em vós, representam uma ciência imensa.
Não posso explicar-vos hoje as relações que existem entre esta ciência e a astrologia, mas fá-lo-ei mais tarde.
Continua
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