Conferência Improvisada - (notas estenografadas)
Sèvres, 10 de Julho de 1938
Continuação - 6
Quanto mais se dá, mais se recebe.
Não venhais por mim, porque eu não preciso de vós.
É o Céu que me dá tudo aquilo de que necessito e, se eu tenho necessidade de vós, é apenas para vos dar.
Não fiqueis vexados com estas palavras; eu amo-vos, tenho-vos estima, mas quero fazer-vos compreender quanto nos enganamos quando sacrificamos o nosso Eu superior, isto é, a ligação entre o Céu e os seres do mundo superior, à opinião de algumas pessoas vulgares.
Nesse momento, nós perdemos o Reino de Deus, nós cortamos a ligação com a Fraternidade Branca Universal.
Pelo meu lado, só pretendo satisfazer a vossa alma, o vosso espírito; recuso-me a dar satisfação a qualquer outra coisa em vós.
Não esqueçais que aquilo que importa acima de tudo é manter a ligação com os grandes Seres, a fim de que a corrente que vem do Alto nos atravesse, nos purifique e nos ilumine.
O medo, o egoísmo, o orgulho, a desconfiança e as paixões cortam esta cadeia que nos liga ao mundo superior e permite a entrada em nós de creaturas nocivas das quais ninguém é capaz de nos salvar.
Só o amor, a sabedoria e a verdade podem livrar-nos das entidades inferiores.
O segredo da vida reside no agradecimento, na humildade, na oração, na ligação com os grandes Seres.
Evidentemente, há muitos homens a quem isso não interessa, que estão ocupados com problemas que eles julgam muito mais importantes.
Se lhes falarmos de amor, eles respondem que já ouviram falar disso milhares de vezes.
Se lhes falarmos de humildade, eles argumentam que ela é sinónimo de mediocridade, de insignificância e que os padres e os pastores já pregaram bastante a este respeito.
É possível, mas eles não se deram conta de que tudo aquilo que ouviram dizer, para eles não passou de teoria e que relegaram tudo para o seu intelecto sem nunca terem tentado aplicar nas suas vidas uma mínima parcela.
O nosso Ensinamento não é novo, mas, no entanto, ele é-o, porque é a aplicação de todas as grandes verdades conhecidas desde há milénios.
Ele fornece métodos adaptados ao nosso tempo para o desenvolvimento de todas as qualidades divinas no homem (1).
Ao aplicarmos este Ensinamento, descobrimos o sentido da vida.
Actualmente, há muitas pessoas que pretendem conhecer o sentido da vida, mas continuam infelizes e fracas.
Elas não vêem de modo nenhum que o saber verdadeiro é incompatível com a fraqueza, as infelicidades, as angústias e os receios.
Ser sábio e agir como um ignorante parece-lhes inteiramente normal.
É preciso compreender, doravante, que aquele que conhece verdadeiramente o sentido da vida, deixa de ser atingido pela infelicidade, excepto pela infelicidade dos outros; ele sente-a, mas a sua alegria é dirigida para eles e toma sobre si os fardos deles.
Os verdadeiros Iniciados nunca sofrem por razões pessoais, sofrem por causa dos outros.
Aquele que julga conhecer o sentido da vida e que, no entanto, se sente infeliz, desencorajado, deprimido, irritado, está enganado; na realidade, ele nada sabe a este respeito ou apenas tem dele um conhecimento falso e teórico.
A compreensão do sentido da vida é uma sensação interior impossível de traduzir e de exprimir.
E é apenas por não aplicarem as grandes verdades na sua existência que os homens se mantêm afastados do sentido da vida...
Agora que sabeis que existe esta hierarquia viva dos seres, ligai-vos a ela através dos vossos pensamentos e dos vossos actos.
Ligai-vos à Cadeia da Fraternidade Branca Universal e, de degrau em degrau, um dia atingireis o cume.
Que a luz e a paz estejam convosco!
(1) - Nota do autor - Outubro de 1972
Eu digo que o nosso Ensinamento não é novo, mas devo explicar mais claramente este ponto.
No passado, todos os Ensinamentos visavam apenas o desenvolvimento do indivíduo.
As possibilidades de comunicar, de viajar e de difundir ideias eram limitadas e, em geral, os homens encontravam-se sós para se desenvolverem espiritualmente, adquirirem conhecimentos e poderes e contribuir indirectamente para o bem do mundo inteiro.
Procurava-se o Reino de Deus, mas de uma forma individual, trabalhava-se para "salvar a própria alma".
Mas presentemente, com o aperfeiçoamento dos meios de locomoção e de informação (os aviões, a rádio, a televisão), as condições mudaram, as possibilidades de realizar o Reino de Deus existem, já não há distância, os homens podem comunicar entre si e propagar as suas ideias através do mundo.
Infelizmente, aquilo que não mudou foi o espírito individualista, egocêntrico, separatista.
A Fraternidade não é nem compreendida, nem realizada interiormente, não apenas pelos homens políticos, mas até pelos Ensinamentos religiosos e espiritualistas.
Por toda a parte existem divisões, barreiras, hostilidades e guerras.
Pensemos na Irlanda!
O Ensinamento da Fraternidade Branca Universal não traz uma nova ciência ou uma nova filosofia, mas simplesmente um objectivo, uma tendência, um ideal de colectividade, de universalidade: todos os humanos são irmãos e irmãs, filhos e filhas do mesmo Pai e da mesma Mãe celestes, e devem estar unidos como as células de um organismo, que trabalham todas em harmonia para a saúde desse organismo.
Eis aquilo que o nosso Ensinamento traz de novo ao mundo.
MESTRE OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV
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