sábado, 12 de novembro de 2016

A FESTA DO NATAL


...
Continuação - 2

Se fosse suficiente o nascimento de Jesus há dois mil anos, para trazer o Reino de Deus à terra, porque é que este não chegou ainda?
As guerras, as misérias, as doenças - tudo isso já deveria ter desaparecido.
Não nego que o nascimento de Jesus foi um acontecimento histórico de uma grande importância, mas o essencial da festa do Natal são os seus aspectos cósmico e místico.
Porque o nascimento do Cristo é não somente um acontecimento que se realiza todos os anos no Universo, mas também algo que a cada instante pode acontecer em nós.
Podeis reler a história do nascimento de Jesus quantas vezes quiserdes e cantar "Nasceu o Menino Divino", mas enquanto o Cristo não tiver nascido em vós, isso não servirá para nada.
O que é preciso agora é que cada um tenha o desejo de fazê-l'O nascer na sua alma, para tornar-se como Ele, a fim de que a terra seja povoada por Cristos.
Aliás, foi isso que Jesus pediu quando disse: «Em verdade, em verdade vos digo; aquele que crê em mim fará, ele também, as obras que eu faço.
Ele fará, até, maiores.»
Ora bem, aonde estão essas obras maiores que as de Jesus?...
Para certas pessoas, o Cristo já nasceu, para outras, nascerá em breve e, para outras ainda, infelizmente, dentro de alguns séculos.
Tudo reside na preparação das condições.
É por esse motivo que é muito importante as pessoas prepararem-se com muita antecedência para a festa do Natal, a fim de compreenderem todo o seu significado.
O que significa, por exemplo, o nascimento de Jesus numa manjedoura, entre um burro e um boi?
E os pastores?
E os Reis Magos?
Vós direis: «Mas toda a gente sabe isso!»
Já vamos ver se sabem ou não sabem, e como é que o sabem.
De todos os evangelistas, aquele que fala mais detalhadamente do nascimento de Jesus, é S. Lucas; os demais limitam-se a mencioná-lo ou então começam a partir da altura em que Jesus veio às margens do Jordão receber o baptismo das mãos de S. João Baptista.
Vou passar a ler-vos a narrativa do nascimento de Jesus no Evangelho de S. Lucas.
«Naqueles dias saíu um édito de César Augusto ordenando o recenseamento de todo o território.
Este recenseamento, o primeiro, efectuou-se durante o período em que Quirino era Governador da Síria.
E iam todos recensear-se, cada qual à sua cidade pátria.
Ora, José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, até à cidade de David chamada Belém, pois ele era da casa e da linhagem de David, a fim de ir recensear-se com Maria, sua noiva, que estava grávida.
Ora, quando se aproximavam do local, chegou o tempo em que ela devia dar à luz.
E deu à luz o seu filho primogénito; envolveu-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.
Naquela região, havia uns pastores que viviam no campo e que se revezavam, durante a noite, para guardar o rebanho.
De súbito, apareceu diante deles um anjo do Senhor e a glória do Senhor envolveu-os com o seu brilho, e foram invadidos por um grande medo.
O anjo, porém, disse-lhes: - Não temais; eis que vos anuncio uma grande alegria que caberá a todo o povo: nasceu hoje, na cidade de David, o Salvador, que é o Cristo Senhor.
Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura.
E, repentinamente, juntou-se ao anjo um numeroso grupo da milícia celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus no mais Alto dos Céus
                 e paz na terra para os homens que Ele ama!»
Assim que os anjos se retiraram para o Céu, os pastores disseram entre si: «Vamos então, até Belém e vejamos o que aconteceu e o que o Senhor nos deu a conhecer.»
Foram a toda a pressa e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura.
E, à vista disso, contaram o que lhes fora dito acerca desse menino, e todos os que ouviram, ficaram maravilhados com o que lhes contavam.
Maria, porém, conservava cuidadosamente todas estas lembranças e meditava acerca delas no seu coração.
Depois os pastores voltaram, glorificando e louvando o Senhor por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que fora anunciado.

Completados os oito dias em que o menino devia ser circuncisado, deram-lhe o nome de Jesus, nome que o anjo tinha indicado antes da sua concepção.
Quando chegou o dia em que, segundo a lei de Moisés, ele devia ser purificado, levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, assim como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o primogénito masculino será consagrado ao Senhor», e para oferecer o sacrifício conforme a Lei: um casal de rolas ou duas pombinhas.
Ora, vivia então em Jerusalém um homem de nome Simeão, que era justo e piedoso; ele esperava a consolação de Israel e o Espírito Santo habitava nele.
O Espírito Santo havia-lhe revelado que não veria a morte antes de ter visto o Cristo do Senhor.
Impelido pelo Espírito, foi ao Templo e, quando os pais trouxeram o Menino Jesus para que nele se cumprissem as prescrições da Lei, Simeão tomou-o nos braços e louvou Deus, exclamando:
                     «Agora Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz,
                       segundo a Tua palavra,
                       pois meus olhos viram a Tua salvação
                       que preparaste em favor de todos os povos,
                       Luz para iluminar as nações
                       e glória de Israel, Teu povo.»

Por certo já lestes ou ouvistes várias vezes este relato.
Ele contém imensos detalhes que são simbólicos.
Existem igualmente duas passagens muito misteriosas.
Porque é que "Maria conservava cuidadosamente todas aquelas lembranças e meditava acerca delas no seu coração»?
Era pois, porque havia qualquer coisa que ela não podia dizer.
Se fosse aquilo que ela tinha ouvido contar aos pastores, teria podido falar, dado que eles contarama toda a gente.
Portanto, havia uma outra coisa que ela guardava preciosamente na sua alma, algo de sagrado.
E quem era Simeão?
Está escrito que "o Espírito Santo habitava nele"... isso significa que ele era muito puro.
Mas eu não poderei abordar a questão de Simeão porque isso iria abalar todas as consciências cristãs.
Sim, quem era Simeão?
Que laço o unia ao Menino Jesus?...

Continua

MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

em  "O Natal e a Páscoa na tradição iniciática"

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