terça-feira, 1 de novembro de 2016

A CADEIA VIVA DA FRATERNIDADE BRANCA UNIVERSAL (Continuação - 6)



PREFÁCIO

Agnès  Lejbowicz

Toda a escala social está representada.
O Mestre é vegetariano, e todas as refeições com ele são tomadas em silêncio; ele não fuma, não bebe álcool e segue ainda outras regras de vida muito pura.
Cada um, na medida das suas necessidades e dos seus desejos, procura imitá-lo e assemelhar-se a ele.
É este exemplo que ele dá, ao mesmo tempo de exigência, de beleza, de grandeza, de nobreza e de vivacidade, que fascina a juventude e a encoraja a viver de uma maneira razoável e entusiástica.
No Bonfin, onde anualmente tem lugar o acampamento de verão, nós levantamo-nos muito cedo para assistir ao nascer do Sol.
Somos despertados, doce e ternamente, por uma melodia tocada por violinos, flautas ou guitarras, que nos convida a vir ver aquele que, sobre a terra, é o Mestre da luz, do calor e da vida.
Os irmãos e irmãs tomam um caminho azulado pela noite e sobem em direcção a um rochedo, o Rochedo da Oração, para meditar, num ambiente de silêncio e de recolhimento.
Não é possível expressar a transformação que cada um sofre graças ao Surya Yoga, o Yoga do Sol.
Mas o simples facto de, desde o começo da primavera até ao fim do verão, os irmãos e as irmãs quererem levantar-se cedo para assistir todas as manhãs ao nascer do Sol, mesmo quando estão em suas casas, mostra que cada um experimente uma real melhoria da sua saúde física e da sua saúde psíquica, que cada um sente verdadeira fonte de encantamento, de inspiração para pensar, meditar, rezar; que todos sentem uma verdadeira força para viver a vida com as suas dificuldades e, uma verdadeira coragem para querer transformá-las.
O Mestre traz com ele toda uma nova pedagogia centrada no Sol; é por essa razão que ele aconselha a que todas as crianças sejam habituadas, desde muito jovens, a assistir ao seu despontar no horizonte.
Aliás, na Fraternidade, as crianças correm para o Mestre como se encontrassem junto dele tudo aquilo que leram nos contos, a propósito desses seres maravilhosos cuja sabedoria, bondade, poder e beleza, metamorfoseavam o mundo à sua volta e, sentem, de uma forma indistinta, que também elas podem, graças ao Mestre, desenvolver todas essas qualidades.
É por isso que as crianças querem, tal como faz o seu Mestre, ir de manhã, muito cedo, contemplar o Sol.
Algumas vezes, elas vão mesmo sem os pais, que ficaram na cama...
Que espectáculo extraordinário é ver todas essas crianças sentadas sobre o Rochedo do Bonfin, onde aguardam, ajuizadamente, o nascer do Sol, por vezes fazendo desenhos de cores alegres e radiosas, que o Sol lhes inspira.
O Mestre explica que o Sol representa um ideal de perfeição que nenhuma outra coisa sobre a terra pode igualar.
Nenhuma inteligência humana pode projectar uma luz comparável à do Sol que tudo ilumina.
Nenhum amor humano atinge em grandeza o amor do Sol, que aquece igualmente os bons e os maus.
Nenhuma força humana iguala a vida que o Sol dá à terra inteira e aos seus habitantes.
Os cientistas, os políticos, os filósofos ou os artistas que os homens, comummente, tomam por modelos, jamais deram um exemplo tão perfeito como o Sol, que ilumina, aquece e vivifica sem cessar.
O Mestre ensina-nos que no Surya Yoga, o Yoga do Sol, estão contidos todos os outros yogas; ele ensina-nos a extrair forças a partir do Sol e, pela meditação, a ligarmo-nos ao Espírito do Cristo que vive no Sol, a comunicar todos os dias com a Trindade viva...
É também o Sol que nos pode ensinar como transformar a sociedade...
O Mestre não pretende trazer uma nova filosofia ou uma nova religião.
Mas aquilo que ele traz de novo, aquilo que o caracteriza, é uma enorme vontade de concretizar no plano material, de traduzir por actos, todas as experiências e as realidades do mundo espiritual que, dada a sua excepcional elevação e a sua universalidade, têm em conta e respeitam todas as diferenças individuais.
Jamais ele se detém em considerações abstractas ou teóricas excessivamente prolongadas.
Aliás, ele não tem qualquer apreço pelos homens atulhados de conhecimentos livrescos, cuja vida está em perpétua contradição ou não tem qualquer relação com esses conhecimentos, porque eles nunca procuram vivificá-los através da sua vivência quotidiana.
Os meios que o Mestre emprega para atingir os seus objectivos são perfeitamente o inverso daquilo a que nós estamos habituados e, por essa razão, muitas vezes é-nos difícil compreendê-lo.
O seu ponto de partida não reside nos livros ou nas experiências feitas no mundo exterior, objectivo.
O seu método é, antes do mais, uma pesquisa com base em processos psíquicos, nos quais, graças à intuição imediata dos símbolos que lhes correspondem, o Universo é de imediato compreendido, interior e exteriormente, no seu aspecto excepcionalmente vivo que por toda a parte deixa transparecer as mesmas leis.
Além disso, aquilo que ele descobre desta maneira intuitiva e, que o faz ficar maravilhado com a Unidade da Creação, a sua ordem e a sua beleza, vai perfeitamente ao encontro daquilo que os homens de ciência descobrem nos seus domínios especializados.
Na conferência "O amor dissimulado na boca", poder-se-á ler a maneira como o Mestre, definindo a sabedoria como o acto de saborear, redescobre a etimologia latina deste termo...
Numa outra conferência em que o Mestre comenta a cena da crucificação de Jesus Cristo entre dois ladrões, encontramos esta afirmação que é, no mínimo, surpreendente: «O primeiro ladrão tinha morto o seu pai e o segundo a sua mulher, por ciúme.»
Mas, passado o primeiro momento de surpresa, damo-nos conta de que, ao interpretar os dois ladrões como uma expressão simbólica da estrutura do homem, o Mestre vai ao encontro das célebres análises psicanalíticas sobre a revolta contra o pai, que se salda na sua morte real ou fictícia, ou sobre os sentimentos de frustração afectiva expressos em relação à mulher.
Mas, é sem dúvida a física que fornece ao Mestre o maior número de confirmações para todas as intuições relativas às leis da vida psíquica.
Para ele, a máquina a vapor, a pilha, a célula foto-eléctrica, o tubo de Crookes, o fenómeno da galvanoplastia, a T.S.F., o telefone, o gravador, o laser, não são mais do que uma espécie de transposição, para o plano material, de fenómenos que existem, em primeiro lugar, no plano espiritual.
Damo-nos conta de que o seu verdadeiro ponto de partida não é o fenómeno físico ao qual ele se refere, mas uma inspiração, uma intuição, um trabalho do espírito que não sente limites na Creação e nas suas próprias descobertas.
Dir-se-ia que ele conhece mesmo sem querer, apenas porque vive da forma mais intensa e mais elevada possível.

Continua

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