sábado, 31 de janeiro de 2015

O SOL, INICIADOR DA CIVILIZAÇÃO (Cont. III)

Conheci um dia um homem cuja maior paixão era encontrar ouro.
Tinha procurado toda a espécie de livros sobre tesouros, assim como sobre as práticas mágicas que permitem descobri-los.
Durante um certo tempo deixei-o andar, sem lhe dizer nada (evidentemente, ele não encontrava coisa nenhuma), e depois, um dia, perguntei-lhe: «Porque fazeis olhinhos bonitos à criada de quarto em vez de tentar ganhar a amizade da castelã?»
Ele ficou indignado: «Eu? Mas eu sou casado, não faço olhinhos bonitos a ninguém!-
Eu sei que sois casado e que sois um marido fiel, mas apesar disso vejo que tentais seduzir a criada de quarto.»
Ele continuava a não compreender.
Então, expliquei-lhe: «Ora bem, vós procurais ouro, mas o ouro é apenas a criada de quarto. A castelã é a luz do Sol, cuja condensação nas entranhas da Terra deu o ouro.
E quando a castelã vê que em vez de tentar obter as suas graças, os seus sorrisos, vós perseguis a criada de quarto, sente-se ofendida e fecha-vos a porta
Doravante dirigi-vos directamente à castelã, à luz do Sol, fazei o possível por amá-la, por compreendê-la, por atrair a s suas graças e, mais cedo o mais tarde, o ouro virá.
Porque não vos dirigis mais acima?
Se fordes amigo do rei, todos os seus súbditos terão consideração por vós. Mas se apenas ganhastes a amizade do porteiro, ficareis com o porteiro e os outros não vos conhecerão.»
Ele estava estupefacto: «Compreendi», disse.
Mas eu não acredito, pois ele continuou a piscar os olhos à criada de quarto.

Não é somente o ouro que é uma condensação da luz solar, mas também o carvão, o petróleo, a madeira e todos os materiais de que se faz toda a espécie de objectos.
Tudo o que as indústrias fabricam, e até o vestuário que usamos, foi produzido pelo Sol.
Toda a economia está baseada nos produtos do Sol, mas o Sol, esse, é esquecido.
Despreza-se o creador para correr em busca das cascas, dos restos, dos detritos das suas creações.
Há, pois, algo de errado na compreensão dos humanos, e está aí a origem dos seus maiores males, porque quando se abandona o essencial pelo secundário, o centro pela periferia, é inevitável que bata com a cabeça nas paredes, e é o que lhes acontece.
Por isso é necessário, agora, que eles restituam o primeiro lugar àquele que é a causa de tudo: o Sol.
A situação corrigir-se-á primeiro nas suas cabeças, em seguida na sociedade, e tudo irá muito melhor.
Direis: «Mas como é que a maneira de considerar o Sol pode ter semelhantes consequências?
É apenas um detalhe.»
Sim, parece ser apenas um detalhe, mas, com o tempo, esta inversão de valores acabou por acarretar consequências extremamente graves e complicadas em todos os domínios da vida.
Basta reflectir um pouco para compreender que o Sol é a origem de tudo o que existe na Terra.
Pedi-lhe que vos explique como é que ele meditou e trabalhou para fazer viver os humanos, como lhes preparou condições favoráveis de atmosfera, de temperatura... como doseou a luz e o calor para que a vida aparecesse.
Em primeiro lugar foram os vegetais, depois os peixes, os pássaros, os mamíferos e, finalmente, o homem.
Foi o Sol que preparou tudo para que nascessem uma cultura e uma civilização.
Foi ainda o Sol o primeiro agrónomo, visto que dele depende a distribuição da vegetação e também o seu crescimento e desenvolvimento.
É ele quem faz a miséria ou a riqueza, a fome ou a abundância.

Quando cheguei a França, em 1937, eu disse que no futuro a humanidade deixaria de utilizar a madeira, o carvão e o petróleo para produzir energia, e utilizaria unicamente os raios solares.
É evidente que nessa época não me acreditavam, mas agora começam a dar-me razão, pois cada vez mais se dá conta de que as fontes de energia utilizadas actualmente, estarão esgotadas dentro em pouco, e que será necessário recorrer às energias de natureza mais subtil, que são inesgotáveis.
No futuro, será graças à energia solar que nos iluminaremos, que nos aqueceremos, que viajaremos...
Alimentar-nos-emos, até, da luz do Sol.

Continua

PENSAMENTO QUOTIDIANO

 O diamante é considerado como a pedra mais preciosa.
Ora, na origem, o que é o diamante?
Carbono, que na grafite é negro.
Pois bem, é esse carbono que, sob o efeito de uma imensa pressão e de uma forte temperatura, se transforma ao ponto de se tornar na mais brilhante de todas as pedras: o diamante.
Quando se fica maravilhado perante um diamante, só se considera a sua aparência e as qualidades que ele apresenta agora, não se tem em conta aquilo por que ele teve de passar para ter aquele brilho e aquela dureza, aquela resistência às agressões, que o tornam tão notável.

Do mesmo modo, quando se está perante um grande Sábio, um grande Iniciado, fica-se maravilhado com a luz e a força que emanam dele, não se pensa nas dificuldades que ele teve de vencer para as conquistar.
A história do Iniciado é, de alguma forma, análoga à do diamante.
De início, talvez ele também não passasse de simples carbono, mas graças às enormes pressões a que foi sujeito (as provações) e ao grande calor que produziu em si próprio (o seu amor), tornou-se um diamante, um puro raio de luz.
E mesmo que, no seu corpo físico, ele ainda viva aqui na terra, no plano espiritual brilha na coroa de um anjo, de um arcanjo, de uma divindade.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  31.01.2015

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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O SOL, INICIADOR DA CIVILIZAÇÃO (Cont.II)

Como poderia um artista crear o que quer que fosse se o mundo estivesse mergulhado na obscuridade?
Onde iria buscar os seus modelos?
Quem lhe daria a ideia dos movimentos, das formas, das cores?
Eu já disse a certos pintores: «Vós pintais quadros, mas quem vos deu as cores?
Fostes vós que as fabricastes?
Não; através dos minerais e dos vegetais de que elas são extraídas, foi o Sol que vos deu essas cores.
Já pensastes nisso?»
Jamais os pintores renderam graças ao Sol, que lhes forneceu as cores, e é mesmo muito raro representarem-no nos seus quadros.
Por ser ele que envia a luz, o calor e a vida, o Sol é, pois, o iniciador da ciência, da religião e da arte.
E contudo é o último a ser amado e respeitado pelos humanos.
Pois eu sou o advogado do Sol, exijo a reabilitação do Sol!
Estou indignado por ver como o tratam: erguem-se monumentos a impostores, e ao Sol, nada!
Contudo, a primeira causa, a origem de todas as coisas, é ele.
A Terra e os outros planetas saíram dele, foi ele quem os gerou.
É por isso que a Terra contém os mesmos elementos que o Sol, mas no estado sólido, condensado.
Os minerais, os metais, as pedras preciosas, as plantas, os gases, os corpos subtis ou espessos que se encontram no solo, na água, no ar e no plano etérico, provêm do Sol.
O ouro, por exemplo, que os humanos apreciam a tal ponto que, para possuí-lo, são capazes de cometer crimes... o ouro é uma formação do Sol.
Porque da mesma forma que existem sobre a terra fábricas onde se elaboram todas as espécies de produtos e objectos, também sob a terra funcionam fábricas onde trabalham milhões de entidades, e são elas que, ao condensar a luz solar, fabricam o ouro.
Vós direis: «Mas como pode o ouro ser uma condensação da luz solar?»
Para que fique mais claro, tomemos o caso da árvore.
As árvores, e sobretudo algumas delas, como os pinheiros, os abetos, os carvalhos, as nogueiras, mostram ser uma matéria compacta e dura, já que com elas se podem construir casas, barcos, etc...
A árvore nasce da terra e por isso é considerada como uma formação da terra.
Pois bem, é um erro: a árvore é feita da luz do Sol.
Pegai numa árvore, uma árvore enorme, e queimai-a: vereis que dela se escapam chamas, uma quantidade enorme de chamas, gases, em menor quantidade, e vapor de água, em quantidade ainda menor; e, no fim, fica no chão apenas um pequeno monte de cinzas: eis o que pertence à terra.
A árvore é feita de terra, água, ar e fogo, mas é o fogo, são os raios de Sol que entram nela, em maior proporção.
Por conseguinte, uma árvore não é terra, mas luz solar condensada.
Aliás, se fordes a algumas florestas como as que eu vi na Índia, no Ceilão, nos Estados Unidos, no Canadá ou na Suécia, podereis constactar que essas árvores, que representam biliões e biliões de toneladas, não fizeram baixar o nível do solo; se tivessem extraído da terra os elementos que as constituem, o nível do solo teria baixado várias dezenas ou centenas de metros.
Eis mais uma prova de que a árvore é uma condensação da luz solar.
E se as árvores conseguem assim captar e materializar os raios do Sol, por que razão certas entidades que trabalham sob a terra não poderiam fazer o mesmo para fabricar o ouro?...
Sim, isto dá que pensar.

Continua

PENSAMENTO QUOTIDIANO

Alguém diz: «Antes de começar a seguir um ensinamento espiritual, quero que me deem provas irrefutáveis da existência de Deus e das entidades invisíveis...
E também quero provas da imortalidade do espírito e da vida depois da morte.»
Coitado, terá de esperar durante muito tempo... durante toda a sua vida!
E, como entretanto, não fará nada, impedirá que as suas melhores qualidades se desenvolvam.

Um homem assim assemelha-se àquele que estando na escuridão, não quer carregar no interruptor eléctrico antes de lhe terem explicado como funciona toda a instalação, desde a central até ao interruptor.
Ou como um outro que, antes de entrar num automóvel, pretende que lhe desmontem o motor e lhe expliquem detalhadamente a natureza e a função de cada peça.
A história não diz quando é que eles conseguirão, finalmente, ter luz ou iniciar o caminho!
Não é mais razoável começarem por carregar no interruptor ou por entrar no carro?
Depois terão todo o tempo para ver como a coisa funciona.

Pois bem, acontece o mesmo em relação à vida espiritual.
É preciso pôr-se a trabalhar: compreender-se-á à medida que se avançar nesse trabalho.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  30.01.2015

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O SOL, INICIADOR DA CIVILIZAÇÃO

Quando o Sol se levanta, espalha a sua luz, o seu calor e a sua vida e, esta luz, este calor e esta vida é que incitam os homens a levantar-se também, para ir trabalhar.
Uns vão para o escritório, para a fábrica ou para os campos, outros abrem as suas lojas.
As crianças vão para a escola.
As ruas ficam cheias de ruídos, de pessoas e de viaturas que circulam...
À tardinha, quando o Sol se põe, fecham-se as lojas, abandonam-se os escritórios, volta-se a casa, e depois... cama!
É o Sol que marca o ritmo de vida dos seres e foi ele também o iniciador da cultura, da civilização.
Pergunta-se, por vezes, quem é que ensinou aos homens a escrita, a agricultura, o uso do fogo ou de certos utensílios, e nomeia-se tal ou tal pessoa, mas, na verdade, na origem de todas estas descobertas está o Sol.
Direis que isto não é possível, que o Sol não é inteligente, que não tem cérebro para pensar nem boca para falar.
Então, na vossa opinião, só são inteligentes os ignorantes humanos, e aquele graças a quem toda a vida existente na Terra é possível, não é inteligente!...
Pois bem: foi o Sol o primeiro a trazer a ciência ao homem.
Como?
É muito simples de compreender.
É porque o Sol nos dá a sua luz que podemos ver os objectos, as formas, os relevos, as cores, as distâncias.
É graças a esta luz que podemos orientar-nos, observar, comparar, calcular.
Sem luz, nenhuma ciência é possível.
O que é que se pode conhecer na obscuridade?
Nada.
E agora, se eu perguntar quem trouxe a religião, alguns, que se julgam grandes filósofos, responder-me-ão que foi o medo, o medo dos humanos perante as forças da Natureza.
Não, este ponto de vista é muito limitado.
Foi o Sol quem criou a religião: ao dar o seu calor aos humanos, introduziu neles uma necessidade de se dilatar, de amar, de adorar.
No frio não pode haver amor.
Mas aquecei alguém e ele abrir-se-á, sentir-se-á bem e começará a amar.
Eis como apareceu a religião: graças ao calor.
Esta religião pode começar por ser apenas o amor por um homem, uma mulher ou até um animal: um cão, um gato, um canário amarelo...
Não importa, é um começo.
Um dia, este amor elevar-se-á até ao Mestre do Universo, até ao Senhor.
Finalmente, foi também o Sol o iniciador da arte, porque ele traz a vida.
A partir do momento em que um ser tem vida, começa a querer mexer, agir, exprimir-se e, eis a dança, o canto, a pintura, a escultura.
A arte começa com a vida.
Observai as crianças: elas mexem, gritam, rabiscam...
Os seus gritos são o começo da música; as suas garatujas são o começo da pintura; as suas pequenas modelagens são o começo da escultura; as suas casinhas de brincar são o começo da arquitectura; e todos os seus movimentos são o começo da dança.
Sim, a arte começa com a vida, e a vida vem do Sol.

Continua

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

"Rumo a uma Civilização Solar"

Colecção Izvor
Edições Prosveta

PENSAMENTO QUOTIDIANO

Tudo o que existe no céu e na face da terra, mas também nas suas entranhas, tudo o que existe nos diferentes reinos da natureza, existe igualmente no homem.
É isso que explica, que desde a origem, ele seja impelido a estudar e a compreender o mundo que o rodeia.
Mesmo sem ter consciência disso, é a si próprio que ele assim quer estudar e compreender.
Infelizmente, enquanto não conhecer as causas profundas desta tendência, o homem limitar-se-á a olhar para o exterior, a observar, anotar e registar no exterior, sem nunca compreender o essencial.
Todas as investigações empreendidas pelos cientistas para perceberem cada vez melhor as riquezas prodigiosas da natureza são magníficas!
Mas os Iniciados foram mais longe: ao aprofundarem as correspondências que existem entre o mundo físico e o mundo psíquico, eles estenderam até ao infinito os limites da sua consciência, e nós devemos segui-los nesse caminho.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  29.01.2015

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A AURA


 Todos os seres vivos - os humanos, os animais, as plantas e até as pedras - emitem partículas, produzem emanações, e é a estas partículas e a estas emanações que se dá o nome de aura.
No homem, a aura é uma combinação de todas as emanações dos seus diferentes corpos: físico, etérico, astral, mental, causal, búdico e átmico - cada um deles produzindo, pelas suas emanações, matizes particulares.
A aura é, pois, uma síntese muito vasta das diferentes tendências, qualidades e virtudes do homem.
Em alguns, a aura é muito extensa, muito vasta, possui vibrações extensas e cores esplêndidas; noutros, pelo contrário, é mjuito pequena, baça e enevoada.

A aura como instrumento de protecção
Uma aura em bom estado é a melhor das protecções.
Os transtornos que ocorrem na terra não poderão atingir-nos se tivermos uma aura pura, luminosa e poderosa, pois ela é comparável a uma barreira que se opõe às más correntes e às perturbações de toda a espécie.
Envolto numa tal aura, o discípulo fica como que numa fortaleza e, enquanto à sua volta todos andam agitados, perturbados, desmagnetizados, ele mantém o seu amor e a sua coragem, porque se sente habitado por uma luz interior, gaças à qual também pode ajudar os outros.

As cores da aura como pontos de referência
Vós quereis ser capazes de distinguir o verdadeiro do falso em todos os domínios, tendes necessidade de um ponto de referência, de um padrão, para reconhecerdes a verdade.
Só podereis obter esse padrão se possuirdes, na vossa aura, a cor azul, a verdadeira cor azul; será ela que vos guiará.
Procurais a sabedoria, a inteligência?
É graças à cor amarela da vossa aura que a encontrareis.
Etc...

Como agir sobre a aura
Podeis agir sobre a vossa aura de duas maneiras.
Em primeiro lugar, através da vontade consciênte, quer dizer, imaginando que nadais nas mais puras e luminosas cores.
E para ter uma ideia exacta das 7 cores deveis servir-vos de um prisma, pois só as cores que resultam da decomposição da luz branca através do prisma, são as verdadeiras.
As cores que vedes na Natureza - nas flores, nas aves, nos cristais - são apenas os matizes que se aproximam com maior ou menor exactidão das verdadeiras cores.
Só com o prisma vereis o que são o verdadeiro encarnado, o verdadeiro amarelo, os verdadeiros verde, azul, violeta...
Podeis fazer um exercício, imaginando que as cores saem de vós e se propagam no espaço.
Estais no centro de uma esfera e, a partir daí, enviais o vosso amor para todo o Universo sob a forma de projecções de cores e de luz.

O segundo método consiste em trabalhar as virtudes: a pureza, a indulgência, a generosidade, a bondade, a esperança, a fé, a humildade, a justiça, o desapego.
Este segundo método é mais seguro, pois trabalhais sobre as virtudes e são estas que formam a vossa aura.
Por meio do amor, vivificai-la, através da sabedoria, tornai-la mais luminosa, pela força do vosso carácter, tornai-la mais poderosa, por intermédio de uma vida pura, tornai-la límpida e clara.
As qualidades que dais à vossa aura dependem das virtudes que conseguis desenvolver.

Evidentemente, se puderdes reunir estes dois métodos será ainda melhor, pois se vos concentrardes diariamente sobre a aura, mas simultâneamente, viverdes uma vida absolutamente vulgar, sem procurardes desenvolver as virtudes, estareis a construir por um lado e a destruir por outro.
Por essa razão é necessário que junteis os dois métodos: viver uma vida honesta, pura e cheia de amor e, ao mesmo tempo, trabalhar conscientemente sobre a aura.
À medida que se for desenvolvendo, a aura permitir-vos-á comunicar com mais e mais regiões do espaço.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

"A Nova Terra"
Métodos, exercícios, fórmulas, orações

Edições Prosveta


PENSAMENTO QUOTIDIANO


 Quando se fala da vida, é preciso ter consciência de que ela compreende a totalidade das existências.
É desta vida total, imensa, que todas as criaturas se alimentam.
Também podemos dizer que elas se alimentam da vida umas das outras.

Quando sois habitados por pensamentos e sentimentos egoístas, injustos, maldosos, eles são como um alimento que tomais nas regiões inferiores da vida.
Ao aceitá-los, não só os reforçais, mas também, como esses pensamentos e esses sentimentos emitem ondas que se propagam, projectais eflúvios malsãos dos quais se alimentarão pessoas que desceram a esse nível de consciência e até entidades infernais.
Ao passo que, se vos esforçardes por alimentar em vós pensamentos e sentimentos luminosos, não só vos ligais às entidades superiores, como esse alimento divino irá alimentar criaturas luminosas; e então vivereis nelas, porque as tereis alimentado.
Estai vigilantes, pois, sabendo que só depende de vós o alimento que ides receber e o que ides dar.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  28.01.2015

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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

PENSAMENTO QUOTIDIANO

Não espereis que o vosso equilíbrio e a vossa salvação advenham da realização de grandes coisas: as possibilidades de realizar grandes feitos só raramente surgem e correis o risco de esperar por muito tempo.
São as pequenas coisas que se revelam como as mais benéficas e, se vos habituardes a levá-las a sério, desenvolvereis uma atitude interior que será como uma protecção em muitas circunstâncias difíceis da vida.
Há tantas ocasiões para as pequenas coisas!
Não vou enumerá-las, a lista seria interminável.
Cabe a vós descobri-las exercitando a vossa atenção, manifestando a vossa bondade para com todas as criaturas vivas, até aos animais e às plantas.
Sim, e mesmo para com certos objectos.

O vosso amor é que vos salvará, e o amor manifesta-se precisamente através de todos esses gestos aparentemente sem importância que podeis fazer todos os dias.
Esforçai-vos, pois, por encontrar sempre algo de novo para fazer, sabendo que cada pequeno gesto executado com aplicação, sinceridade e amor será como uma criatura de luz que virá acompanhar-vos.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  27.01.2015

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O CENTRO HARA



O centro Hara está situado 4 centímetros abaixo do umbigo.
Para os sábios japoneses, o centro Hara é o centro da vida, do equilíbrio, o centro universal.
E quando o homem, concentrando-se no centro Hara, consegue desenvolvê-lo, torna-se incansável, invencível.
Todos os que trabalham sobre este centro se distinguem na vida pelo seu extraordinário equilíbrio.

Exercício
Por vezes, quando meditam, certos Iniciados colocam as mãos no ventre, e isso sucede porque se concentram na região do Hara a fim de fazerem circular as energias que depois vão alimentar todo o organismo.
Também vós podeis fazer este exercício.
Assim, diariamente, em pé, sentados ou deitados, colocai as mãos sobre o centro Hara durante alguns minutos, enviando muito amor.
Prestai atenção, contudo, para não despertardes nada mais abaixo.
Este exercício deve suscitar energias espirituais graças às quais experimentareis uma sensação de estabilidade, de força, de dilatação.
Este centro é mencionado em muitos livros ocultos, mas de maneiras extremamente diferentes.
Por exemplo, o alquiminista Basile Valentin, no seu livro "Les douze clefs", refere a descida ao centro da terra para aí se encontrar a pedra filosofal.
Na realidade, não se trata de descer ao centro do planeta, mas de penetrar em nós próprios, no nosso corpo físico, pois é lá que encontraremos materiais, riquezas e tesouros.

Os livros sagrados da Índia referem que Brahma está situado no ventre, Vishnu na região do coração e dos pulmões, e Shiva no cérebro.
Perguntar-se-á, então, por que razão Brahma, o Criador, está situado precisamente no ventre?
Quando se estuda o ser humano, verifica-se que o ventre é justamente o centro onde se cria a vida.
Sim, a fonte da vida reside aí, no ventre.
Nos Evangelhos até está escrito o seguinte: «Do seu seio brotarão correntes de água viva.»
Porquê «do seu seio?»
Porque não do cérebro ou dos pulmões?
Que existirá nas entranhas para que delas brotem águas?
É lá que Brahma, o Criador, habita.
Mas, para que se poder senti-lo, para se poder comunicar com ele, são necessários anos de trabalho.
Há também algo de extremamente profundo por detrás da história do nascimento de Jesus num estábulo.
Esse estábulo onde Jesus nasceu é o centro Hara, pois o que ocorreu no momento em que Jesus nasceu repete-se sempre que um ser humano consegue nascer no mundo espiritual, vivendo aquilo a que a Ciência Iniciática chama o "segundo nascimento".
O nascimento de Jesus num estábulo encerra, pois, uma vertente iniciática da maior importância.
É lá, no centro Hara, que o discípulo deve fazer nascer, em si próprio, essa nova consciência, o Menino Jesus.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

"A  Nova  Terra"

Métodos, exercícios, fórmulas, orações

PENSAMENTO QUOTIDIANO

Mesmo quando decidem enveredar pelo caminho espiritual, muitas pessoas continuam a estar deformadas pelo hábito, tão comum na nossa época, de acumular conhecimentos, de ir a todo o lado para estar ao corrente de tudo, sem nunca fazer um trabalho profundo sobre si mesmo.
Não se pode negar que foi graças â sua curiosidade que os humanos fizeram progressos gigantescos em muitos domínios, mas para a vida espiritual, é um hábito muto mau.

O trabalho espiritual supõe que nos atenhamos a um sistema filosófico e que o aprofundemos.
Senão, passa-se com o organismo psíquico o que se passa com o organismo físico: quem absorve toda a espécie de alimentos heterogéneos tem uma indigestão e vomita; do mesmo modo o estômago psíquico pode ter uma indigestão por causa de tudo o que se quis fazê-lo engolir.
Por isso, se quereis realmente progredir na vida espiritual, procurai ater-vos a um sistema: ele será como que a estrutura do edifício interior que estais a construir levando até ele, todos os dias, novos materiais.

OMRAAM   MIKHAËL  AÏVANHOV  -  26.01.2015

domingo, 25 de janeiro de 2015

PENSAMENTO QUOTIDIANO


 Muitas pessoas se deixaram morrer de desgosto ou até se suicidaram por causa de calúnias, de cartas injuriosas, de artigos de jornal venenosos!
E muitos artistas também, por causa de críticas desfavoráveis e de zombarias!...
Elas sucumbiram porque não conheciam o que a terra conhece muito bem.
O que é que ela faz com os detritos que lançam nela?
Usa-os como adubo, uma matéria muito preciosa, e fá-los participar na elaboração de todos os vegetais.
É graças a este adubo que os frutos têm cores, perfumes, gosto e todo o tipo de qualidades nutritivas.

Então, por que é que o ser humano não há-de conhecer os segredos que a terra conhece?
Por que há-de ele sucumbir perante essas sujidades que são as críticas, as maledicências, as calúnias?
Se aprender a transformá-las, também ele produzirá frutos coloridos, perfumados, saborosos e nutritivos.
Se ele chegar a este grau de compreensão, acabará por se convencer de que, apesar das aparências, aquele que é injustamente perseguido está em melhor situação do que os seus inimigos.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  25.01.2015


sábado, 24 de janeiro de 2015

O PLEXO SOLAR



 Importância do plexo solar

O plexo solar dirige todas as funções do corpo físico; é dele que dependem a respiração, a eliminação, a nutrição, o crescimento, a circulação, o sistema nervoso...
É também pelo plexo solar que o homem pode comunicar verdadeiramente com o Universo, porque o plexo solar está ligado a todo o Cosmos.
É, pois, um centro extremamente importante para nós e devemos evitar tudo o que pode contraí-lo, porque ele comanda, por sua vez, a contracção dos vasos sanguíneos e diversos canais do organismo, e quando o sangue ou outros líquidos circulam mal, formam-se depósitos que, com o tempo, acabam por provocar toda a espécie de perturbações.

Como reforçar o plexo solar 

O que perturba mais o plexo solar e, por consequência, os órgãos internos (o fígado, os rins, o estômago, etc.), é o medo, a cólera, as preocupações, a dúvida, o amor desordenado, os pensamentos e sentimentos caóticos; e como o plexo solar é o reservatório das forças, a consequência desta desordem é uma desmagnetização total.
Mas se o plexo solar pode esvaziar-se, também pode voltar a encher-se e, é justamente o que o discípulo deve aprender: como recarregar o seu plexo solar.
Vou dar-vos alguns métodos:

1. Cada árvore é um reservatório de forças saídas do sol e da terra, e é possível absorver essas forças.
Escolhei uma árvore grande - um cedro, um castanheiro, uma faia, um pinheiro-alvar... -, encostai-vos a ela colocando a mão esquerda nas costas, com a palma apoiada no tronco da árvore, e ao mesmo tempo, colocai a palma da mão direita sobre o plexo solar.
Concentrai-vos na árvore, pedindo-lhe que vos dê uma parte das suas forças; dar-se-á então uma espécie de transfusão de energias que recebereis com a mão esquerda e canalizareis, pela mão direita, para o plexo solar.
Em seguida agradecei à árvore.

2. Também podeis reforçar o plexo solar olhando uma nascente, uma cascata, uma fonte, e escutando o barulho dessa água correndo.
É um método aparentemente insignificante mas que dá grandes resultados.
A água corrente influencia o plexo solar, que se põe a trabalhar, expulsando os materiais nocivos.

3. Quando meditais sobre temas elevados e divinos, podeis colocar a mão direita sobre o plexo solar a fim de o encher de forças e de energias que podereis utilizar mais tarde.
Quando vos sentirdes cheios de alegria ou de força, não as desperdiceis inutilmente em gestos, em palavras, em pensamentos e em sentimentos; utilizai antes o seguinte método: com a mão direita sobre o plexo solar, em atitude de meditação, enchei-o silenciosamente dessa força, dessa alegria.
O nosso plexo solar é o banco onde podemos juntar o dinheiro que nos será necessário mais tarde.
Podemos fazer a experiência todos os dias.

O cérebro e o plexo solar 

O plexo solar é um cérebro invertido: no cérebro a matéria cinzenta está no exterior e a matéria branca no interior, ao passo que no plexo solar a matéria cinzenta está no interior e a matéria branca no exterior.
Foi o plexo solar que criou o cérebro e é ele que o alimenta: envia-lhe auxílios, isto é, energias, forças e, quando cessa de lhos enviar, o homem adormece, embrutece, ou tem dores de cabeça, não consegue reflectir.
Na realidade, o cérebro não está separado do plexo solar, mas muito raros são os humanos que sabem como fazer subir as energias do plexo solar ao cérebro.
O cérebro é dinâmico, activo, mas fatiga-se depressa se não for sustentado pelas energias do plexo solar.
Por essa razão, antes de se fazer um esforço intelectual, antes de se meditar, antes de se fazer uma concentração, deve-se agir sobre o plexo solar.
Podeis, por exemplo, massajá-lo em sentido inverso ao dos ponteiros do relógio...
Após alguns minutos, sentireis que o pensamento está liberto e que podereis lançar-vos ao trabalho.
É preciso que a actividade seja harmoniosamente repartida entre o cérebro e o plexo solar.

Os pés e o plexo solar

Todos notastes, sem dúvida, em certas circunstâncias muito simples da vida corrente, a existência de uma ligação entre os pés e o plexo solar.
Quando tendes muito frio nos pés, sentis uma contracção no plexo solar e, se comerdes nessas condições, a digestão far-se-á com dificuldade.
Ao passo que, se mergulhardes os pés em água quente, experimentareis uma dilatação no plexo solar, uma sensação agradável que vos trará boa disposição.
Portanto, quando vos sentirdes desmagnetizados, perturbados ou contraídos, preparai água quente, mergulhai os pés  nela e começai a lavá-los com atenção: agireis assim, sobre o plexo solar, dando-lhe forças, e o vosso estado de consciência será imediatamente transformado.
Se um dia, em vossa casa, não conseguirdes meditar, fazei um banho de pés e vereis que tereis muito mais facilidade em vos concentrardes.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV
"A Nova Terra"
Métodos, exercícios, fórmulas, orações

Edições Prosveta



PENSAMENTO QUOTIDIANO

Uma mão não se limita à sua parte física, ela prolonga-se nos planos subtis, onde pode não só captar correntes de forças, mas também projectá-las.
Sentireis isso se vos habituardes a praticar certos exercícios.
Eis um muito simples que podeis fazer quando estais sós, e de preferência, antes do meio-dia.
Estendei e vossa mão direita e, pelo pensamento, prolongai-a o mais longe possível, tendo consciência de que os vossos dedos são como antenas que captam energias.
Se depois puserdes a vossa mão sobre o plexo solar, sentireis que  ele se enche de um calor benfazejo.

A verdade é que todos os exercícios que podeis fazer com as mãos só serão eficazes se tiverdes aprendido a trabalhar para os tornar vivos.
E uma mão torna-se viva quando é consagrada a actos desinteressados, quando se aprende a tocar os seres e os objectos conscientemente para introduzir neles a pureza, o amor, a luz.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  24.01.2015

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A NOVA TERRA


 OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

A fim de vos fazer compreender melhor a maneira como eu encaro o meu papel de instrutor, de pedagogo, dir-vos-ei que sou como um anfitrião que convidou um grande número de pessoas para almoçar.
Para ter a certeza de poder satisfazer toda a gente, ponho na mesa todos os frutos, legumes, queijos, etc., que consigo encontrar; nada falta, e cada um de vós poderá escolher o que lhe convier, o que lhe agradar.
Mas, evidentemente, não é pelo facto de tudo se encontrar na mesa que devereis julgar-vos obrigados a comer de tudo, porque poderíeis ter uma indigestão, poderíeis adoecer.
O mesmo acontece com os métodos que vos apresento: proponho-vos toda a espécie de métodos, porque sei que não tendes todos o mesmo temperamento, as mesmas necessidades, as mesmas faculdades, a mesma capacidade de trabalho e, portanto, tendes de escolher; seria perigoso se tentásseis aplicá-los todos.
É claro que deveis ter sempre presentes no espírito as inúmeras regras que vos dei para a vossa vida diária, a fim de não vos perderdes e avançardes, todos os dias, pelo caminho da evolução.
Mas não tenteis fazer todos os exercícios nem aplicar todos os métodos que vos dou; isso só serviria para vos transtornar.
Estais, pois, prevenidos; é como se estivésseis diante de uma mesa onde está tudo à vossa disposição: não deveis precipitar-vos e comer de tudo.
Escolhei alguns métodos - quatro, cinco, seis, talvez sete... e concentrai-vos neles, para fazerdes um trabalho em profundidade.
Devo ainda acrescentar algumas palavras do ponto de vista psicológico.
Pode suceder que um método que ontem vos conferiu luz, apaziguamento, coragem, seja hoje ineficaz, porque a vossa disposição é diferente.
Então, que deveis fazer?
Pois bem: não insistir e procurar o método mais conveniente para o dia de hoje.
Também aqui, podemos fazer uma analogia com a alimentação.
Um dia apetece-vos omoleta ou macarrão, mas no dia seguinte, isso já nada vos diz e tendes vontade de comer peixe ou batatas, ou apenas fruta, e tudo isso está muito certo; não se deve comer todos os dias a mesma coisa, o nosso organismo necessita de alimentos diferentes.
Eu sei que existem povos que comem todos os dias a mesma coisa, mas o seu regime é o resultado de circunstâncias particulares; estão assim habituados desde há séculos.
Em qualquer caso, a vós compete distinguir se um método que utilizastes ontem, tem hoje a mesma eficácia.
Se sentirdes que ele já não é eficaz, abandonai-o temporariamente; podereis retomá-lo em qualquer outro dia.

A Inteligência Cósmica previu que o ser humano deveria desenvolver-se em todos os domínios, para um dia, atingir a perfeição.
Por isso ele não pode contentar-se em ter sempre a mesma actividade.
Para progredir, é necessário que descubra e experimente, continuamente, coisas novas.
Observai mais uma coisa: quantas actividades tendes durante o dia?
Utilizais sucessivamente, o cérebro, os olhos, as pernas, as mãos, a boca, e assim vos instruís e progredís.
Os vossos órgãos estão sempre no seu lugar, nunca os trocais; mas não os utilizais todos ao mesmo tempo; só fazeis funcionar aqueles de que necessitais em cada circunstância.
O mesmo acontece em relação aos métodos que vos proponho: deveis aprender a servir-vos deles de forma razoável, consoante as vossas necessidades.

Prefácio de

"A  Nova  Terra"
Métodos, exercícios, fórmulas, orações

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PENSAMENTO QUOTIDIANO


 A Inteligência Cósmica dotou o ser humano de centros subtis que lhe permitem entrar em relação com as regiões espirituais.
Esses centros são no mundo da alma e do espírito o equivalente aos órgãos do plano físico e, ao mesmo tempo que nós tomamos consciência da sua realidade, devemos adoptar uma disciplina que nos permitirá desenvolvê-los.

Por que é que os Iniciados deram regras e conselhos práticos aos quais se chama "a moral"?
E por que é que é preferível respeitá-los?
Porque, contrariamente àquilo que dizem certos espíritos pretensamente "livres", não se trata de submeter os humanos a convenções sociais arbitrárias, nem sequer de agradar a um Deus que habita não se sabe aonde, para além das nuvens...
A verdadeira razão é que cada pensamento, cada sentimento e cada acto tem repercussões no mais profundo do nosso ser e, consoante a sua natureza, cada pensamento, cada sentimento e cada acto impede ou favorece o funcionamento dos nossos centros espirituais.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  23.01.2015

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A MEDITAÇÃO (Cont. VIII)

 Podereis perguntar: «Mas como e onde é possível encontrar essas partículas?»
Como acabei de vos explicar, é o próprio pensamento que se encarrega de as encontrar.
A partir do momento em que pensais nessas novas partículas, em que as imaginais em toda a sua subtileza, em toda a sua pureza, em toda a sua luminosidade, estais a atraí-las, e as outras são efectivamente expulsas e substituídas.
É claro que não é imediatamente; isso depende da intensidade do vosso amor, da vossa fé, do vosso trabalho.
Porém, um dia todas essas partículas que não vibravam em harmonia com as regiões celestes serão substituídas e vós conseguireis captar, apreender, as realidades mais subtis e mais sublimes do Universo.
A partir do momento em que descobriu que o Cosmos é atravessado por ondas que nos trazem mensagens sonoras, a ciência tem-se empenhado em construir aparelhos cada vez mais sensíveis para as captar.
O que ela não sabe é que estes aparelhos existem desde sempre no ser humano, porque o Criador, que preparou o homem para um futuro de uma riqueza indescritível, colocou nele aparelhos, antenas capazes de alcançar e transmitir toda a inteligência e todo o esplendor da Sua Criação.
Se por enquanto o homem não consegue captá-las, é porque não fez qualquer trabalho nesse sentido, não se exercita, nem sequer está ciente de todas estas possibilidades.
Mas elas existem, todos os aparelhos estão lá e esperam o momento de ser postos a funcionar.
Esses aparelhos são os chacras e também certos centros do sistema nervoso, do cérebro, do plexo solar.
Porém, por ora, todos esses aparelhos tão aperfeiçoados estão adormecidos: o homem é incapaz de captar as mensagens que chegam de todos os pontos do Universo, oriundas das constelações mais longínquas.
Aliás, em certa medida, é preferível assim, porque essas mensagens são em tão grande número que, no estado actual das coisas, aquele que conseguisse recebê-las ficaria louco ou morreria fulminado.
Já não será perigoso quando o homem se tiver reforçado suficientemente, no domínio interior, para poder resistir.
Tomemos uma imagem.
Já vistes como uma abóbora se desenvolve?
Primeiro, ela está suspensa por um pequeno caule que pode partir-se facilmente.
Mas, à medida que a abóbora cresce, o caule reforça-se de modo a resistir a um peso de vários quilos.
Ocorre o mesmo fenómeno no ser humano.
À medida que, nas suas meditações, ele consegue captar as correntes cósmicas, algo nele trabalha para lhe permitir resistir a todas as tensões.
Mas isso tem que acontecer progressivamente.
Alguns, que querem aprender tudo de uma vez, desenvolver todas as suas faculdades num instante, preparam para si próprios desequilíbrios muito graves.
Um médico prescrevera um medicamento a um doente: ele devia tomar seis gotas por dia, desse medicamento, durante um mês.
«Um mês? - disse para consigo o doente. - Isso é muito tempo!»
Então, engoliu todo o conteúdo do frasco no mesmo dia... e morreu!
Há que entregar-se a esta tarefa pacientemente, regularmente.
Nessa altura, o organismo consegue reforçar-se e torna-se cada vez mais capaz de resistir às tensões.
Eis, então, o essencial do que deveis saber: vós tendes a possibilidade de captar, através da meditação, todos os elementos do Universo de que necessitais.
É o pensamento que, pela lei da afinidade, se encarrega de encontrar esses elementos.
De resto, acontece precisamente a mesma coisa com os seres humanos: quando pensais numa pessoa, mesmo que ela esteja no fim do mundo, de entre os biliões de indivíduos que estão na terra, o vosso pensamento irá exactamente até essa pessoa em que pensais e não até outra.
É como se ele estivesse magnetizado para poder estabelecer ligação precisamente com essa pessoa.
Portanto, a partir deste momento, quando quiserdes obter um elemento do Universo ou contactar com uma entidade, pensai nesse elemento ou nessa entidade sem vos preocupardes com o lugar onde se encontram: o vosso pensamento chegará exactamente a eles.
É como esses cães aos quais se dá a cheirar uma peça de vestuário ou um lenço pertencente a uma determinada pessoa.
Através desse objecto, impregnado das emanações da pessoa, o cão é capaz de a descobrir a quilómetros de distância...
Um odor é algo extremamente subtil, mas o cão dirige-se infalívelmente por entre centenas de pessoas para só parar junto da que ele deve encontrar.
É exactamente o que faz o pensamento, que vai procurar através do espaço, não só os elementos, mas também os seres visíveis ou invisíveis que podem reforçar-vos, esclarecer-vos ou socorrer-vos.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

PENSAMENTO QUOTIDIANO


Nós descemos à terra para fazer nela um trabalho comparável ao dos alquimistas.
É-nos dada uma matéria cuja quinta-essência devemos extrair; esta quinta-essência é a única riqueza que levaremos connosco quando deixarmos a terra, e continuaremos a trabalhar com ela nos outros mundos.

Interrogais-vos sobre como se deve compreender esta palavra "matéria"?
É simples: tudo o que constitui a nossa vida quotidiana - as nossas actividades, os nossos encontros - é uma espécie de matéria que nos é dada para que a transformemos pelo poder do espírito.
E isso supõe também um trabalho sobre nós próprios, pois nós também somos uma matéria: mesmo os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, os nossos desejos, os nossos estados de consciência, são uma matéria que devemos transformar, tornar mais pura e mais rica.
Ao mesmo tempo que trabalhamos sobre uma matéria exterior a nós, trabalhamos sobre nós mesmos.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  22.01.2015

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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A MEDITAÇÃO (Cont. VII)

II

O Senhor deu a cada ser vivo que criou a possibilidade de encontrar a alimentação que lhe convém.
Basta considerarmos os animais; existem inúmeras espécies: insectos, aves, peixes, mamíferos... e para cada uma a Natureza preparou uma alimentação diferente, particularmente adaptada.
Como é possível que só os seres humanos não encontrem aquilo de que têm necessidade?
A alimentação física, é claro que todos sabem onde e como encontrá-la. Mas a alimentação psíquica, espiritual, não sabem.
Todavia, também neste domínio está tudo distribuído por todo o Universo.
Só é preciso sabermos em que região se encontra aquilo de que necessitamos.

Se ides aventurar-vos numa região pantanosa, infestada de mosquitos, vespas e serpentes, é evidente que é isso que encontrareis.
Mas, para encontrar águias, deveis ir para a montanha.
Tendes necessidade de contemplar a beleza e viveis numa mansarda: deveis sair e ir passear para a floresta, para um jardim ou à beira-mar.
Se quereis instruir-vos, deveis ir às universidades ou às bibliotecas.
Para cada necessidade é preciso encontrar a região correspondente.
Isto é verdadeiro no plano material e também no plano espiritual.
Por isso, os discípulos de uma Escola Iniciática consagram todos os dias um determinado tempo a trabalhos de meditação para visitarem as regiões do mundo invisível, pois sabem que encontrarão aí tudo quanto necessitam para o seu equilíbrio, a sua elevação, o seu progresso espiritual.

Vós direis:«Mas como poderemos encontrar essas regiões?
 Quem no-las pode indicar?
Para o plano físico, pelo menos, há livros de geografia com mapas e toda a espécie de informações, existem atlas, enciclopédias...
Mas, no mundo invisível, como poderemos orientar-nos?»
Ah! Eis precisamente algo que vós não sabeis: no domínio psíquico ocorre um fenómeno análogo ao que permite a um radiestesista encontrar uma pessoa, por exemplo, graças a um indício (uma madeixa de cabelos ou uma peça de vestuário que tenha pertencido a essa pessoa).
A radiestesia baseia-se na lei da afinidade.
Aqui, o que serve de indício é o vosso pensamento que, por afinidade, vai encontrar no espaço os elementos que lhe correspondem.
O plano espiritual está organizado de tal maneira que só o facto de se pensar em determinada pessoa, em determinada região ou em determinado elemento, permite estabelecer contacto directo com essa pessoa ou esse elemento, qualquer que seja o lugar onde se encontrem.
Não é necessário, pois, conhecer exactamente o lugar, como no plano físico, em que são necessários mapas e indicações precisas.

No plano espiritual, no plano divino, não é necessário fazerdes investigações, basta que concentreis fortemente o vosso pensamento para que ele vos conduza exactamente onde quereis.
Pensais na saúde e estais já na região da saúde...
Pensais no amor e estais na região do amor...
Pensais na música e estais na região da música... e, até, se fordes sensíveis, se tiverdes um dom, captareis ecos dessa música celeste.
Não penseis que os grandes compositores "inventavam" a música que compunham.
Não, eles transmitiam o que ouviam no Alto e muitas vezes até não conseguiam transcrever o que tinham ouvido, pois na terra não existem sons ou acordes capazes de reproduzir verdadeiramente a música das regiões sublimes.
E a mesma dificuldade existe para os pintores, para os poetas, para todos os artistas, porque o homem não se encontra ainda preparado para captar e transmitir a beleza do mundo divino.
Ele não está preparado, mas pode vir a estar, se empreender um verdadeiro trabalho espiritual para substituir todas as partìculas que nele estão velhas, murchas, usadas, por partículas celestes, puras, harmoniosas.

Continua

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

PENSAMENTO QUOTIDIANO


Mesmo quando já chegaram à idade adulta, a maior parte dos humanos ainda são como as crianças: para prender a sua atenção, é preciso mostrar-lhes novidades.
E esta singularidade também se observa nos espiritualistas.
Mesmo que o ensinamento que recebem lhes traga uma tal profusão de verdades que eles não têm tempo de as assimilar, estão sempre à espera de algo novo.
Mas o que fazem eles com o que já receberam?

Há verdades essenciais que vós deveríeis rememorar dez, vinte, trinta vezes por dia.
Enquanto não impuserdes a vós próprios esta disciplina, não progredireis.
Se, por vezes,  sois levados a cometer actos que não são justos nem nobres - e que depois lamentais - é porque esquecestes as verdades e as leis que vos teriam permitido vencer as vossas fraquezas.
Vós aceitais bem, respirar, comer, beber e dormir todos os dias...
Aceitai também voltar continuamente às mesmas verdades.
A novidade está, precisamente, naquilo que se descobre aprofundando-as em si próprio, em cada dia.


OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  21.01.2015

A MEDITAÇÃO (Cont. VI)

Vós conheceis também a parábola dos servidores e dos talentos.
É a mesma ideia.
O criado foi punido porque tinha enterrado os talentos.
Este mau servidor representa os que nunca fizeram qualquer trabalho, que se divertem, que só pensam em enriquecer e em viver melhor na terra.
Isso não tem qualquer relação com a filosofia do Cristo.
Enviaram-nos à terra para fazermos um trabalho, e em seguida o Senhor dar-nos-á tudo, todo o Universo nos pertencerá.
Por isso, entristece-me ver como muitas pessoas, que se dizem espiritualistas, ocultistas, místicas, encaram a sua existência na terra.
Casam-se, têm filhos, fazem festas, comem e bebem exactamente como os seres humanos vulgares.
E que fazem do trabalho para o qual foram enviadas à terra?
Nada.
E quanto a vós, analisai-vos e vereis que aquilo que fazeis também não tem qualquer relação com a filosofia do Cristo.

Dei-vos hoje os dois melhores temas de meditação: como nos consagrarmos inteiramente ao serviço da Divindade e como realizarmos, concretizarmos, materializarmos na terra todo o Céu que está no Alto.
O sentido da vida está contido nestas duas actividades e o que está fora delas tem um significado, é certo, mas não um significado divino.
Deus criou o homem à sua imagem, criou o homem para que ele se torne como Ele.
Se não acreditais em mim, ide perguntar-Lhe!

Toda a minha vida procurei o que existe de melhor e encontrei-o.
Porém, encontrar não significa que em seguida se cruza os braços e não se faz mais nada.
Pelo contrário, é nesse momento que é preciso começar a trabalhar, porque aquilo que se encontrou deve-se realizá-lo também aqui na terra, como já o foi no Alto.
Não basta que muitas coisas já tenham sido realizadas no pensamento.
É preciso realizá-las também no plano físico e é isso que é moroso e difícil.

Evidentemente, haveria ainda muitas coisas a acrescentar, mas basta por hoje.
É necessário que compreendais a importância da meditação e, sobretudo, que para obterdes resultados, deveis estar atentos aos vossos pensamentos, sentimentos e actos, quer dizer, a toda a vossa maneira de viver.
Começai por meditar sobre temas simples, acessíveis, para conseguirdes chegar pouco a pouco aos temas mais sublimes, e um dia já não trabalhareis senão para vos tornardes um instrumento nas mãos de Deus e para realizardes o Céu na terra.
Não há nada mais grandioso, mais divino!
É o cumprimento de todas as leis divinas, de toda a sabedoria.
Nunca esqueçais que pela meditação tendes todas as possibilidades de abrir caminho ao vosso ser interior, esse ser misterioso, subtil, para que ele possa sair, expandir-se, lançar um olhar sobre o espaço infinito para registar todas as suas maravilhas e depois as realizar no plano físico.
Evidentemente, durante a maior parte do tempo, o que esse ser que há em nós, vê, o que ele contempla, não chega à nossa consciência.
Contudo, repetindo muitas vezes estes exercícios, pouco a pouco as descobertas que ele faz tornar-se-ão conscientes e assim instalar-se-á em nós um tesouro que ficará a ser nosso.
É preciso ganhar o gosto pela meditação, é preciso que ela entre no pensamento, no coração, na vontade, como uma necessidade, como um prazer sem o qual a vida já não tem sabor nem sentido.
Deveis esperar com impaciência esse momento em que finalmente ides mergulhar na eternidade e beber o elixir da vida imortal.
Não vejo ainda essa alegria e essa impaciência em vós.
É preciso ser como o bêbedo que só pensa no vinho e, no momento de meditar, dizer para si próprio: «Finalmente, a minha alma, o meu espírito e o meu coração vão poder abraçar o Universo, pelo menos por alguns instantes e encontrar-se face a face com a imensidão.»


Continua

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

PENSAMENTO QUOTIDIANO




A meditação é um exercício difícil, pois supõe um grande domínio do pensamento.
Ora, o pensamento é rebelde, tem tendência para se escapar, para vaguear e, se tentardes pará-lo bruscamente, bloqueareis o vosso cérebro.
É muito suavemente que se deve pôr a funcionar o cérebro, esse aparelho tão sensível, exactamente como se deixa aquecer durante alguns instantes o motor de um carro antes de o fazer arrancar.

Portanto, quando quiserdes meditar, não tenteis dominar imediatamente o vosso pensamento: ele resistirá, reagirá, e não obtereis nada dele.
Começai por pôr-vos num estado de paz, harmonia, e depois, lentamente, docemente, conduzi-o na direcção que quereis que ele tome: passado algum tempo, ele estará à vossa disposição e obedecer-vos-á.
É preciso ser muito hábil, muito diplomata, com o pensamento.
Quando tiverdes aprendido a dominá-lo, ficareis até surpreendidos com a sua docilidade: sem sequer terdes de intervir, ele continuará durante todo o dia na direcção que lhe tiverdes dado.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  20.01.2015

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A MEDITAÇÃO (Cont. V)

Começai, pois, por meditar naquilo de que gostais; em seguida, poreis isso de lado, mas começai pelo que vos agrada, pelo que vos atrai... escolhendo, evidentemente, um tema espiritual.
Começando por temas que vos agradam, estais já a desenvolver em vós um meio, um método de trabalho, e podereis depois abandonar esses assuntos para vos projectardes para regiões mais distantes, mais abstractas.
É evidente que, se começardes por concentrar-vos no espaço, no tempo, na eternidade, não conseguireis grande coisa.
Mais tarde, podereis concentrar-vos no vazio, no abismo, no nada, mas começai por temas mais acessíveis e avançai progressivamente para esses temas abstractos.
Todavia, repito-vos que a meditação mais sublime é entrarmos em comunhão com Deus, submetermo-nos a Ele, querermos servi-l'O para nos tornarmos apenas um instrumento nas Suas mãos.
Nesta fusão, todas as qualidades do Senhor - a Sua força, o Seu amor, a Sua sabedoria, a Sua imensidão - penetram em vós e um dia sereis uma divindade.
Alguns de vós dirão: «Que orgulho, querer ser uma divindade!»
Mas eles que leiam o Evangelho!
«Sede perfeitos - disse Jesus - como o vosso Pai Celeste é perfeito.»
Não há maior ideal.
Foi Jesus que no-lo deu, mas os cristãos esqueceram-no.
Muitos crêem que basta irem de vez em quando acender uma vela na igreja e depois regressarem a casa para se ocuparem do seu galinheirozito, e pronto!, são uns bons cristãos.
Que ideal formidável!
Graças a ele o Reino de Deus virá em breve, de certeza!
Ah, pobre cristandade!
É frequente observar-se no seu seio a sensata regra de não se exigir demasiado ao ser humano, senão estimula-se o orgulho, compreendeis?
Pois bem, eu digo o contrário: devemos ter o mais elevado dos ideais no nosso coração, na nossa alma, no nosso espírito.
E este ideal é o de nos tornarmos instrumentos absolutamente nas mãos de Deus, para que Deus pense através de nós, sinta através de nós, aja através de nós.
Abandonais-vos à vontade da sabedoria, da luz, ficais ao serviço da luz, e a luz, que tudo sabe, guiar-vos-á.
Contudo, o homem está também na terra; então, que deve ele fazer nesta terra?
Jesus disse...
Como vedes, eu refiro-me sempre ao que Jesus disse.
Ele disse tudo... Então, para que se há-de agora inventar outra coisa?
Ele disse:«Assim na terra como no Céu.»
"Na terra como no Céu" quer dizer que a terra deve reflectir o Céu.
E esta terra é a nossa terra, o nosso corpo físico.
Portanto, depois de se ter feito um trabalho para atingir o cume, há que descer para organizar tudo no corpo físico.
A imortalidade está no Alto, a luz está no Alto, a harmonia, a paz, a beleza, tudo o que é subtil está no Alto; e tudo o que está no Alto deve vir encarnar-se em baixo, no plano físico.
Pedi para vos tornardes servidores de Deus e ao mesmo tempo trabalhai para formardes em vós esse outro corpo a que se chama corpo de luz, corpo de glória, corpo da imortalidade, corpo do Cristo.
Este corpo é também mencionado nos Evangelhos, só que os cristãos não se debruçaram sobre isso, porque não aprofundam os Evangelhos, isso não lhes interessa, e eles são tudo menos uns bons cristãos.
Vós direis que ocupar-se da terra não é um ideal lá muito extraordinário, ao passo que os hindus...
Sim, os hindus, os budistas, só pensam em deixar a terra, esta terra de sofrimento, de guerras, de miséria...
É a filosofia deles, eu sei, mas não é a filosofia do Cristo.
A filosofia do Cristo é fazer descer o Céu à terra, quer dizer, realizar o Reino de Deus e a Sua Justiça.
Jesus trabalhava para este Reino e pediu aos seus discípulos para também trabalharem para este Reino.
É aqui, pois, que nós devemos trabalhar, começando pelo nosso corpo físico.
É esta a verdadeira filosofia.
Como os outros compreenderam, isso não me interessa.
«Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no Céu.»
Mas onde estão os obreiros?
Os homens têm outra filosofia na cabeça.
Por isso, reencarnarão nesta terra até conseguirem fazer dela um jardim do Paraíso.
Nessa altura, deixá-la-ão para irem para outros planetas e a terra ficará para os animais, pois eles também evoluirão.
Estais admirados, não é verdade?...
Os homens foram enviados para a terra como operários para um estaleiro, mas não têm consciência disso e, em vez de trabalharem, divertem-se.
Não devem esquecer assim o seu dever, mas pensar todos os dias em transformar a terra num paraíso.
Depois, o Senhor pronunciar-se-á, dizendo: «Fostes bons trabalhadores no meu campo.
Então, entrai meus trabalhadores, no Reino da minha alegria e da minha glória.?
Nos Evangelhos, Jesus também fala de trabalhadores que tinham sido enviados para um campo.
Pois bem, esses trabalhadores somos nós, precisamente.
E o que é que nós plantámos?
Onde é que trabalhámos?

Continua

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

PENSAMENTO QUOTIDIANO

A alquimia, a astrologia, a magia e a Cabala são temas sobre os quais muitos espiritualistas imaginam que devem ser instruídos.
Pois bem, não é assim, e de mim devem esperar que eu aborde acima de tudo assuntos relativos à vida: como preservá-la, purificá-la, renová-la, sublimá-la.
Aqueles a quem estes temas não interessam devem ir procurar noutro sítio.

Porquê a vida?
Porque é concentrando-se na vida, aprendendo a respirá-la, a comê-la, a bebê-la, a irradiá-la, que vós sentireis todas as outras ciências descobrirem-se um dia perante vós.
Nos mínimos actos da vida quotidiana vereis correspondências com a astrologia, a alquimia, a magia, a Cabala.
Na alimentação, encontrareis a alquimia; na respiração, a astrologia; na palavra e no gesto, a magia; e no pensamento, a Cabala.
Aprendei, pois, a comer, a respirar, a agir e a pensar, e possuíreis as bases destas quatro ciências.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  19.01.2015

domingo, 18 de janeiro de 2015

A MEDITAÇÃO (Cont. IV)

Para meditarmos, precisamos de conhecer a natureza do trabalho psíquico.
Por exemplo, nunca devemos exigir ao cérebro que se concentre bruscamente sobre um assunto, senão violentamos as células nervosas, bloqueamo-las e ficamos com dores de cabeça.
A primeira coisa a fazer é distendermo-nos e ficarmos, por assim dizer, passivos, velando pelo apaziguamento de todas as células.
É claro que sem treino não conseguiremos isto rapidamente, mas com o tempo bastarão apenas una segundos.
Portanto, antes do mais, é preciso trabalharmos com doçura, paz, amor e, sobretudo, não forçarmos.
É este o segredo para uma boa meditação.
E quando sentirdes que o vosso sistema nervoso está em boas condições, bem recarregado (porque esta atitude passiva permite ao organismo recuperar forças), podereis então orientar o vosso pensamento para o tema escolhido.
Para podermos fazer o trabalho todos os dias sem fadiga, para estarmos sempre aptos, activos, dinâmicos, temos de saber usar correctamente o nosso cérebro.
Isso é muito importante.
Se quiserdes continuar durante muitos anos com a vossa actividade espiritual, a partir de hoje tende o cuidado de não vos lançardes repentinamente sobre um tema, mesmo que o aprecieis, mesmo que ele vos interesse muito, porque isso desencadeará uma reacção violenta.
Começai docemente, tranquilamente.
Mergulhai no oceano da harmonia cósmica a fim de aí irdes buscar forças.
E quando, finalmente, vos sentirdes recarregados, avançai, lançai-vos num trabalho em que todo o vosso ser participa.
Sim, porque não é somente o intelecto, mas todo o vosso corpo, todo o conjunto das vossas células que deve estar mobilizado para fazer o trabalho espiritual.
Nos primeiros momentos, procurai, pois, não pensar, lançai apenas um olhar ao vosso interior para constatardes que tudo funciona bem.
Mas ocupai-vos também da respiração: respirai regularmente, não penseis em nada, senti simplesmente que respirais, tendo somente a consciência, a sensação de respirar...
Vereis como esta respiração irá introduzir um ritmo harmonioso nos vossos pensamentos, nos vossos sentimentos, em todo o vosso organismo; isto será muito benéfico.
Alguns dirão: «Mas eu não sei o que é a meditação, nem quero saber. Farei sacrifícios, serei caridoso, farei bem aos outros, e isso chega.»
Não, isso não chega porque, ao agirdes, podereis transgredir leis, podereis ensarilhar e destruir tudo, se não começardes por meditar.
Porquê?
Porque só a meditação vos permite ter uma visão clara das coisas: quem ajudar. como e em que domínio...
Podemos meditar sobre toda a espécie de assuntos: a saúde, a beleza, a riqueza, a inteligência, o poder, a glória... os anjos, os arcanjos e todas as hierarquias celestes.
Todos os temas de meditação são bons, mas o melhor é meditarmos sobre o próprio Deus, para nos impregnar do Seu amor, da Sua luz, da Sua força, para vivermos um momento na Sua eternidade... e meditarmos com o objectivo de O servir, de nos submetermos a Ele.
Não existe meditação mais poderosa nem mais benéfica.
Todas as outras têm como móbil o interesse, o proveito, a vontade de utilizar as forças ocultas a fim de se enriquecer ou de escravizar os outros.
Os Iniciados compreenderam que o mais vantajoso é precisamente não procurarem o que é vantajoso para eles, mas sim procurarem apenas ser servidores de Deus.
Tudo o resto é mais ou menos magia negra ou feitiçaria.
Por isso, sem se darem conta, a maioria dos ocultistas chafurdam na bruxaria, porque se servem das forças invisíveis para obterem mais posses, para dominarem, para subjugarem as mulheres, e não para servirem Deus.
Como vedes, na meditação há graus e graus...
Evidentemente, há que começar por meditar sobre temas acessíveis.
O ser humano foi criado em moldes tais que não pode viver naturalmente num mundo abstracto.
Deve, por isso, agarrar-se em primeiro lugar ao que é visível, tangível, próximo de si, àquilo de que gosta.
É muito fácil, como sabeis, uma pessoa concentrar-se nos alimentos quando não come há muito tempo.
Sem o querer, ela fica como o gato que se concentra no rato.
Nem é preciso esforçar-se!
As coisas correm por si.
E vede também como um rapaz se concentra na jovem que ama!
Sim, horas inteiras, dias inteiros, porque ela lhe agrada.
E também ele não precisa de fazer esforços. Que meditação!
Ele nem consegue interrompê-la...

Continua

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

PENSAMENTO QUOTIDIANO

Muitas pessoas, quando se questionam acerca das suas crenças religiosas, dizem que creem em "qualquer coisa" ou em "alguém", sem conseguirem explicar exactamente de quê e de quem se trata nem conseguirem chamar-lhe Deus.
É como se, no passado, elas tivessem tido certos conhecimentos, feito certas experiências e, por instantes, esse conhecimento e essas experiências voltam à superfície como o breve cintilar de uma luz vinda de muito longe.
Elas ignoram por que é que essa impressão se impõe com tanta evidência, não sabem interpretar isso, mas é para elas uma realidade indubitável.

Num momento ou noutro da sua existência, a maior parte dos humanos são atravessados pela sensação de que algo neles os liga fortemente a um mundo superior, misterioso, do qual guardaram um registo.
A diferença entre os seres é que alguns deixam que esta sensação se apague sem procurarem aprofundar o que ela significa.
Para outros, pelo contrário, ela é o ponto de partida de uma busca interior que os conduzirá até à consciência da sua origem divina.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  18.01.2015

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sábado, 17 de janeiro de 2015

A MEDITAÇÃO (Cont. III)

 Eis o que desde sempre os Iniciados sabem e nos ensinam: a meditação é uma questão psicológica, filosófica, um acto cósmico da maior importância.
E uma vez que o discípulo provou o sabor deste mundo superior, a sua convicção reforça-se e ele sente que as suas faculdades começam a obedecer-lhe: quando ele quer activar o seu pensamento, este é activado, quando quer pará-lo, ele pára, como se as células de todo o organismo tivessem decidido submeter-se.
Enquanto não conseguir este domínio, o discípulo precisa de horas e horas para se apaziguar, porque as suas células continuam a agitar-se, não o escutam e dizem-lhe: «Pensas que me metes medo?
Eu rio-me de ti, não tremo, não tenho respeito nenhum por ti, porque mostraste que és bastante estúpido, bastante ignorante» e só fazem o que lhes apetece.
Isto diz-vos alguma coisa, não é verdade?
Porém, há dias em que elas vos obedecem porque, por acaso ou conscientemente, fostes mais alto, desencadeastes forças superiores, ganhastes autoridade, e as células, como reconhecem a hierarquia, obedecem ao seu amo, ao seu senhor.
De resto, é assim que tudo se passa na vida: nas empresas, nos organismos públicos, no exército, cada um tem tendência para querer subir ao escalão superior para se tornar director, presidente, chefe de gabinete, general, porque nessa altura, e sobretudo quando se tem umas dragonas e umas condecoraçõezitas, os outros obedecem, inclinam-se.
Mesmo que se trate de um imbecil ou de um carrasco, não faz mal, obedecem-lhe.
Donde vem este sentido de hierarquia?
Não foram os seres humanos que o inventaram, porque eles não têm possibilidade de inventar seja o que for.
Eles apenas podem, por intuição, por tentativas ou por instinto, descobrir o que já existe a certos níveis da Natureza: em toda a Natureza existe uma hierarquia.
No céu (as estrelas, as constelações), na terra (os rios, as montanhas, as árvores, os animais), e até no homem, tudo está hierarquizado...
E já que as pessoas sabem muito bem que é preciso subir mais alguns degraus para se tornarem chefes e se imporem aos outros, porque não compreendem que no domínio espiritual é igualmente necessário subirem mais um degrau para que os habitantes do seu interior lhes obedeçam também?
É o mesmo princípio, a mesma regra.
E o que os Iniciados procuram é precisamente que tudo no interior lhes obedeça.
Eles não pretendem dominar as montanhas, as estrelas, os animais ou os homens, mas sim dominarem-se a eles próprios, para serem senhores do seu corpo, dos seus pensamentos e dos seus sentimentos, e trabalham para o conseguir.
Todos os exercícios espirituais, como a meditação, permitem ao homem escapar cada vez mais aos entraves, à prisão, aos grilhões que o submeteram completamente ao mundo subterrâneo.
Quantos seres foram feitos prisioneiros!
Não estavam esclarecidos e deixaram-se descambar até um mundo terrível a que se chama Inferno.
Chamai-lhe o que quiserdes, mas é um mundo real no qual muitos estão a perder-se por não terem querido servir-se dos meios de salvação que a Ciência Iniciática lhes ensina.
Julgavam-se muito inteligentes, mas na realidade eram apenas uns orgulhosos e uns obstinados, e eis onde isso os conduziu.
O único meio de sair dos tormentos, das angústias, é a meditação.

Todavia, como já vos disse, para se poder meditar é preciso ter-se resolvido primeiro um determinado número de coisas.
Quando uma mãe quer fazer um bolo, por exemplo, se todos os seus filhos estiverem à sua volta, chamando por ela, agarrando-se a ela, puxando-lhe pelo avental, ela não poderá fazer nada.
Para ficar tranquila, tem de pô-los na cama, a dormir.
Passa-se o mesmo connosco.
No nosso interior, nós temos filhos, uma grande ranchada de filhos!
É necessário, pois, pôr a dormir essas crianças exuberantes para se poder fazer o trabalho e, em seguida, quando este estiver feito, voltar para junto delas e distribuir o bolo!

Continua
OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


PENSAMENTO QUOTIDIANO



A descoberta de um ensinamento espiritual é, para imensas pessoas, uma causa de grandes alegrias.
Finalmente, elas encontraram!
Sim, mas as coisas não são assim tão simples.
Ao aceitar um ensinamento espiritual, por mais elevado que ele seja, ao fim de um mês, seis meses, um ano, isso depende, pode suceder que surja neles uma perturbação e, em vez de intensificarem o lado positivo, os seus esforços só desenvolvem o seu lado negativo.
Porquê?
Porque cada ideia nova, cada estado de consciência novo, produz fermentações nos seres que não estão preparados para os receber.

Jesus dizia: «Não se põe vinho novo em odres velhos; senão os odres partem-se, o vinho derrama-se e os odres perdem-se; mas põe-se vinho novo em odres novos.»
Os odres novos representam as formas sólidas, resistentes, que o ser humano deve preparar em si mesmo para ser capaz não só de suportar uma visão nova das coisas, mas também de adoptar um comportamento correspondente.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  17.01.2015

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

A MEDITAÇÃO (Cont.II)

Algumas pessoas já me têm dito: «Há já alguns anos que tento meditar, mas o meu cérebro fica bloqueado, não consigo nada.»
Porquê?
Porque elas não compreenderam que cada momento de uma vida não existe isoladamente, mas está ligado a todos os momentos que o precedem e a que chamamos "passado".
Não compreenderam que o seu passado as carrega, as aborrece, e como mesmo assim, querem meditar, forçam o cérebro que bloqueia.
Não há nada a fazer.
Elas nunca pensaram em dizer para si próprias: «Eu quero meditar; portanto, devo preparar o meu cérebro e o meu organismo, devo preparar tudo para ter a possibilidade de fazer um bom trabalho.»
Suponde que estivestes a discutor com alguém. No dia seguinte, quando quiserdes meditar, o velho passado aparece também e vós não deixais de pensar: «Ah! Ah! Ele disse-me isto... e aquilo... se o encontro, ele vai passar um mau bocado.»
Eis o tema em torno do qual andará a meditação.
É um reboliço, uma desordem.
Em vez de vos elevardes até às regiões divinas, ficareis a remoer tudo o que vivestes no passado e, o desfile não pára...
Todo um cortejo de rostos e acontecimentos vêm apresentar-se e é um nunca mais acabar.
A mesma história repete-se durante anos e, evidentemente, não se obtém qualquer resultado.

O homem pode tornar-se todo-poderoso, mas na condição de saber um certo número de coisas e, em particular, que cada momento da existência está ligado aos que o precederam.
Era o que Jesus queria dizer quando aconselhava as pessoas a não se preocuparem com o dia seguinte.
Sim, porque se arrumardes a vossa vida hoje, o dia seguinte encontrar-vos-á livres: podereis dispor de vós próprios como quiserdes, concentrar o vosso pensamento naquilo que desejardes, porque tereis regularizado tudo na véspera.
Ao passo que, se não tiverdes posto nada em ordem, no dia seguinte estareis atravancados, tereis de correr à direita e à esquerda, procurando remediar as lacunas ou erros do passado e não estareis livres para trabalhar no presente nem para criar o futuro.
Portanto, o discípulo que é esclarecido, quando quer meditar, prepara-se com antecedência, purifica-se, não se envolve em toda a espécie de preocupações inúteis, antes procura ter um intenso desejo de se aperfeiçoar para poder ajudar os outros, ser um modelo, ser um exemplo, um filho de Deus; ele está animado do desejo sublime de cumprir a vontade de Deus como Jesus no-lo recomenda nos Evangelhos.
Mas, para realizarmos as prescrições de Jesus, não chega desejarmos isso, é preciso conhecermos certas coisas.
Muitos o desejam, mas não conseguem nada porque não sabem como fazê-lo.
Alguém deixou a torneira da água ou do gás aberta, ou então esqueceu-se do bébé na banheira, e eis que no momento de meditar se lembra disso!...
Como quereis que essa pessoa medite?
Deveis pois, preparar-vos com antecedência, e quando ficardes livres relativamente ao vosso corpo, aos vossos pensamentos e aos vossos sentimentos, quando tiverdes escapado dessa prisão que é a vida quotidiana, começareis a elevar-vos interiormente; sentireis que existe uma nova vida, ampla, profunda, e ficareis tão dilatados, tão maravilhados, que vos projectareis para uma outra região...
Uma região que, na realidade, existe em vós mesmos: sim, esta vida divina corre dentro de vós e vós conseguistes finalmente viver, por um momento, a verdadeira vida.
É assim que o mundo divino começa a despertar em vós e não podeis esquecê-lo: tendes a certeza de que a alma é uma realidade, de que o mundo divino existe e está povoado de inúmeras criaturas.
Porquê esta certeza?
Porque conseguistes despoletar forças ainda desconhecidas, forças muito mais poderosas e benéficas, ao passo que antes estáveis presos numa engrenagem de forças hostis que vos iam consumindo até vos aniquilarem.

Continua
OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

PENSAMENTO QUOTIDIANO

Por que é que tantos homens e mulheres que começam por sentir uma grande atracção um pelo outro acabam por não se suportar?
Porque não souberam manter neles a vida, embelezá-la, torná-la poética, pois, inconscientemente, é a vida que todos procuram, não procuram mesmo outra coisa.
E a vida está sempre ligada ao amor.
Quando amais um ser, podeis tentar explicar isso de todas as maneiras que quiserdes, mas na realidade, não há explicação; amais essa pessoa por causa da vida que emana dela, vida essa que assume diferentes formas: beleza, bondade, pureza, inteligência, paz, etc.
Como não sabem renovar a vida nelas, as pessoas ficam enfastiadas e enfastiam os outros.
Então, se não quereis enfastiar-vos e quereis ser amados, sabei manter activa em vós a fonte da vida, sempre nova, sempre a jorrar.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV  -  16.01.2015

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A MEDITAÇÃO

I

Em geral, a meditação não é um hábito muito enraizado no homem.
De tempos a tempos, quando enfrenta dificuldades, problemas para resolver, quando sofre, ele torna-se pensativo e reflecte porque tem necessidade de encontrar uma solução.
Mas ainda não se pode chamar a isso meditar; é apenas uma reacção instintiva, natural, face ao perigo ou à infelicidade.
Sim, nesses momentos, o homem, que necessita de refúgio, recolhe-se instintivamente em si mesmo e começa até a orar, a virar-se para um Ser que tinha negligenciado porque até aí tudo lhe corria bem.
Agora, ele volta-se de novo para esse Ser, procura-O, porque se recorda de que, quando era criança, os pais lhe haviam dito que Ele omnipotente, omnisciente e todo amor; então, ele dirige-se a esse Ser para pedir ajuda e socorro com a maior humildade, com um sentimento de uma intensidade extraordinária.
Sim, mas para isso é preciso que surjam casos excepcionais: um perigo, uma guerra, uma doença, uma morte.
No seu dia a dia, as pessoas, quando estão tranquilas e felizes, não têm a mínima vontade de orar ou de meditar, não consideram, de modo nenhum, este exercício como uma necessidade indispensável, não vêem mesmo onde está a sua utilidade.
Quando tudo corre bem, acham que não têm nada a fazer nas regiões vagas e nebulosas da meditação.
Mas na infelicidade, nas grandes dificuldades, quando se apercebem de que nada do que é concreto e material pode ajudá-las, então, procuram interiormente um apoio, um socorro, um abrigo nas regiões celestes.
Está bem, contudo elas encontrariam mais facilmente esse apoio se não tivessem esperado por ocasiões excepcionais para recorrer ao Céu, se tivessem feito da meditação uma prática quotidiana.
Sem a meditação não é possível uma pessoa conhecer-se nem tornar-se senhora de si mesma, nem desenvolver qualidades e virtudes.
E é precisamente porque não deram um lugar preponderante à meditação que os humanos continuam fracos na sua vida interior, nos seus sentimentos e desejos.
É claro que não há que ter ilusões!
É muito difícil meditar.
Enquanto se estiver empenhado em ocupações prosaicas ou mergulhado em paixões, não se pode meditar.
É preciso procurar libertar-se interiormente para se poder projectar o pensamento até ao Eterno.
Eu vi pessoas meditarem durante anos que perdiam o seu tempo ou até ficaram perturbadas, porque não sabiam, ou não queriam saber, que para meditar é preciso respeitar certas condições.
Enquanto não se é livre interiormente, não se pode meditar.
Mas quantas pessoas não há que se envolvem em negociatas, chafurdam, bebem ou vão para a cama com quem calha e depois... "meditam"!
Não, isso não é possível, porque a natureza dessas actividades não o permite: elas retêm o pensamento nas regiões inferiores.
Eu sei que a meditação está cada vez mais na moda, mas isso de modo algum me alegra, porque vejo uma quantidade de desgraçados que estão a embarcar num domínio que não conhecem.
Como quereis meditar se não tiverdes um alto ideal que vos liberte dos vossos caprichos, das vossas depravações, dos vossos prazeres, dos vossos desejos, para vos conduzir até ao Céu?
Não conseguireis meditar sem terdes vencido certas fraquezas, sem terdes compreendido certas verdades, e não só não o conseguireis, como até é perigoso tentardes.
Algumas pessoas fecham os olhos ou põem-se em pose, mas, interiormente, o que é que se passa?
Onde é que elas estão?
Só Deus sabe.
Se pudésseis entrar nas suas cabeças, verificaríeis que estão a dormir, coitadas!
É isso a meditação profunda...
E hoje em dia vai-se ao ponto de fazer demonstrações públicas de meditação.
É ridículo!
Que meditação se pode fazer perante um público?
Nalguns casos, é possível, mas só para uma pessoa que seja tão avançada, tão livre, que é capaz de meditar em qualquer lugar e em qualquer momento, porque o seu espírito está ligado incessantemente ao mundo divino.
Contudo, ter este amor pelo mundo sublime subentende uma evolução excepcional, o que não é o caso daqueles que fazem essas demonstrações de meditação.
Se quiserdes ter uma ideia do modo como a maioria das pessoas medita, olhai para um gato: os gatos meditam em frente do buraco de um rato; sim, durante horas, ele medita no modo como há-de apanhá-lo.
Para a maioria, a meditação é isto: meditar num rato que está algures... um rato com duas pernas!...
A meditação não é um exercício tão simples como se imagina.
Para se meditar, é preciso ser-se muito avançado e, sobretudo, ter-se um amor formidável pelo mundo divino.
Nessa altura, sem fazerdes qualquer esforço, o vosso pensamento fica logo concentrado e, mesmo sem o quererdes, meditais: o vosso pensamento está de tal modo livre que é ele que, quase independentemente da vossa vontade, parte e vai fazer o seu trabalho.

Continua

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV