segunda-feira, 18 de maio de 2015

PERSONALIDADE E INDIVIDUALIDADE (Cont.II)

OS  LIMITES  DO  MUNDO  INFERIOR,
O  INFINITO  DO  MUNDO  SUPERIOR

Conferência improvisada
Se as pessoas ao menos soubessem o que é o mundo invisível!
Isto também não quer dizer que todas as creaturas que lá vivem sejam desta natureza, não, somente uma parte delas são assim; existem lá diversas nacionalidades, povos ou tribos, e alguns encarniçam-se com certos homens, tal como os homens se lançam obstinadamente sobre certos animais, para os fazer trabalhar, para os vender ou arrancar~lhe a pele: é a mesma coisa.
Eis uma nova luz que mais tarde será dada a toda a humanidade; neste momento sois vós que beneficiais dela e começais a compreender.
Mas deveis analisar-vos sem cessar e verificar os vossos desejos, os vossos projectos, os vossos pensamentos, as vossas intenções, tal como um joalheiro examina as pedras preciosas autênticas, as extrai e as separa dos simples pedaços de vidro.

Aliás, em certos domínios, os homens agem como se fossem muito sábios...
Toda a gente sabe que na vida existem coisas boas e outras menos boas, uma qualidade superior e uma qualidade inferior: quer se trate de alimentos, de roupa, de flores, de frutos, de objectos ou até de homens.
Agora se há pessoas que acham a pobreza melhor do que a riqueza, que preferem as mulheres feias às bonitas ou que escolhem vestir-se de trapos, é outra coisa; mas eu falo de um modo geral, e em todos os domínios, verifico que as pessoas estabelecem uma distinção entre os graus superiores e os graus inferiores.
Eis porque os Iniciados, baseando-se nesta constatação tão simples, vos dirão que de degrau em degrau se pode ir sucessivamente mais alto e encontrar sempre uma qualidade superior, porque nessa direcção não existem limites.
Quando encontrais um homem inteligente, não podeis dizer-lhe: «Ah! eis o limite supremo da inteligência e do saber», porque podereis sempre encontrar, mais tarde, uma pessoa ainda mais inteligente.
Não podemos estabelecer um limite nem para a inteligência, nem para a beleza, nem para a bondade, nem para o amor: não tem limite, podemos amplificá-los até ao infinito.

E quando nos dirigimos para o pólo oposto, poderemos ir até ao infinito?
Neste caso não, e ireis ver a diferença.
Se quiserdes descer em fealdade, em miséria ou na doença, encontrareis um limite, porque tudo o que é inferior tem um limite.
Pensai, por exemplo, no calor e no frio: grau após grau, pode-se elevar a temperatura de 0ºC até ao infinito, mas não se pode descer abaixo dos -273º.
Como é que isto se explica?
É que as partículas submetidas ao frio encolhem, diminuem, comprimem-se umas contra as outras e não se podem mexer mais, e quando o movimento cessa, é atingido o limite do frio.
Pelo contrário, o calor distende, alarga, dilata as partículas, dá-lhes espaço, deixa-as estender-se, passear, agitar-se: rarefeita, a matéria começa a animar-se de um movimento mais intenso.
Como o espaço é infinito, em parte alguma podemos estabelecer limites.
Se nós vemos limites, é porque ainda não fomos ver e estudar domínios que nos ultrapassam, e então dizemos: «Como vêem, isto é limitado.»
Não, para "cima" não encontraremos limites.
Por isso, eu tirei a seguinte conclusão: o mal não só é limitado quanto ao espaço, mas também quanto ao tempo, pois Deus não lhe concedeu uma duração eterna; ao passo que o bem é ilimitado no tempo e no espaço.
Eis uma diferença que os homens ignoram: eles imaginam que as potências do bem e do mal estão equilibradas.
De modo nenhum!
Se desejais uma conclusão mais justa, ei-la: quando nos elevamos rumo ao pólo positivo, entramos no espaço e no tempo ilimitados, no infinito e na eternidade, e é precisamente esta imensidão que é Deus.
Só Deus é ilimitado, tudo o resto é limitado.
Por conseguinte, não há igualdade de forças entre o Céu e o Inferno, isso é impossível: o mal (ou o diabo) não pode ser posto em paralelo com o bem.

Então que conclusões podemos nós daqui tirar, do ponto de vista moral?
Que todos aqueles que escolheram o caminho descendente da personalidade, das fraquezas, das desordens, escolheram a destruição e a morte.
Pouco a pouco vão desaparecendo, porque estão amarrados, tão apertados no fundo do cone invertido, que já não conseguem mover-se nem respirar.
Ao passo que se seguirem na direcção da individualidade, pelo contrário, tornar-se-ão cada vez maiores, cada vez mais amplos.
Os seres verdadeiramente inteligentes escolhem esta direcção, porque ao subirem, encontram o espaço, a liberdade e um grande número de soluções, o que evita que eles vão de encontro a obstáculos e se quebrem; vivem na alegria, na felicidade, na paz, na poesia.
Enquanto aqueles que se dirigem para baixo se sentem cada vez mais limitados e começam a combater entre si e a extreminar-se para poderem ter um pouco de espaço vital.

Continua

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