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Tomemos um exemplo: um jovem com um pai muito rico faz os seus estudos, trabalha, e o pai dá-lhe uma mesada.
Mas eis que o filho começa a fazer asneiras e a desperdiçar, em toda a espécie de divertimentos, o dinheiro que o pai lhe dá; então, este corta-lhe a mesada, não lhe dá mais nada...
Qual foi o erro do filho?
Cometeu o maior dos erros, que é o de comprometer a sua própria vida, quer dizer, as condições, as energias e as correntes cujo símbolo, neste caso, é o dinheiro.
E nós, se procedermos da mesma maneira, usando e abusando da nossa existência como muito bem entendermos, permitindo-nos transgredir todas as leis, esgotaremos as nossas reservas, caíremos na miséria; não talvez na miséria material, física,, mas na miséria interior.
A vida é a única riqueza que existe, e seja qual for o nome que se lhe dê - riquezas, mesada, azeite, energias, quinta-essência -, vai dar ao mesmo, porque a palavra "vida" pode ser substituída por qualquer destes termos.
Mas os humanos passam o tempo a malbaratar esta vida, correndo atrás de aquisições que não são tão importantes como a vida em si mesma.
Trabalham anos a fio para satisfazer as suas ambições e um dia dão consigo tão esgotados, tão nas "lonas" que, se se puser na balança o que ganharam e o que perderam, perceber-se-á que perderam tudo para ganhar muito pouco.
Mas as pessoas são assim: estão dispostas a perder tudo, porque nunca lhes ensinaram que é mais importante terem saúde e alegria - ainda que não tenham mais nada - do que obterem riquezas de que não poderão servir-se, porque se esgotaram para as conseguir.
Diz um provérbio: «Antes burro vivo que sábio morto.»
Mas muitos preferem ser sábios mortos...
O que falta é, pois, a verdadeira filosofia.
Dever-se-ia ensinar aos humanos, desde a infância, a não desperdiçarem a vida para poderem consagrá-la a um fim sublime, pois é desse modo que a vida se enriquece, que ela aumenta em força e intensidade, exactamente como um capital que se põe a render.
Colocastes esse capital num banco do Alto e, então, em vez de ser malbaratado, dissipado, ele aumenta e vós, uma vez que estais mais ricos, tendes a possibilidade de vos instruir melhor, de trabalhar melhor.
Ao passo que, se vos abandonardes aos prazeres, às emoções, às paixões, malbaratareis a vossa vida, porque tereis de pagar tudo o que obtiverdes, e é com a vossa vida que o pagareis.
Nunca se obtém o que quer que seja sem se sacrificar algo.
Como se diz am França: não se fazem omoletas sem ovos.
Mas eu digo-vos que sim, que podeis fazer uma omoleta sem ovos.
Eu conheço o segredo: colocai o vosso capital num banco do Alto e, quanto mais trabalhardes, mais fortes e poderosos vos tornareis.
Sim, em vez de vos enfraquecerdes, reforçar-vos-eis, porque novos elementos virão introduzir-se incessantemente em vós, substituindo os que perdestes.
Mas para isso é necessário que coloqueis o vosso "dinheiro", o vosso "capital", num banco celeste...
Eis por que é tão importante saberdes para que fim e para quem trabalhais, porque as vossas energias tomam rumos consoante os casos.
Se aquele para quem trabalhais é o vosso pai, simbolicamente falando, não só não perdeis nada, como ainda ganhais.
Logo, o mais importante é saber a quem consagrais as vossas forças, em que sentido trabalhais, porque disso depende o vosso futuro: ou vos tornais mais pobres ou enriqueceis-vos.
Sem o saber, a maioria das pessoas trabalham para um inimigo oculto nelas próprias e que as despoja e empobrece.
Um verdadeiro espiritualista é mais inteligente, trabalha e aplica todas as suas energias a favor de alguém que é ele próprio, e é ele que fica a ganhar.
Ser inteligente é isso: saber enriquecer-se, e não, deixar-se empobrecer.
Não é uma atitude egoísta, pelo contrário.
Continua
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