terça-feira, 12 de maio de 2015

COMO O PENSAMENTO SE REALIZA NA MATÉRIA (Cont.VII)


 Observai também um relógio: ele possui uma mola que faz funcionar o mecanismo, quer dizer, todo um sistema de rodas dentadas que, da maior à menor, transmitem o movimento umas às outras, até às que estão em contacto com os ponteiros e os fazem andar.
A mola não está directamente ligada aos ponteiros, senão dar-lhes-ia um impulso demasiado brusco.
Há intermediários entre eles, para controlar o movimento, para o dosear e o regular com precisão.
Então os ponteiros andam...
Como vedes, também neste caso existem intermediários entre o princípio que dá o impulso e os órgãos que executam uma ordem ou indicam um resultado.
E num relógio existem muitos outros mecanismos que vós encontrareis no organismo humano.
Aqueles que observam e que raciocinam correctamente verão esta grande verdade em tudo - na física, na química, na biologia, na geografia, na história, na sociologia, na psicologia... por toda a parte!

Para que o corpo físico ou a terra se transformem é necessário, em primeiro lugar, estabelecer as comunicações com o mundo do espírito, com o Céu... podemos também dizer com o mundo das Ideias de que falava Platão, quer dizer, o mundo inteligível, o mundo dos arquétipos, que para mim é o mundo divino.
Estas vias de comunicação passam pela alma; o espírito só pode chegar à matéria através desse intermediário que é a alma, à qual correspondem, no organismo humano, os sistemas nervoso e circulatório.
O sistema nervoso está mais próximo do espírito e o sistema circulatório mais próximo da matéria.
O sistema nervoso é análogo ao ar, que alimenta o fogo, quer dizer, o espírito; o sistema circulatório é análogo à água, que alimenta a terra, ou seja, o corpo físico.
É necessário estudar estes dois intermediários, o ar e a água, aos quais correspondem, no plano psíquico, o pensamento e o sentimento.
Por conseguinte, no topo existe o espírito, que influencia o pensamento.
O pensamento é mais material que o espírito e está sempre ligado ao sentimento.
Se pensardes, por exemplo, que um amigo se torna verdadeiramente nocivo e perigoso para vós, os vossos sentimentos mudarão e deixareis de o amar.
Inversamente, se descobrirdes que um ser pelo qual nada sentíeis pode ser benéfico para vós, que foi a Providência que vos levou a encontrá-lo para o vosso bem, começareis a gostar dele.
O sentimento varia consoante a natureza dos pensamentos - quantas vezes já se verificou isso!
E quando o sentimento surge, é ele que impele o homem a agir, pois quer sempre exprimir-se através de actos.
Vós pensais numa mulher; se não tiverdes nenhum sentimento por ela, pensareis simplesmente que ela é bonita, bela, e deixá-la-eis tranquila.
Mas de repente aparece o sentimento; imediatamente vos mostrais empreendedores.
O sentimento não espera, põe o vosso corpo em movimento, e vós galopais para lhe comprar flores, para lhe fazer a corte ou para a beijar.
Quando o sentimento não está presente, mesmo que a acheis encantadora, maravilhosa, pensais: «Bah! Ela não me diz nada.»
Mas quando o sentimento aparece já não é a mesma coisa; ele realiza-se imediatamente na matéria, pois está ligado a ela e desencadeia todo um mecanismo.

Continua


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