sábado, 23 de maio de 2015

O ESSENCIAL: A VIDA

I

Primeiramente, há a vida.
Observai as criaturas: o que primeiro se manifesta nelas é a vida, e só depois bem mais tarde começam a sentir, a pensar e a agir eficazmente.
A vida... esta palavra resume todas as riquezas do Universo que aguardam, indeferenciadas, inorganizadas, que uma força venha ordená-las e activá-las.
Assim, na palavra "vida" estão incluídos todos os desenvolvimentos futuros.
Numa célula estão já potencialmente contidos todos os órgãos que um dia deverão surgir, tal como numa semente que é necessário plantar, regar e cuidar para que dê frutos.
Assim, após um determinado tempo - tal como acontece com a semente -, tudo começa a sair e a tomar forma a partir desse magma, desse caos, dessa realidade indeterminada que é a vida.

Foi deste modo que surgiram os órgãos que hoje possuímos; e muitos outros aparecerão futuramente...
Dado que o corpo físico é feito à imagem do corpo astral, o corpo astral à imagem do corpo mental e assim sucessivamente até ao plano divino, assim como possuímos cinco sentidos no plano físico, possuímos também cinco sentidos o  tacto, o paladar, o olfacto, a audição e a visão - no plano astral e no plano mental...
Estes órgãos ainda não estão desenvolvidos nos outros planos, mas existem e esperam o momento de se manifestar.
Quando eles estiverem formados, os seres humanos terão possibilidades espantosas de ver, sentir, ouvir, saborear, agir e deslocar-se.
A vida, o ser vivo, a célula viva, o microrganismo, contém todas as possibilidades de desenvolvimento, mas serão necessários milhares de anos para que possam manifestar-se na sua plenitude.
Aí reside o mistério, o esplendor da vida.

Observai os humanos: eles trabalham, divertem-se, correm de um lado para o outro, dedicam-se a toda a espécie de ocupações, e entretanto a sua vida enfraquece, periclita, porque eles não cuidam dela minimamente.
Pensam que, uma vez que a possuem, podem servir-se dela para obter tudo o que desejam: riqueza, prazeres, saber, glória...
Então, esbanjam, esbanjam... e, quando já não lhes resta nada, vêem-se obrigados a suspender todas as actividades.
Não faz qualquer sentido agir deste modo, porque, se se perde a vida, perde-se tudo.
O essencial é a vida; é, pois, necessário protegê-la, purificá-la, santificá-la, eliminar tudo o que a entrava ou bloqueia, porque depois, graças a ela, obtém-se a saúde, a força, a beleza, o poder, a inteligência.

Na conferência sobre as cinco virgens sensatas e as cinco virgens loucas*, expliquei-vos que o azeite de que Jesus falava é o símbolo da vida.
Quando o homem já não tem uma gota de vida, a sua candeia apaga-se e ele morre.
O azeite tem correspondências em todos os domínios: para as plantas, é a água; para todas as criaturas terrestres, é o ar; mas, para o ser humano, é mais especialmente o sangue; para os negócios, é o ouro ou o dinheiro; para um carro, a gasolina; etc. ...

A vida é a matéria primordial, o reservatório donde brotam diariamente novas criações que se ramificam até ao infinito.
A partir desta vida indiferenciada e sem expressão, que existe como uma simples possibilidade, o espírito cria incessantemente novos elementos, novas formas...
Mas as pessoas ocupam-se de tudo menos da vida; se em primeiro lugar pensassem na vida, em guardá-la, em protegê-la, em conservá-la na maior pureza, teriam cada vez mais possibilidades de obter o que desejam, porque é esta vida luminosa, intensa, que pode dar-lhes tudo.
Como não possuem esta filosofia, esbanjam a vida, pensam que, porque estão vivos, tudo lhes é permitido.
Cada um diz para consigo: «Uma vez que tenho vida, devo aproveitá-la...»
Mas quantos é que conseguem realizar o que desejam?
Muito poucos, a maioria devastou tudo.
De ora em diante, torna-se necessário ter outra filosofia, saber que o modo como pensais age sobre a vossa vida, sobre as suas reservas, sobre a quinta-essência do vosso ser, e que, se pensardes erradamente, desperdiçareis tudo.

* "A parábola das cinco virgens sensatas e das cinco virgens loucas",
    cap.IX de Nova luz sobre os Evangelhos (nº. 217 desta Colecção)

Continua

Sem comentários:

Enviar um comentário