O pensamento, enquanto energia, vibração, força, é captado por certos centros, que estão munidos de antenas; essas antenas, situadas no cérebro ou mais alto ainda, no plano etérico, começam a vibrar e a transmitir mensagens aos outros aparelhos; nessa altura, em todo o corpo se produzem registos, se desencadeiam e circulam forças e energias.
Evidentemente, isso não se vê e é inútil estar à espera de observar resultados no plano físico.
Mas produziu-se uma mudança no plano subtil; e, agora, se fizermos com que a comunicação possa estabelecer-se com outras regiões mais densas, com outros aparelhos muito mais grosseiros, teremos restabelecido todo o sistema de contactos e de comunicações.
Reparai, é como numa fábrica: tudo está ligado, tudo está pronto; há só um botão, um simples botão onde basta carregar, e como esse botão está ligado a uma quantidade de engrenagens, de circuitos de transmissão, todas as máquinas começam a funcionar...
Se conseguirmos estabelecer um circuito análogo no ser humano, o pensamento poderá produzir imediatamente resultados tangíveis na matéria.
Mas se a comunicação não for estabelecida de maneira correcta dum plano para o outro, o pensamento não poderá agir imediatamente - haverá lacunas, zonas mortas e, a corrente não passará.
O pensamento que o homem projecta age logo na sua região, no Alto, e põe em marcha aparelhos de uma grande subtileza, mas não pode produzir nada no plano físico enquanto os circuitos de ligação não estiverem instalados.
A partir do momento em que se estabelece a comunicação, as energias circulam e podem produzir resultados na matéria.
Nessa altura, sim, o pensamento é poderoso, mágico, e manifesta-se plenamente.
Porém, para que isto fique bem claro, ficai a saber que, quando se diz que o pensamento se realiza, isso é absolutamente verdadeiro, mas é preciso compreender como.
Tomemos o exemplo de um homem que se torna ladrão.
Primeiro, ele contenta-se em imaginar: «Ah! Bastava eu pôr-me ali, estender o braço...»
Ele ainda não tem um grande desejo nem coragem para o fazer; só de vez em quando é que alimenta esses pensamentos; imagina a cena, as circunstâncias: a multidão no metro, ou uma grande loja, e a sua mão a deslizar para um bolso, um saco ou uma prateleira.
Mas por enquanto tudo isto permanece no plano mental, ele não faz nada, é incapaz disso.
Só que, dado que se gravou, esse pensamento desencadeia certas engrenagens no plano astral e, a partir daí, abre caminho para descer até à matéria.
E a matéria, aqui, para o nosso ladrão, é o acto, o gesto, a aplicação.
Primeiro é como se nada se passasse; aquilo que o homem congemina permanece invisível, e aparentemente, ele é honesto, íntegro.
Mas o seu pensamento já desceu ao plano do sentimento: ele começa a desejar ardentemente a sua realização, e essa realização não vai tardar.
As comunicações, as ligações, estão a fazer-se, e eis senão quando, um belo dia, a sua mão se apodera muito naturalmente de um porta-moedas ou de um objecto.
Portanto, como vedes, o seu pensamento, que estava muito alto, no plano mental, desceu até ao plano astral, o plano do desejo, e daí ao plano físico.
Então, como é que se pode dizer que o pensamento não se realiza?
Tomemos outro exemplo.
Um homem é doce, pacífico, idealista; quando lhe dão uma bofetada, estende logo a outra face.
Mas eis que um dia, ao ler certas obras históricas, toma contacto com as ideias de certos pensadores, de certos políticos do passado, que agitaram a sociedade e conduziram multidões para toda a espécie de aventuras.
Ele apaixona-se por eles, alimenta-se com as suas obras, e torna-se cada vez mais audacioso.
Por fim, filia-se num partido, começa a agir, torna-se capaz de persuadir e de arrastar os outros, e ei-lo à cabeça de uma revolução no seu país.
Tudo começou por ideias, por teorias, por uma filosofia.
Como se pode negar então, que o pensamento tem um poder formidável?
Ele é invisível, não consegue mover um torrão de açúcar, mas pode amotinar milhões de homens!...
Continua
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