quinta-feira, 21 de maio de 2015

PERSONALIDADE E INDIVIDUALIDADE (Cont. V)

OS  LIMITES  DO  MUNDO  INFERIOR,
O  INFINITO  DO  MUNDO  SUPERIOR


Conferência improvisada

 Ninguém pode negar que existe algo de perfeito no Universo.
A perfeição existe e ela mais não é do que aquilo que é ilimitado e perfeito, o próprio Deus.
Eis para mim, uma das melhores definições de Deus: a Divindade está presente onde não existem limites.
O Senhor encontra-se unicamente naquilo que é ilimitado, imortal, eterno, infinito.
Tudo o que é limitado, perecível, não O pode representar.
Eu já vo-lo disse, para o bem não há limites, acontece o mesmo que com o calor: pode atimgir milhões e milhões de graus, ainda não se sabe até onde pode ir.
O ano passado, quando eu estava na exposição mundial de Montreal, filmei uma máquina formidável, no pavilhão russo, uma máquina que podia produzir milhões de graus de temperatura para se fazerem trabalhos em metais, trabalhos com o plasma, etc. ...

Sim, meus queridos irmãos e irmãs, as pessoas não reflectem acerca destas coisas, não têm tempo, estão presas com ocupações pretensamente mais importantes e sérias.
Se raciocinassem correctamente, teriam chegado à mesma conclusão: se a própria Natureza estabeleceu uma escala de valores com as qualidades superiores e inferiores, isso é a prova de que existem duas direcções em que nos podemos alongar; mas o mal detem-se num certo grau, ao passo que o bem pode ser ampliado indefinidamente, nunca pára.
Não se soube reflectir e tirar conclusões acerca do calor e do frio.
Não se sabe ler a linguagem da Natureza.
Tudo se reflecte, tudo o que é divino se reflecte sobre a Terra.
Então, se vós raciocinardes convenientemente...
Sim, mas é necessário conseguir habituar o vosso cérebro a raciocinar bem, quer dizer, a restaurar as deformações que o mundo, a família, a instrução, imprimiram em vós, como aliás aconteceu comigo.
Mas eu trabalhei para me desembaraçar disso, e também vós, se conseguirdes libertar-vos de todas essas deformações, tereis a minha maneira de raciocinar e fareis as mesmas descobertas que eu fiz.
Todos os dias ficais espantados com o meu raciocínio: revelo-vos verdades que não podeis negar e não fui eu que as inventei, elas existem aí à vista de todos, mas as pessoas não as vêem porque se deixaram deformar pela cultura actual.
Portanto, é cada vez mais necessário afastarmo-nos, despojarmo-nos dela, senão passaremos a vida inteira sem descobrir coisa nenhuma.
E eu, nado nessas verdades noite e dia, só que ainda não vo-las posso comunicar todas.
Enquanto não vos despojardes de tudo o que haveis recebido que não é verídico, não as compreendereis, não as aceitareis.

Deformaram-nos.
Tal como eu vos dizia numa outra conferência, imaginai que fazemos dois desenhos num mesmo papel, um a tinta vermelha e outro a tinta verde.
Se vos derem uns óculos vermelhos, vós olhais e não vedes o desenho vermelho, mas apenas o verde, porque com o vermelho sobre vermelho as cores confundem-se.
E admitamos que esse desenho verde é perfeitamente banal ou até mesmo feio; no entanto, vós não vereis senão este.
Agora, dão-vos uns óculos verdes; vós olhais para o outro desenho, que é vermelho, ficais espantados e gritais para convosco: «Oh! Mas ele estava aí!»
Ah pois, estava lá mas vós não o havíeis visto, porque os óculos que vos deram desde o nascimento vos impediam de o ver.
E, noo entanto, ele estava lá!
Ora, quando vós vedes as árvores, as estrelas, as montanhas, isso é já uma das duas imagens, mas existe uma outra por detrás que vós ainda não vedes.
E agora, eu dar-vos-ei outros óculos para que a possais ver.
Talvez até aconteça que comeceis a deixar de ver a primeira... tanto melhor!
Está tão vista que não vale a pena sobrecarregarmo-nos eternamente com ela.
A Natureza fez dois desenhos e agora há que ver o outro.
Mas será que ela só fez dois?
Eu falo em dois para facilitar a compreensão, mas na realidade existem milhares!
Ora aí está, é simples, é claro: é necessário conhecer as duas direcções que em nós existem, e saber que se tomarmos o caminho que conduz para baixo, passaremos a estar numa rua sem saída, num beco, comparável ao zero absoluto, ao qual, aliás, nunca se conseguiu chegar e onde as moléculas já não se movem.

A personalidade comunica com o mundo subterrâneo, de onde continuamente vêm visitantes comer, beber, roubar-vos e viver à vossa custa.
Vós julgais que haveis aproveitado, mas nem pensar nisso, foram eles que se arranjaram, e vós ficais enfraquecidos a tal ponto que precisais de vos tratar.
Ao passo que se tomardes o caminho que sobe, jamais encontrareis o fim, porque ele mergulha no infinito.
E quantos tesouros estão amontoados ao longo desse caminho!
Se escutardes a individualidade, essa parte celeste e imortal que está dentro de vós e que comunica com a imensidão, tereis todas as revelações, porque ela sabe tudo, vê tudo.
É o infinito, é o esplendor infinito.

Muitas pessoas há que estão adormecidas.
Não pensam senão em comer, beber, ter alguns prazeres, jogar às cartas, ao futebol...
Têm uma casa, uma mulher, uma capoeira, e estão contentes, não precisam de mais nada; e quando ouvem ideias novas como as nossas, dizem: «Mas esse homenzinho está a incomodar-nos! Sentíamo-nos muito melhor como estávamos!»
Ah pois, desde os tempos pré-históricos que estão habituados a viver assim e eis que chego eu e os aborreço, não os deixo mais tranquilos e então eles soltam berros; sim, até aqui, na Fraternidade!
Mas não há nada a fazer, incumbiram-me desta tarefa e eu devo cumpri-la, quer isso vos agrade ou não.
Sou obrigado a não vos deixar tranquilos, e quando vos lamentais aqui em baixo, lá em cima, no mundo divino, há outros que aplaudem e se alegram!
Eu bem sei que segundo a opinião dos humanos o meu modo de proceder convosco não é nenhuma maravilha, mas lá em cima, eles acham que os meus métodos facilitam imenso a vossa evolução.

Bonfin, 3 de Setembro de 1968


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