II
Só quando tiverdes aprendido como emanar a vida, para que ela vos faça revelações e vos abra as portas, é que sabereis o que ela é verdadeiramente.
Por isso, doravante, deveis trabalhar para intensificar e para fazer frutificar esta vida, que pode produzir fenómenos da mais elevada magia nos corações, nas almas, nas inteligências, nas entidades e nas forças da Natureza, e até nos objectos do mundo físico.
Sim, é chegado o momento em que todos devem compreender como é miserável desperdiçarem uma eternidade de esplendor por causa de uma existência medíocre, passada a comer, a beber, a dormir e a correr de um lado para o outro para satisfazerem as suas ambições.
Dizei-me com franqueza: será isso próprio de pessoas inteligentes?
Os Iniciados só conseguiram obter o equilíbrio, a paz e todas as bençãos porque se ocuparam da vida, porque compreenderam que a magia mais poderosa que existe se encontra apenas na vida e em nada mais além dela.
Sim, a vida, poder insuflar a vida!...
Não existe maior magia: animar os seres, estimulá-los, exaltá-los, ressuscitá-los.
Quem não tiver compreendido esta verdade irá destruindo as raízes da sua existência, nunca saberá o que é a verdadeira vida!
Porque é que comeis três vezes ao dia ou mesmo quatro?
Comeis, bebeis, e em seguida trabalhais, ledes, etc.
Mas porque é que, antes de tudo, comeis?
E, ao comer, será que vos instruís, será que trabalhais?
Não, mas introduzis a vida em vós e esta, quando começa a infiltrar-se, vai regar as células dos braços, das pernas, dos ouvidos, da boca, do cérebro, etc. ..., que recebem energias.
Então, as pernas podem correr e vós obtendes o primeiro prémio na corrida, os braços podem bater, sois boxeur ou qualquer outra coisa, e eis outro prémio!
Em seguida, falais, a vossa língua é uma metralhadora... e lá conseguis mais uma vitória!|
E assim por diante em relação aos ouvidos, ao cérebro, a tudo.
Mas, se não tiverdes comido, não podereis correr, nem dar pancadas, nem falar.
Portanto, quando a introduzis em vós, a vida encarrega-se de visitar as vossas células, de as reforçar, de as estimular, e todas as vossas faculdades despertam.
Na base está, pois, a vida que anima e alimenta todo o organismo.
É desta maneira que a vida pode pôr-nos em contacto com o mundo divino.
Tirei esta conclusão precisamente a partir do que se passa na vida quotidiana.
Eu não invento nada; vós é que não sabeis observar.
Os vossos olhos podem ver e os vossos ouvidos podem ouvir, porque comestes.
Ficai sem comer durante vários dias e não conseguireis ver nem ouvir tão bem.
Quando falta a vida, tudo o resto falta...
Mas, quando conseguirdes tornar a vida luminosa, pura, espiritual, ela abrir-vos-á outros ouvidos, outros olhos: então, começareis a ouvir e a ver no plano invisível, vereis leis, verdades, correspondências...
Os verdadeiros Iniciados não estudam em livros, descobrem no mundo invisível, realidades ainda desconhecidas dos filósofos e dos cientistas; apercebem-se delas porque têm a vida superior que anima os seus corpos subtis.
É ela que se encarrega de lhes fazer revelações.
A questão está, simplesmente, em possuir esta vida.
Continua
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