A paz, a verdadeira paz, é impossível perdê-la.
Podem surgir de tempos a tempos algumas agitações, mas não passam de movimentos superficiais: interiormente, profundamente, a paz está lá.
É como o oceano cuja superfície está sempre agitada pelas vagas e pela espuma, mas longe da superfície, nas profundezas, reina a paz.
Quando conseguirdes introduzir a verdadeira paz em vós, as perturbações que possam ocorrer no exterior já não vos perturbarão, porque vos sentireis protegidos como se estivésseis numa fortaleza.
O Salmo 91 diz: «Pois Tu és o meu refúgio, ó Eterno! Tu fazes do Altíssimo o teu retiro.»
Este alto retiro é o Eu superior.
É quando conseguis atingir este ponto, o cume do vosso ser, que conheceis a paz.
Esta paz é uma sensação divina, inexprimível.
Mas, antes de chegar a este estado, quantas vitórias tereis de alcançar sobre as vossas tendências inferiores!
A paz provém, pois, de uma harmonia, de uma consciência absoluta entre todos os factores e todos os elementos que constituem o ser humano.
Mas acrescentarei ainda isto: esta harmonia só poderá existir quando todos esses elementos estiverem purificados.
Se eles não se harmonizarem é porque neles se introduziram impurezas.
Quando um homem tomou um alimento que não lhe era conveniente, não se sente bem, fica irritável; mas. se ele tomar uma purga, a coisa melhorará muito!
As impurezas destroem a paz.
Por isso, para se obter a paz, a primeira coisa a fazer é trabalhar para se purificar, para eliminar todos os materiais que entravam o bom funcionamento do intelecto, do coração e da vontade.
Um verdadeiro Iniciado compreendeu uma única coisa: que o essencial é tornar-se puro, puro como um lago da montanha, puro como o céu azul, puro como o cristal, puro como a luz do sol...
Com esta pureza ele poderá obter tudo o resto.
É evidente que não se pode realizar tão facilmente a pureza, mas pelo menos, é preciso compreendê-la, em seguida amá-la e desejá-la com todas as fibras do seu ser e, finalmente, tentar realizá-la.
Ficai sabendo que, quando se produzem desordens no vosso corpo físico, no vosso coração ou no vosso pensamento, isso acontece porque absorvestes elementos impuros, e "impuros" pode significar muito simplesmente: estranhos.
As impurezas são materiais indesejáveis, porque são estranhos ao organismo humano.
Estes materiais talvez não sejam impuros em si, mas são considerados impuros porque a sua presença no organismo provoca perturbações.
São, pois, nocivos e, deveis desembaraçar-vos deles.
Se estais doentes ou atormentados é porque permitistes que uma impureza se introduzisse em vós, sob a forma de um pensamento, de um sentimento ou de qualquer outra coisa.
Cada impureza, seja no plano mental, no plano astral ou no plano físico, traz perturbações; e quando digo "perturbações" refiro-me ainda ao mal menor, porque as impurezas podem introduzir também o envenenamento, a intoxicação e até a morte.
É necessário pois, purificar-se em todos os planos: no plano físico pelos banhos, pelas purgas, pelas lavagens, pelo jejum, etc., e no plano psíquico pela oração, pela meditação e outros exercícios espirituais.
Só assim obtereis a verdadeira paz.
Só quando conseguir ter a capacidade de vigilância necessária para manter intacto o seu reino, esse reino que ele próprio representa, é que o homem obterá uma paz estável e duradoura.
E o que será esta paz?
Uma felicidade indescritível, uma sinfonia ininterrupta, um estado de consciência sublime em que todas as células estão banhadas num oceano de luz, nadam nas águas vivas e alimentam-se de ambrósia...
Ele vive então numa tal harmonia que todo o Céu se reflecte nele, e começa a ver todos os esplendores que nunca vira antes, porque estava demasiado perturbado, demasiado agitado, e o seu olhar interior, e mesmo o exterior, não se fixavam nas coisas para as ver.
Só a paz permite ver e compreender a presença das realidades subtis, e é por isso que os Iniciados, que conseguiram experimentar a paz verdadeira, descobrem as maravilhas do Universo
Continua
Sem comentários:
Enviar um comentário