Os anais da Ciência Iniciática referem que muitas humanidades desapareceram e que algumas, como por exemplo, a raça dos Atlantes, tinham uma cultura e uma técnica muito mais avançadas do que as nossas.
Elas desapareceram por causa desta tendência da personalidade que impele os seres a quererem dominar e subjugar tudo pela violência.
E, o que é um péssimo presságio para o futuro da humanidade, vê-se esta tendência manifestar-se cada vez mais no mundo actual..
Por toda a parte há Estados ou partidos que querem dominar e esmagar os outros, por toda a parte se fabricam armas cada vez mais numerosas e mortíferas.
Se existe uma indústria onde não há falta de trabalho é justamente a das armas: todos os países as fabricam para seu próprio uso e para as vender aos outros.
Presentemente, a África está cheia de armas que outros países lhe venderam; estes países estão contentes, enriqueceram, mas como é possível eles não pensarem que um dia sofrerão as consequências catastróficas destas vendas de armas?
A Inteligência Cósmica, que vive na eternidade, não se preocupa com mais uma humanidade ou menos uma humanidade.
Já desapareceram tantas outras que, se esta também desaparecer por sua própria culpa, isso não a perturbará muito: com os poucos indivíduos que ficarem, ela preparará uma nova.
Cabe-nos a nós não nos destruirmos.
Se, obstinadamente, tudo fizermos para ser destruídos, a Inteligência Cósmica ficará imperturbável, não intervirá, deixar-nos-á agir nesse sentido.
A humanidade chegou a um grau de desenvolvimento muito elevado, é evidente, e este desenvolvimento deve-o ao intelecto.
Por si mesmo, o intelecto é neutro, não é bem nem mal orientado, mas quando ele é dirigido pela personalidade - o que acontece na maioria dos casos - esta tem nele o meio mais eficaz de realizar os seus projectos mais perniciosos.
Graças ao desenvolvimento extraordinário das faculdades intelectuais, a personalidade conseguiu manifestar cada vez melhor as suas piores tendências: querer açambarcar tudo e suprimir aquilo que lhe resiste.
E quando eu ouço os discursos de alguns representantes dos partidos políticos ou dos sindicatos, digo para comigo: «Meu Deus, mas o que é que eles imaginam! Jamais as suas actividades darão resultados. Porquê? Porque não são exemplos, não são modelos, têm ambições, ideias preconcebidas, neles é a personalidade que governa.»
Vós direis que eles são muito inteligentes, que sabem falar...
É certo, mas isso não basta.
Eles conhecem a política, a História, a economia, mas são dirigidos pela personalidade.
Quando a individualidade vier comandar, então sim, poderão realizar alguma coisa.
Mas terão eles sequer a ideia de que existe neles uma natureza superior que deve tomar tudo em mãos?
Nenhum homem pode tornar-se um bom chefe de governo enquanto tiver impulsos, projectos ditados pela ambição, pelo interesse, pela vaidade ou pelo desejo de vingança...
Nestas condições, jamais ele poderá trazer a felicidade ao seu povo.
Oh! Claro, para deitar poeira nos olhos, a fim de que não se veja os seus verdadeiros motivos, todos encontram frases magníficas, como a questão da salvação da pátria, a felicidade dos homens, uma verdadeira justiça, e assim por diante.
Mas a realidade, eles não podem dizê-la: se eles se apresentassem sinceramente, tal como são, com as suas cobiças, a sua vontade de dominar, ninguém os aceitaria.
Eles sabem-no, e é por isso que intrujam, mentem, enganam.
No passado, sim, homens como Gengis Khan, Átila, Tamerlão, podiam obter tudo o que queriam, mesmo mostrando-se exactamente como eram.
Eram outras épocas, outras mentalidades, e quanto mais um chefe se mostrava cruel, injusto, implacável, mais hipóteses tinha de triunfar.
Mas agora não se pode.
Há que dissimular-se por detrás de objectivos aceitáveis, razoáveis, generosos até, senão está-se perdido.
É por isso que, actualmente, se trabalha para adquirir maneiras convenientes a fim de produzir um bom efeito diante do público, a fim de atrair melhor as vítimas e, uma vez atraídas, hop!, engoli-las.
É fácil: estas vítimas não têm intuição, nem inteligência, nem conhecimentos.
Com alguns métodos e tempo, mesmo um desonesto pode convencer quase seja quem for, com a condição de não mostrar as suas verdadeiras intenções.
Para encontrar seres que tenham objectivos verdadeiramente desinteressados, há que dirigir-se a grandes Iniciados que deram provas, que se purificaram, que sofreram, mas que venceram e triunfaram.
Se não for o caso, mais vale desconfiar um pouco.
Se, num homem, a natureza superior venceu a natureza inferior, podeis ter confiança nele, mas nunca antes.
Antes, o que quer que ele vos diga, desconfiai!
E também em relação a mim, não vos digo que tenhais confiança, que acrediteis, que me sigais.
Digo-vos somente: «Vinde viver comigo, vinde verificar...»
E se, depois de me terdes observado durante meses ou anos, pensardes que podeis confiar, então sereis livres de me seguir.
Mas eu, desde o primeiro dia, jamais vos pedi que me seguísseis.
Continua
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