Um grande Mestre, um grande Iniciado, é um ser que conhece a estrutura do homem e da Natureza, assim como as trocas que deve fazer com ela por intermédio dos seus pensamentos, dos seus sentimentos e dos seus actos.
É por isso que os Orientais dizem que se aprende mais permanecendo cinco minutos junto de um verdadeiro Mestre que frequentando durante vinte anos a melhor Universidade do mundo.
Junto de um Mestre aprende-se a ciência da vida, porque todo o grande Mestre traz em si a verdadeira vida.
A grande diferença entre os estudos que se fazem na Universidade e os que se fazem numa Escola Iniciática está, em que na Universidade aprende-se tudo o que é exterior à vida e, vários anos após esses estudos, continua-se tal e qual como antes, com as mesmas fraquezas, as mesmas imperfeições.
É possível que seja um cientista distinto e célebre, que se tenha aprendido a manipular instrumentos, a fazer citações, a usar correctamente a sua língua e mesmo a ganhar dinheiro, mas as possibilidades de deformar a mentalidade dos outros também aumentaram.
Aqueles que estudam a Ciência Iniciática constatam, pelo contrário, após um certo tempo, uma transformação profunda em si mesmos: o seu discernimento e a sua força moral aumentaram e eles são uma benção para os outros.
Estudar na Universidade é analisar um fruto em laboratório com a ajuda de todos os processos físicos e químicos; é aprender de que elementos se compõem a pele, a polpa, as pevides, o sumo, mas sem provar o fruto, sem nunca o descobrir com a ajuda dos instrumentos naturais que Deus colocou à nossa disposição, sem sentir os seus efeitos.
A Ciência Iniciática talvez não vos ensine nada sobre a composição física do fruto, mas ensinar-vos-á como comê-lo, e pouco depois aperceber-vos-eis de que todos os vossos maquinismos interiores estão em actividade, vivificados, equilibrados.
Nessa altura podereis lançar-vos no estudo do grande livro da Natureza; nele descobrireis os aspectos físicos, químicos, astronómicos, etc., melhor explicados que nas obras dos universitários, e vereis como eles estão relacionados.
É útil aprofundar certas disciplinas, cada uma delas revela-nos um aspecto do Universo e da vida, mas, dada a forma como se estuda actualmente, só se penetra no lado morto das coisas.
Um dia perceber-se-á que é necessário vivificar as ciências, quer dizer, descobri-las em todos os domínios da existência.
Nessa altura, as fórmulas matemáticas, por exemplo, as formas e as propriedades geométricas, falarão uma outra linguagem, e descobrir-se-á que se trata das mesmas leis que regem os nossos pensamentos, os nossos sentimentos e os nossos actos.
É esta ciência que eu considero a verdadeira ciência.
De momento, conhece-se bastante de astronomia, de anatomia, de matemática... sem ligar estas ciências entre si e sobretudo sem as ligar ao homem, à sua vida.
Dou-vos um exemplo.
Julgais que conheceis as quatro operações: adição, subtracção, multiplicação e divisão.
Mas na realidade, não as conhecereis enquanto não souberdes que o que adiciona em vós é o coração.
O coração só sabe adicionar, ele junta sempre e por vezes mistura tudo.
O que subtrai é o intelecto.
Quanto à multiplicação, ela é a actividade da alma, e a divisão é a do espírito.
Considerai o homem ao longo da sua existência.
Quando é muito pequeno, toca, apanha e leva à boca tudo o que encontra.
A infância é a idade do coração, da primeira operação, a adição.
Quando a criança se torna adolescente, o seu intelecto começa a manifestar-se e começa a rejeitar tudo o que é inútil, pernicioso ou desagradável: subtrai.
Mais tarde, lança-se na multiplicação, é por isso que a sua vida se povoa de mulheres, de crianças, de casas, de sucursais, de aquisições de toda a espécie...
Finalmente, torna-se velho, pensa que brevemente passará para o outro mundo e escreve o seu testamento, onde distribui os seus bens a uns e a outros: divide.
Começa-se por acumular; em seguida, rejeita-se muitas coisas.
O que é bom, deve-se plantá-lo para o multiplicar.
Quem não sabe plantar os pensamentos e os sentimentos não conhece a verdadeira multiplicação, ao passo que quem sabe plantar, em breve vê brotar toda uma colheita e depois pode dividir, quer dizer, distribuir os frutos colhidos.
Na nossa vida somos continuamente colocados perante as quatro operações.
Algo se agita no nosso coração que não conseguimos subtrair; ou o nosso intelecto rejeita um amigo verdadeiro sob o pretexto de que não é um cientista nem tem uma boa posição.
Por vezes multiplicamos o que é mau e pomos de parte o que é bom.
Devemos começar pois, por estudar as quatro operações na própria vida.
Em seguida poder-se-á abordar as potências, as raízes quadradas, os logaritmos... mas actualmente devemos limitar-nos a estudar as quatro operações, pois até ao momento nem sequer aprendemos a adicionar e a subtrair convenientemente.
Por vezes fazemos uma adição com um verdadeiro malfeitor ou subtraímos da nossa cabeça um bom pensamento, um alto ideal, porque a primeira pessoa que aparece diz-nos que com ideias semelhantes é garantido que morreremos de fome.
Continua
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