II
Evidentemente, quando se escuta as minhas conferências e se está ao corrente de todos os acontecimentos que se dão actualmente no mundo, acha-se que os assuntos de que eu falo não têm qualquer relação com a actualidade.
As pessoas pensam: «Mas o que é que ele está para ali a dizer?! Se ele soubesse o que se passa na Polónia ou no Líbano ou mesmo em França, não nos falaria de coisas tão insignificantes.»
Ora aí está, ninguém compreende nada porque aquilo de que eu vos falo, pelo contrário, está na base de tudo: são métodos, meios, chaves, para resolver todos os problemas da existência.
Se eu me pusesse a falar-vos dos acontecimentos, de que serviria isso?
Já há tanta gente que fala deles, sem que isso traga soluções!
São apenas constatações, estatísticas, notícias, que jamais servirão para mudar alguma coisa, e só Deus sabe se são exactas!
Por isso, eu deixo todas essas questões para os outros e ocupo-me do essencial, daquilo que será válido eternamente.
O ser humano tem um corpo físico, uma vontade, um coração, um intelecto, uma alma e um espírito, e a questão é esta: como é que ele deve trabalhar com estes elementos com os quais terá sempre de se haver?
Sim, sejam quais forem os acontecimentos, o ser humano será eternamente colocado diante dos mesmos problemas: como pensar, sentir, agir, amar, criar...
Eu escolhi pois, o assunto mais importante: o ser humano.
Os outros não vêem esta importância; perdem tempo e energias com histórias que todos esqueceram pouco tempo depois.
Sim, é extraordinária esta tendência que as pessoas têm para se interessarem sempre por coisas efémeras!
Um novo governo, por exemplo: eis algo de que se ocupam com paixão...
Mas quanto tempo vai durar esse governo?
Alguns meses depois será substituído e eles terão de ocupar-se de um outro.
E os partidos políticos... alguns aparecem e outros desaparecem ou mudam de nome e, se não conhecerdes os seus nomes e os daqueles que estão à sua frente, ficareis muito mal vistos.
Lá que não conheçais nada do mundo divino, isso não tem a menor importância, mas não estar a par das zangas entre os dirigentes políticos, do que eles dizem na televisão, isso é grave...
Mas é miserável, é lamentável, o que é que essas histórias podem realmente trazer aos humanos, para o seu verdadeiro futuro, isto é, para a sua paz, para a sua luz, para a sua imortalidade?
Vós direis: «Mas nós queremos ajudar o nosso país!»
Não podeis ajudá-lo dessa maneira, jamais se pôde ajudar os humanos desse modo.
Imagina-se que se lhes dá alguma ajuda...
Não, não são estas discussões e estas zangas políticas que podem ajudá-los.
Tudo isso jamais trouxe coisa alguma, salvo descontentamentos, fúrias, greves, revoluções.
O que é que a política melhorou?
Os hospitais estão cheios de doentes, os tribunais cheios de processos, e muito em breve será preciso um polícia por habitante.
Encontrareis milhares de pessoas no mundo que colocam a política acima de tudo.
Dia e noite, elas não se ocupam de outra coisa, mas que soluções encontraram elas?
Nenhuma, excepto a de pertencerem a um partido.
Pertencer a um partido, isso sim, é glorioso, é fantástico, toda a glória reside nisso.
Mas esse partido irá realmente resolver os problemas?
Será que ele está no bom caminho, no caminho da verdade?
Ninguém se preocupa com isso.
Uma vez inscrita nesse partido, a pessoa sente-se inchada, forte, segura de si.
Mas muitas vezes este orgulho não dura muito, porque se o partido não alcança a vitória, lá começam os seus membros a desinchar.
Toda a sua glória não passa de uma bola de sabão.
Será que estais de acordo comigo?
Não, não creio.
Bom, como quiserdes.
Mas ficai sabendo que todas estas tendências que se vê manifestarem-se neste momento, são mais ou menos, tendências para a anarquia.
Se as pessoas pudessem dar-se conta do quanto estão afastadas da verdade!
Mas elas gostam de se enganar, de ter ilusões, mesmo que isso não sirva para nada; elas agitam-se para darem a si próprias a impressão de que fazem alguma coisa.
Pelo menos mexem-se, não ficam inactivas.
Há que estar activo, é claro, mas elas que escolham a melhor actividade!
Continua
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