domingo, 22 de março de 2015

O QUE TODO O HOMEM POLÍTICO DEVERIA SABER (Cont.V)

Ide pôr-vos a falar de política onde quer que seja, na rua, no comboio, e vereis: os jovens, os velhos, todos vos darão o seu ponto de vista.
Meu Deus, vivendo uma vida tão limitada, tão pessoal, que ideias poderão eles ter?
E se escutardes os dirigentes dos partidos políticos ouvireis que cada um acusa o outro de trabalhar para a ruína da nação e a infelicidade dos cidadãos, ao passo que ele só pensa na pátria, vive exclusivamente para a pátria.
Será mesmo sincero o que eles dizem, será verdadeiramente no interesse do país e dos compatriotas que eles falam ou é por eles mesmos, para serem eleitos?
Uma vez eleitos, logo se verá!
Infelizmente, só se verá o que já se viu.
É porque ninguém se entende sobre este "interesse do país" que há tantos partidos, e cada vez há mais.
Mas para que servem todas estas divisões?
É preciso ver o conjunto, um fim único a atingir, um fim definitivo, e não deter-se num ponto particular e bater-se por objectivos que em breve serão substituídos por outros.
Eu não digo que todos estão enganados, não; cada um, do seu ponto de vista, tem razão.
Mas, face ao conjunto, todos cometem erros.
Um egoísta que não presta atenção aos interesses dos outros, arranja as coisas de maneira a satisfazer os seus desejos e as suas cobiças e, fatalmente, os outros censuram-no; e ele não compreende, porque para ele tudo era legal, tudo era perfeito, tudo era lógico.
É o que se passa também com os partidos políticos.
Tudo o que eles dizem é absolutamente verdadeiro, lógico, segundo o seu ponto de vista, mas em relação ao ponto de vista da totalidade, ao ponto de vista universal, não é assim tão verdadeiro.

Quando uma criança quer qualquer coisa, está convencida de que ten razão e fica admirada por os pais se oporem aos seus desejos.
Segundo o grau de compreensão a que a criança chegou, o que ela deseja é absolutamente lógico e legítimo!
Mas eis que ela constacta que outras pessoas, más, incompreensivas, lhe põem obstáculos, e fica revoltada.
É exactamente o que se passa com o mundo inteiro.
Cada um puxa a brasa à sua sardinha: «Na minha opinião é assim, na minha opinião é assado»...
Sim, mas este "na minha opinião" é tão limitado!
É preciso, agora, que cada um alargue a sua inteligência e seja capaz não só de julgar as coisas segundo a sua opinião, segundo o seu ponto de vista e os seus desejos individuais, mas também de se colocar na situação dos outros para modificar ou completar esse ponto de vista.
Nessa altura, descobrir-se-á a verdade e ver-se-á que todos têm razão sem terem razão, isto é, têm razão do ponto de vista da sua compreensão, mas não do ponto de vista da colectividade cósmica.

Enquanto o homem não possuir uma consciência ampla e impessoal, verá as coisas segundo ele mesmo, e a "sua" verdade não passará de um pedaço da verdade.
Portanto, todos os partidos políticos se equivocam, porque cada um só vê as coisas do seu ponto de vista.
Se pudessem ver a realidade, não teriam tanto orgulho em si próprios.
Todos aqueles que não tentam chegar a um ponto de vista universal se enganam e, mais dia menos dia, será a própria vida a mostrar-lhe que estavam enganados.

Eu não sou contra a política, mas compreendo-a de uma maneira diferente.
Se se dá o poder a alguém que não conhece a estrutura do ser humano, nem a maneira como ele está ligado a todas as forças cósmicas, como quereis que esse ser possa trazer algo verdadeiramente bom ao seu país?
Se ele não realizou esta ligação em si próprio, como quereis que a realize para uma nação?
Como é que um ignorante poderia instruir os outros, um fraco suportar as cargas dos outros ou um impuro purificá-los?
É impossível!
Pois bem, também é impossível que os políticos façam a felicidade dos outros se não forem instruídos numa Escola Iniciática: aí, ser-lhes-á ensinado que, para se ser um verdadeiro homem político, é preciso, antes de mais, conhecer profundamente o ser humano e a Natureza, respeitar as leis divinas e não ter qualquer ambição, qualquer paixão pessoal.

Continua

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