quinta-feira, 19 de março de 2015

O QUE TODO O HOMEM POLÍTICO DEVERIA SABER (Cont.II)

O que é triste é que, durante a sua adolescência, muitos têm o desejo de trabalhar para um ideal, de fazer grandes sacrifícios, de se conduzir como cavaleiros: mas, ao fim de algum tempo, pelo contacto com a realidade, sob a pressão daqueles que os rodeiam e que os aconselham a ser "racionais", "inteligentes", eles renunciam, nivelam-se, tornam-se como os outros.
Vê-se isso por toda a parte: as pessoas têm bons desejos, bons impulsos, só que não encontram instrutores, modelos, para as apoiar, as aconselhar e as impedir de voltar atrás, e então, por causa de todos os pequenos inconvenientes, por causa das troças, das zombarias, ao fim de algum tempo tornam-se como as feras que os rodeiam.

Mas suponde que, no futuro, venham a existir criaturas que lutam, que sacrificam tudo para conseguir realizar um ideal sublime; vereis como depois elas serão procuradas, apreciadas, amadas.
E é assim que o Reino de Deus poderá vir à terra.
Se Ele ainda não veio é porque a maioria daqueles que governam no mundo não têm um alto ideal.
Eles não querem fazer figura de estúpidos nem de loucos, alimentando objectivos tão sublimes, percebeis?
Preferem aproveitar-se da situação.
Mas se, um dia, alguns se decidirem a realizar este ideal aconteça o que acontecer, então acreditai, será o verdadeiro poder, a verdadeira luz, a verdadeira beleza.

Só os sábios, os Iniciados, os grandes Mestres que subjugaram a sua personalidade puderam deixar a sua natureza divina manifestar-se e legar à humanidade uma obra inolvidável, eterna, indelével.
Tais seres sempre existiram - a História recorda-no-los -, mas eles são demasiado poucos em comparação com todas essas personalidades que povoam a terra e dão livre curso aos seus instintos inferiores: a cupidez, a hostilidade, a vingança.
Quando semelhantes seres têm responsabilidades políticas num país, não podem deixar de fazer vítimas.
É por causa dessa filosofia da personalidade que as guerras nunca acabarão.
Enquanto os humanos não mudarem de filosofia, jamais poderão ocorrer verdadeiras melhorias: haverá sempre, em alguma parte do mundo, guerras e miséria.

Se o Reino de Deus ainda não veio à terra, é porque todos trabalham para uma política inspirada pela personalidade.
Sim, quando eu analiso os objectivos da política, verifico que eles são sempre medíocres.
Ah! evidentemente, são apresentados com uns quantos adornos, uns quantos ornamentos, para impressionar o grande público.
Mas, na realidade, muitas vezes isso equivale a dizer: «Levanta-te, para eu me sentar no teu lugar!»
São todos iguais!
Mas, pouco a pouco, as pessoas compreenderão que não se pode fazer violinos com qualquer madeira, é preciso encontrar a madeira conveniente.
Sim, os homens políticos devem ser preparados, instruídos nas Escolas Iniciáticas, senão continuarão a arrastar os povos para a catástrofe.

Quais são, realmente, as intenções ocultas de todos esses indivíduos que aparecem em público, que falam, que gesticulam, que fazem discursos retumbantes?
As pessoas atropelam-se para os ouvir e, como não têm qualquer clarividência, ficam embaladas, aplaudem, seguem-nos.
É assim que os cegos são guiados por outros cegos.
Mas vós sabeis o que se diz: «Com cegos a conduzir outros cegos, caem todos no precipício.»
Infelizmente, é sempre demasiado tarde, quando as catástrofes já aconteceram, que se dá conta desta cegueira geral.
Vede o caso de Hitler, de Estaline, e de tantos outros: que carrascos, que montros!
E houve multidões que os seguiram e os aclamaram...

Eu também trabalho para uma política, mas uma política que não é inspirada pela personalidade.
O que é triste é que ainda há muito pouca gente preparada para apreender estas ideias.
Ide falar às pessoas de uma política inspirada pela individualidade, pela generosidade, pelo desinteresse, pela luz: ninguém vos seguirá.
Mas falai-lhes em destruir, em incendiar, e imediatamente isso irá agradar a milhares de pessoas.
Por isso - desculpai que o diga -, os humanos ainda precisam de sofrer.
Sim, não há outra explicação: os humanos ainda precisam de sofrer, e um dia, por causa destes sofrimentos, encontrarão o caminho.
Pensais que eu sou cruel?
Não, sinto-me triste ao dizê-lo, mas os humanos têm necessidade de sofrer para compreender.
A prova está em que, quando se apresenta um enviado do Céu que pode esclarecê-los e ajudá-los, eles não o escutam!
E não só não o escutam, mas ainda o encarceram, o queimam ou o crucificam.
Mas quando se trata de um monstro que vai fazê-los sofrer acolhem-no de braços abertos, aclamam-no e dão-lhe todos os poderes para os destruir.
Estudai a História e vereis que os humanos procuram aqueles que os fazem sofrer.

Continua

Sem comentários:

Enviar um comentário