domingo, 15 de março de 2015

PARA UMA MELHOR COMPREENSÃO DA PAZ (Cont. III)

A paz tal como geralmente é compreendida não é a verdadeira paz.
Se, por alguns minutos ou algumas horas, não sentis interiormente nem agitação nem desordem, isso não é ainda a paz, porque não é um estado duradouro.
Uma vez que a verdadeira paz se instale, não mais a podereis perder.
Sim, a paz não é somente sentir-se bem, calmo e sem preocupações durante uns momentos, é algo mais profundo, muito mais precioso...
A paz, como vos disse, é um resultado.
Quando os instrumentos de uma orquestra estão perfeitamente afinados, quando todos os músicos, à força de tanto terem trabalhado com o maestro que os dirige, o conhecem, gostam dele e lhe obedecem, resulta daí uma extraordinária harmonia.
No ser humano, a paz é também uma harmonia, uma sintonia perfeita entre os elementos, as forças, as funções, os pensamentos, os sentimentos, as actividades.
Esta paz profunda, inexprimível, é muito difícil de obter, porque para isso são necessários a vontade, a paciência, o amor e um grande saber.
Só quando o discípulo começa a apreender e a compreender a natureza e as propriedades de cada elemento, de cada pensamento, de cada sentimento, de cada desejo, a fim de nunca introduzir em si nada que possa perturbar a sua harmonia interior e, finalmente, quando ele consegue eliminar do seu organismo tudo o que não vibra em uníssono, é que ele obtem a paz.
Se fumardes, se comerdes e beberdes não importa o quê, introduzireis no vosso organismo certos elementos nocivos que vos tornam doentes e, não podereis ter paz.
Se tiverdes dores de dentes, se tiverdes cólicas ou palpitações, como quereis ter paz?
Introduzistes em vós partículas que provocam obstruções ou fermentações e agora é preciso eliminá-las.
Esta lei aplica-se também no domínio psíquico.

Enquanto ignorardes a natureza dos vossos sentimentos, dos vossos pensamentos, dos vossos desejos, das vossas paixões, dos vossos instintos, e os respirardes e vos alimentardes deles sem saber se vos farão bem ou mal, nunca estareis em paz.
A paz é, pois, a consequência de um saber profundo sobre a natureza dos elementos de que o homem se alimenta em todos os planos.
E a par deste saber, bem entendido, como tenho vindo a dizer-vos, é necessária uma grande atenção, uma vontade poderosa para nunca deixar que se introduzam elementos perturbadores.
Os Iniciados dão tanta importância à pureza porque verificaram há muito tempo que, à menor impureza no seu corpo físico, nos seus sentimentos ou nos seus pensamentos, perdiam a paz.

A paz, como acabo de dizer-vos, é o resultado de uma harmonia entre todos os elementos que constituem o homem: o espírito, a alma, o intelecto, o coração, a vontade e o corpo físico.
E ela é tão difícil de obter justamente porque estes elementos raramente estão em harmonia.
Determinado homem tem pensamentos lúcidos, sábios, mas eis que o seu coração, onde se introduziu um sentimento inferior, o pressiona a fazer disparates.
Ou se ele está animado dos melhores desejos, é a vontade que está paralisada.
Como quereis que, nestas contradições, ele se sinta em paz?
A paz é a última coisa que o homem pode obter.
Mas quando, após toda a espécie de sofrimentos e lutas, de reveses e de vitórias, ele consegue finalmente fazer triunfar a sua natureza divina sobre todas as revoltas e todos os alaridos da sua natureza inferior, então, e só então, ele pode encontrar a paz.
Antes, talvez consiga viver momentos deliciosos, mas isso não dura muito.
Assim, ouve-se muitas pessoas dizerem: «Perdi a paz.»

Continua

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