quarta-feira, 4 de março de 2015

O CASAMENTO

I
Muito antes de ter sido instituído entre os humanos, o casamento já existia na Natureza.
O casamento é um fenómeno cósmico que se celebra, antes de tudo, no mundo sublime, entre o Pai Celeste e a sua esposa, a Mãe Divina.
E os humanos, que são criados à imagem de Deus, são naturalmente levados a repetir esse processo cósmico e todos procuram um outro ser para se unir a ele.
Mas os cristãos estão ainda longe de compreender isto; para eles, o Pai Celeste não é casado.
Tem um filho, mas é solteiro!
Todas as outras religiões aceitam que o Senhor tenha uma esposa, só o cristianismo é que não.
Mas será que este cristianismo manteve o verdadeiro ensinamento do Cristo?
Essa é que é a questão.
Segundo a Cabala, Deus tem uma esposa, Shékina, que é a quinta essência saída d'Ele próprio e sobre a qual Ele trabalha para criar os mundos.
Os cristãos pensam que diminui o Senhor dizer que também Ele é casado.
Então, por que é que Ele permitiu aos humanos que o fizessem?
Onde é que eles foram buscar esta ideia do casamento?

«Tudo o que está em baixo é como o que está em cima», disse Hermes Trismegisto, isto é, tudo o que está em baixo, nos humanos, é como o que está em cima, no Céu.
Todas as nossas manifestações têm o seu modelo em cima, no mundo divino.
Evidentemente, o que Deus é ninguém o sabe.
É Absoluto, o Não Manifestado, Ele não tem corpo nem aparência.
Mas, quando quis manifestar-se, exprimir-se no mundo objectivo, Deus polarizou-se, e foi graças a esta polarização em espírito (o esposo) e matéria (a esposa) que Ele pôde criar.
Os dois polos agiram um sobre o outro e de todas estas "acções" nasceu o mundo, todo o Universo.
O espírito e a matéria parecem ser absolutamente distintos, mas, na realidade, são uma e a mesma coisa, e é somente por um fenómeno de polarização que parecem diferentes e até opostos.

O verdadeiro casamento é, pois, o do espírito com a matéria; é deste casamento que nasce toda a Criação.
Esta casamento existe em cada átomo e, quando se separa o "marido" da "mulher" pela fissão, esta separação pulveriza tudo.
Casados, eles vivem em paz e criam; separados pela força, produzem explosões.
Se o espírito não estivesse unido à matéria, esta não teria forma.
É o espírito que lhe dá forma, que a trabalha.
E, como tudo se reflecte exactamente, vê-se o mesmo fenómeno ocorrer entre o homem e a mulher.
O homem dá forma à mulher.
Este processo reflecte-se por todo o lado, em toda a Criação, desde os átomos até à criatividade do padeiro que trabalha a massa.

Continua

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