Na realidade, quer se espere quer não, quer se saiba discernir quer não se saiba, seja o que for que se faça, enquanto não se estiver preparado será sempre um revés.
Para se casar é preciso estar preparado.
Quem é que vos aceitará se não estiverdes preparados?
Direis: «Sim, mas eu quero casar-me com uma princesa, com a raínha do céu...»
E ela querer-vos-á?
Quando se é fraco, ignorante, idiota, incapaz, só se pode encontrar uma mulher à sua medida.
Ou consideremos o caso de uma jovem encantadora, mas que nem sequer sabe exprimir-se claramente, que não é capaz de compreender o seu amado, de o encorajar, de o divertir ou de o consolar; ela conta só com o seu corpo.
Pois bem, esse homem cansar-se-á dela rapidamente e deixá-la-á, porque ela não pode dar-lhe nada de subtil para a sua alma e para o seu espírito.
Mesmo que esta moça encontre o melhor dos rapazes, isso torná-la-á ainda mais infeliz, por ver que não tem nada, interiormente, que possa satisfazê-lo.
Ele talvez tenha gostos artísticos, espirituais, mas ela não, e então sofrerá por sentir que ele a ultrapassa tanto.
Se nada fizeste para estar à altura da situação, é preferível que não vos calhe um príncipe ou uma princesa.
A primeira coisa a fazer é preparar-se para estar à altura daquilo que vier.
Senão, mesmo com os melhores seres, a coisa não resultará.
Eles deixar-vos-ão para ir ter com outras criaturas mais inteligentes, mais dotadas, e a vós só restará chorar.
Portanto, preparai-vos, adquiri tantos tesouros, tantas pedras preciosas, isto é, tantas qualidades, tantas capacidades, que ninguém possa igualar-vos.
Então, sim, o ser que amais ficará junto de vós.
Por que é que ele iria procurar alguém noutro lado?
Mas as pessoas nunca põem a questão nestes termos.
Uma moça quer conquistar um certo rapaz e, à custa de manigâncias, consegue-o.
Bem, mas como é que ela vai mantê-lo?
Eis a questão.
Se ela não tiver qualquer riqueza interior, não ficará com ele por muito tempo.
Portanto, tem de preparar-se...
Preparar-se durante anos.
Vós direis:«Mas, entretanto, vão aparecer-me rugas...»
Isso não tem importância, talvez tenhais rugas exteriormente, mas sereis tão jovem e tão bela interiormente que o príncipe ficará convosco.
Antes de vos comprometerdes em qualquer aventura amorosa, aprendei os critérios da Ciência Iniciática.
É preferível que espereis, que tenhais paciência, até encontrardes, finalmente, o ser com o qual estejais em afinidade, um ser que vos seja complementar sob todos os pontos de vista, mesmo do ponto de vista mágico.
Então, sim, podereis ligar-vos a ele, casar e ter filhos.
Se não encontrardes esse ser complementar, não valerá a pena tentar a aventura com qualquer um, porque isso sai muito caro.
Esperai, procurai, e quando o tiverdes encontrado, sentireis que tudo em vós vibra em uníssono com o Céu, num amor como só os poetas podem descrever.
Mas ir fazer dez, vinte, cem experiências, deteriorar-se, sujar-se, ter grandes escorregadelas, é verdadeiramente lamentável; é melhor até, recusar-se a experimentar.
Se se quer encontrar o amor, que seja um amor verdadeiro, ou então que não seja nada!
Como eu já vos disse, o casamento é um reflexo do maior mistério que se celebra no Alto, entre Deus e a sua esposa, a Natureza, Ísis.
E, por isso, o que os humanos têm feito até agora, cegamente, inconscientemente, doravante devem fazê-lo compreendendo todo o seu sentido profundo.
O marido aprenderá como pode transmitir à mulher as qualidades do Pai Celeste e a mulher ganhará consciência de que pode levar até ao seu marido as qualidades da Mãe Divina.
E assim, com a consciência recíproca de que devem dar e proporcionar ao outro tudo o que ele não tem, amar-se-ão eternamente.
E até, quando forem muito, muito velhos, amar-se-ão melhor do que no primeiro dia do seu casamento.
Porque já não é a carne, o corpo, que eles amarão, mas a alma, o espírito.
Que importa que o corpo esteja todo enrugado, envelhecido?...
Por detrás das rugas irradia uma alma magnífica.
E uma alma não tem preço!
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