segunda-feira, 23 de março de 2015

O QUE TODO O HOMEM POLÍTICO DEVERIA SABER (Cont.VI)

Todos falam em servir a pátria, mas muitas vezes, isso não passa de palavras; é sobretudo na sua algibeira que pensam, no seu prestígio, no seu poder, e têm botas, unhas e dentes para abrir caminho e chegar ao primeiro lugar.
Ao passo que outros, que são mais competentes mas não têm essas botas nem essas unhas, ficam na sombra.
Eu não sou contra a política, mas para mim a única política válida é a dos Iniciados, que estudaram a natureza humana, as suas forças, as suas fraquezas, as suas necessidades e as condições espirituais, afectivas, morais e económicas em que ela pode expandir-se.
Enquanto não se possuir estes conhecimentos, a política só poderá conduzir a confrontos sangrentos.

E vede: mesmo Karl Marx, que é tão glorificado, tão enaltecido, tão seguido, pois bem, também ele falirá, dentro de algum tempo, com toda a sua companhia.
Sim, porque não se resolve todos os problemas dos humanos pela luta de classes, pela colectivização dos meios de produção, etc.
Lá que Karl Marx foi um génio, é certo, ninguém o pode negar, mas ele não previu tudo, que ele não viveu uma vida divina, que ele não foi um Iniciado, também é certo.
Eu reconheço que é necessário haver pessoas qualificadas em cada domínio da vida económica e social, mas acima de tudo, é necessário que, à cabeça, estejam Iniciados que talvez não saibam nada de tudo isso, mas que conhecem o essencial.
Estais admirados?
Considerai o meu caso, para exemplo.
Não existe na terra um homem que seja tão ignorante como eu no domínio da organização, da economia, das finanças.
Eu não sei nada.
E o que é que sei?
Muito bem, uma coisa.
Uma só, mas essencial: como fazer correr a água, apenas isso.
E depois a água encontrará o seu caminho.
Nessa altura surgirá e desenvolver-se-á toda uma cultura: as plantas, os animais, os homens...
É preciso fazer correr a água, sem se ocupar do resto.
É o que eu faço há anos aqui na Fraternidade: ocupo-me de fazer correr a água, e depois sois vós - sim, vós - que, como as plantas, as aves, as árvores, os animais, os homens, encontrais, cada um, o vosso lugar.
Não me compete a mim encontrar-vos um lugar, não devo ocupar-me disso.
Eu não tenho, pois, qualquer espírito de organização.
Ocupo-me somente da água, porque, se houver água, as coisas organizar-se-ão por elas mesmas.
E esta água é o amor, é a vida!...

Enquanto os homens políticos acreditarem que, para melhorar a situação, basta preparar uma boa organização, criar novas instituições, novas estruturas ou novos postos de trabalho, não chegarão a parte alguma, porque se esqueceram da água!
Tudo o que eles puderem organizar exteriormente revelar-se-á ineficaz enquanto eles não se ocuparem de fazer correr a água.
Por isso, é necessário que haja no topo um ser que possua esta água, este amor, porque nessa altura todos os ramos de todas as actividades saberão como actuar a fim de contribuir para o sucesso do empreendimento.

Pode-se observar muito bem este fenómeno na vida quotidiana!
Vós não sabeis exactamente como agir para concretizar aquilo que tendes a fazer, mas gostais disso, gostais de o fazer, e então conseguis, por causa do vosso amor, porque o vosso amor, esse, sabe desembaraçar-se!
Mas se não tiverdes esse amor, por muito que tenteis, nada feito!
Há mulheres que lêem todos os livros de cozinha e utilizam os melhores ingredientes, mas as refeições que preparam são intragáveis, porque elas não gostam de cozinhar.
Ao passo que outras, sem jamais terem lido uma receita e com alguns ingredientes muito simples, não se sabe como é que elas se arranjaram, mas os seus pratos são suculentos.
Pois bem, é o amor!
É claro que eu não sou propriamente um bebé que não compreende quão complexa deve ser a organização de um país.
Sim, mas para que todo o conjunto funcione, é necessária uma luz, é necessário um amor, é necessário que a água corra, e nessa altura todos serão inspirados e saberão o que devem fazer.

Vede o que se passa numa reunião em que várias pessoas se encontram para decidir sobre um projecto.
Se essas pessoas tiverem amor umas pelas outras, compreender-se-ão, e no fim da reunião tudo estará como deve ser e o projecto realizar-se-á.
Mas se elas vierem sem amor, jamais encontrarão soluções.
É o que acontece frequentemente em muitas assembleias: não há amor, elas reúnem uma vez, duas vezes, três vezes..., dez vezes e, nada sai dessas reuniões, a não ser mal-entendidos, querelas.
Quando se vem verdadeiramente inspirado pelo amor, por vezes bastam cinco minutos para resolver problemas que, sem isso, permanecerão insolúveis durante anos.

Continua

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