sábado, 14 de fevereiro de 2015

HRANI-YOGA (Cont. III)

 Para desenvolver o vosso coração, evitai fazer barulho e perturbar os outros, que também têm necessidade de se acalmar, de se concentrar, de meditar.
Muitos pensam: «Os outros? Mas em que é que isso me beneficia?»
E é por causa desta atitude que toda a gente periclita: porque ninguém pensa nos outros.
Os humanos são incapazes de viver juntos porque não têm nenhum respeito, nenhuma atenção uns pelos outros.
A refeição em conjunto é, pois, uma ocasião magnífica para se desenvolver e alargar a consciência.

Aquilo que assinala que um ser humano é evoluído, é a consciência que ele possui de pertencer a um todo muito mais vasto do que ele, cuja harmonia se esforça por não perturbar com a sua actividade, os seus pensamentos, os seus sentimentos, o seu barulho interior.
Vós direis: «O barulho interior?
Como assim?»
Sim, todo o barulho é o resultado de uma dissonância, e o barulho que nós fazemos interiormente com os nossos tormentos, as nossas revoltas, perturba a amosfera psíquica.
Aquele que faz esse barulho não sabe que isso é muito mau, tanto para os outros como para ele, e que um dia esse barulho aparecerá no seu organismo sob a forma de doença psíquica ou mesmo física.

Quando tocais nos alimentos, pensai também em enviar-lhes o vosso amor; se o fizerdes, eles abrir-se-ão para vos dar todos os seus tesouros.
Reparai nas flores: quando o Sol as aquece, elas abrem-se, e quando ele desaparece, fecham-se.
E os alimentos?
Se não os amardes, eles não vos darão quase nada, fechar-se-ão.
Mas amai-os, comei-os com amor, e eles abrir-se-ão e exalarão o seu perfume, dar-vos-ão todas as suas partículas etéricas.
Estais habituados a comer automaticamente, sem amor, só para preencher o vazio.
Mas procurai comer com amor, e vereis em que estado maravilhoso ireis sentir-vos.
Sei muito bem que é inútil falar de amor à maioria dos humanos, eles não sabem o que é o amor: saudar com amor, caminhar com amor, falar com amor, olhar com amor, trabalhar com amor... não sabem!
Se eles soubessem amar verdadeiramente, todo o Céu estaria com eles.

Portanto, durante as refeições desenvolveis o vosso intelecto e o vosso coração, mas também a vossa vontade, pois ganhais o hábito de controlar os vossos gestos, de calculá-los, de torná-los harmoniosos... E o gesto pertence ao domínio da vontade.
Nos dias em que vos sentis nervosos, considerai as refeições como uma ocasião para aprender a ficar calmo; mastigai lentamente, tomai atenção aos vossos gestos: alguns minutos depois, tereis recuperado a calma.
Existem remédios muito simples contra o nervosismo.
Se estiverdes agitados quando começais a falar ou a trabalhar e não fizerdes nada para vos acalmar, continuareis agitados durante o dia inteiro e todas as vossas energias se esgotarão porque  vos haveis esquecido de «fechar as torneiras»...
Neste caso, detei-vos durante um minuto, não faleis, deixai-vos estar quietos... depois, recomeçai com um novo ritmo, com uma nova orientação.
É durante as refeições que se deve começar a aprender o auto-controle, o auto-domínio.
Portanto, exercitai-vos vigiando os gestos que fazeis ao comer, para que não façais barulho absolutamente nenhum.
Eu sei que aquilo que estou a pedir-vos é quase o que há de mais irrealizável, mas vós consegui-lo-eis e todos aqueles que vierem aqui ficarão estupefactos.
Dirão:«É impossível, não acredito naquilo que os meus olhos vêem!»
E eu responderei: «Pois bem, pelo menos acreditai nos vossos ouvidos!»

Uma vez que tenhais comido em silêncio e em paz, mantereis esse estado durante o resto do dia.
Mesmo que tenhais de andar a correr a torto e a direito, basta um simples momento de paragem para que sintais que a vossa paz interior se mantém.
Sim, porque comestes correctamente.
De outro modo, podeis fazer o que quiserdes: repousar, tentar falar calmamente... continuareis agitados, perturbados, trémulos.

Continua
OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


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