Na realidade, aquilo a que ele chama Deus é a sua parte complementar com a qual procura unir-se, fundir-se, para se tornar uma entidade acabada, perfeita.
Até esse momento, ele sente-se um ser incompleto, mutilado.
Todos os seres procuram o seu princípio complementar, a que na Ciência Iniciática se chama "alma gémea", para encontrar a plenitude.
Só é diferente a forma como a procuram.
Todo o ser humano tem a sua alma gémea.
No momento em que o homem saiu como uma chispa, uma centelha, do seio do Criador, ele era dois num e essas duas partes complementavam-se perfeitamente; cada uma era o complemento perfeito da outra.
Sim, na origem, o ser humano era ao mesmo tempo, homem e mulher, e a este ser completo é que se deu o nome de "andrógino".
Depois, no decurso da evolução, os dois polos - positivo e negativo - desta unidade dividiram-se; foi então que se deu a separação dos sexos e cada metade evoluiu separadamente.
Estas duas metades só podem reconhecer-se, no decurso da sua evolução, porque cada uma traz a imagem da outra no mais profundo do seu ser: cada uma marcou a outra com o seu selo.
Assim, todo o ser humano possui, dentro de si, a imagem da sua alma gémea.
Esta imagem está muito esbatida, mas existe.
É por isso que cada um vem à terra com a obscura esperança de que encontrará algures uma alma que lhe dará tudo o que ele necessita, e de que entre ele e essa alma haverá uma harmonia e uma fusão indescritíveis.
Todos vós sabeis isto porque nunca deixastes de acreditar que encontraríeis esta alma amada cujo rosto conheceis.
Trazeis essa imagem em vós, mas tão profundamente que não conseguis distingui-la com clareza.
Por vezes, quando encontrais um certo homem ou uma certa mulher, dizeis: «Cá está, encontrei!» como se, de repente, se tivesse produzido uma fusão entre esse ser e a imagem que trazeis em vós; a vossa vida é transformada por ele e fazeis tudo para o encontrar.
Sempre que o encontrais, que lhe falais, tudo se torna maravilhoso, a vida circula em vós, fazeis progressos em todos os domínios.
Mas, depois de um período de intimidade, descobris que esse ser não é, verdadeiramente, aquilo que esperáveis.
Ficais decepcionados e deixai-lo, para recomeçar a busca.
De novo julgais encontrar essa alma gémea num outro ser e jorram a mesma alegria e a mesma inspiração, voltais a amar.
Mas repete-se a mesma história e apercebeis-vos novamente de que não é esse ser que procuráveis.
Isto é tanto verdade para as mulheres como para os homens, ninguém é excepção.
Mas um dia, dar-se-á verdadeiramente o encontro dos dois princípios, porque o amor entre os dois princípios é mais poderoso do que tudo.
Duas almas gémeas são tudo uma para a outra, nenhum outro ser do mundo pode proporcionar-lhes a mesma plenitude.
Portanto, todos os seres que encontrastes desde o começo das vossas múltiplas incarnações, os maridos ou as mulheres que tivestes, os ou as amantes, todos vos deixaram, porque não eram para vós.
Talvez tenhais estado juntos durante um tempo, mas como uma panela e uma tampa que não se adaptam.
Duas almas que Deus criou juntas são absolutamente feitas uma para a outra, nada pode separá-las e não têm receio nenhum de que as separem.
Quando, num casal, um ou outro tem receio de que venham seduzir o parceiro (e, com efeito, nada pode impedir que isso suceda!), é porque esse parceiro não é o seu verdadeiro bem-amado, a sua alma gémea.
Uma mulher ama um homem, mas ele parte com outra; um homem ama uma mulher, mas ela abandona-o...
As almas gémeas, pelo contrário, reconhecem-se com uma certeza absoluta e nunca mais podem deixar-se.
O ser humano encontra a sua alma gémea doze vezes durante todas as suas encarnações terrestres.
Mas, na maior parte das situações, este encontro provoca a morte, porque as condições de existência na terra se opõem à realização de um amor tão perfeito, tão absoluto.
Continua