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Nada é eterno excepto o próprio Deus e, um dia, toda a Criação regressará a Ele.
Mas o que é que se entende por "Criação"?
Se dissermos que é a matéria primordial emanada por Deus, os elementos que a constituem, estes são indestrutíveis, permanecerão em Deus, e é com eles que Ele poderá sempre engendrar novos mundos.
Mas, se chamamos "Criação" aos mundos que Deus formou com estes elementos, esses não são eternos.
Tudo o que nasce deve morrer.
A eternidade não é uma sequência de séculos; é, se assim se pode dizer - mas é muito difícil definir uma tal noção -, uma qualidade da matéria...
Sim, a eternidade é uma fusão da matéria e do espírito.
Quando nós temos a experiência da eternidade, trata-se de uma sensação que vivenciamos: se nos acontecer sentirmos por breves segundos uma sensação de eternidade, é porque entrámos numa ordem superior das coisas, fomos projectados num mundo onde a matéria é animada pelas mais altas vibrações do espírito.
A matéria primordial é uma substância que Deus projectou para fora de Si próprio e condensou.
Só ela é indestrutível, eterna.
Foi com esta matéria que Deus criou os mundos, e esses mundos, um dia, desagregar-se-ão para reaparecerem sob novas formas.
É neste sentido que podemos dizer que a Criação terá um fim.
«O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não», dizia Jesus.
Quando falava assim, Jesus identificava-se com a segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Filho, a segunda séfira, Hohmah, o Verbo.
O céu e a terra passarão, é verdade, mas os germes que estão em Hohmah, os arquétipos para um novo céu e uma nova terra, não passarão, pois são eternos.
«Quando o Eterno traçou um círculo à superfície do abismo, eu estava lá», diz Hohmah, a Sabedoria, no Livro dos Provérbios.
E o que é esse círculo?
As fronteiras que o próprio Deus traçou para criar o mundo.
É nesse sentido que se deve compreender que Deus Se limitou.
Limitar-se significa: fechar-se num universo que funciona e evolui segundo as suas próprias leis.
Não se sabe o que existe para além deste Universo.
As leis da vida que a ciência estuda não são outra coisa senão os limites que Deus impôs a Si próprio na Sua Criação.
São estes limites que dão estrutura, forma, contorno e coesão à matéria.
Um mundo que não estivesse circunscrito nos seus limites seria instável e não poderia subsistir, pois, no interior desses limites, toda a matéria está em movimento e só quer é escapar-se.
Deus traçou um círculo para reter a Sua própria substância.
O círculo é um traçado mágico.
Deus colocou no centro o núcleo da Criação e o Seu trabalho começou.
Na Natureza, tudo nos revela a forma como Deus procedeu para criar o mundo.
Uma célula, com a sua membrana, é já uma explicação para isso...
E, se a caixa craniana não existisse, onde estaria o nosso cérebro?...
É também essa, exactamente, a função da pele: ela serve de limite.
Observai as coisas à vossa volta e por todo o lado encontrareis um reflexo desse círculo que Deus traçou como limite da Sua Criação.
Se não fecharmos um perfume num frasco, ele evaporar-se-á.
Do mesmo modo, para construir uma casa é preciso, primeiro, traçar os seus limites: sem paredes, aonde estará a casa?
Também no domínio espiritual é necessário compreender o que significam os limites: antes de convocar os espíritos luminosos para um trabalho, o mago rodeia-se de um círculo; também o discípulo tem de saber que, pelo menos através do pensamento, deve traçar diariamente à sua volta um círculo de luz, a fim de conservar as suas energias espirituais.
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