quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A FESTA DO NATAL (Cont. IX)

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O discípulo é obrigado a debruçar-se sobre todos estes grandes mistérios e a reflectir sobre eles e, quando os tiver compreendido, terá ainda que fazê-los descer ao domínio do sentimento e, finalmente realizá-los no plano físico, o que evidentemente, é o mais difícil.
Intelectualmente, toda a gente pode compreender, e até muito bem, mas esta compreensão não desceu ainda ao sentimento, e o coração não sente.
É preciso fazer descer esta compreensão até ao coração, e do coração até à vontade, para que se faça a realização no plano físico.
Porque o nascimento do Menino Cristo é um acontecimento que deve produzir-se nos três planos: mental, astral e físico.
Vós direis: «No plano físico?...
Mas como?»
Eu posso explicar-vos, mas será que me compreendereis?
O homem não pode fazer nascer Jesus nele se não tiver compreendido a sua mãe, a Terra.
Se não souber o que é a Terra, se não mantiver com ela relações afectuosas, respeitosas, conscientes, o homem não terá nenhuma possibilidade de modificar o seu corpo físico.
O nosso corpo está em relação com a Terra e regressará à Terra, pois foi retirado dela, é um fruto seu, um filho seu.
E se o homem não mantiver uma relação correcta com a Terra, o Cristo não poderá nascer nas suas acções, no seu corpo físico.
A Terra é um ser inteligente, mas nunca se pensa nisso, e ela é estudada apenas do ponto de vista geográfico: o número de habitantes, de mares, de oceanos, de lagos, de montanhas, de rios...
A Terra é a mais desconhecida, a mais desdenhada, a mais desprezada das creaturas, e grandes males daí advêm...
Sim, porque não respeitamos a nossa mãe, que nos deu o seu corpo, o nosso corpo.
Existe uma ciência prodigiosa que trata das relações do homem com a Terra, do comportamento que ele deve ter em relação a ela: como falar-lhe, como agradecer-lhe, como captar forças dela e como confiar-lhe todas as suas impurezas para ela as transformar.
É que a Terra possui, nas suas entranhas, fábricas onde pode transformar tudo, e é o que ela faz incessantemente: transforma todas as impurezas, todos os detritos que lhe são enviados, para produzir frutos, flores e tudo o que é útil e belo.
A Terra é muito inteligente!
Detenhamo-nos agora nas palavras que o anjo disse aos pastores: «Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que Ele ama!»
Compreendestes estas palavras?
Porquê a paz entre os homens e no Alto a glória?
Porque o Menino divino, quando nasce, glorifica o Senhor, e a paz instala-se na alma do homem em que ele nasceu.
O menino traz a paz porque traz também a plenitude.
Um homem e uma mulher que não têm filhos sentem um vazio, falta-lhes qualquer coisa.
Mas quando surge um filho é a plenitude, é o triângulo sobre o qual se constrói o edifício.
É por isso que a fórmula dada pelo Mestre Peter Deunov: «Bojiata lubov nossi peulnia jivot» - «o amor divino traz a plenitude de vida» - é de uma tão grande profundidade.

A alma deve receber o amor divino tal como a mulher recebe o amor do seu marido.
Esse amor divino que traz a plenitude de vida é o amor que produz o Menino Cristo.
O amor não é senão a predicção, o anunciar do menino que se aproxima.
Esta fórmula do Mestre é realmente muito profunda; ele não a deu simplesmente para que a repitamos de forma automática, mas para que trabalhemos a fim de que este amor de Deus possa aflorar a nossa alma e ela conceba o filho, o Cristo.
E, depois, quantas mudanças não se seguem na nossa existência!
Em todos os domínios, tudo se torna claro, tudo melhora.
Vale a pena trabalhar durante um ano inteiro, durante vários anos, durante toda a vida até, para fazer nascer o Cristo em nós.

Eu não vos interpretei todo o capítulo de São Lucas.
Apenas quis apresentar-vos um cantinho da vossa vida interior, para que saibais que o nascimento de Jesus é um acontecimento místico que pode produzir-se em cada ser humano.
Se acreditarmos que o nascimento de Jesus é um acontecimento que se produziu uma única vez, há dois mil anos, então nada se explica.
Em primeiro lugar, isso é incompatível com o imenso amor de Deus.
Diz-se que Deus é amor...
Ora, existindo a humanidade já há milhões de anos, Deus teria enviado o seu filho único apenas durante três anos a um pequeno país?...
Então, antes do nascimento de Jesus, aonde estava esse amor, o que é que ele andava a fazer?
E depois ele teria novamente abandonado o mundo durante milénios?
Não, isto não faz sentido!
A verdade é que o Cristo apareceu numerosas vezes na Terra, e mesmo noutros planetas, em todo o Universo, e voltará a aparecer no futuro.
Se não aceitardes isto é porque, na realidade, não sois nem religiosos, nem cristãos, nem coisa nenhuma.
Acreditais em coisas inverosíveis, mas não quereis acreditar naquilo que é sensato.
Está-se sempre a dizer: «Deus é amor... Deus é amor...», mas de que serve isso se se faz tudo para provar o contrário?
Dizem-vos que esse amor só se manifestou na Terra uma vez em toda a História, e vós nem sequer estáveis presentes!
Mas acrescentarei ainda o seguinte: podeis duvidar de que o Cristo tenha existido realmente; houve quem duvidasse e demonstrasse que ele não existiu, dando provas tão científicas como as daqueles que afirmam que ele existiu.
Então, o que dizer?
Pois bem, muito simplesmente que o aspecto histórico não é lá muito importante.
Imaginai que se consegue provar, de maneira irrefutável, que Jesus não existiu, que se trata de um mito montado com todas as peças...
Existe, apesar disso, algo que somos obrigados a reconhecer: é a grandeza excepcional daquele que escreveu os Evangelhos.
Se alguém foi capaz de escrever semelhantes coisas, de uma tal profundidade, de uma tal grandeza, de uma tal luz, fica-se deslumbrado, nem sequer é necessário tentar saber se Jesus existiu realmente ou não.
Guardai, pois a imagem do presépio, com José, Maria e o Menino, entre o burro e o boi, e a estrela que brilha sobre o estábulo...
Agora, compreendereis melhor o seu significado.
Do mesmo modo que o nascimento de uma criança encerra toda a esperança da vida, o nascimento do Cristo, que acontece todos os anos no Universo, é a esperança de que Deus não abandonou os homens.
Apesar de eles transgredirem incessantemente as Suas Leis, Ele concede-lhes um crédito, continuando a enviar-lhes um Salvador, pois Ele não quer que caia nem sequer uma só alma.
Mesmo aqueles que fizeram as maiores asneiras terão que reerguer-se.
É claro que sofrerão e pagarão, mas Deus dá-lhes possibilidades de avançar.
O que é mau é perder a coragem e renunciar a fazer esforços para evoluir.

E não esqueçais que o Natal dura ainda alguns dias após o 25 de Dezembro...
No Alto, no Céu, celebra-se uma festa, e vós deveis participar nessa festa pelo menos através do pensamento.
É pena que só muito poucos saibam desdobrar-se para participar nela realmente.
Quanto aos outros, é melhor nem falar neles!
Comeram, beberam, empaturraram-se, e agora estão doentes.
Doravante, acabou-se!, já não se deve passar o Natal assim.
Metei bem isto na vossa cabeça!
Vós sois discípulos e deveis trabalhar para fazer nascer o Menino Jesus em vós.
Por enquanto, estais a preparar-lhe as condições.

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


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