quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A FESTA DO NATAL (Cont. VIII)

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Prestemos agora atenção ao simbolismo da manjedoura.
Sim, porque é que Jesus há-de ter nascido numa majedoura, sobre a palha, e não num palácio, num templo, numa habitação ampla e sumptuosa?
Nos Evangelhos, tudo é simbólico, mas raros são os que pressentiram que existia um significado extremamente profundo por detrás desta narrativa do nascimento de Jesus numa majedoura.

Compreendereis em que parte do vosso corpo se encontra esta manjedoura se vos lembrardes das conferências que vos fiz sobre o centro Hara : expliquei-vos qual o papel que este centro pode representar na vida espiritual para o Iniciado que sabe trabalhar com ele.
Apesar do seu nome - Hara -, que significa ventre, mostrar que este centro, situado a alguns centímetros abaixo do umbigo, é sobretudo conhecido pelos japoneses, na realidade ele era conhecido por todos os Iniciados do passado, e é dele que Jesus fala quando diz: «Do seu seio jorrarão rios de água viva...»
Este «seio» é o centro Hara: é lá que se encontra a manjedoura onde o Cristo há-de nascer, entre o boi e o burro, isto é, o fígado e o baço.
Vejo que estais admirados.
Pensais que é na vossa cabeça que Jesus irá nascer... mas já vistes alguma criança nascer do cérebro da sua mãe?
Ainda ninguém reflectiu acerca disto.
As pessoas acham que o ventre, as entranhas, são algo esquisito, mas eis que o Senhor escolheu justamente este local para que a humanidade se perpetue.
E é lá também, no centro Hara, que o discípulo deve fazer nascer em si esta nova consciência: o Menino Cristo.
Não existe nada mais importante do que trabalhar para que o Menino divino nasça em nós.
Então, a terra e o Céu cantarão; dos quatro cantos do mundo virão seres que, tendo compreendido que nasceu uma nova luz, quiseram ver-vos e trazer-vos presentes.
É claro, haverá um Herodes (sempre existiram Herodes) que ficará furioso e que, desejando matar Jesus, pedirá aos Reis Magos: «Ide, informai-vos acerca desse menino e, quando o tiverdes encontrado, vinde dizer-me, para que também eu vá adorá-lo.»
Mas, felizmente existirão também anjos que virão trazer avisos, tal como o anjo que disse a José: «Leva o menino e a mãe, e foge para o Egipto, porque Herodes vai mandar procurá-lo, para o matar.
Os magos também receberam do Céu a ordem de não voltar junto de Herodes, e regressaram aos seus países por outro caminho.
Isso significa que todos aqueles que forem até junto de Jesus, junto do princípio crístico, não poderão continuar pelo mesmo caminho, terão que tomar uma outra direcção.
Não tinheis pensado nisto, não é verdade?
É tudo tão profundo, tão misterioso!
Para mim, é extraordinário!
E podeis crer que eu não estou a inventar coisa nenhuma.
Estou a transmitir-vos a ciência que recebi, e ela é verídica.
Os textos sagrados contêm narrativas sobre as quais se debruça a maioria dos humanos, cuja compreensão é limitada, mas o conteúdo dessas narrativas é para os discípulos, e o seu sentido para os Iniciados.
E sabeis porque é que existe o costume de fazer um «réveillon» na noite de Natal?
Também é simbólico.
Depois de o menino ter nascido, deve-se comer, deve-se beber, deve-se cantar, mas sem ultrapassar os limites, é claro.
O menino também precisa de ser alimentado, é o primeiro alimento de qualquer recém-nascido é o leite da mãe.
Quando trazia o menino dentro de si, ela alimentava-o com o seu sangue, agora alimenta-o com o seu leite.
Estamos em presença de duas cores, e elas são simbólicas.
Estão presentes já durante a concepção: a mulher fornece o vermelho e o homem o branco.
Mais tarde isto repete-se, quando a mulher alimenta a criança durante nove meses com o seu sangue e, depois com o seu leite.
Aliás, encontramos estas duas cores no próprio sangue: nos glóbulos vermelhos e nos glóbulos brancos.

O vermelho e o branco representam os dois princípios que são a base da existência.
O vermelho, o sangue, é a força vital, o amor, e é graças a este sangue, ao nosso amor, que o Menino Cristo se tornará carne e osso em nós.
Depois do seu nascimento, o menino é alimentado com leite, quer dizer com a pureza, com a luz.
É por isso que nós vamos assistir ao nascer-do-sol: para aí captarmos a luz com a qual alimentaremos o Menino.
Do mesmo modo que a mãe não deixa de se ocupar do seu filho após o nascimento, quando o Menino Cristo tiver nascido o trabalho continua, mas sob uma forma diferente.
O nascimento do Cristo é uma questão muito importante, da qual todos os Iniciados devem ocupar-se.
Reparai no que diz São Paulo: «Oh!, meus filhos, a quantos trabalhos me obriguei para fazer nascer o Cristo em vós!»
Também ele tinha compreendido que o Cristo deve nascer em cada alma humana.
Por isso, falava aos seus discípulos, aconselhava-os e «sacudia-os», até, para que se purificassem e se pusessem num estado de aceitação, de submissão. de adoração, porque são estas as condições necessárias para receber o gérmen que vem do Alto.
A alma humana é como uma mulher: se a mulher for agressiva, se ela resistir sempre ao seu marido, jamais poderá ter um filho.
O mesmo se passa em relação à alma humana: ela deve tornar-se uma mulher adorável, receptiva, para receber o Espírito Santo, senão tanto pior para ela, não haverá Menino!

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