domingo, 30 de novembro de 2014

A MORTE E A VIDA NO ALÉM (Cont.VII)

...
No mundo psíquico também existem seres criados pelos humanos.
Algumas personagens da literatura, ou mesmo santos, que nunca existiram verdadeiramente, tornaram-se tão célebres e ocuparam tanto o pensamento dos humanos que acabaram por tornar-se uma realidade, não física, é evidente, mas fluídica.
E, aliás, as egrégoras têm a mesma origem.
Uma egrégora é uma entidade colectiva criada pelo pensamento de todos os indivíduos que pertencem a um grupo, a um povo ou a uma religião, por exemplo...
Os seus pensamentos e os seus desejos, que vão todos no mesmo sentido, formam uma egrégora impregnada, alimentada, moldada, por essa colectividade.
Também nós, na Fraternidade Branca Universal temos uma egrégora.
Todas as Igrejas e todos os movimentos espiritualistas têm a sua; os movimentos políticos também.
E, por vezes, essas egrégoras combatem-se no alto, para ver qual é a mais forte...
Cada egrégora ajuda a comunidade que a formou, pois é um reservatório de forças formidáveis, e possui uma forma simbólica, frequentemente a de um animal: urso, tigre, galo, águia, pomba, etc.
Mas o essencial é compreender como se pode formar uma egrégora poderosa que trabalhe no mundo, que ajude e ilumine as criaturas.
Só que - atenção! - também se pode ser castigado ou fulminado por uma egrégora se se traiu o ideal que ela representa.
Sim, as egrégoras vingam-se dos membros que as traíram.
O plano astral é habitado por criaturas de toda a espécie, de que os humanos não fazem qualquer ideia. Mas, quer as conheçam quer não, eles atraem aquelas a que estão ligados pela lei da afinidade.
É assim que, nas sessões espíritas, os participantes atraem presenças do oceano astral, mas raramente são os espíritos dos mortos que eles aguardam.
Vós direis: «Sim, mas como é que essas criaturas conseguiram conhecer o suficiente sobre esse morto para serem capazes de se fazer passar por ele?»
Não é difícil, tudo está inscrito no Akasha Chronica (ou seja, nos arquivos etéricos do Universo), e as entidades podem informar-se muito rapidamente, mas muitas vezes não vêem bem e dão informações erradas.
Tudo depende da pessoa que se dirige ao mundo invisível; se ela for muito pura, muito luminosa, receberá uma resposta exacta, não porque os espíritos tenham descido, mas porque ela subiu até eles para obter a comunicação.
É claro que há casos (já vos falei disto) em que certos espíritos são forçados a deixar a sua região para vir à terra, porque são chamados por mágicos muito poderosos que os obrigam a descer servindo-se de fórmulas mágicas que sabem pronunciar.
Mas isso não é normal, não é natural, é o homem que deve elevar-se pelo pensamento para os contactar na região em que eles se encontram; os mortos não devem descer à terra.

Há duas espécies de magia: uma, pela qual a pessoa se dirige aos seres superiores cujas bençãos quer obter, que se chama invocação; outra, pela qual se quer fazer regressar as almas dos mortos para que eles se manifestem, e que se chama evocação.
Mas, de uma forma geral, como já vos disse, não se consegue obter realmente a presença desses espíritos que se quis evocar ou invocar: são outras criaturas que tomam a sua forma ou a sua voz, porque têm interesse em enganar os humanos.
Por conseguinte, há que ser muito prudente.
Eu nunca recomendei a ninguém que participasse em sessões espíritas, pelo contrário. Quando era novo, assisti a algumas, mas rapidamente compreendi que as pessoas que lá se encontravam estavam atoladas na sua sensualidade, nas suas cobiças, nas suas ambições.
Então, sob o pretexto de comunicar com os seus pais ou os seus amigos, atraem criaturas astrais de que não conseguirão desembaraçar-se, porque estas tentarão satisfazer os seus desejos inferiores através delas.
Por isso é que os espíritas acabaram bastante mal.
Então, deixai os mortos partir tranquilos lá para onde eles devem ir.
Não vos apegueis aos vossos pais, aos vossos amigos, não os retenhais com os vossos desgostos e as vossas lamentações e, sobretudo, não tenteis chamá-los para comunicar com eles; se o fizerdes, estareis a importuná-los e a impedi-los de se libertarem.

Orai por eles, enviai-lhes o vosso amor, pensai que eles se libertam e se elevam cada vez mais na luz.
Ficai a saber que, se os amais verdadeiramente, um dia estareis com eles.
É verdade!
Quantas vezes eu vos disse: 'Onde estiver o vosso amor, aí estareis um dia!'

Sèvres, 6 de Março de 1966
OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

Sem comentários:

Enviar um comentário