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Quando chega a altura de reencarnar*, o homem volta a passar pelas mesmas regiões (átmica, búdica, causal, etc.) e em cada uma delas vai buscar materiais para fazer um "casaco", quer dizer, um corpo cada vez mais denso à medida que vai descendo para a matéria.
Quando chega ao plano físico, na forma de um bebé, não se recorda de nada - nem do que sofreu, nem do que gozou, nem do que aprendeu. Mas está lá tudo armazenado e um dia ele recuperará a memória, se aceitar certas disciplinas e certas regras da vida sob a orientação de um Mestre.
Aqueles que conseguem fazer sair das profundezas do seu ser a recordação daquilo que viveram no além avançam muito mais rapidamente no caminho da evolução.
Infelizmente, a maioria dos humanos estão tão apegados aos prazeres e às paixões da terra que todos esses conhecimentos e todas essas riquezas permanecerão profundamente enterrados neles durante muito tempo sem eles poderem utilizá-los para seu benefício.
Felizes os que conhecem esta realidade e crêem nela, pois não aceitam continuar a viver uma vida medíocre.
Em cada dia que passa, eles querem avançar, progredir em inteligência, em amor, em autodomínio, para se tornarem úteis a toda a humanidade.
Mas voltemos ao essencial: quer acreditemos, quer não, na sobrevivência da alma depois da morte, tudo se regista em nós sem darmos por isso.
Há muito que a Natureza ultrapassou os maiores peritos de electrónica; ela colocou na ponta do coração do homem uma bobina magnética, do tamanho de um átomo, que gira durante toda a vida e que grava tudo.
Quando o homem parte para o outro lado, desliga-se do seu corpo físico mas leva consigo essa bobinazinha.
Os Juízes do Alto convidam-no a contemplar, em silêncio, o filme da sua vida, e ele revê tudo em pormenor.
Sim, ninguém pode escapar a esta lei: na vida tudo se regista, deve-se pagar no plano astral por cada transgressão que se cometeu aqui em baixo e sente-se tudo com muito mais intensidade, porque já não se tem a protecção do corpo físico.
Não há nada mais terrível do que estar nu e vulnerável no plano astral, pois os pensamentos e os sentimentos dos vivos vêm directamente morder-vos, picar-vos, queimar-vos.
Não podeis escapar-lhes.
Mesmo as lamentações e os desgostos dos vivos que deixaram na terra são um tormento para os mortos.
Só quando entrais no plano causal é que já nada pode atingir-vos, estais no centro de um círculo mágico de luz e nada pode franqueá-lo sem o vosso consentimento.
O domínio da alma e do espírito é verdadeiramente extraordinário e, uma vez que estais numa Escola Iniciática, se souberdes ser pacientes e tenazes aprendereis muito.
Mas, atenção!
É meu dever prevenir-vos de que, se vos deixardes atrair por futilidades e renunciardes a esta riqueza espiritual por pequeninos nadas da vida quotidiana, quando partirdes para o outro mundo passareis por estados de consciência aterradores, porque não soubestes apreciar o que é puro, sagrado, divino.
Vós direis: «Mas isso não é grave, eu não assassinei ninguém.»
É grave, sim; o facto de não apreciardes o lado divino não abona nada em vosso favor.
Isso significa que, no passado, vivestes de uma maneira tão deplorável que preparastes para vós um corpo astral e um corpo mental totalmente defeituosos.
Vós retardastes tanto a vossa evolução que agora vos falta um elemento que vos torne sensíveis ao mundo divino, e tereis de sofrer para o adquirir.
*Acerca da reencarnação e das suas leis, ver, do mesmo autor, o capítulo VIII
de "O homem à conquista do seu destino" (nº.202 da Colecção Izvor, Edições Prosveta)
OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV
Bonfin, 26 de Setembro de 1975
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