sábado, 15 de novembro de 2014

A FESTA DO NATAL (Cont.IV)

...
Por certo já lestes ou ouvistes várias vezes este relato.
Ele contém imensos detalhes que são simbólicos.
Existem igualmente duas passagens muito misteriosas.
Porque é que «Maria conservava cuidadosamente todas aquelas lembranças e meditava acerca delas no seu coração?»
Era pois, porque havia qualquer coisa que ela não podia dizer.
Se fosse aquilo que ela tinha ouvido contar aos pastores, teria podido falar, dado que eles contaram-no a toda a gente.
Portanto, havia uma outra coisa que ela guardava preciosamente na sua alma, algo de sagrado.
E quem era Simeão?
Está escrito que «o Espírito Santo habitava nele...» isso significa que ele era muito puro.
Mas eu não poderei abordar a questão de Simeão porque isso iria abalar todas as consciências cristãs.
Sim, quem era Simeão?
Que laço o unia ao Menino Jesus?...
Ireis ver agora se haveis compreendido, de facto, este capítulo.
Em primeiro lugar, quem eram eram Maria e José?
Se eles foram escolhidos para ser os pais de Jesus é porque já estavam preparados para isso: para ser dignos de receber na sua família, Jesus, o Salvador da humanidade, eles tinham feito certamente um grande trabalho espiritual nas suas vidas anteriores; eles eram excepcionais, estavam predestinados.
Muito jovem ainda, Maria tinha-se consagrado, tinha ido ao Templo para se tornar serva de Deus. Por conseguinte, Maria tinha-se purificado e fez os maiores sacrifícios para ser digna de receber no seu seio um espírito tão poderoso e elevado como o Cristo.
Eis coisas acerca das quais ninguém pensa.
Julga-se que a Deus tudo é possivel, que Ele faz aquilo que Lhe apetece por mais inverosímil que seja, e que Ele escolhe uma pessoa qualquer para a mais alta missão.
Não!
Neste domínio também existe uma justiça, existem regras, leis.
Foi o Senhor que fez essas leis e portanto não é Ele que vai transgredi-las.
Se Deus escolhe certas creaturas é porque elas preenchem determinadas condições.
É claro que «com pedras Deus pode fazer filhos de Abraão», mas fazendo-as passar pelo estado de planta, depois pelo estado de animal e, finalmente, pelo de homem.
É tal como acontece para o nascimento de uma criança: o gérmen deve, também, passar por todo o tipo de formas antes de assumir o aspecto de uma creatura* humana.
Do mesmo modo, Jesus foi obrigado a passar por certas etapas antes de se tornar o Cristo.
Eis mais uma coisa que os cristãos não querem aceitar.
Pensam que Jesus era o próprio Deus e que ele era perfeito desde o seu nascimento.
Então, porque é que teve que esperar até aos trinta anos para receber o Espírito Santo e fazer milagres?...
Mesmo que Deus em pessoa venha encarnar-se na terra, Ele aceita submeter-se às leis que Ele próprio estabeleceu.
O Senhor respeita-se a Ele mesmo, compreendeis?
É assim que os Iniciados vêem as coisas: na sua cabeça, tudo éstá em ordem, tudo é lógico, tudo é sensato.
Portanto, para ser dignos de receber Jesus, Maria e José tinham-se preparado desde há muito, já em outras encarnações, e eram puros.
Terá sido o Espírito Santo que concebeu Jesus?
Sim, foi o Espírito Santo.
No plano divino foi o Espírito Santo, mas no plano físico também era necessário algo... alguém, a fim de que neste plano houvesse igualmente um reflexo do Espírito Santo.
Para que houvesse uma correspondência entre os três mundos, para que no plano físico, no plano espiritual e no plano divino tudo fosse sempre santo, luminoso e puro, era necessário que no plano físico existisse também um condutor do Espírito Santo.
Vós direis: «Mas ao Espírito Santo tudo é possível!»
Eu sei.
Ele teria podido, por exemplo, tomar um pouco de matéria do espaço e formar um corpo para se manifestar que, desse modo, não teria passado através de uma mulher.
Simplesmente, um corpo de matéria etérica não dura muito tempo: dura algumas horas ou um dia, e depois as partículas devem ser devolvidas; é isto que se passa nas sessões espíritas.
Para o corpo ser durável, é necessário que ele seja formado por partículas materiais cedidas pela mãe.
Por isso, o Espírito Santo tinha necessidade de uma mulher pura para formar um corpo no seio dela.
O resto, não vou dizê-lo, tereis que ser vós a adivinhá-lo.


*Adoptámos, nesta tradução, a distinção estabelecida pelo filósofo brasileiro Huberto Rohden, entre
  - «crear», que representa um novo início; e
  - «criar». que é apenas uma continuação.
  Assim, para usar um exemplo dado pelo próprio Rohden, a lei de Lavoisier está certa quando
  escrevemos:
«Na Natureza nada se crea, nada se perde, tudo se transforma», mas se escrevermos: «Na Natureza nada se cria...». este enunciado já será totalmente falso.

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