sábado, 11 de julho de 2015

VISITA A PATMOS (Cont. V)

 Então, para satisfazer esta nova necessidade de ser balançado, alugámos um barquinho a motor para fazermos outro passeio marítimo, durante dois dias.
Desta vez, fomos ao Monte Atos.
Mais uma visita magnífica!
Visitámos metade de uma vintena de mosteiros dispersos pela montanha.
Em Búlgaro, chamamos ao Monte Atos, Svéta Gora, que quer dizer "floresta santa".
Fomos aos mosteiros búlgaro, jugoslavo, russo, etc., onde vimos ícones extraordinários.
Que esplendor!
Tirámos fotografias e filmámos.
E os monges, tão acolhedores e simpáticos, já não queriam deixar-nos partir.
Insistiam sempre em oferecer-nos loukoums, compotas de fruta, café... e até rakia*.
Se tivéssemos aceite, não teríamos conseguido encontrar o caminho de volta para o barco!...
Mas voltemos a Patmos.
Durante a minha estadia, deliciei-me com a beleza daquela terra; uma beleza muito simples, porque há pouca vegetação na ilha.
A atmosfera é que é extraordinária; como se o espírito de S. João tivesse penetrado profundamente na terra e nos seus habitantes.
E dois mil anos depois, apesar dos visitantes, apesar do turismo - que geralmente danifica tudo por toda a parte, que transforma o estado de espírito das pessoas simples, naturais, abertas, calorosas, introduzindo nelas os piores aspectos da vida moderna - Patmos continua a ser um lugar excepcional.
Sim, mesmo os habitantes de Patmos foram para mim um motivo de admiração: o brilho dos seus rostos e a simplicidade do seu comportamento fazem-nos sentir que se trata de um lugar verdadeiramente à parte.
Nunca encontrei uma população semelhante, capaz de manifestar tanto amor, tanta bondade, tanta sinceridade, tanta generosidade, tanta fraternidade.
Sim, o seu espírito é tão fraternal, tão místico, religioso e profundo!
Dir-se-ia que não há lá ninguém mau, desonesto.
Vimos quase todas as pessoas, desde aquelas que nos receberam no porto para nos transportarem as malas até aos monges e aos bispos, e todos eram tão encantadores, tão acolhedores, tão calorosos que, garanto-vos, não tenho palavras para o exprimir.
Vale a pena ir visitar aquelas pessoas.
Os seus rostos exprimiam paz, felicidade e luz.
Sim, emanava deles uma luz - sentia-se isso, podia ver-se as suas auras.

Um dia, estive a meditar no meu quarto de hotel, queimando incenso, a fim de colocar algumas perguntas ao mundo invisível.
Depois, saí com os amigos que me acompanhavam para passear pelas colinas.
De repente, à beira do caminho, uma mulher de aspecto muito simples, pobre, mesmo, mas com um rosto magnífico, parecia esperar-nos.
Quando chegámos perto dela, aproximou-se de mim, beijou-me respeitosamente a mão e disse-me algumas palavras em grego, que alguém me traduziu.
E o que ela dizia era a resposta à pergunta que eu fizera.
O Céu serviu-se desta mulher para me responder.
Eu fiquei tão feliz!
Sim, porque as suas palavras eram proféticas, davam-me a resposta do Céu ao que eu perguntara.
Para o Céu - deveis saber isso - é muito fácil dar respostas através de uma ave, de um cão, de um cavalo e, evidentemente, de um ser humano.
O problema está em que nem sempre se consegue decifrá-las e compreendê-las bem, mas as respostas vêm sempre; nunca ninguém é deixado sem resposta.

Realmente, existe em Patmos algo de verdadeiramente especial.
Muitas pessoas com quem falámos exprimiam-se numa linguagem que eu nunca ouvira em qualquer outra parte, noutras cidades, noutros países: uma linguagem espiritual, com frases de uma sabedoria e de uma profundidade extraordinárias.
Também nunca encontrei sacerdotes ou monges tão gentis, tão irradiantes.
Eles vinham visitar-me e conversávamos longamente.
Que felicidade encontrar por toda a parte os olhares daquelas pessoas: olhares de respeito, de confiança, de amor...
É uma terra onde as pessoas são felizes, uma terra inocente, pura...
Abençoada seja!

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