Agora, acrescentarei ainda uma coisa importante.
Os Iniciados que, durante as suas meditações, conseguem elevar-se até às regiões do amor divino, recebem dessas regiões partículas etéricas de uma grande pureza.
E essas partículas descem até ao plano físico, onde saciam todas as células do seu corpo.
Eles experimentam uma tal plenitude que já não têm necessidade de nada: nenhum desejo físico os atormenta, porque foi o Céu que, verdadeiramente, tomou posse da sua alma, do seu coração e mesmo de todos os órgãos do seu corpo.
Mas também neste domínio é preciso estar vigilante e não se deixar iludir.
Mesmo entre os santos, os místicos, muitos que não tinham trabalhado suficientemente o autodomínio e a pureza, com todas as suas meditações só conseguiram desencadear neles as paixões mais desordenadas.
Isto porque, se é possível a todos fazer esforços para espiritualizar o seu amor, não é dado a todos saborear o verdadeiro êxtase místico.
Esse trabalho representa a mais alta alquimia.
Aqueles que não trabalharam suficientemente no domínio da purificação para libertar os canais etéricos dos seus corpos subtis, têm esses canais obstruídos: então, a energia divina fica no Alto, não pode descer, e é por isso que eles vivem num estado de insatisfação terrível, são como que queimados por um fogo que os devora.
Hermes Trismegisto diz, na Tábua de Esmeralda: «Ela sobe da terra e desce do Céu, e recebe a sua força das coisas superiores e das coisas inferiores...
É a força forte de todas as forças, pois vencerá todas as coisas subtis e penetrará todas as coisas sólidas»; essa força forte de todas as forças, a que Hermes Trismegisto chama télesma, é o amor.
E o Iniciado deve captar essa força no Alto, no estado subtil, para fazê-la descer, em seguida, às profundezas do seu ser e saciar as suas células.
Não basta que ele se eleve para contactar e captar a energia divina, ele também deve ser capaz de a fazer descer e de a receber em si, senão sente-se ainda mais insatisfeito e infeliz.
Existem numerosas biografias de santos, de místicos, que dão uma ideia dos danos que o amor místico mal compreendido produziu em alguns seres.
E depois, evidentemente, as pessoas "sensatas", "razoáveis", têm aqui um bom argumento para dizer que é perigoso consagrar-se a Deus e querer encontrar n'Ele a plenitude do amor
Não, não é perigoso para os seres esclarecidos.
Aqueles que são esclarecidos sabem que não encontrarão o amor, o amor de Deus, enquanto não se tiverem desembaraçado previamente de todos os sentimentos e de todos os pensamentos que não vibram em harmonia com essa força cósmica.
Se não terminaram esse trabalho, por mais que façam para se elevar até ela, ainda não podem fazer com que ela entre neles, porque a energia divina não entra num receptáculo, num recipiente que não esteja preparado para recebê-la.
Continua
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