domingo, 19 de julho de 2015

A PROCURA DO CENTRO

I

Tudo o que existe na Terra existiu primeiro, em estado etérico, no Sol.

Para compreender esta ideia é preciso saber que os elementos se formaram por condensação sucessiva.
No começo era o fogo.
O fogo emanou dele uma substância mais densa, o ar, que por sua vez, emanou a água.
A água, por seu turno, desembaraçando-se dos seus elementos mais densos, formou a terra (aliás, já existem as provas científicas de que a vida que existe na terra saiu da água).
Cada elemento é uma condensação dum outro elemento mais subtil: o ar do fogo, a água do ar, a terra da água.
Mas, além do fogo que nós conhecemos, existe um outro fogo, a luz do Sol, que é a verdadeira origem de todas as coisas.

Direis: «Mas o que é que se passou para que todos esses elementos se condensassem?»
Bastou que saíssem do centro, do Sol.
Quando os elementos contidos no Sol se afastaram para a periferia, condensaram-se, tornaram-se opacos, pesados...
Foi o que aconteceu também com o homem: ao afastar-se do centro, do seio de Deus, tornou-se baço, pesado, e agora, para voltar a encontrar a sua pureza e a sua luz, deve regressar para o centro.
Ides ver agora como as prescrições de todas as religiões têm em comum esta procura do centro ou, se preferirdes, simbolicamente, do Sol.

Há anos existia, perto de Saint-Cloud, um parque de atracções chamado de Luna-Park.
Um dia, assim sem mais nem menos, fui lá ver.
Não vou contar-vos tudo o que lá havia para divertimento do público.
Falar-vos-ei somente daquilo a que chamavam «prato de manteiga».
Era uma plataforma redonda, giratória, para a qual subiam pessoas jovens.
A máquina punha-se em andamento, o movimento acelerava e dentro em pouco os que se encontravam na periferia eram arrastados pelo turbilhão das forças centrífugas, eram apanhados, derrubados e projectados de todos os lados para o exterior, ao passo que os que estavam no centro ficavam tranquilamente no seu lugar.
Esta simples imagem mostra-vos que quanto mais vos afastardes do centro mais ficareis submetidos às forças desordenadas, caóticas, e pouco a pouco perdeis o vosso equilíbrio e a vossa paz.
Quando, pelo contrário, vos aproximais do centro, o movimento muda e sentis-vos calmos, alegres e dilatados.

Foi fazendo estas observações na Natureza e neles próprios que os Iniciados do passado crearam uma ciência, uma filosofia, métodos.
As suas pesquisas, as suas descobertas, chegaram até nós, e agora transmito-vo-las para que as utilizeis e vos aperfeiçoeis através delas.
Simplesmente, há que compreender a minha maneira de falar.
Tenho o privilégio de dispor de uma linguagem muito clara, muito simples, quase infantil em comparação com tudo o que encontrareis nos trabalhos dos filósofos e dos teólogos, que são bastante abstractos e obscuros.
E, de resto, porque não simplificar a expressão das grandes verdades?
Eis uma qualidade que Deus me deu: saber apresentar os assuntos, por mais abstractos que sejam, clara e simplesmente.
É o que faço para vós todos os dias.
Reparai, por exemplo: esta imagem do «prato de manteiga» mostra-nos que se formos, pela manhã, contemplar o Sol como desejo de penetrar nele, não só extraíremos forças dele, como encontraremos um centro em nós próprios: deixamos a periferia e regressamos à origem, ficamos na paz, na luz, na liberdade.

Continua

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