Mas também havia em Patmos um santuário de Apolo, cujos sacerdotes estavam furiosos por verem a influência que S. João exercia na população, enquanto o seu templo ficava vazio.
À frente destes sacerdotes encontrava-se Kynops, um perigoso mago negro, e todos eles foram de opinião que era necessário desembaraçarem-se de S. João o mais depressa possível.
Kynops enviou-lhe um demónio muito poderoso para o atacar, mas S. João lutou e venceu-o.
Kynops enviou-lhe outro mais poderoso e ainda um terceiro, para que viesse informá-lo dos resultados.
Novamente S. João saiu vitorioso.
Foi então que Kynops resolveu ir, ele próprio, enfrentá-lo.
Foi encontrar S. João a pregar à multidão.
Interrompeu-o, para se dirigir a alguns dos presentes: «Onde está o teu pai?, perguntou ele a um jovem. - Morreu afogado. - E tu? Onde está o teu filho? - Suicidou-se, lançando-se à água.»
Outros ainda, responderam da mesma maneira.
Todos tinham um parente que se afogara, acidental ou voluntariamente.
Kynops pediu então, a S. João que retirasse todos aqueles afogados do fundo das águas.
A este pedido, ele respondeu que a sua missão não era ressuscitar os mortos, mas pregar o Evangelho de Jesus.
Orgulhoso por poder mostrar a sua superioridade, e depois de ter realizado algumas práticas de magia, Kynops fez sair do mar simulacros de todos os mortos.
Iludidos por estes truques de feitiçaria, os assistentes voltaram a acreditar no poder de Kynops e, incitados por ele, atacaram S. João, que caiu, gravemente ferido.
Todos se retiraram satisfeitos, julgando-o morto.
Mas, ao meio da noite, o seu discípulo Prokhoros veio ter com ele e ouviu o seu Mestre chamá-lo: «Prokhoros, vai dizer a Myron que ainda estou vivo e voltarei. Tudo correrá bem.»
Quando Myron soube da boa nova, ficou muito admirado e feliz!
Algum tempo depois, a guerra com Kynops recomeçou e novamente se desenrolou uma longa história.
Um dia, uma numerosa multidão arrastou S. João até à praia onde Kynops continuava a entregar-se às práticas de magia, a fim de provar, de uma vez por todas, que era o mais forte.
S. João fez uma prece e, quando Kynops mergulhou, para trazer os simulacros, em vez de voltar, como das vezes anteriores, desapareceu.
Muitos ainda o esperaram durante três dias, em vão; mas a atitude e as palavras de S. João acabaram por persuadi-los a aceitar o Ensinamento do Cristo e a voltar para casa.
Hoje, pode ver-se no mar um rochedo dividido em três partes: dizem que são a cabeça, o tronco e os membros petrificados do feiticeiro Kynops.
Alguns anos mais tarde, o imperador Domiciano foi assassinado e substituído por Nerva, que se mostrou mais tolerante para com os cristãos.
No seu reinado cessaram as perseguições e S. João foi autorizado a deixar Patmos, onde o haviam exilado, para regressar a Éfeso, completamente livre.
Mas a população da ilha estava agora muito ligada a ele.
Ele esclarecera, ajudara e curara tantas pessoas, que elas não queriam deixá-lo partir.
Pediam-lhe, suplicavam-lhe que não partisse, mas S. João respondeu: «É preciso que eu vá; outros irmãos e irmãs também esperam, para ouvir a palavra santa.»
Eles continuaram a suplicar, mas S. João não podia ceder.
Ao verem que não o demoviam, pediram-lhe que escrevesse, antes de partir, algo que ficasse como testemunho da palavra santa que lhes havia trazido.
Então S. João aceitou.
Depois de ter orado e jejuado durante vários dias, começou a redigir o seu Evangelho, ditando-o a Prokhoros: «No começo, era o Verbo...»
Depois escreveu o Apocalipse.
Quando terminou, os habitantes da ilha, compreendendo que ele lhes dera tudo aquilo de que necessitavam, deixaram-no partir.
Continua
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