II
Se se estiver agarrado às aparências, adoptando o ponto de vista da Terra, acha-se, evidentemente, que o Sol nasce, que se põe e que gira à volta da Terra.
Basta este exemplo para mostrar que todos os que estão habituados a observar as coisas do ponto de vista da Terra, do ponto de vista geocêntrico, não podem deixar de enganar-se: toda a sua filosofia é falsa porque está baseada na ilusão de que o Sol gira à volta da Terra.
Ao passo que os Iniciados, que sabem que a Terra gira à volta do Sol, invertem o seu ponto de vista: colocam-se no Sol, olham tudo a partir do Sol, e vêem a verdade.
Perguntar-me-eis: «Mas não sabemos nós todos que é a Terra que gira à volta do Sol?»
Sim, sabei-lo teoricamente, mas na prática, fazeis como se fosse o Sol que girasse à volta da Terra.
É por isso que vos repito: «Enquanto não tentardes encontrar o centro, o vosso centro, que é a parte divina de vós próprios, e viver lá, olhar e agir de lá, não encontrareis a verdade, vereis tudo de maneira enganadora.»
Se não me compreendeis é porque não sabeis que também no homem se encontram a Terra e o Sol.
A Terra é o ventre, os intestinos, e o Sol é o cérebro, a inteligência.
Infelizmente, há séculos que os humanos desceram ao ventre, olham tudo através do ventre, quer dizer, da vida material.
Para eles, tudo o resto não tem importância nenhuma.
Por isso, quantas dificuldades experimentam agora, aqueles que tentam fazê-los voltar para o outro centro - a cabeça, a inteligência, a luz -, numa palavra, aqueles que procuram fazê-los retomar o ponto de vista heliocêntrico!
Como fazer-lhes compreender que ao penetrar no sistema solar eles reencontram ao mesmo tempo o seu próprio centro à volta do qual tudo deve gravitar?
Enquanto o homem quiser continuar a ser o «centro» da sua própria existência, na realidade move-se à volta de outras coisas que não ele, e por isso fica agitado, atormentado e, não pode encontrar a verdade.
Utilizarei todos os meios, todos os argumentos, todos os conhecimentos de que disponho para vos conduzir para esta verdade fascinante: deveis trabalhar para encontrar primeiramente o centro do nosso sistema, o Sol, essa fonte de onde brota a vida, e depois, no plano espiritual, Aquele que é o maior, o mais poderoso - o Senhor -, a fim de os ligar ao vosso próprio centro, a vossa centelha, o vosso Eu superior, visto que só nesse momento é que vos encontrareis a vós próprios, é que descobrireis a verdade.
Continuais a viver nas ilusões e tormentos porque ainda não conseguistes encontrar o vosso centro, girar à volta dele, fundir-vos nele.
São ainda os vossos desejos, os vossos caprichos, as vossas cobiças que vos governam, girais em torno deles.
Pois bem, está errado, doravante são eles que devem girar à vossa volta, obedecer-vos, submeterem-se.
Se correrdes a satisfazê-los, não só não conseguireis, como ainda por cima perdereis tudo.
São eles que devem servir-vos, trabalhar para vós, que sois o centro, a cabeça, o senhor do vosso próprio reino.
Por conseguinte, o que conta, o que importa de momento é mudar o vosso ponto de vista.
Em vez de resmungar: «Ah! Sair da cama outra vez para ir ao nascer-do-sol!
O que é que eu ganho com isso, meu Deus?
O meu cérebro está bloqueado, não consigo meditar», agora que conheceis quantos tesouros nele há para explorar, levantar-vos-eis de manhã com outra disposição.
Continua
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