terça-feira, 21 de julho de 2015

A PROCURA DO CENTRO (Cont. III)

A primeira coisa a fazer é, pois, compreender interiormente a importância do centro e como a procura do centro provoca em nós grandes mudanças, mesmo sem darmos por isso.
Quanto mais nos aproximarmos do Sol com o nosso espírito, a nossa alma, o nosso pensamento, o nosso coração, a nossa vontade, mais nos aproximaremos do centro que é Deus.
No plano físico, o Sol é o símbolo da Divindade, a sua representação visível, tangível.
Todos esses nomes abstractos e afastados de nós que se dão ao Senhor - Fonte de Vida, Creador do Céu e da Terra, Causa Primeira, Deus Todo-Poderoso, Alma Universal, Inteligência Cósmica - podem resumir-se na imagem do Sol, tão concreta e próxima de nós.
Sim, podeis considerar o Sol como o resumo, a síntese de todas essas ideias sublimes e abstractas que nos ultrapassam.

No plano físico, na matéria, o Sol é a porta, a ligação, o médium graças ao qual podemos reunir-nos ao Senhor.
Começai por compreender que ao olhar para o centro do sistema solar restabeleceis em vós próprios um sistema idêntico, tendo no centro o vosso próprio sol - o vosso espírito -, que retoma o seu lugar, instala-se e toma o comando.

Por agora, é a barafunda que reina em vós, é o caos, não há governo, não há cabeça: todos os vossos «locatários» comem, bebem, gritam, devastam; os vossos pensamentos, os vossos sentimentos e os vossos desejos contradizem-se.
Como quereis resolver os vossos problemas nessa anarquia?
Jamais o conseguireis!
Em primeiro lugar, há que ser interiormente como um sistema solar, para que tudo gravite à volta de um centro, mas de um centro luminoso e caloroso; não se pode continuar a aceitar um centro que seja baço, fraco, sujo, estúpido...
Vamos, toca a fazer limpeza!
E todos os que até agora tínheis tomado como guias, como modelos, examinai-os um por um, dizendo: «És tão luminoso como o Sol?
Não?
Então, rua, desaparece!...
E tu, és tão caloroso como o Sol?
Não?
Fora, põe-te a andar!»
E quando o Sol aparecer, quando ele retomar o seu lugar central, quando estiver presente em vós, real, vivo, vereis do que ele é capaz.
À sua chegada, todos os habitantes que estão em vós sentirão que o seu chefe, o seu patrão, o seu senhor, voltou.

Reparai no que acontece com as crianças de uma classe, os cantores de um coral ou os soldados de uma caserna: enquanto falta «a cabeça» - o professor primário, o chefe do coral, o capitão -, cada um faz o que quer; porém, logo que a cabeça chega, todos se põem no seu lugar e o trabalho começa...
Reparai ainda no que se passa numa família que está a discutir, quando, de repente, um amigo que todos estimam e respeitam vem fazer uma visita.
Então, num instante, eles compõem as coisas e dizem: «Olá, bom dia, sente-se. Estamos muito felizes por vê-lo. Como tem passado?»
E tentam até mostrar uma cara simpática uns aos outros para que o amigo não se aperceba de que estavam em plena tragédia!
Porque é que, noutro domínio, não se há-de utilizar a mesma lei, introduzindo em si «a cabeça» mais luminosa, mais calorosa e mais vivificante que existe: o Sol?
Nesse momento, instintivamente, magicamente, todos se comportarão como deve ser, pois teriam vergonha de mostrar-se grosseiros diante deste amigo ou deste superior...

Logo que em vós rebentem discussões, tumultos, revoluções, se vos puserdes a rezar com muito ardor, tudo se apaziguará num instante, e voltareis a encontrar a calma e a alegria: é que entrou em vós um amigo e, por causa dele, todos os habitantes se calaram.
Quantas vezes o verificastes, não é verdade?
E se rogardes a este amigo ainda com maior assiduidade e mais fervor para que não se vá embora, para que fique e habite definitivamente em vós, para que se instale lá no centro e trabalhe em vós, nesse momento a paz e a luz reinarão eternamente na vossa alma.

Continua

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