quinta-feira, 11 de junho de 2015

O SENTIDO DO SAGRADO (Cont. II)

Esta questão da atitude é essencial, porque é ela que determina toda a vida interior e exterior do homem.
A atitude da maioria das pessoas, hoje, é deplorável: em vez de se virarem de frente para o Criador, voltam-lhe as costas.
Já ninguém as ensina a cultivar o sentido do sagrado, antes as incitam a desembaraçarem-se dele porque, ao que parece, é inútil, está ultrapassado.
Era bom para os nossos antepassados, que eram ignorantes, mas na nossa época!...
Pois bem, eles que fiquem sabendo que é por isso que encontram tantas dificuldades na vida, porque com essa atitude grosseira, de falta de respeito, não poderão fazer progresso algum.
É certo que nos domínios científico e técnico, em que se exercitam, conseguem alguns resultados, mas tudo isso é do domínio material, exterior; no domínio interior, espiritual, infelizmente não descobrem grande coisa; é quase sempre a mediocridade, a tolice, o vazio, a angústia.
E tudo continuará assim enquanto eles não tiverem resolvido esta questão essencial: encontrar a atitude correcta.

Perante o Ser sublime que dirige tudo, que distribui tudo, o homem deve ter uma atitude de respeito, de deslumbramento.
Vós direis: «Mas, nós não vemos esse Ser!»
Vedes, sim; vedes a beleza da Natureza, a harmonia da Criação, vedes homens e mulheres à vossa volta; mas nunca pensais em elevar-vos até ao Autor de tudo o que vedes, o Autor não existe!
Pois bem: que pensais ganhar com essa atitude?
Apenas serdes empurrados dum lado para o outro por forças caóticas com as quais vos sintonizastes inconscientemente.

Quando se pretende obter um favor de alguém, sabe-se como se há-de cumprimentar essa pessoa, agir perante ela e falar-lhe, mas em relação ao Céu, que nos criou, que nos deu tudo, já não se sabe.
Nem nas igrejas as pessoas sabem adoptar uma atitude correcta nesse sentido.
Exteriormente, sabem, claro... (e mesmo assim!...)
Mas é interiormente, nos pensamentos e nos sentimentos, que devemos adoptá-la, para podermos obter todas as bençãos do Céu.
Tentai agora adoptar a atitude correcta para com o Senhor, pensar n'Ele com respeito, senti-vos maravilhados, cheios de amor, porque então, sim, estareis a vibrar em uníssono com Ele e tudo o que Ele possui começa a vir até vós: sentis que sois iluminados pela Sua luz, que amais com o Seu amor, que sois livres com a Sua liberdade, que vos alegrais com a Sua alegria.
Observai os namorados: eles comungam das mesmas sensações porque vibram no mesmo comprimento de onda.
É uma lei da Física.
Mas os humanos nunca pensam em aplicar no domínio espiritual as leis que descobriram no mundo físico.

É claro que o Criador não tem necessidade do vosso amor ou da vossa veneração, a Ele nada Lhe falta.
Ele nada na plenitude; vós é que tendes necessidade de O amar, pois, graças a esse amor, elevais-vos aos Seus mundos de beleza, de luz, de liberdade.
Sim, é por isso que deveis ter um sentimento sagrado para com esse Ser que tudo criou com tanta inteligência.
Vós ficais maravilhados diante das flores, das pedras preciosas, do canto das aves, da beleza ou da inteligência de certos seres...
Então, como podereis não ficar maravilhados diante d'Aquele que criou tudo isso?
Só Ele merece a vossa admiração; ora, é Ele que é negligenciado, banido...

A religião que, pouco a pouco, se reduziu a práticas exteriores, e a ciência que contribuiu para afastar o homem do sagrado, tornam difícil encontrar essa atitude sagrada.
Por esta razão, durante algum tempo tereis que procurar, procurar... como com o posto de galena!
Pelo pensamento, pela prece (a agulha é isso), tentareis encontrar o ponto...
E quando tiverdes tocado nele vereis o esplendor do mundo divino, ouvireis a voz do Eterno.
Portanto, é preciso continuar, é preciso insistir...
E depois, um dia, de repente, algo se abrirá, algo jorrará...

 

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