segunda-feira, 1 de junho de 2015

O ESSENCIAL: A VIDA (Cont. IX)

E se agora me perguntardes: «Porque é que há tão poucos seres que se decidem a mudar de vida, a modificar a sua maneira de pensar, de sentir, de agir?
Quais as suas razões?»
Em primeiro lugar, a maioria deles não têm uma ideia clara das vantagens que uuma tal mudança acarreta e estão convencidos de que a verdadeira vida é aquela que todos levam.
A prova é que dizem sempre: «É a vida!»
Face a tudo o que de triste ou de abominável acontece, repetem: «O que é que queres, é a vida!»
Como mudar então, se não se está persuadido de que existe uma vida melhor?
Em segundo lugar, as pessoas não acreditam que seja possível mudar.
E em terceiro lugar, para a maioria delas isso é muito difícil, exige-lhes demasiados esforços; é essa a razão por que não estão assim tão decididas.
E comparação com isto, tudo o resto é fácil.
Obter diplomas, ganhar dinheiro, é muito fácil... mas modificar a vida, transformar-se... oh lá lá!

É verdade que os biólogos procuram a forma de melhorar a espécie humana, mas eles trabalham apenas no plano físico.
Pensam que, ao operarem transformações nos cromossomas, produzirão génios de um momento para o outro.
É possível... mas essa é outra questão, e a verdade é que é difícil uma pessoa aperfeiçoar-se.
No entanto, quantos métodos não ensinei eu já, para modificardes a vossa vida, para vos transformardes!...
Por exemplo: como fazer enxertos.
Tendes em vossa casa - imaginemos - uma árvore muito vigorosa, um marmeleiro, que dá frutos muito amargos, muito ácidos.
Mas como ela tem muita seiva, muita força, podeis enxertá-la e obter frutos suculentos.
Evidentemente, como já vos expliquei, é necessário compreender estes enxertos* no domínio interior, no domínio psíquico.

Na realidade, não é assim tão difícil uma pessoa transformar-se, depende do desejo que ela tem de o conseguir.
Quando se está desgostoso consigo próprio a ponto de não conseguir suportar-se, se se tiver um desejo verdadeiro e intenso de mudar, de ser um pouco melhor, esse desejo poderá produzir efeitos extraordinários.
Mas terão as pessoas esse desejo intenso?...
Talvez por um ou dois dias, mas depressa o abandonam e todas as suas boas intenções caem por terra.
Devem alimentar constantemente esse desejo, e um belo dia mudam, transformam-se; é isso a ressurreição.
Muitos imaginam que, para ressuscitarem, têm de esperar o fim dos tempos, quando todos os mortos acordarem e se levantarem dos túmulos.
É assim que os cristãos compreendem as coisas.
E então, que espectáculo!, que esplendor!, não achais?...
Todos aqueles mortos a erguerem-se!...
Não!
É agora, já, nesta vida, que há que ressuscitar.

* Ver: "O enxerto", cap.VII de "O trabalho alquímico ou a busca da perfeição" (Nº. 221 desta colecção)


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