sexta-feira, 26 de junho de 2015

O SENTIDO DA VIDA

Todo o ser humano, qualquer que seja, procura consciente ou inconscientemente, dar um sentido à sua vida.
Ele tem necessidade de uma razão de ser e tenta encontrá-la em cada dia através de tudo o que se lhe apresenta, na sua vida familiar, social e profissional.
Mas, na realidade, não há qualquer êxito nem qualquer posse material que possa dar-lhe o sentido da vida, precisamente porque se trata de um "sentido" e o sentido não é material, só é possível encontrá-lo muito alto, nos planos subtis.
Mais em baixo só se encontra formas.
Evidentemente, é possível encher a forma com um conteúdo que é dado pelo sentimento, pela sensação experimentada quando se ama verdadeiramente um ser, um objecto ou uma actividade.
Mas o sentimento é passageiro, mais dia menos dia, sente-se um vazio e sofre-se.
É necessário pois, ir procurar ainda outra coisa além do conteúdo: o sentido.
Quando se alcança o sentido, possui-se a plenitude.

Um exemplo irá fazer-vos compreender melhor o que eu quero explicar-vos.
Ontem, comestes uma refeição excelente, mas essa refeição foi apenas para ontem, hoje tendes novamente necessidade de comer e a lembrança da refeição de ontem não sacia o vosso estômago.
Mas se, ao ler um livro, ao contemplar um quadro, ao ouvir uma música, de súbito sentis que alcançais uma verdade que transforma a vossa visão das coisas, essa revelação permanecerá no dia seguinte e ainda para além dele.
Porque através do livro, do quadro ou da música, o vosso espírito elevou-se muito alto e apreendeu um sentido.
Este é como que um elemento eterno que entra em vós e nunca mais vos deixa.

Quando tiverdes encontrado o sentido das coisas, possui-lo-eis para sempre.
Mas para o encontrar, deveis elevar-vos, para vos alimentardes, pensardes, amardes e agirdes nos planos superiores.
Enquanto procurardes demasiado em baixo, não o encontrareis.
Nada do que é material vos trará esse sentido.
Mas se apreenderdes ou vos for dada uma verdade, vivereis e trabalhareis com ela todos os dias e obtereis resultados.
É evidente que, para conseguir dar um sentido à sua própria vida, não basta ter, de longe em longe, um momento de inspiração e de luz; também é preciso aprender a fazer durar esse momento, para que ele se torne um estado de consciência permanente que purifica, ordena e restabelece tudo dentro de vós.
Infelizmente, muitas vezes vós sois tão descuidados e irreflectidos que passais, em alguns minutos, do mundo divino para as preocupações mais prosaicas e estúpidas, e isso é como se, de repente, tudo fosse apagado.
Pois bem, não sabeis o que perdeis, porque esse estado de consciência tinha o poder de agir sobre todo o vosso ser, apaziguando e harmonizando os seus movimentos; se tivésseis conseguido mantê-lo, ele teria sido capaz de impedir que certos estados negativos se introduzissem em vós.
Pois é, mas vós precisais de variações, de mudanças e, depois de meditar e de orar, sentis necessidade de pensar em futilidades, em negociatas, em vinganças, em prazeres.

Direis vós: «O Mestre está a pedir-nos uma coisa impossível. Na vida não se consegue manter continuamente estados divinos.»
Sim, aparentemente tendes razão, eu sei, vivo no mesmo mundo que vós e sei bem como as coisas se passam.
Mas também sei que, aconteça o que acontecer, apesar da fadiga, apesar do desalento, dos desgostos e das infelicidades, o discípulo da luz nunca se deixa ir abaixo, muito pelo contrário, agarra-se àquilo que já viveu de grandioso, de belo, e às experiências que lhe têm dado, em alguns momentos privilegiados, o verdadeiro sentido da vida.

Continua

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