Aqueles que se mostram sempre satisfeitos, optimistas, esses também não estão a ser realistas, mas ficardes furiosos porque alguém disse alguma coisa que não vos agradou, porque pagastes um objecto mais caro do que o previsto, porque a sopa estava salgada ou porque alguém vos levou o jornal, e reagir a tão pequenos inconvenientes como se fossem catástrofes, cria em vós um estado de autodestruição.
Tendes também um emprego, uma casa, amigos...
E por uma pequena contrariedade estais prontos a esquecer todas essas riquezas inestimáveis e a perturbar a vida da vossa família e de toda a sociedade?
Isso prova que não sois inteligentes.
Sim, utilizai este método de comparação: colocai frente a frente as pequenas contrariedades da existência e todos os bens que a Providência vos concedeu abundantemente, e tirai conclusões.
Muitas vezes faz-se o contrário: compara-se o pouco que se tem com tudo o que os vizinhos possuem: «Ah, ah! Aquele já tem carro e eu ainda ando de bicicleta!...
Ah, ah! Aquela tem diamantes e eu pérolas falsas!»
Isso são más comparações!
Se se quiser mesmo fazer comparações, porque não se vê todas as vantagens que se possui em relação a tantas outras pessoas sem recursos, infelizes ou doentes?
Esta ingratidão e este descontentamento constantes por parte dos humanos são um sinal de falta de inteligência: em lugar de verem as bençãos de que o Céu os cumula, só vêem, por toda a parte, razões para perderem a fé, o amor e o reconhecimento.
Dir-me-eis que tendes boas razões para vos sentirdes infelizes, porque só tendes fracassos, não vedes qualquer futuro à vossa frente...
Na realidade, os dias são diferentes uns dos outros e, se hoje o sol estava oculto pelas nuvens, amanhã vê-lo-eis nascer e tudo vos sorrirá.
«Sim, dizem alguns, mas eu já sou velho; o que posso esperar?»
Não sabeis que um dia regressareis de novo à terra como uma criança a quem serão permitidas todas as esperanças e que recomeçareis uma vida nova, enriquecida pelas experiências do passado?
Continua
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