sábado, 6 de junho de 2015

CULTIVAR O CONTENTAMENTO (Cont.II)

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Aqueles que se mostram sempre satisfeitos, optimistas, esses também não estão a ser realistas, mas ficardes furiosos porque alguém disse alguma coisa que não vos agradou, porque pagastes um objecto mais caro do que o previsto, porque a sopa estava salgada ou porque alguém vos levou o jornal, e reagir a tão pequenos inconvenientes como se fossem catástrofes, cria em vós um estado de autodestruição.

 De ora em diante, tentai colocar num dos pratos da balança todos os pormenores da vida quotidiana que vos irritam, e no outro o facto de terdes braços e pernas graças aos quais podeis fazer tantas coisas magníficas; e também tendes olhos, ouvidos, nariz e boca que vos permitem ver, ouvir, cheirar, respirar, saborear, falar, admirar...
Tendes também um emprego, uma casa, amigos...
E por uma pequena contrariedade estais prontos a esquecer todas essas riquezas inestimáveis e a perturbar a vida da vossa família e de toda a sociedade?
Isso prova que não sois inteligentes.
Sim, utilizai este método de comparação: colocai frente a frente as pequenas contrariedades da existência e todos os bens que a Providência vos concedeu abundantemente, e tirai conclusões.
Muitas vezes faz-se o contrário: compara-se o pouco que se tem com tudo o que os vizinhos possuem: «Ah, ah! Aquele já tem carro e eu ainda ando de bicicleta!...
Ah, ah! Aquela tem diamantes e eu pérolas falsas!»
Isso são más comparações!
Se se quiser mesmo fazer comparações, porque não se vê todas as vantagens que se possui em relação a tantas outras pessoas sem recursos, infelizes ou doentes?
Esta ingratidão e este descontentamento constantes por parte dos humanos são um sinal de falta de inteligência: em lugar de verem as bençãos de que o Céu os cumula, só vêem, por toda a parte, razões para perderem a fé, o amor e o reconhecimento.

Dir-me-eis que tendes boas razões para vos sentirdes infelizes, porque só tendes fracassos, não vedes qualquer futuro à vossa frente...
Na realidade, os dias são diferentes uns dos outros e, se hoje o sol estava oculto pelas nuvens, amanhã vê-lo-eis nascer e tudo vos sorrirá.
«Sim, dizem alguns, mas eu já sou velho; o que posso esperar?»
Não sabeis que um dia regressareis de novo à terra como uma criança a quem serão permitidas todas as esperanças e que recomeçareis uma vida nova, enriquecida pelas experiências do passado?

Continua

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