domingo, 14 de junho de 2015

LIBERDADE SEXUAL? (Cont.II)

É óbvio que não vos agrada muito ouvir-me falar de autodomínio quando tantos outros reivindicam a liberdade sexual e justificam essas reivindicações com argumentos aparentemente muito válidos.
Que vós não tenhais vontade de ficar privados dos prazeres, isso compreende-se, mas ao menos tentai ver as vantagens em renunciar a alguns desses prazeres.
Não se trata de vos privardes, para ficardes sem nada e no vazio.
Quando vos falo em renunciar, quero apenas levar-vos a compreender que se pode substituir certos prazeres materiais e grosseiros por outros mais subtis, mais espirituais.
Quando um médico constata que um homem está a comprometer a sua saúde porque consome carnes, doces e bebidas alcoólicas em excesso, ele não o aconselha a não comer nada.
Ele sabe muito bem que, de qualquer maneira, o outro não seguiria o seu conselho ou - o que seria pior -, se o seguisse, morreria!
Então, ele recomenda-lhe que substitua esses alimentos por outros mais saudáveis, mais leves.
Pois bem, é o que eu vos aconselho, mas num outro domínio.
Não vos incito a morrer de fome, mas a alimentardes-vos de maneira diferente.

Mas, compreendei-me bem: renunciar a alguns prazeres sensuais só tem sentido se for para os substituir por aquisições e alegrias espirituais.
Os religiosos e os moralistas cumpriram muito mal a sua missão: impuseram regras sem explicarem verdadeiramente a sua utilidade, dando assim às pessoas a impressão de quererem criar-lhes dificuldades, fazendo-as viver com privações, num deserto.
Mas chegou a altura de explicar.
As pessoas não são assim tão estúpidas e limitadas, e os jovens também não, eles compreendem.
Seja como for, de nada serve impor regras sem se explicar a sua utilidade.

Na Ciência Iniciática, a renúncia não é considerada uma privação.
Na vida espiritual, a renúncia não é acompanhada de perda.
Renunciar é substituir, transpor, deslocar um prazer para um plano superior.
Trata-se da mesma actividade, mas com elementos mais puros, mais subtis, com um objectivo mais desinteressado.
Quando alguém decide diminuir as manifestações físicas do amor, é para melhor o saborear nas suas manifestações espirituais, senão, não faria sentido.
Aliás, aqueles que querem renunciar ao amor físico sem procurarem o amor no plano espiritual expõem-se a grandes perigos, porque isso torna-se recalcamento.

Ao ouvirem falar de renúncia, as pessoas ficam apavoradas e dizem: «Mas, se eu renunciar, morrerei!»
E é verdade que morrerão se não compreenderam que a renúncia só serve para se obter algo melhor, morrerão,sim.
A Natureza fez muito bem as coisas: nós comemos, bebemos, respiramos e não há que suprimir nada, apenas há que purificar as nossas necessidades, transpô-las para planos superiores.
Por conseguinte, renunciar, "fazer sacrifícios", como geralmente se diz, é apenas uma maneira de falar.
Na realidade, não há que privar-se, não há que renunciar, mas tão somente deslocar-se ou seja, fazer em cima o que se fazia em baixo.
Em vez de beber água num pântano onde pululam micróbios, há que beber a água duma fonte cristalina.
Deixar completamente de beber é a morte.
Quando vos dizem que não se deve beber, isso não está correcto!
Só não se deve beber a água dos esgotos.
Deve-se beber sim, mas a água celeste.

Portanto, deixai de pensar que a privação é a morte.
Pelo contrário, a privação é a vida; aceitando certas privações, transformais uma energia noutra e ficais mais ricos.
A vida é isso mesmo: a transformação duma energia numa outra mais subtil.
Toda a Natureza nos dá continuamente exemplos desse processo.
Enquanto não tivermos compreendido isto no plano espiritual ficaremos estagnados e, é justamente esta estagnação que nos arrasta para a morte.

Trata-se, evidentemente, de realidades muito subtis que ainda não podeis compreender bem, mas essa compreensão virá quando tiverdes conseguido aclará-las em vós, à força de nelas meditardes e de fazerdes ajustamentos interiores.
Não digo que seja fácil, mas esta ideia merece os vossos esforços, pois sentireis que uma vida mais intensa e mais bela desperta em vós e que estais a preparar o vosso futuro.
Talvez percais algumas sensações passageiras, mas ganhareis o vosso futuro.


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