sábado, 13 de junho de 2015

LIBERDADE SEXUAL?

Quando se trata simplesmente de preparar um café, é necessário estar atento, pois há que dosear, não só a água, o café e o açúcar, mas também a temperatura.
E é preciso tomar conta da cafeteira, senão entorna-se tudo.
Como estais a ver, mesmo só para fazer um café tem que se estar senhor da situação.
Mas quando se trata de um domínio tão vasto e importante como a sexualidade - é extraordinário! -, os humanos pensam que podem abandonar-se completamente a forças que não conhecem e fazer seja o que for sem reflectir.

A juventude de hoje pensa que alcançou uma grande vitória ao obter a liberdade sexual.
Sim, é verdade, é uma grande vitória contra a hipocrisia e a estreiteza de espírito que reinaram durante gerações.
Mas, ficou o problema da sexualidade resolvido desta maneira?...
Após o recalcamento, o "extravasamento"...
Ao permitir que os jovens façam experiências precipitadamente num domínio que não conhecem, abre-se-lhes a porta a todos os desarranjos físicos e psíquicos, porque para resolver os problemas, não basta aconselhar o uso de preservativos e de contraceptivos ou permitir o aborto.
E proibi-los também de nada serve.
«Então - perguntareis vós -, o que se deve fazer?»
Explicar.
É preciso explicar aos jovens o que é a força sexual, como ela está ligada ao amor.
Já fiz dezenas de conferências sobre este tema*.
A força sexual é uma força milenar contra a qual é impossível lutar, mas isso não é razão para nos deixarmos arrastar por ela.
Os jovens devem saber que existem métodos para a canalizar e a orientar, a fim de que ela contribua para o desenvolvimento psíquico, moral e espiritual do homem.
Depois de terem ouvido estas explicações, eles que reflitam e decidam o que querem fazer.

A questão da sexualidade preocupa os moços e moças ainda muito jovens e muitos deles colocam-me as mesmas questões: não compreendem porque é que eu digo nas minhas conferências que é desejável aprendermos a dominar-nos.
Eles pensam que as relações sexuais irão automaticamente regozijá-los e enriquecê-los.
Então, eu tento fazê-los compreender os diversos aspectos da questão.

Assim: toda a manifestação fisiológica é uma combustão; mesmo somente ao falar e ao pensar, o homem queima matérias.
E esta combustão produz detritos.
Isto é mais verdadeiro ainda em relação às emoções; por vezes acontece que, após um grande desgosto ou até uma grande alegria, se fica repentinamente fatigado: tem-se necessidade de repousar e até de dormir, para dar ao organismo a possibilidade de se recuperar.
Sim, cada manifestação, cada emoção, cada sensação, implica um dispêndio de materiais.
Como podereis imaginar, então, que nas efervescências sexuais não dispendeis nada, não perdeis nada?
É aí, justamente, que os dispêndios são maiores, porque ocasionam, não apenas uma perda de energias físicas, mas também uma perda das energias psíquicas mais subtis e mais preciosas.
E, quando tiverdes gasto estas energias, tereis perdido tudo o que poderia dar-vos inspiração e vontade de vos aproximardes do mundo da beleza.

Agora, é claro, se o vosso único desejo for o de levardes uma vida vulgar, prosaica, insignificante, podereis deixar-vos andar, é inútil estardes vigilantes e fazerdes esforços para vos dominardes.
O autodomínio, neste caso, até será nocivo para a vossa saúde física e psíquica: tornar-vos-eis insuportáveis para a vossa família e para todos aqueles com quem vos relacionais, porque vos sentireis frustrados e então tornar-vos-eis azedos, duros, intolerantes.
Para que a vossa vigilância e o vosso autodomínio tenham razão de ser, é preciso que tenhais um ideal muito elevado, que desejeis fazer da vossa vida algo de grandioso, de belo, de nobre e que sintais a necessidade de lhe acrescentar um outro elemento, um elemento de espiritualidade, de luz.
Senão, para que serviriam os vossos esforços?

* Ver o nº. 205 desta colecção: "A força sexual ou o dragão alado"

Continua

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