quarta-feira, 24 de junho de 2015

ENTRAR PARA A FAMÍLIA UNIVERSAL (Cont. IV)

II

Porque colocou a Inteligência Cósmica no homem e na mulher a necessidade de se aproximarem um do outro?
Porque ela quis levá-los a sair do seu individualismo, do seu egoísmo, para desenvolverem mais qualidades de compreensão, de paciência, de desapego.
Só que, à partida, não é nesse estado de espírito que os jovens decidem fazer vida em comum e fundar uma família.
Sem sequer estarem conscientes disso, todos pensam sobretudo em si próprios, no seu prazer, no seu conforto, sem terem em conta as necessidades e os desejos do seu parceiro.
E depois, coitados, ficam um tanto admirados, decepcionados, ao verem que o que acontece não é exactamente o que esperavam.

Os jovens entram descuidadamente numa ligação ou no casamento, imaginando que tudo vai ser fácil, ligeiro, agradável mas, pouco a pouco, começam a sentir-se emparedados.
Surgem então as discussões e as brigas, até eles compreenderem que, para restabelecerem a situação, têm que fazer esforços nesse sentido, têm que esquecer-se um pouco de si próprios para pensarem no outro.
O que eles tomavam por uma diversão, na realidade é uma escola onde o ser humano começa a fazer a mais importante das aprendizagens: o alargamento da consciência.
Perguntais-vos em que consiste esse alargamento da consciência?
Consiste em sair-se do pequeno eu limitado para se entrar na imensa comunidade dos seres.

A tomada de consciência deste fim para o qual tende todo o ser humano deve começar na puberdade, quando desperta no adolescente a afectividade, a necessidade de tecer ligações com os moços e as moças da sua idade.
Até aí, o ser necessita essencialmente do amor dos pais.
Ainda que tenha irmãos e irmãs ou colegas, o amor dos pais, de que ele bebe egoísticamente - o que é normal -, basta-lhe.
Ele move-se no círculo apertado do seu pequenino eu, encontrando nesse amor os elementos de que necessita para começar a enfrentar a existência: a garantia de que não está só, a sensação de estar protegido, ao abrigo do frio, da fome e dos perigos.
Mas, passado um tempo, isso já não chegará.
Um dia, o jovem sente despertar nele o interesse por moços e moças da sua idade, começa a ficar emocionado com rostos, com gestos, com palavras, e aí começa para ele a verdadeira aprendizagem da vida.
A partir desse momento, ele aprende que os outros existem e não estão ali para obedecer à sua vontade e aos seus desejos.
E aprende-o sobretudo no dia em que quiser suscitar o interesse ou a amizade de um deles e não o conseguir, porque o outro está ocupado com algo mais ou interessa-se por uma outra cara...
Ou então, se consegue suscitar esse interesse, é à custa de enormes concessões e, muitas vezes, tem que verter umas lágrimazinhas...
É verdade...
É o começo de muitas comédias e também tragédias, infelizmente!

Continua

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