sábado, 20 de junho de 2015

ENTRAR PARA A FAMÍLIA UNIVERSAL

I

Há pessoas que têm o mau hábito de se intrometer nas questões sentimentais dos outros.
Sempre que vêem formar-se um casal encontram boas razões para achar que alguma coisa não está bem e começam a criticar, a tecer conluios e intrigas com a família, com os amigos, etc...
Mas isso é grave, ninguém tem o direito de separar aqueles que se amam.
Muitos jovens, de ambos os sexos, vêem pedir-me conselhos, mas eu sei quão delicado é imiscuirmo-nos em questões sentimentais.
Temos que ser muito prudentes para não destruirmos nada, porque somos responsáveis perante a lei divina.

Na Bulgária conta-se a seguinte história.
Havia um salteador que em toda a sua existência só praticara maus actos: roubos, pilhagens, assaltos a viajantes...
Mas um dia, só Deus sabe porquê, começou a dar-se conta de todo o mal que fizera e arrependeu-se.
Mas o que havia ele de fazer para expiar tantos crimes?
Foi confiar-se a um eremita que vivia na floresta.
Este escutou-o longamente e depois disse-lhe: «Tu enriqueceste muito a despojar os que viajavam; eis então, o que agora deves fazer: abrir uma estalagem à beira da estrada e receber nela, gratuitamente, todos os que por lá passarem.
Assim, os teus pecados ser-te-ão perdoados.»
O salteador, muito contente, começou a pôr em prática o que o eremita lhe aconselhara.
Todos os que passavam eram convidados a entrar para comer e dormir gratuitamente.
Todavia, ele continuava inquieto.
Havia cometido tantos crimes que se interrogava sobre a possibilidade de ser verdadeiramente perdoado.
Depois de um dia em que tinha sido particularmente atormentado por esta ideia, teve um sonho; apareceu-lhe um anjo que lhe disse: «Quando a estaca de madeira que está à tua porta ficar coberta de folhas e flores, será o sinal de que os teus pecados foram perdoados.»
Ele tranquilizou-se um pouco, mas... como poderia uma estaca florir?
É claro que todos os dias ia observá-la, mas não via aparecer uma só folha, a estaca permanecia seca e nua.
Passaram-se anos, e um dia ele viu passar um homem a cavalo.
Quis convidá-lo a descer e a ficar na sua estalagem, mas o homem galopava, galopava, e não se deteve.
Ofendido e furioso ao vê-lo recusar o seu convite, o infeliz salteador arrependido puxou da pistola e matou o cavaleiro com um só tiro.
Depois, tomando consciência do que acabara de fazer, encheu~se de desespero: em poucos segundos, anulara anos de esforços.
Quando ia a entrar em casa, olhou para a estaca, Murmurando: «Agora é que ela nunca mais reverdescerá nem florirá.»
Mas que viu ele?
A estaca transformara-se num magnífico arbusto coberto de folhas e flores.
Era extraordinário, incrível!
Ele não conseguia entender...
Na noite seguinte, o anjo voltou a visitá-lo, dizendo-lhe: «O homem que mataste não parou na tua estalagem porque corria a separar dois jovens que se amam, e uma vez que o impediste de cometer esse crime, todos os teus pecados estão perdoados.»

Não mateis a cabeça para saberdes se esta narrativa é verídica ou não. (Talvez os Búlgaros nem sempre sejam lá muito precisos nem muito exactos...)
E sobretudo, não imagineis que todos os vossos pecados serão perdoados se suprimirdes aqueles (ou, sobretudo aquelas - porque geralmente são as mulheres que gostam de se imiscuir nessas coisas!) que querem separar os seres que se amam.
Esta história pretende exprimir uma coisa muito importante: ninguém, no mundo tem o direito de impedir os seres de se amarem.

Continua

Sem comentários:

Enviar um comentário