sexta-feira, 17 de outubro de 2014

EVOLUÇÃO E CRIAÇÃO (Cont.III)

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Há muito tempo que tenho vontade de combater a filosofia materialista  e de a destruir.
Direis vós: « Mas que ambição, que orgulho!
Até agora ainda ninguém o conseguiu.»
Pois bem, mas eu tenho argumentos muito simples, graças aos quais creio que o conseguirei.
Imaginai dois frascos, que enchemos com perfumes diferentes.
Os dois frascos continuam separados, são dois objectos bem diferentes.
De um ponto de vista materialista, não existe nenhuma comunicação entre eles, e isso é verdade: no que diz respeito à forma exterior, do continente, isso é exacto, os objectos mantêm-se separados.
Mas já deixa de ser verdadeiro se considerarmos o conteúdo, porque de ambos os perfumes libertam-se partículas subtis que se elevam e se espalham no ar, fundindo-se.
Uma ciência que se ocupa apenas dos fenómenos visíveis, tangíveis e mensuráveis, desconhece tudo o que se desenvolve ao nível mais subtil, o das quinta-essências e das emanações invisíveis, e daí deixa de ser verídica: escapa-lhe metade da verdade.
Voltemos agora ao sol.
Ele está longe, a milhões de quilómetros de distância, no entanto nós sentimo-lo aqui, ele toca-nos, aquece-nos, cura-nos.
Como consegue ele estar tão próximo apesar de tão grande distância?
Libertando uma quinta-essência que faz parte dele próprio - os seus raios; é graças a eles que o sol estabelece contacto connosco: ele envolve-nos, acaricia-nos, penetra em nós, estamos fundidos nele.
Uma vez que a luz e o calor do sol não são outra coisa senão o próprio sol, pode dizer-se, pois, que o sol e a terra se tocam, que os planetas contactam entre si.
Considerai o nosso planeta: há a terra; por cima da terra, a água; acima da água, o ar; e acima do ar, o éter.
É a este nível que se pode afirmar que os planetas se tocam.
Não é no seu aspecto físico que eles se fundem, mas sim no plano subtil, na sua alma.
Por isso a astrologia acreditou sempre na influência dos planetas e das constelações.

Estudemos agora os pequenos planetas que os homens e as mulheres são.
Que se passa com eles?
Imaginai que está aqui um rapaz e além uma rapariga: eles olham-se, sorriem um para o outro...
Se considerarmos os factos de um ponto de vista materialista, diremos: «Eis dois corpos bem distintos, separados, que não se tocam; não há, portanto, nenhuma comunicação entre eles.»
Mas se encararmos a questão de um ponto de vista espiritualista, pronunciar-nos-emos de modo diferente, pois dado que as almas destes jovens comunicam entre si, eles estão realmente unidos pelos seus fluidos e pelas suas emanações, exactamente como os raios de dois sóis se fundiriam no espaço.

Estas poucas palavras ajudar-vos-ão a compreender como é que, graças aos seus corpos subtis, o homem tem a possibilidade de atingir a Alma Universal e de se unir a ela.
Esta é a razão de ser da oração.
A oração não é mais do que uma troca com o Criador, um acto pelo qual nos elevamos acima de nós próprios para encontrar elementos que nos ajudarão a criar obras perfeitas, obras divinas.
Se um criador quiser deixar uma obra-prima imortal, inesquecível, não deve ficar unicamente ao nível dos cinco sentidos, como fazem muitos artistas de agora.
Presentemente, no campo da arte, está na moda os autores debruçarem-se sobre as realidades mais prosaicas.
A maior parte dos artistas já não sabe como elevar-se para contemplar a beleza sublime; eles apresentam ao público apenas vulgaridades ou monstruosidades, carantonhas, porque esqueceram o segredo da verdadeira criação.

Se quiserdes tornar-vos um verdadeiro criador, ligai-vos à Divindade para receber dela algumas partículas que em seguida transmitireis à vossa criação; assim, o vosso filho ou a vossa obra, ultrapassar-vos-ão em beleza e em inteligência.
Meus queridos irmãos e irmãs, eis horizontes novos: saber realizar trocas com tudo o que é superior, saber que a oração, a meditação e a contemplação são meios de criação.
Uma vida inteira não vos bastará para explorar todas estas possibilidades, tão vastas elas são.

Nada é mais importante para o homem do que restabelecer a ligação com o Criador.
Não reparastes que o nascimento das crianças é baseado nesta mesma lei: a mãe que deve unir-se ao pai, fundir-se com ele?
Toda a criação necessita da união de um pai e de uma mãe.
Mas se na concepção não intervier este lado subtil que é a alma, a imaginação, para captar elementos superiores, então a criação falhará ou, se não falhar inteiramente, não beneficiará de qualquer aperfeiçoamento.
Ora, a criação não é uma estagnação, uma simples reprodução, uma cópia, mas sim um passo em frente, uma evolução.
É graças a este instinto de criar que cada ser evolui, que todo o cosmos evolui.
Com efeito, à excepção de Deus, tudo tem de evoluir.


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