sábado, 18 de outubro de 2014

A REENCARNAÇÃO

I

Hoje gostaria de falar-vos da reencarnação, porque por vezes apercebo-me de que esta questão preocupa e inquieta alguns de vós.
Sempre lhes ensinaram que o homem só vive uma vez, e agora, ao ouvir falar de reencarnação, ficam perturbados e bastante confusos.
Poderíamos alongar-nos bastante sobre esta questão, expondo, por exemplo, o que pensavam a este respeito os Tibetanos, os Hindus ou os Egípcios, falando dos seus trabalhos e das suas experiências. Mas contentar-me-ei em interpretar algumas das passagens das Escrituras e provar-vos-ei que o próprio Jesus conhecia e aceitava a reencarnação.
Dir-me-eis que lestes os Evangelhos de fio a pavio sem nunca ter encontrado a palavra "reencarnação".
Porém, eu responder-vos-ei que não é de admirar que não se tenha mencionado explicitamente a reencarnação numa época em que toda a gente acreditava nela.
Como é que os evangelistas poderiam suspeitar que era necessário referir especificamente a reencarnação, prevendo uma época em que as pessoas deixariam de acreditar nela?
Os seus escritos foram tão sintéticos que eles não se alongariam sobre um assunto que fazia parte da tradição.
Isto não é convincente?...
Bom, bom, já ireis ficar convencidos.
Estudemos nos Evangelhos certas perguntas que são formuladas por Jesus ou pelos seus discípulos, e as respectivas respostas.
Um dia, Jesus perguntou aos discípulos: «Quem dizem os homens que eu sou?»
Que significa esta pergunta?
Já vistes alguém perguntar: «Quem dizem os homens que eu sou?»
As pessoas sabem quem são e não se interrogam sobre o que os outros dizem a esse respeito.
Para fazer semelhante pergunta é necessário acreditar na reencarnação.
E observai o que respondem os discípulos: «Uns dizem que és João Baptista; outros, que és Elias; outros, que és Jeremias ou um dos profetas.»
Como se pode dizer que alguém é tal ou tal pessoa que já morreu há imenso tempo, se não tiver como base a ideia da reencarnação?
Uma outra vez, Jesus e os seus discípulos encontravam-se perante um cego de nascença, e os discípulos perguntaram: «Rabi, quem pecou, este homem ou os seus pais, para que ele tenha nascido cego?»
Também neste caso alguém faria perguntas tão absurdas se não acreditasse na reencarnação?
Quando é que este homem poderia ter pecado, no ventre da sua mãe?
A qual botequim, a qual "boite" poderia ele ter ido?
Que negócio desonesto fazia ele?
Quem é que tinha assassinado?
Ou se trata de uma pergunta estúpida, ou então ela subentende a crença numa vida anterior.
Vós direis: «Sim, mas os discípulos de Jesus não eram instruídos, conta-se que eram pescadores, e por isso poderiam fazer perguntas um tanto esquisitas.»
Se fosse esse o caso, Jesus ter-lho-ia feito notar.
Podemos ver nos Evangelhos que em certas ocasiões ele não hesita em repreender os seus discípulos.
Ora, Jesus não os repreendeu; respondeu-lhes simplesmente: «Não é que ele ou os seus pais tenham pecado...»
Este é também um aspecto importante.
Os discípulos puseram a hipótese de ter sido o pecado dos pais a causa da cegueira do filho, porque tinham aprendido na lei hebraica que cada anomalia, cada enfermidade, cada infelicidade, é devida a uma transgressão das leis, mas que muitas vezes a pessoa pode pagar por outra e, por isso, quando vemos alguém infeliz não podemos saber se essa pessoa está a expiar as suas próprias faltas ou se está a sacrificar-se por uma outra pessoa.
Tratava-se de uma crença admitida pelos Judeus.
Como tudo o que pode acontecer de mau é o resultado de uma transgressão, os discípulos fizeram aquela pergunta porque sabiam que um homem não pode nascer cego sem que haja uma razão para isso... ou só porque apeteceu a Deus fazê-lo cego, como os cristãos julgam!
E, por isso, Jesus respondeu: «Isto não aconteceu porque ele ou os seus pais pecaram, mas para que as obras de Deus se manifestem através dele», isto é, para que, ao passar por aqui, eu o cure e o povo creia em mim.
E ele explicou-lhes: «Foi-vos ensinado que os homens recebem sofrimento por duas razões: ou cometeram pecados e são castigados ou então, não tendo cometido pecados, tomam sobre si o karma dos outros, sacrificando-se para evoluir.
Mas existe uma terceira categoria, que terminou a sua evolução, que é livre, e a quem ninguém obriga a descer novamente à terra.
E, muitas vezes, eles descem porque aceitaram suportar qualquer tipo de doença, sofrimento ou enfermidade, e até ser martirizados, a fim de ajudar os humanos.
Pois bem, este nado cego faz parte da terceira categoria.
Nem ele pecou nem os seus pais pecaram; ele desceu à terra com esta enfermidade para que eu o curasse e toda a gente acreditasse em mim.»
Assim, este homem salvou uma grande quantidade de pessoas.

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