III
Se olharmos o ser humano tal como ele se apresenta à primeira vista, parece-nos impossível, evidentemente, que toda a terra se torne uma família.
Exteriormente, é verdade, os homens são muito diferentes: a cor. o tipo físico, os costumes, a cultura, a religião...
E se fizéssemos parisienses e esquimós viverem juntos, esquimós em Paris ou parisienses na Lapónia, seria verdadeiramente complicado.
Mas, na realidade, se estudarmos melhor a questão, compreenderemos que no seu foro íntimo os humanos são todos parecidos, porque no Alto, na sua natureza superior, têm as mesmas necessidades, os mesmos desejos, o mesmo ideal.
Só que, como eles não vivem nessas regiões superiores para se conhecerem e verem que são idênticos, que são irmãos e irmãs, quando se olham aqui sentem-se tão afastados, diferentes, opostos até, que chegam a detestar-se, a combater-se e mesmo a massacrar-se.
Pouco a pouco, a evolução levará os humanos a conhecerem-se melhor, e então eles ver-se-ão todos semelhantes, aspirando todos à alegria, à felicidade, ao conhecimento, à luz, e sofrendo todos da mesma maneira.
Nessa altura, começarão a compreender que as suas diferenças são apenas exteriores e que são seres semelhantes sob máscaras diferentes.
Como os actores de uma peça de teatro, que se combatem ou se massacram em cena, mas na realidade pertencem à mesma companhia e são amigos.
Todos os seres desempenham comédias e tragédias, mas na realidade são todos irmãos e irmãs.
Portanto, se os povos que se guerreiam tomassem consciência de que vêm da mesma pátria do Alto, cessariam de se massacrar.
Mas esta consciência ainda não se manifestou: os humanos vivem demasiado baixo, ao nível dos interesses, dos desejos e das cobiças.
É preciso que cheguem finalmente a esta consciência de que são todos filhos e filhas dum mesmo pai e duma mesma mãe, o Pai Celeste e a Mãe Divina; nesse momento, o seu comportamento mudará.
Deveis reflectir, estudar, até que chegueis a esta verdade: quanto mais conhecemos o ser humano no mundo superior, mais nos apercebemos de que todos os seres são construídos da mesma maneira, com as mesmas necessidades.
Há que fazer, pois, todo um trabalho interior para despertar em si mesmo esta sensação de unidade.
Quando os humanos admitirem que as suas almas e os seus espíritos se fundem no Alto, formarão uma grande família, a grande família da Fraternidade Branca Universal, e automaticamente deixarão de se guerrear.
Na realidade, como vos tenho dito, a necessidade de se baterem nunca desaparecerá, as suas manifestações é que mudarão.
A guerra tornar-se-á, um dia, uma guerra de amor: os humanos, tal como as estrelas, enviarão uns aos outros, através do espaço, raios de amor.
Sim, porque quanto mais se evolui, mais as trocas que se faz se tornam luz e amor, como as trocas que as constelações e os sóis fazem entre si.
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